quarta-feira, 11 de outubro de 2017

GRIPEN E/F BR - O GBN esclarece importantes pontos a respeito deste programa estratégico para o Brasil

O F-39 Gripen E/F BR é uma aeronave que desde sua escolha pelo governo brasileiro nos idos de 2013, quando foi definido o programa FX-2, o qual objetivava a aquisição de um novo vetor para a Força Aérea Brasileira, tem despertado críticas e dúvidas em muitos brasileiros, principalmente pela falta de informações sobre o programa desenvolvido em parceria com os suecos da SAAB, fabricante e desenvolvedora de aeronaves de combate muito conceituada, possuindo extensa experiência no projeto e concepção de aeronaves avançadas e de alta tecnologia.

Recentemente publicamos em nosso site um clipping abordando o cronograma do Programa Gripen NG, o qual teve inúmeros acessos e foi alvo de intenso debate nos grupos de discussão das redes sociais. Dentre alguns pontos do debate, resolvemos através desta matéria esclarecer alguns pontos que são motivo de dúvidas, além de dar resposta á uma matéria publicada pela Folha de São Paulo, que de maneira dúbia e sem muito conhecimento sobre o programa em desenvolvimento, levantou dúvidas sobre os investimentos do programa no Brasil, principalmente com relação á unidade industrial a ser implantada em São Paulo.

Vamos começar respondendo uma questão que é repetidamente apontada nos grupos de discussão, quase que um mantra, onde alegam que o Brasil comprou um "avião de papel", quando poderia estar recebendo aeronaves dos outros dois finalistas do programa FX-2. Diante desta temos de deixar claro um ponto muito importante, e que difere o Gripen NG de seus concorrentes no FX-2, primeiro pelo fato que a SAAB ofereceu ao Brasil a oportunidade não apenas de adquirir uma nova aeronave para guarnecer o céu brasileiro, mas sim a oportunidade de participar ativamente e conhecer cada passo inerente ao desenvolvimento e construção de uma aeronave de última geração, o que difere das demais propostas que ofereciam um produto já pronto, os quais seriam co-produzidos por parcerias com a industria brasileira e com limitada transferência de tecnologia, pois tratava-se de projetos já concluídos, onde não haveria a participação na fase complexa e estratégica do desenvolvimento passo a passo do conceito á aeronave propriamente dita. Então, de fato compramos uma "aeronave no papel" e não uma "aeronave de papel", pois antes mesmo da definição do programa FX-2, a SAAB já havia selecionado parceiros como a AKAER para participar do desenvolvimento do novo caça sueco, antes deste se tornar também o novo caça brasileiro, tendo como ponto de inicio o já conhecido e testado JAS-39 Gripen C/D, porém, não vão pensando que trata-se de uma simples versão do célebre Gripen, pois o Gripen E/F esta para variante C/D, como esta o F/A-18 C/D para variante E/F, trata-se de uma aeronave completamente nova, mantendo apenas o conceito aerodinâmico do Gripen C/D.

Segundo ponto, muitos alegam que não teremos capacidade de absorver as tecnologias do Gripen, algo que não é verdade, haja visto nossa experiência com programa Italo-brasileiro AMX, o qual abriu um imenso leque ao Brasil do ponto de vista tecnológico no campo aerospacial, o que capacitou nossa industria de tal forma, que, nossa industria conquistou uma importante posição no mercado de aviação, desenvolvendo uma bem sucedida família de aeronaves regionais que conquistaram o mundo. Outra importante prova da capacidade de absorção tecnológica e aplicação da mesma, esta sendo o programa KC-390. Sendo assim, o conhecimento adquirido com o co-desenvolvimento do F-39 Gripen E/F BR, representará sim um enorme ganho em conhecimento e capacidade tecnológica em um campo o qual ainda não possuímos domínio. 

Ainda tratando da questão tecnológica, há diversas pessoas que apontam o fato do Gripen NG integrar sistemas das mais variadas origens, como sendo um ponto negativo, alguns chamando a aeronave de "colcha de retalhos" tecnológicos. Bem, ai é um ponto muito interessante que devemos analisar, o Gripen foi concebido como uma plataforma modular, o que permite a fácil integração de sistemas e sensores, uma grande vantagem, pois com isso temos a capacidade de integrar á aeronave o sistema que melhor convir ao operador desta, não deixando o mesmo preso á uma determinada suíte aviônica de de sistemas. Prova disso é o fato de estar sendo desenvolvida uma plataforma comum do Gripen para Suécia e para o Brasil, porém, cada operador irá dispor de sua própria suíte integrada á aeronave que irá lhes guarnecer. Este é um dos pontos que justificam o prazo mais longo de entrega em relação as outras aeronaves que disputaram o contrato brasileiro, uma vez que esta sendo desenvolvida em conjunto uma nova aeronave em duas variantes distintas afim de atender aos requisitos de ambas as nações. Deixando aqui mais uma vez um ponto chave, a versão F-39 Gripen F BR biposto será desenvolvida por brasileiros, sendo produzida exclusivamente para atender a demanda brasileira, motivo pelo qual o cronograma é um pouco mais dilatado em relação a versão suéca.

Terceiro ponto, alguns estão alegando que o tempo para entrega é grande, e que isso poderá ocasionar que quando a aeronave estiver operacional, a mesma não se encontrará no "estado da arte". Esta alegação é a mais descabida de todas, sendo muito disseminada entre leigos no campo da ciência aeronáutica e de tecnologia de defesa. O Gripen E/F BR esta recebendo os mais avançados sistemas disponíveis no mercado, muitos dos quais foram desenvolvidos para integrar esta aeronave, o que garante que a mesma estará em pleno "Estado da Arte" quando entrar em operação e principalmente por muitos anos. Lembrando por exemplo que aeronaves avançadas como o F-22 possuem processadores 486!!! E mesmo assim são o ápice tecnológico do arsenal norte americano, O Rafale possui sistemas desenvolvidos no final da década de 90 e princípios dos anos 2000, logo a tecnologia do Gripen E/F BR seguramente vai ser plenamente capaz de contrapor qualquer ameaça quando entrar em operação. 

Quanto ao cronograma do programa, diferente do que muitos pensam, o Gripen E/F esta plenamente dentro do cronograma estipulado, lembrando que o contrato só foi finalmente assinado em 2015, dois anos após o anúncio da escolha do Gripen como sendo o novo vetor da Força Aérea Brasileira. Muito diferente do que erroneamente foi apresentado pela Folha de São Paulo, quando publicou uma matéria tendenciosa, na qual levanta dúvidas sobre o compromisso da sueca SAAB em relação ao investimento proposto pela mesma há quatro anos, com relação a planta industrial a ser estabelecida em São Bernardo do Campo. 

Alegando que a "promessa" não saiu do papel após quatro anos, algo que é completamente equivocado, uma vez que o contrato foi assinado em 2015, para ser exato, o programa de transferência tecnológica e contrapartidas teve inicio há exatos dois anos neste mês de outubro, onde o mesmo vem seguindo rigoroso cronograma, tendo como primeiro passo o envio e preparo lá na Suécia de uma equipe de cerca de 250 brasileiros, entre técnicos e engenheiros, os quais serão responsáveis pela construção do Gripen no Brasil.

Durante a edição da LAAD 2017, para ser exato, no dia 4 de abril, durante uma coletiva de imprensa naquele evento, nós do GBN News ouvimos da boca do chefe da unidade de negócos da Saab no programa Gripen NG no Brasil, Mikael Franzén, que a fábrica de aeroestruturas em São Bernardo do Campo, irá produzir não apenas partes do Gripen para o Brasil, mas inclusive partes das aeronaves futuramente exportadas para outros países. Assinalando que grandes avanços estão ocorrendo no programa Gripen com o Brasil.

No dia 15 de junho deste ano, a SAAB realizou o primeiro voo com Gripen E, variante monoposto do novo caça, Cumprindo o previsto no programa, devendo ter a primeira aeronave entregue á Suécia em 2019, ano em que deve voar a primeira versão do Gripen brasileiro, o qual deverá voar com essa diferença de dois anos, devido ao fato da versão brasileira ser mais sofisticada e moderna que a versão sueca, o que demanda maior tempo de desenvolvimento e testes de integração dos sistemas embarcados na aeronave, que após concluir a fase de homologação deverá ser entregue plenamente operacional em 2021.

A publicação da Folha de São Paulo tem forte viés político, o qual tenta ligar a instalação da planta industrial de São Bernardo do Campo á questões políticas envolvendo políticos do PT e fazendo menção da operação Zelotes, á qual chegou a ouvir no dia 1 de agosto o atual comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Rossato, e o seu antecessor, Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito, que deram depoimento á justiça sobre um suposto esquema envolvendo a compra dos caças suecos e o ex-presidente Lula. 

De acordo com o depoimento do Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, o mesmo disse não ter conhecimento de qualquer envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha com relação a compra dos novos caças da Força Aérea Brasileira. O Brigadeiro deixou claro que a decisão pela compra dos caças SAAB Gripen E/F se deu por critérios técnicos, sem sofrer a influências da esfera política.
Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito, também depôs e reforçou que a indicação do Gripen foi técnica e que a preferência velada do ex-presidente era pela aeronave francesa, Dassault Rafale. “Ele (Lula) respeitava a opinião nossa. Ele perdeu a oportunidade de definir e deixou a decisão para a presidente Dilma”, declarou Saito ao comentar a suposta inclinação do petista pela compra do Rafale.
O ex-comandante da Aeronáutica citou que o Gripen era o mais barato dos três finalistas e aquele que tinha o menor custo de manutenção. “O Gripen estava na faixa de 7 mil dólares a hora de voo”, detalhou, acrescentando que, no caso dos demais, o custo superava os 10 mil dólares por hora voada. Saito afirmou que a Aeronáutica sempre preferiu o Gripen. 
Diferente do que diz o título da matéria da Folha, a fábrica de componentes estruturais do Gripen será realidade, tão logo chegue á fase de implantação da planta industrial, a qual esta sendo definida no cronograma do programa.

Esperamos ter esclarecido os pontos mais importantes levantados nos debates e respondido as questões inerentes a planta industrial brasileira a ser implantada em São Bernardo do Campo.

O GBN News como sempre resguarda a transparência e o compromisso com a informação clara aos nossos leitores, lembrando que mantemos um canal aberto entre nossa edição e a industria de defesa e forças armadas, mantendo um diálogo que nos permite esclarecer determinados pontos, buscando a resposta diretamente na fonte.


Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança.

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