quinta-feira, 22 de março de 2018

Como anda o Gripen Maritime ? Consultamos a SAAB

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Muitos tem nos perguntado sobre o projeto sueco “Sea Gripen”, ou “Gripen M” (Maritime), como é denominado pela SAAB.  O projeto de viabilidade que é previsto no acordo de off-set  do programa Gripen NG entre a Força Aérea Brasileira e a sueca SAAB, o qual foi apresentado durante edição da LAAD, citado pelo Brig. Chã durante evento realizado em outubro passado na Escola de Guerra Naval.

A versão naval do novo Gripen é uma resposta da SAAB as necessidades da aviação naval moderna, atendendo não apenas as necessidades vindouras da Marinha do Brasil, mas surge como um potencial concorrente no limitado nicho de aeronaves navais capazes de operar embarcadas em Navios Aeródromos (NAe), o qual possui poucas opções e que representa um domínio tecnológico de grande valor estratégico, apesar da Suécia não operar em sua marinha com este tipo de navios.

O Gripen M não é apenas um conceito como muitos tem apontado em diversas mídias, mas sim um programa que tem tido detida atenção pelos suecos e que promete logo resultar em mais uma moderna aeronave com a gênese da SAAB e toda sua história de inovação e superação.

Para sanar o vácuo existente sobre o programa, nós do GBN News em conjunto com Cmte Robinson Farinazzo do Canal “Arte da Guerra”, realizamos uma intensa pesquisa e fomos até a SAAB buscar respostas e mais informações sobre esse programa estratégico, o qual desperta muitas dúvidas e curiosidades em nossos leitores e profissionais do campo de defesa no Brasil.

O Gripem M está sendo projetado usando as mais recentes ferramentas de computador da Saab (Saab Model Based Systems Engineering Computer Tools), que oferecem um nível incomparável de fidelidade e precisão ao projeto.

A aeronave terá todas as características operacionais do Gripen E em sua variante padrão. As mudanças incorporadas ao projeto base do Gripen E, que visam dar origem a nova aeronave com capacidade de operar embarcada, resultará em um pequeno acréscimo de peso na variante Gripen M, sendo resultado dos reforços necessários á estrutura da aeronave a fim de operar com segurança em variados tipos de Navios Aeródromos, tornando a nova aeronave capaz de operar embarcada tanto em NAe com sistema STOBAR (Decolagem Curta e Recuperação por Arresto), como em NAe CATOBAR (Decolagem Assistida por Catapulta e Recuperação por Arresto), sendo o segundo tipo o que se enquadra o vetusto NAe A-12 São Paulo, o qual esta em processo de descomissionamento pela Marinha do Brasil e que serviu de base para os estudos e desenvolvimento do Gripen M.

A versão “Maritime” sofrerá uma pequena alteração nas capacidades inerentes a variante padrão do caça sueco, garantindo desempenho e capacidade de combate da aeronave similares ao Gripen E, ou seja, o Gripen M será um Gripen E capaz de operar a partir de porta-aviões.


Atualmente a SAAB esta desenvolvendo o conjunto de parada da aeronave, trata-se do sistema de gancho que é responsável por “frear” a aeronave durante o pouso em NAe, tal sistema exige robustez e relativa leveza, sendo este submetido a enormes cargas de esforço ao enganchar no cabo de parada disposto ao longo do convoo do NAe afim de garantir a desaceleração necessária para a parada com segurança a bordo. Nesta fase a SAAB conta com a ajuda da Rolls Royce Marine, renomada fabricante de sistemas de catapultagem e recuperação de aeronaves e a MacTaggart Scott. Está em andamento uma série de estudos a fim de conceber o conjunto a ser incorporado ao Gripen M, tal processo conta com um avançado programa de modelagem computadorizada, o que reduz o tempo necessário para o desenvolvimento, abreviando em muito a fase de concepção do sistema.

O programa prevê que o Gripen “Maritime” seja capaz de operar em qualquer Navio Aeródromo em operação no mundo hoje, sendo assim um forte concorrente para equipar as forças aeronavais das marinhas que hoje operam este tipo de navio, embora não sejam muitos países que contam com Navios Aeródromos em  suas esquadras, há um mercado que tende a crescer na próxima década, com poucos concorrentes, o Gripen M deverá concorrer com o francês Dassault Rafale M, o mais pesado norte americano Boeing F/A-18 Super Hornet, o F-35 em sua variante embarcada, mas cabe aqui dizer que este é mais caro e esbarra em diversas barreiras para venda no congresso dos EUA, ainda podemos citar aqui o MIG-29K em sua recente versão atualizada.

A Índia tem apresentado grande interesse em adquirir um novo vetor para operar em seus esquadrões embarcados, uma vez que o programa indiano Tejas tem sido um fiasco, o Gripen M figura entre os fortes candidatos a vencer a concorrência naquele país, o que pode representar a produção de um número estimado de 57 aeronaves.

A Marinha do Brasil não participa diretamente no programa, mas a SAAB nos informou que apesar de não estar em contato direto com a Marinha do Brasil, a mesma tem acompanhado o desenvolvimento do programa e possui acesso total ao projeto, deixando claro que a mesma poderá no futuro ir além do papel de observadora e integrar os esforços de desenvolvimento se tornando um potencial operador da nova aeronave resultante do programa. Com relação ao relacionamento entre a sueca SAAB e a Marinha do Brasil, a sueca disse que esta disponível e pronta para trabalhar com a Marinha do Brasil e ajudá-la quando for necessário.

Quando perguntados sobre o impacto do descomissionamento do NAe São Paulo na Marinha do Brasil em relação ao desenvolvimento do Gripen M, a SAAB foi categórica e afirma que a saída do A-12 São Paulo de operação não alterar ou impacta o programa de forma alguma.

Complementando sobre a importância que o “São Paulo” teve para o programa, a SAAB disse ter utilizado o vetusto NAe como linha de base para o desenvolvimento do Gripen M. Isso incluiu o desempenho da catapulta de 50 metros, o sistema de parada, a manobrabilidade do deck e o movimento irrestrito nos elevadores para transportar a aeronave do convoo para o hangar.

As dimensões do Gripen M o tornam o único caça capaz de operar sem restrições em qualquer classe de Navios Aeródromos atualmente em serviço, em todo o mundo. Quanto a robustez da célula e a proteção anti-corrosão necessária para operar embarcado, vale salientar que o Gripen E já apresenta tais características em seu projeto, tendo em vista o ambiente em que operam e a doutrina adotada pela Força Aérea da Suécia, que prevê o deslocamento das mesmas de suas bases em caso de conflito e a operação a partir de estradas, o que exige muito da estrutura da aeronave.

De certo a SAAB esta avançando em um novo nicho, o que demandará esforços no sentido de assimilar novos conhecimentos necessários a concepção de uma aeronave embarcada, este será um grande desafio, tendo em vista que o desenvolvimento de aeronaves embarcadas requer muito mais que uma aeronave convencional, sendo esta uma capacidade que poucos fabricantes dominam, com a história nos ensinando isso através de inúmeros casos de sucesso e fracassos nesse campo,mas nós torcemos para que possamos em breve conhecer a aeronave resultante deste projeto, e que a mesma venha a atender não somente o mercado internacional,mas que possa se tornar a futura espinha dorsal da aviação aeronaval brasileira de asa fixa, sucedendo os vetustos AF-1 (A-4KU).

O Cmte Robinson Farinazzo também apresenta um vídeo muito interessante que trata do Gripen M e vale a pena dar uma conferida no Link: "Gripen Naval-Consultamos a SAAB", complementando nossa matéria sobre o projeto da versão "Maritime" da SAAB.


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F-15 saudita é atacado com míssil terra-ar no Iêmen

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Uma aeronave F-15 da Real Força Aérea Saudita (RSAF) foi “interceptado” por um míssil enquanto sobrevoava o norte do Iêmen na última quarta-feira (21), porém, segundo o porta-voz da coalizão liderada pelos sauditas, o coronel Turki al-Maliki, a aeronave teria conseguido cumprir a missão e retornar em segurança á sua base.

Segundo comunicado, teria sido usado mais uma vez um míssil ar-ar adaptado para lançamento a partir do solo, o lançamento teria partido do aeroporto de Sadah às 15h48 (hora local), mas o piloto do F-15 teria conseguido de livrar da ameaça e retornar em segurança.

O grupo rebelde Houthis teria liberado imagens do lançamento do míssil ar-ar R-27T a partir de uma plataforma improvisada no solo, a imagem mostra o momento que a aeronave é atingida pelo míssil, porém, a mesma segue o voo deixando um rastro de fumaça.

Os Houthis estão adaptando mísseis R-27T oriundos do arsenal Iemenita, sendo misseis guiados por IR originalmente empregados em combate ar-ar pelas aeronaves MIG-29 da força aérea daquele país. Há informações que desde o final de 2017 os Houthis vem empregando mísseis R-27 adaptados como sistemas de defesa aérea (SAM).

Os sauditas acusam o Irã de fornecer apoio ao grupo rebelde, onde segundo a coalizão, estariam fornecendo armas e suporte técnico para concepção de sistema como a adaptação dos mísseis ar-ar para emprego terra-ar. Lembrando que o Iêmen não possuía capacidades de defesa aérea do tipo anterior a 2017.

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com agências


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EE-11 "Urutu" - Nova missão para um veterano que debuta no BOPE-RJ

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Em breve o BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especial) da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) receberá um importante reforço, serão entregues "novas" viaturas blindadas para atuar no combate ao narcotráfico na "Cidade Maravilhosa". Trata-se de viaturas Engesa EE-11 "Urutu", que serão disponibilizadas pelo Exército Brasileiro dentro do esforça da Intervenção Federal na Segurança Pública do estado fluminense. 

EE-11 "Urutu" operando no Haiti
O "Urutu" ganhará nova vida, atuando agora no campo de segurança pública, a viatura que foi desenvolvida na década de 70 pela extinta Engesa, foi um grande sucesso de exportação da indústria de defesa nacional, porém, o peso da idade tem levado a sua substituição por uma viatura mais moderna e capaz de desempenhar o papel no moderno campo de batalha. Foi no Haiti que o EE-11 "Urutu" apresentou sua nova vocação, tendo sido empregado com êxito pelas forças de paz brasileiras atuando na MINUSTAH, tendo recebido algumas modificações para atender as necessidades naquele cenário de conflito que é muito similar ao encontrado pelas forças de segurança aqui no Rio de Janeiro.

Inicialmente devem ser incorporadas três viaturas, as quais já estão sendo finalizadas para ser entregues ao BOPE pelo 15º Regimento de Cavalaria Mecanizado (15º R C Mec Es), conhecido como "Regimento Pitalunga". As viaturas que encontram-se em fase final de preparação, são oriundas do material operativo que participou da MINUSTAH, e apresentam significativos aperfeiçoamentos aos "Urutus" padrão.

Os "Urutus" deverão cobrir a lacuna existente nas capacidades da PMERJ, onde atualmente encontra-se com suas viaturas blindadas em grande parte fora de operação ou com sérias limitações ao emprego em determinadas localidades. Os últimos "Caveirões" adquiridos junto a sul-africana Paramount, a qual forneceu as viaturas "Maverick", estão em sua grande parte indisponíveis por falta de sobressalentes e suporte técnico, resultado de uma compra na qual não se privilegiou o suporte pós-venda, limitando-se a garantia prevista pelo fabricante. As demais viaturas blindadas, verdadeiras "gambiarras" que tem servido ao longo de mais de uma década a PMERJ, encontram-se no fim de sua vida útil e já não atendem as necessidades operacionais, não provendo a proteção requerida aos seus ocupantes, algo que já havia sido identificado há pelo menos dez anos, sendo a compra dos "Maverick" a esperada solução que não saiu como se esperava.

Dentre as modificações, podemos citar o aumento na sua blindagem, recebeu uma torreta blindada e uma proteção envidraçada para o condutor, na dianteira foi instalado uma lâmina "limpa trilho" (Buldozzer) para remover barricadas e obstáculos nos acessos as comunidades. Tais modificações tornaram o "Urutu" uma bem sucedida viatura na missão de paz do Haiti, a qual assemelha-se bastante ao cenário no qual será empregado aqui no Brasil. 

O "Urutu" chega em momento oportuno, sendo uma solução viável e prática, podendo responder a altura do desafio que encontram hoje as forças de segurança do estado, sendo uma viatura conhecida e que possui vasto suprimento disponível para sua manutenção, aliando um excelente custo-benefício.

O novo "Caveirão" irá dar mobilidade e proteção adequadas as forças de segurança pública, podendo se juntar a estes mais exemplares, afim de se padronizar a frota da PMERJ e prover maior capacidade de atuação da mesma nas zonas controladas pelo narcotráfico, dando uma importante ferramenta para retomada do controle das zonas hoje no poder de narcotraficante pelo estado brasileiro.

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"Arte da Guerra" - Guerra Naval: Como ela funciona?

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Hoje nós trazemos aos nossos leitores um trabalho fantástico do nosso amigo, Cmte Robinson Farinazzo, que lançou recentemente um vídeo esclarecedor sobre a "Guerra Naval", abordando pontos de extrema importância para quem deseja se aprofundar no conhecimento do poder naval.

Apesar de hoje haver um grande enfoque nas capacidades tecnológicas, onde muitos se embasam nos números e dados técnicos dos meios navais que compõem o poder de projeção, ataque e defesa de determinadas marinhas, se prendendo a dados muito limitados no que tange a capacidade real de emprego da esquadra. O vídeo do Cmte Farinazzo ilustra bem e apresenta uma ótica objetiva e bastante fidedigna do que se deve ter em mente quando se fala em guerra naval, então vamos deixar de lado a velha mentalidade de "super trunfo", pois não é o número de navios e meios disponíveis que pode representar a vitória diante de um embate entre as forças navais.

A primeira coisa que tem que se ter em mente é o objetivo, é bloquear as rotas de suprimentos? Controlar zona econômica? Negação de mar? Há uma infinidade de propósitos que podem ser lançados diante de um conflito. E nessa linha vale ressaltar os Chokpoints, que são as áreas de maior importância estratégica por ser onde a maior parte das rotas marítimas se convergem em trechos estreitos e canais que ligam uma região a outra no oceano. Curiosamente, estes pontos estão entre as regiões de maior conflitabilidade, registrando ao longo da história moderna inúmeros embates nestas regiões, sendo também objeto de interesse das principais potências em estabelecer postos e bases navais afim de manter relativa presença e capacidade de resposta.

O vídeo que você confere no link: "Guerra Naval: Como ela funciona?", vai aprofundar mais sobre este importante tema, abordando a importância da Manobra, Mobilidade, Liderança, Experiência, Treinamento, Tecnologia, Coordenação, Comunicação, Eficiência e Criptografia.  Confira o vídeo e participe do debate, não esqueça de se inscrever no canal.


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terça-feira, 20 de março de 2018

Uma comparação entre o "Pedro o Grande" e seus adversários ocidentais

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O cruzador de mísseis nuclear russo “Pedro – O Grande” será o primeiro a receber os mísseis hipersônicos Tsirkon, o que o tornará uma fortaleza flutuante impenetrável. Mas é verdade que o navio de bandeira da Marinha russa é o mais formidável do mar?

Em 2019, o Cruzador de Mísseis Nuclear pesados ​​“Pedro o Grande” retornará ao porto, onde passará por um ciclo completo de modernização e receberá novas armas.

“Pedro o Grande” é o principal navio da lista de candidatos para receber o sistema Tsirkon, os primeiros mísseis hipersônicos do mundo. Esta arma, capaz de superar todos os sistemas de defesa antimísseis existentes, o tornará invulnerável e "o mais formidável monstro marinho a distância de 1.500 milhas, alcance dos novos mísseis", afirma Dmitri Safonov, ex-analista militar da Izvestia.

O deslocamento do navio é de 25.600 toneladas, medindo 250 metros de comprimento e 28,5 metros de boca. Cerca de 760 tripulantes são necessárias para operar este gigante do mar.

"O navio possui uma ampla gama de sistemas de armas: 20 de lançamento para mísseis anti-navio Granit, o sistema de defesa anti-navio S-300 e os sistemas de mísseis antiaéreos Kinjal e Kortik", acrescenta Safonov.

Os navios deste projeto (1144 Orlan) são os únicos navios da Marinha russa movidos por energia nuclear cuja capacidade pode atingir mais de 100 megawatts, diz ele.

Ele também observa que estão sendo construídos novos navios nucleares e quebra-gelos avançados que irão sulcar as extensões do Ártico e da Rota do Mar do Norte. Em termos de capacidade, eles serão mais poderosos do que o “Pedro o Grande”.

"O americano"

Contudo, até que seja completamente modernizado, o “Pedro o Grande” permanece mais fraco do que seu equivalente norte americano.

"Atualmente, a US Navy conta com cruzadores de mísseis como o “Ticonderoga”, no qual, como dizem os marinheiros, não há lugar para que uma maçã caia, já que está totalmente coberta de armas", diz o analista militar TASS, Victor Litovkin.
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Hoje a US Navy possui 22 desses navios. Seu deslocamento é praticamente duas vezes e meia (9,8 mil toneladas) menor que do “Pedro o Grande”, mas  cada navio desta classe pode transportar até 122 mísseis do tipo SM-2, SM-3 e SM-6, bem como mísseis de cruzeiro Tomahawk, que são o equivalente ao Kalibr russo.

"Além disso, os navios americanos possuem oito estações de lançamento para mísseis anti-navio e uma série de armas de grande calibre e estações de artilharia para abater alvos de baixa altitude. Portanto, não é o tamanho que importa, mas a posse de sistemas de alta tecnologia a bordo", acrescenta Litovkin.

A principal vantagem sobre o “Pedro o Grande” é a gama mais ampla de sistemas e os mísseis de cruzeiro a bordo, mísseis que o navio russo obterá apenas em 2019 após o processo de modernização, diz ele. "Os americanos também planejam realizar um programa de modernização e equipar seus navios com armas modernas. No entanto, o presidente e o Congresso ainda precisam decidir se os presumidos 300 bilhões irão para a modernização da Marinha ou a substituição por navios mais modernos.

Enquanto os americanos estão pensando sobre isso, a Rússia tem a chance de construir o navio mais poderoso do mundo, que contará com mísseis hipersônicos e de cruzeiro a bordo, acrescenta Litovkin.

"O Britânico"

Depois que o “Pedro o Grande” for modernizado e receber os mísseis hipersônicos Tsirkon, mesmo um gigante do mar moderno e exclusivo, como o “Daring” da Royal Navy, não será capaz de confrontar o cruzador de mísseis russo, diz Litovkin.

O “Daring” é considerado o navio tecnologicamente mais avançado da Marinha Real após os novos Navios Aeródromos.

Ao contrário do “Pedro o Grande” e dos “Ticonderoga” norte americanos, o Destroyer de mísseis Type-45 não possui sistemas anti-navios, pois seu principal objetivo é proteger a esquadra contra ataques aéreos. No entanto, os especialistas dizem que é possível equipar o “Daring” para operar mísseis Tomahawk.

"Outros navios da OTAN têm funções de força de ataque. Ao mesmo tempo, o “Daring” é um dos navios mais recentes construídos no início do século XXI. Tecnologicamente, está à frente do nosso navio e do navio americano, graças aos sistemas informátizados e aos sistemas de radar que tem a bordo ", sugere Safonov.

Safonov diz que o navio britânico possui um sistema de defesa aérea que pode rastrear simultaneamente 1.000 alvos a uma distância de 250 milhas. Os sistemas de defesa aérea do navio podem disparar simultaneamente em 16 deles.

"A bordo, o “Daring” possui 48 mísseis com alcance de 75 milhas. Graças a eles e ao layout do navio, é um recurso perfeito para proteger contra ataques aéreos, bem como um recurso insubstituível para reconhecimento e espionagem ", conclui Safonov.


Fonte: Russia Beyond com GBN News
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Serviço de inteligência alemão alerta que foguetes da Coreia do Norte podem alcançar a Europa

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Após diversos testes e lançamentos de mísseis e pouco mais de um ano de tensões elevadas com Washington, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, propôs um encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump e ofereceu interromper o seu programa nuclear para o início das negociações.
"Com os mísseis balísticos intercontinentais ele jogou todas suas cartas. Ele não tem mais nada e agora está observando as consequências", disse o especialista Robert Schmucker, da Universidade Técnica de Munique. "Ele não pode ameaçar ainda mais. Ele diz ter o míssil balístico intercontinental. O que poderia ser ainda mais ameaçador?"
Schmucker é um especialista em mísseis e foguetes internacionalmente reconhecido. Ele foi membro da equipe de inspeção da ONU no Iraque, entre 1995 e 1998. A empresa de tecnologia por ele fundada executa serviços de consultoria para a Otan, entre outros.
Em diversas vezes, Schmucker expressou que a corrida armamentista da Coreia do Norte não passa de um blefe e de que não há evidências suficientes que sugerem que o regime de Kim tenha adquirido a tecnologia necessária. Ele manteve essa posição em entrevista à DW.
"No caso da Coreia do Norte, sabemos de algumas explosões e detonações, nada mais. Eles lançaram oito tipos de foguetes completamente distintos, que não são em nada compatíveis entre si", afirmou Schmucker. "Concluir a partir disso que eles têm um sistema operacional de armas nucleares é muito ousado."
DW: De acordo com relatos da mídia, o vice-chefe do BND (serviço secreto alemão), Ole Diehl, disse numa reunião com parlamentares que poderia se dizer com certeza que a Coreia do Norte poderia alcançar a Europa e a Alemanha com seus mísseis.
Roberto SchmuckerEstou muito surpreso porque não tivemos nenhum lançamento da Coreia do Norte desde novembro e me pergunto o que teria mudado agora. Kim Jong-un demonstrou, com o míssil balístico intercontinental HS 15, que talvez consiga, com uma pequena carga útil de talvez 700 quilos, atingir um alvo a 12 mil quilômetros de distância. Nada mais.
Não sabemos nada sobre a evolução do programa, não sabemos nada sobre sua tecnologia de reentrada na atmosfera e não sabemos nada sobre a arma nuclear que supostamente estaria lá dentro. Para mim, não passa de uma simples suposição. É possível? Talvez sim, mas minhas análises me dizem que a probabilidade é a de que esse não seja o caso.
Mas a quantidade de carga útil mencionada seria suficiente para carregar uma ogiva nuclear. Isso não reflete uma ameaça suficientemente concreta?
Sim, com certeza, tratando-se de um país que vem desenvolvendo e testando armas nucleares há anos ou décadas. No caso da Coreia do Norte, sabemos de algumas explosões e detonações, nada mais. Concluir a partir disso que eles têm um sistema operacional de armas nucleares é muito ousado. Para atacar é necessário possuir um sistema completamente funcional e seguro.
O que mais sugere que Kim Jong-un é bom em ameaças, mas não necessariamente em tecnologia de mísseis?
É como tirar uma Ferrari da garagem e dizer: 'Eu construí essa Ferrari'. Todos responderão: 'Conte essa história para outro'. E é exatamente o mesmo com a Coreia do Norte. Eles praticamente tiraram um foguete atrás do outro da cartola – oito mísseis, oito tipos diferentes nos últimos dois anos.
O que podemos ver de indicações técnicas no míssil intercontinental sugere que ele tenha vindo da Rússia ou de um Estado sucessor da União Soviética. De qualquer maneira, o motor é identificável: trata-se de um mecanismo soviético-russo. Os dados fornecidos pela Coreia do Norte indicam claramente qual é o motor. É evidente também a partir das imagens.
E isso significa que também há um foguete correspondente. É muito improvável que a Coreia do Norte construa esses motores do nada e também um foguete de dois estágios. É muita coisa ao mesmo tempo. E, além disso, oito tipos de foguetes completamente distintos, que não são em nada compatíveis entre si.
Mas mesmo que esses mísseis sejam baseados em desenvolvimentos estrangeiros, eles poderiam estar operacionais?
Não, eles só estão prontos para entrar em ação quando estiverem totalmente aprovados. Isso significa que eles teriam que ser testados 30 vezes, com 30 lançamentos, porque a linha de produção deve estar ok. O material deve ser aprovado para diferentes temperaturas. Os foguetes devem poder ser lançados em trajetórias exatas nas direções oeste e leste.
É um longo caminho até um sistema funcional e operacional que possa suportar as cargas e os obstáculos de voo. Tudo tem que ser testado. Temos uma força extrema de reentrada na atmosfera. Precisamos de um objeto de reentrada atmosférica que suporte o atrito, as temperaturas, os atrasos e o disparo: são elementos que não estão comprovados e que nunca foram demonstrados.
Mas a corrida espacial entre a União Soviética e os EUA na década de 1960, por exemplo, não mostrou que avanços tecnológicos rápidos são possíveis com a correspondente vontade política?
Aqueles enormes mísseis americanos eram disparados quase semanalmente, talvez 40 em um ano. Também na União Soviética, eles foram lançados aos montes porque era preciso aprender – inclusive sobre a produção. São necessários muitos, mas muitos dispositivos.
Acrescente a isso o fato de que existem oito tipos de foguetes com diferentes tecnologias na Coreia do Norte. O que eles precisariam de equipamentos, garantias de qualidade, máquinas, instalações, funcionários – nenhum país conseguiria. Mas, aparentemente, a Coreia do Norte o faz como se fosse simples.
Teríamos que ver cerca de 30 lançamentos seguidos acertando alvos. Ainda não vimos isso em nenhum disparo. Em muitos casos, a Coreia do Norte disparou apenas mísseis soviéticos antigos, como o Scud, ou pequenos foguetes de artilharia, que também foram abatidos 20 vezes. Todos esses dispositivos são pequenos e conhecidos. Dispositivos que já estavam no arsenal do Exército da Alemanha Oriental.
Então as sanções com as quais se pretende confrontar a corrida armamentista nuclear de Kim Jong-un são exageradas?
De jeito nenhum, elas são muito sensatas. Porque com esses mísseis e com a última explosão ele jogou todas suas cartas, como no pôquer. Ele não tem mais nada, e ele mesmo disse isso: 'Terminamos, acabamos, temos tudo o que precisamos'. E agora ele está observando as consequências, agora começam as negociações.
Ele não pode ameaçar ainda mais. Ele tem o míssil balístico intercontinental, ou seja, com o que ele poderia ameaçar ainda mais? Ele poderia, por exemplo, lançar um desses mísseis todas as semanas. Então o Ocidente teria razão em dizer: 'O que está acontecendo lá? O que ele tem lá é incrível!'.

Fonte: Deutsche Welle
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Sarkozy é detido na França

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O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy foi detido nesta terça-feira (20) por suspeitas de financiamento ilegal durante a campanha eleitoral de 2007, em que se elegeu chefe de Estado francês.
Segundo o jornal Le Monde, Sarkozy está sob custódia em Nanterre, nos arredores de Paris, onde presta depoimento a autoridades especializadas no combate à corrupção a crimes financeiros e fiscais. Ele pode permanecer detido por até 48 horas, antes de ser apresentado a um juiz para a sua eventual acusação formal.
Segundo as acusações – investigadas pela Justiça francesa desde 2013 – a campanha presidencial de Sarkozy de 2007 teria sido financiada com ajuda do então ditador da Líbia Muammar Kadafi, que teria fornecido secretamente ao francês um total de 50 milhões de euros.
Tal soma seria mais que o dobro do limite permitido legalmente na época para financiamento de campanhas políticas: 21 milhões de euros. Ainda quando presidente, Sarkozy classificou as suspeitas de "grotescas".
Os supostos pagamentos também violariam a legislação francesa em relação a financiamento estrangeiro e declaração de origem de fundos de campanha.
O processo foi aberto após a revelação de um documento líbio, publicado em maio de 2012 pelo portal de notícias Médiapart, que comprovaria que Sarkozy havia recebido dinheiro de Kadafi.
O caso ganhou maior atenção em novembro de 2016, quando o empresário franco-libanês Ziad Takieddine afirmou ao Médiapart haver levado malas contendo 5 milhões de euros em dinheiro entre o final de 2006 e começo de 2007 de Trípoli a Paris, entregando a quantia a Sarkozy, que era então ministro do Interior, e a Claude Guéant, seu então chefe de gabinete.
Sarkozy tinha uma relação complexa com Kadafi. Logo após se tornar presidente francês, ele convidou o líder líbio para uma visita oficial à França, o recebendo com honras de Estado. Entretanto, Sarkozy posteriormente colocou a França na vanguarda dos ataques aéreos contra as tropas de Kadafi, liderados pela Otan, que ajudaram os combatentes rebeldes a derrubar o ditador em 2011, auge da Primavera Árabe

Fonte: Deutsche Welle
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Decreto de Temer cria duas maiores reservas marinhas do Brasil

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O presidente Michel Temer assinou um decreto que transforma partes dos arquipélagos de São Pedro e São Paulo, em Pernambuco, e de Trindade e Martim Vaz, no Espírito Santo, nos dois maiores conjuntos de unidades de conservação marinha do Brasil.
Conforme o Diário Oficial da União desta terça-feira, foram criadas duas Áreas de Proteção Ambiental (APA) e dois Monumentos Naturais (Mona) nas proximidades dos arquipélagos, num total de 92 milhões de hectares – uma área equivalente aos Estados de Minas Gerais e Goiás somados.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o decreto faz com que a porção de águas marinhas protegidas no Brasil passe de 1,5% a 25%. Isso permite que o país cumpra com folga um acordo internacional que prevê a proteção de 17% das águas marinhas e costeiras até 2020.
Para Angela Kuczac, diretora-executiva da Rede Pró-Unidades de Conservação, o decreto representou "uma vitória para a natureza".
"Os limites (das unidades) poderiam ser melhores, o desenho das áreas poderia ser mais representativo e ter incorporado áreas que ficaram de fora, mas é inegável o ganho e o avanço que tivemos hoje", afirmou.

'Floresta no fundo do mar'

Uma das reservas criadas abarca uma formação que o biólogo capixaba João Luiz Gasparini define como "uma floresta tropical no fundo do mar" – a cordilheira composta por cerca de 30 montes submarinos de origem vulcânica entre a cidade de Vitória e a ilha de Trindade, a 1.200 km do continente.
A proteção da cordilheira – dona da maior variedade de espécies que vivem em recifes entre todas as ilhas brasileiras – era uma demanda antiga de pesquisadores, que a consideram essencial para a manutenção de estoques pesqueiros em águas vizinhas e um dos melhores laboratórios naturais do mundo. A cadeia ganhou visibilidade global em agosto de 2017, quando um estudo baseado na formação de sua fauna foi capa da revista científica Nature.
Coautor do artigo, João Luiz Gasparini descreve o espanto de sua primeira visita a Trindade, em 1995. Logo após desembarcar na ilha, diz ter encontrado numa poça de maré uma espécie que jamais havia sido catalogada pela ciência - um peixe azulado com uma mancha amarela no topo. "De cara percebi que existia ali um universo fantástico para ser explorado", ele diz.
O animal, batizado Stegastes trindadensis, integra o grupo de 13 espécies de peixes recifais endêmicas (restritas ao local) registradas na cordilheira até agora. Somando-as às que também habitam outras regiões, a lista alcança 270 espécies de peixes recifais – 24 delas ameaçadas de extinção –, uma das mais altas taxas de diversidade entre todas as ilhas do Atlântico.
Também habitam a cordilheira cerca de 140 tipos de moluscos, 28 de esponjas, 87 de peixes de mar aberto, 17 de tubarões e 12 de golfinhos e baleias.
Para Gasparini, há muitas outras espécies a descobrir. "A gente ainda mal arranhou a casca do ovo da biodiversidade da cadeia Vitória-Trindade."
Pesquisadores tentam agora ultrapassar pela primeira vez o ponto no fundo do mar a partir do qual a temperatura cai drasticamente, uma variação conhecida como termoclina. Por enquanto, alcançaram no máximo 80 metros de profundidade.
Abaixo dessa zona, sobre montes mais distantes da superfície, esperam encontrar espécies distintas das vistas até agora. "Os recifes mais profundos são o novo éden, a próxima fronteira para quem quer fazer mergulho científico no mundo", diz Gasparini.

Mergulho desafiador

Há muitos anos pesquisadores tentam chegar às águas frias da cordilheira, mas a distância entre a costa e os montes submersos mais fundos torna a missão complexa.
Navios da Marinha costumam levar três dias para chegar a Trindade, onde o Brasil mantém uma base militar. E para mergulhar até as profundezas com segurança, é preciso contar com equipamentos caros.
O biólogo capixaba Hudson Pinheiro, principal autor do artigo na Nature e que faz pós-doutorado na California Academy of Sciences, diz que as eras glaciais ajudam a explicar a biodiversidade da região.
Naqueles períodos, enquanto os habitats costeiros eram afetados pela redução do nível da água, os montes submarinos ficaram expostos como ilhas, tornando-se refúgios para a vida marinha.
Conforme o nível do mar subiu nos últimos 10 mil anos, muitas dessas espécies permaneceram isoladas e se adaptaram aos novos ambientes, agora submersos. Mesmo assim, a cadeia jamais perdeu a conexão com o continente, pois muitas espécies costeiras usam os montes como trampolins, deslocando-se pela cadeia de uma extremidade à outra, no meio do Atlântico.
Hoje ao menos dez desses montes têm entre 30 metros e 150 metros de profundidade. O elo da cordilheira com o continente, diz Pinheiro, é o que torna a formação brasileira única no mundo. Há outras cadeias montanhosas de origem vulcânica no meio do oceano, como o Havaí. Mas, como estão distantes do continente, o deslocamento das espécies nessas áreas é limitado.
Outra explicação para a riqueza da fauna na cordilheira é variedade de algas calcárias, um tipo de planta marinha responsável pela formação de recifes naturais. Há na cadeia 16 espécies dessas algas, que criam nichos e habitats para centenas de outras espécies.
Pinheiro era um dos principais entusiastas da criação da reserva marinha. Hoje, diz ele, a área está ameaçada pela pesca comercial e pela mineração.
Há na região relatos sobre a ação de barcos com redes presas a grandes rodas, do tamanho de pneus de caminhão, que são arrastadas sobre os recifes.
Outro tipo de pesca que preocupa os pesquisadores é a feita com espinhel, quando anzóis são enfileirados para capturar peixes maiores. Tubarões são muito vulneráveis a esse método de captura; como geram poucos filhotes, podem ser rapidamente aniquilados.
Não só barcos brasileiros atuam na cordilheira. Parte da cadeia Vitória-Trindade fica em águas internacionais, por onde transitam barcos estrangeiros. Segundo os pesquisadores, há relatos de que esses barcos também estariam pescando no mar territorial brasileiro, o que é ilegal.
Em nota à BBC Brasil, a Marinha disse realizar patrulhas regulares na cordilheira para inspecionar e apreender embarcações irregulares.
Outro temor dos pesquisadores era a mineração submarina. Segundo um estudo no site do ICMBio, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) já concedeu duas licenças para a exploração de bancos de rodolito (crostas de alga calcária e outros organismos) e recifes de corais na cadeia Vitória-Trindade.
A atividade durou três anos, e o material extraído foi usado como fertilizante em plantações de cana-de-açúcar. No site do DNPM há registro de novos pedidos de licença na região.
Segundo Pinheiro, a atividade destrói formações que levam milhares de anos para se desenvolver e põe em risco muitas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.
O pesquisador disse esperar que a criação da reserva ponha fim à atividade e que a proibição da pesca em partes da cordilheira ajude a repor estoques de peixes em áreas vizinhas sobrexploradas.

Fonte: BBC Brasil
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segunda-feira, 19 de março de 2018

O soldado que transformou em música uma batalha histórica para o Brasil na 2ª Guerra

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Os irmãos Claudecir, Claumir, Claudete, Cleuza e Cláudio Sodré da Silva, com idades entre 60 e 68 anos, já perderam as contas de quantas vezes ouviram o samba Pro Brasileiro, Alemão é Sopa e a embolada Onde Vi Tanto Tedesco. Mesmo assim, não se cansam de escutá-las.
Aos primeiros acordes das canções - compostas e cantadas pelo pai deles, o então cabo da Força Expedicionária Brasileira (FEB), Natalino Cândido da Silva, e gravadas em um acampamento na Itália em 1945 pelo correspondente de guerra da BBC, Francis Hallawell -, os cinco não conseguem segurar a emoção.
"Bate uma saudade!", suspira Claudecir, com os olhos marejados. "Não éramos pai e filhos, entende? Éramos amigos!", derrete-se a caçula.
Claudete, a mais falante do grupo, concorda: "Apesar da pouca escolaridade, o pai se expressava muito bem", orgulha-se, tamborilando com os dedos na mesa. "É emocionante saber que uma pessoa tão simples conseguiu escrever seu nome na história do Brasil", reconhece, enquanto cantarola um trecho do samba.
As duas músicas se destacam entre as 16 canções gravadas na Itália por Hallawell, o "Chico da BBC", nos oito meses em que acompanhou a FEB munido de um aparelho que registrava os sons captados por seu microfone em discos especiais de alumínio cobertos por um laque de acetato.
As canções foram compostas por Natalino durante a Segunda Guerra em diferentes ocasiões. "Não tenho uma preferida. Pela importância histórica, gosto das duas por igual", despista Claudete. A primeira delas, Pro Brasileiro, Alemão é Sopa, quase uma marchinha de Carnaval, ganhou vida pouco depois da conquista de La Serra, no dia 23 de fevereiro de 1945.
Na letra, Natalino incorpora palavras de origem italiana (como "paúra", que significa "medo") e faz alusão contante a "Lurdinha". "Até hoje, muita gente pensa que Lurdinha era o nome da nossa mãe", confessa Claudete, antes de desvendar o mistério: "Era o apelido dado à metralhadora dos alemães", e cai na risada.
A origem do "Lurdinha", esclarece Cesar Campiani Maximiano, doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Núcleo de Estudos de Política, História e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), nunca foi totalmente esclarecida. Segundo alguns historiadores, a metralhadora alemã MG-42 passou a ser conhecida assim graças ao barulho característico da máquina de costura de Maria de Lourdes, a noiva de um recruta.
Outra versão, porém, sustenta que sua rajada de tiros (1,8 mil por minuto) lembrava o tagarelar da namorada de outro expedicionário. "Cada unidade tinha suas próprias gírias e expressões, mas 'Lurdinha' foi um dos poucos termos que se espalhou por toda a FEB", afirma o historiador.

Crônica musical

A segunda música de Natalino é uma embolada, ritmo típico do Nordeste, chamada Onde Vi Tanto Tedesco.Dessa vez, homenageia o Major Syzeno Ramos Sarmento (1907-1983), que comandou o 2º Batalhão do 1º Regimento de Infantaria (RI), conhecido como Regimento Sampaio, e cita algumas peças de artilharia, como o canhão 88 mm e o morteiro 60 mm. Quanto ao "tedesco" do título, era a forma abrasileirada de os pracinhas se referirem aos alemães ("tedeschi", em italiano).
"Se alguém quiser saber como foi a tomada de Monte Castello, aconselho a ouvir essa canção", recomenda Vinícius Mariano de Carvalho, professor e pesquisador do Brazil Institute do King's College, em Londres. "É fantástica!".
As duas canções de Natalino, Pro Brasileiro, Alemão É Sopa e Onde Vi Tanto Tedesco, foram gravadas "ao vivo" no acampamento do 1º RI, na cidade de Francolise, no sul da Itália, pouco antes do embarque das tropas expedicionárias de volta ao Brasil.
As oito músicas gravadas em Francolise por um pequeno conjunto - com dois soldados imitando sons trombone e pistão - estão em um do 12 programas feitos com gravações de Hallawell e que foram disponibilizados pela BBC Brasil nesta semana como parte das celebrações de seus 80 anos. "O pai sempre foi grato à BBC por ter registrado aquelas músicas", salienta Claudete.
Na ocasião, Natalino teve a oportunidade de conhecer outros "pracinhas-cantores", como José Pereira dos Santos, autor de Tedeschi Portare Via ("Alemão Levou Tudo!", em tradução livre), frase que os italianos usavam para pedir ajuda aos pracinhas brasileiros; Malagueta, de Caminha Barco Caminha e O Morto Vivo, e Pieri Júnior, de Sorrindo e Cantando.
"Essas canções serviram aos mais diferentes propósitos: exaltar o espírito de bravura de uma unidade, extravasar a tensão do combate e, até mesmo, homenagear companheiros mortos", explica Maximiano.

Inferno gelado

O caminho que Natalino percorreu até desembarcar na Itália foi longo. Nascido em 1919, na cidade de Niterói, a 15 km do Rio, ele não chegou a conhecer o pai, um caixeiro-viajante. Já a mãe, analfabeta, ganhava a vida como lavadeira.
"Para ajudar no sustento de casa, parou de estudar na quarta série. E começou a trabalhar, ainda garoto, numa plantação de abacaxi", conta Claumir, sem disfarçar o orgulho.
Adolescente, Natalino virou metalúrgico. Nas horas de folga, gostava de dedilhar seu violão e compor algumas modinhas. Quando completou 18 anos, ingressou no Exército. Em julho de 1944, com apenas 25 anos, foi mandado para a guerra. "Na época, o pai já namorava Dona Guiomar", relata Claudete. "Apesar da distância, os dois se comunicavam através de cartas."
Assim que pisou em solo italiano, Natalino descobriu que os alemães não seriam seus únicos adversários. Um deles era o frio. Nos Montes Apeninos, a temperatura chegava a 20 graus abaixo de zero. Para manter os pés aquecidos, colocava palha e jornal dentro das galochas.
"Meu pai contava que eles não tinham agasalhos. Os americanos é que emprestavam", entrega Claumir. Outro inimigo era a fome. Tomar banho quente, dormir em colchão ou comer algo menos indigesto que as rações de combate eram privilégios que os soldados não tinham no front.
"Ninguém estava preparado para o inferno que eles encontraram lá. Sobreviveram graças à comida que ganhavam dos americanos", reitera Claudete. Se o frio era intenso e a comida escassa, o armamento era precário. Tanto que os americanos tiveram que fornecer fuzis e metralhadoras para os brasileiros.
Entre patrulhas e missões, os expedicionários da FEB se acomodavam como podiam em casas, celeiros e estábulos abandonados. "Certa vez, o pelotão do pai encontrou abrigo numa igreja. Mas, o padre dedurou a presença deles e, quando menos esperavam, os alemães começaram a bombardeá-los", puxa pela memória Cláudio.
Durante o dia, o risco de morte era iminente. Houve expedicionário que voou pelos ares após pisar em mina terrestre ou, então, ser atingido por uma granada. À noite, dormir era praticamente impossível. Na melhor das hipóteses, cochilavam de pé ou se escondiam em foxholes ("buracos de raposa", em inglês), nome dado às trincheiras cavadas no chão.
"Tudo era desgastante, mas o pai dizia que nada se comparava à tristeza de perder um companheiro no campo de batalha", Claudete diz, enxugando as lágrimas dos olhos. "Quando tinha de matar um alemão, o pai se lembrava dos companheiros mortos. 'Era ele ou eu', limitava-se a dizer". E abria fogo.

Amargo regresso

O caminho de volta também não foi dos mais fáceis. "Com a extinção da FEB, em 1945, os pracinhas se sentiram totalmente abandonados pelo governo brasileiro", critica Claumir. "A maioria dos ex-combatentes foi dispensada. Diante disso, muitos piraram".
O jeito foi recomeçar do zero. Mas, Natalino não se abateu. Depois de voltar à metalurgia, pediu a namorada em casamento e prestou concurso para o Estado. Aprovado, passou a trabalhar como funcionário público.
"Esse cara era um herói!", enaltece Claumir. A carreira artística, porém, caiu no esquecimento. Desgostoso, não compôs mais nada. Até do violão, amigo de todas as horas, se desfez. Só abriu uma exceção em 1965, quando foi convidado a gravar um LP intitulado Expedicionários em Ritmos pela extinta gravadora Chantecler. "Fizeram sucesso, mas nenhum deles se preocupou com os números de vendagem", dá de ombros Claudete.
Voltar à rotina foi difícil. Tanto quanto manusear um fuzil, desarmar uma mina ou invadir uma casamata. Logo, Natalino começou a sofrer de "neurose de guerra". "Bastava ouvir um barulho para ficar nervoso. Às vezes, até um pouco agressivo", recorda Claudete.
Os médicos, então, o aconselharam a se mudar para um lugar mais tranquilo. Foi quando surgiu a ideia, ainda nos anos 1960, de trocar o Rio por Petrópolis, na região serrana. O merecido reconhecimento só veio mais tarde, já nos anos 1980, quando o governo aprovou uma pensão para os ex-combatentes. Nesta época, Natalino passou a ganhar como terceiro sargento e, depois, como segundo tenente.
"Graças à Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (Anvfeb), a velhice do pai foi feliz", reconhece Claudete. "Algo que sempre gostou de fazer foi dar palestra em escolas".
Natalino Cândido da Silva, compositor autodidata que transformou os horrores da guerra em música e poesia, morreu no dia 9 de julho de 2017, aos 97 anos.

Fonte: BBC Brasil
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