terça-feira, 31 de julho de 2018

Série "Os Navios de Escolta" : Fragatas

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Chegamos a mais um capítulo de nossa série: "Os Navios de Escolta", retomando nosso trabalho com a saga de trazer um pouco a história e as atualidades deste importante componente das esquadras. Neste capítulo da série vamos abordar as “Fragatas”, uma das mais relevantes categorias de navios de escolta, que apresenta uma rica história, exibindo capacidades e tecnologias bastante flexíveis, navios cujas características variam muito entre as marinhas, o que provoca algumas dúvidas em nossos leitores.

O termo "Fragata" surgiu há alguns séculos, com os primeiros relatos dando conta da classificação de navios neste termo no fim do século XV. Segundo nossas pesquisas, o termo servia para designar embarcações ligeiras, similares as Galeaças, contando com velas e remos, geralmente armadas com armamento ligeiro. Uma das suas principais características eram a velocidade e capacidade de manobra, sendo uma embarcação muito ágil se comparada aos tipos semelhantes.Uma curiosidade que não podemos deixar de relatar, é o fato das primeiras Fragatas terem sido desenvolvidas pelos "Corsários" por meados de 1583, onde á serviço da Espanha, vários "corsários" construíram e operaram navios pequenos e muito ágeis, sendo um dos meios mais importantes na guerra entre espanhóis e holandeses. 

Um fato interessante, é que o sucesso apresentado pelo novo tipo de navio, levou os holandeses a adotarem as Fragatas em sua Marinha, levando-os a se tornar a primeira marinha regular a construir e operar fragatas oceânicas maiores. Os papéis desempenhados por esses inovadores navios holandeses era bastante complexo e desafiador, pois tinham como missão dar combate a esquadra espanhola, escoltar suas naus mercantes, proteger seus portos e realizar o bloqueio marítimo, impedindo que os espanhóis conseguissem desembarcar nos Países Baixos. Para cumprir tão variado leque de missões, estas Fragatas tinham características bastante específicas, sendo concebidas para atingir grandes velocidades, contando com um pequeno "calado", o que dava a estas fragatas a capacidade de operar em águas mais rasas. Outro ponto que foi tido como fundamental pelos holandeses ao desenvolver suas fragatas, foi a importância dada a capacidade de aprovisionamento, o que dava uma grande autonomia ao navio em suas comissões, além de um formidável poder de fogo, composto por uma bateria de canhões ligeiros, contando em média com 40 peças de artilharia do tipo.

O emprego das "Fragatas" mostrou ótimos resultados, levando os holandeses á substituir quase todos seus navios mais pesados pelas "novas" fragatas no inicio do século XVI. Mas a consagração do conceito de fragatas ocorreu no dia 31 de outubro de 1639, na "Batalha das Dunas", o confronto naval que se tornou uma vitória decisiva da República Holandesa, A eficiência das fragatas holandesas destacou-se, levando à sua adoção deste tipo de navios em outras marinhas.

Ao longo dos séculos, as Fragatas foram se mostrando um tipo de navio vital as esquadras, apresentando características ímpares, sendo um dos tipos mais numerosos nas esquadras europeias do final do século XVII ao fim do século XIX, onde apesar de não ser navios considerados "poderosos" por conta de suas dimensões e armamento ligeiro, o mesmo se mostrava fundamental para cumprir um amplo leque de missões, sendo capazes de combater até mesmo navios maiores e com maior poder de fogo, se valendo de sua grande velocidade e agilidade, nas mãos da tripulação certa eram mortais.

Sua grande autonomia oriunda da capacidade de aprovisionar mantimentos para seis meses, tornava a fragata capaz de operar por um longo período, de  forma isolada e independente, diferente dos navios maiores que apresentavam menor velocidade e capacidade de manobra, o que exigia a proteção destes, proteção essa que muitas vezes era feita pelas fragatas em escolta da esquadra.

Devidos ao seu conjunto de qualidades, as fragatas era o navio ideal para cumprir missões de reconhecimento, ataque, patrulhas e escolta. Geralmente as fragatas operavam sozinhas ou em pequenos grupos, sendo fundamentais principalmente para dar combate as fragatas inimigas, em algumas ocasiões atacavam navios mais poderosos, porém, isso era normalmente evitado.

As fragatas construíram um legado na história naval, porém, no final do século XIX e principio do século XX, as marinhas voltaram-se para os cruzadores e couraçados, e finalmente os contratorpedeiros ganharam a cena e as fragatas foram sendo substituídas pelos novos e mais modernos navios, que contavam com novas plantas propulsoras e tecnologias de construção, só voltando á cena durante a Segunda Guerra Mundial, onde assumiram o perfil que atualmente conhecemos como fragatas, e foram os ingleses que retomaram a adoção do termo Fragata, afim de designar os novos e velozes navios ligeiros que realizavam o combate á submarinos, escolta de comboios mercantes, além de limitada proteção antiaérea. A fragata ressurgiu como uma alternativa aos contratorpedeiros, sendo mais leve que os mesmos, porém, maiores e mais capazes que as corvetas.

"HMS Avon" Classe River
Curiosamente, para atender os esforços de guerra, os aliados tomaram como base o padrão de construção mercante para as primeiras fragatas,seguindo a mesma solução à época adotada para as corvetas. Com isso era possível realizar a construção em massa deste tipo de navio em diversos estaleiros que não possuíam expertise na construção de navio de guerra, mas em navios mercantes. A "Classe River", foi a primeira classe de fragatas da "era moderna", tendo surgido em 1941. Esta classe contava com a mesma motorização adotada pelas corvetas, mas ao contrário destas, as fragatas contavam com dois motores, o que garantia maior velocidade, além de possuir um casco mais esguio e alongado. Seu papel principal era dar combate à ameaça de submarinos, sendo seu armamento constituído basicamente por armas anti-submarino. 

HMS Burghead Bay classe Bay
As primeiras fragatas modernas, eram menos poderosas e mais lentas que os contratorpedeiros, porém, seu papel era atuar na escolta de comboios mercantes e caçar submarinos, função a qual ela estava bem dimensionada, apesar das primeiras fragatas não terem sido capazes de realizar a escolta de esquadras e grupos de combate, onde era exigida velocidade a qual as fragatas até então não eram capazes de acompanhar, problema que só foi superado em 1944 com a entrada em operação das fragatas da "Classe Bay", as quais apresentavam ainda algumas limitações nesse papel.

Há algumas controvérsias com relação a classificação de algumas classes de contratorpedeiros de escolta , ou Destroyers de escolta, com algumas destas classes sendo designadas como fragatas.

Após o final da Segunda Guerra Mundial, uma nova revolução tecnológica tomou as fragatas, onde sua limitada capacidade antiaérea foi superada com o advento dos misseis superfície-ar, tornando as fragatas novamente expoentes do poder naval e com maior flexibilidade de emprego tático. Nas décadas de 60 ao final dos anos 90, eram comuns fragatas especializadas, onde uma mesma classe possuía meios otimizados para desempenhar determinada missão, como exemplo, haviam fragatas de defesa aérea, fragatas anti-submarino e fragatas de emprego geral, algo que de certa forma limitava o emprego destas em determinados cenários táticos. Mas a flexibilidade foi se ampliando no final da década de 90 e meados de 2000, com a incorporação de capacidades múltiplas, o que levou a redução do uso de fragatas dedicadas, passando a uma mesma fragata ser capaz de atuar com a mesma eficiência dar combate anti-submarino, desempenhar defesa aérea e combate de superfície, além de contar em sua grande maioria com a capacidade de operar com aeronaves orgânicas. Qualidade que levou as atuais fragatas a constituir a espinha dorsal da maioria das marinhas.

Outra característica marcante nas modernas fragatas, está relacionada com seus sistemas embarcados, contando com modernos sistemas de radares e sonar, que dão ao navio uma grande capacidade em cenários complexos, somados ao emprego de tecnologias stealth em seu design e materiais de construção, o que reduz sua assinatura radar e conferem maior capacidade de sobrevivência no cenário moderno de operações navais.

Existem um vasto leque de opções quando nos referimos ás fragatas modernas, porém, algumas se destacam no mercado internacional, como é o caso do projeto franco-italiano FREMM, a espanhola F-100 da Navantia, a britânica Type-26, a russa Classe Steregushchiy, dentre outras.

O Brasil há pouco mais de uma década apresentou interesse na aquisição de novas fragatas, onde sua esquadra vem apresentando um avançado processo de obsolescência, operando meios com idade avançada e que estão chegando ao seu limite operacional. 

Dentre as fragatas da Marinha do Brasil, estão a "Classe Niterói", originalmente composta por seis fragatas do projeto Vosper Mk10 com deslocamento de 3.500ton, sendo fragatas multifuncionais com ênfase em guerra anti-submarina, tendo sido as quatro primeiras construídas nos estaleiros da Vosper e as duas últimas no Arsenal de Marinha (AMRJ), a primeira foi incorporada em 20 de novembro de 1976, sendo designada F-40 "Niterói", dando o nome a classe. Além da "Niterói", foram construídas e entregues no período que compreendeu 1976 e 1980 as fragatas: F-41 "Defensora", F-42 "Constituição", F-43 "Liberal", F-44 "Independência" e F-45 "União"

Além da "Classe Niterói", a Marinha do Brasil conta com as fragatas da "Classe Greenhalgh" de origem britânica, sendo originalmente fragatas Type-22, classe composta por um total de 14 navios construídos, sendo as adquiridas pelo Brasil parte do primeiro lote, composto por quatro fragatas construídas entre 1976 e 1982.tendo algumas participado da "Guerra das Malvinas" e da "Guerra do Golfo", sendo incorporadas pela Marinha do Brasil na segunda metade dos anos 90, denominadas F-46 "Greenhalgh", F-47 "Dodsworth", F-48 "Bosísio" e F-49 "Rademaker", das quais apenas a F-46 "Greenhalgh" e F-49 "Rademaker" seguem operacionais, com a "Dodsworth" tendo sido sucateada em 2012 e a "Bosísio" servindo de alvo em julho de 2017 no exercício naval "Missilex 2017", onde foi afundada.

Atualmente esta em andamento o processo de aquisição por construção de quatro corvetas, no "Programa Corvetas Classe Tamandaré", mas no horizonte não há perspectivas a curto prazo para aquisição de novas corvetas, mesmo no mercado internacional não existem opções atrativas para compra de oportunidade, o que levanta preocupação quanto as capacidades da Marinha do Brasil em prover escolta aos novos e modernos meios recentemente adquiridos, como os navios multipropósito "NDM Bahia" e "PHM Atlântico", sendo preciso que o governo federal brasileiro atente para essa necessidade estratégica e libere os recursos orçamentários vitais á solução dessa lacuna existente no poder naval brasileiro.

Confira também os capítulos anteriores de nossa série clicando nos links abaixo:

Série "Os Navios de Escolta" - Conheça mais sobre estes navios no GBN News



Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança.


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segunda-feira, 30 de julho de 2018

Pistola REX Zero 1 será produzida em Anápolis

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Muitos de nossos leitores nos enviam e-mails perguntando sobre os planos de instalar uma fábrica de armas em Anápolis (GO), havendo muitas dúvidas devido a desistência da fabricante dos Emirados Árabes, a Caracal, que desistiu do negócio devido alguns problemas internos.

Mas o grupo DFA, a parte brasileira que tem o interesse em criar uma nova fábrica de armas no Brasil, manteve seu objetivo e foi atrás de um novo parceiro internacional afim de viabilizar os planos de produzir armas em Goiás, lançando uma nova alternativa ao mercado interno, em especial ás secretarias de segurança pública brasileiras, as quais hoje possuem a opção limitada em dois fabricantes nacionais.


Partindo em busca de um novo parceiro, a DFA voltou os olhos para o velho continente, onde na Eslovênia surgiu uma interessante possibilidade, levando aos contatos com a AREX (Rex FireArms), fabricante local de armas que apresentou interesse na proposta brasileira, em meados de 2017 o negócio começou a tomar forma, pouco mais de um ano após os primeiros contatos, a DFA anunciou o fechamento do acordo com a indústria européia.


A Rex FireArms é um reconhecido fabricante no mercado mundial de armas, e o seu interesse em estabelecer uma parceria no Brasil em parceria com a DFA, levou a definição do seu produto de entrada no mercado brasileiro, trata-se da pistola Rex FireArms REX 01 no calibre 9 mm. A qual você poderá conhecer melhor no vídeo que nosso amigo e parceiro Roberto Caiafa publicou em seu canal no Youtube, e você confere clicando sobre o título: "DelFireArms - Nova Fabrica de Armas em Anapolis (GO) - Pistola REX 01 CP"

O cronograma apresentado aponta para o inicio de operações da nova fábrica brasileira de armas no inicio de 2019, já estando em andamento o processo de aquisição e instalação de todo maquinário e ferramental necessário para produção local das novas armas. A DFA comprometida com a qualidade de sua produção, providenciou a importação de maquinário industrial especializado com tecnologias atualizadas e capacidades similares aos empregados pela fábrica da Arex na Eslovênia.
A REX Zero 1 Compact Pistol, é uma pistola produzida em corpo de alumínio anodizado, possuindo uma ergonomia sofisticada com talas aderentes na empunhadura, seu carregador tem capacidade para 15 munições no calibre 9mm, com retém do carregador ambidestro, a pistola pode receber trilhos piccatiny, o que cria uma vasta gama de opções para acessórios.


Sua mais notável inovação, com certeza fica por conta da sua trava de segurança, um dispositivo que previne disparos acidentais, além de apresentar a possibilidade de ciclar o ferrolho com a pistola travada, mantendo o gatilho inoperante. Sendo uma arma muito bem conceituada e segura de operar, a qual chegará ao mercado brasileiro no calibre 9mm.


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domingo, 29 de julho de 2018

O que esta por trás do adiamento da produção do Sukhoi Su-57?

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Seguindo as discussões e debates envolvendo o adiamento na produção em série do caça stealth Su-57 pela Rússia, conforme noticiamos aqui no GBN News, "Rússia cancela produção de Su-57? O que é verdade nesta estória?"; matéria que rendeu muita discussão e comentários em nossas redes sociais e nos grupos do Whatsapp. Tendo em vista isso, nossos amigos e parceiros, Comte Robinson Farinazzo e o jornalista Roberto Caiafa, fizeram uma dobradinha que rendeu uma série de três vídeos com conteúdo de grande valor para quem desejar se inteirar melhor sobre o Sukhoi Su-57 e uma visão mais ampla do que envolve a decisão russa relacionada a este caça de quinta geração.

No primeiro vídeo dessa série, o Comte Farinazzo aborda um tema muito relevante e importante relacionado ao Sukhoi Su-57, onde trás a tona uma apresentação sob o seguinte título: "Sukhoi SU-57: As dificuldades do projeto", que você pode conferir clicando sobre o título, onde é levantada a seguinte questão: Até que ponto o jato russo SU-57 é viável?

O segundo vídeo, que conta com a participação do jornalista Roberto Caiafa, o mesmo apresenta uma breve evolução e o contexto que conduziu até a concepção do programa que resultou no Sukhoi Su-57, mostrando como o desenvolvimento de um programa é consequentemente uma resposta á outro anterior, sendo importantíssimo para compreender todo o contexto que esta em voga, e você confere clicando no título: "Jato Russo Su-57: Caiafa explica a evolução do que originou o programa".

Já o terceiro e último vídeo, apresenta a análise e as controvérsias a cerca do programa que originou o Sukhoi Su-57, com Roberto Caiafa inserindo importantes informações sobre o contexto russo em sua atual política de defesa e os meandros que levaram a decisão de adiar a produção em série do primeiro caça de quinta geração russo, onde clicando sobre o título você confere a conclusão de nossos esforços combinados para esmiuçar o assunto e apresentar um panorama mais completo sobre o anúncio feito recentemente pelos russos: " Caça Sukhoi Su-57: Análise e conclusão"

É preciso sempre buscar mais informações e estar atentos ao que realmente esta implícito na notícia, nós do GBN News, assim como nossos parceiros do Canal Arte da Guerra, estamos sempre preocupados em trazer uma visão mais ampla e com conteúdo de credibilidade, nos preocupando em passar um pouco mais de nosso conhecimento e com isso dar insumo ao nosso público, para que o mesmo possa conduzir a discussão sobre assuntos de viés estratégico, apresentando uma maior capacidade de filtrar as notícias e ter um senso crítico mais apurado, tendo em vista o grande número de achismos e fake news que nos deparamos no dia a dia.


Então convido você a ler nossa matéria sobre a decisão russo em relação ao Su-57 e a conferir os três vídeos sobre o assunto no Canal Arte da Guerra, um dos melhores canais de defesa na língua portuguesa, apresentando conteúdo de qualidade ímpar,muito diferente de centenas de outros canais que temos visto por ai, e participe também deixando seu comentário, dando seu like e se inscrevendo no canal.



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A US Navy e os desafios impostos pelos atrasos no F-35

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A US Navy enfrenta uma grave crise em sua capacidade aeronaval, onde o desgaste proporcionado pelo grande aumento em suas horas/voo observado desde o "11 de Setembro", começa a cobrar seu alto preço, aliado aos sucessivos atrasos e problemas que enfrenta o programa de desenvolvimento do F-35. Logo observamos uma grande redução no nível de prontidão da aviação naval norte americana, tal como nunca se observou desde o pós-guerra.

Uma das saídas para atender a urgência que se tornou a busca por uma solução para a problemática, tem sido um programa desenvolvido com a Boeing, no qual se busca manter grande parte do inventário de aeronaves F/A-18 E/F "Super Hornet" em operação. 

A Boeing vem executando um intensivo trabalho de modernização e extensão da vida útil das células já bastante castigadas pelo uso intenso nas operações aéreas embarcadas, onde grande parte da frota esta próxima de exaurir seu ciclo de vida inicial programado, principalmente devido a intensidade que tomou a "Guerra ao terror", declarada logo após os ataques de 11 de setembro pelo à época presidente George W. Bush. 

Outra medida tomada pela US Navy para tentar garantir suas capacidade operacionais e atingir suas metas de prontidão, tem sido a aquisição de novas aeronaves "Super Hornet", o que vem a ser recebido pela Boeing como motivo de comemoração, sendo de grande importância para manter as linhas de produção do caça, o qual vem perdendo sucessivas concorrências ao redor do mundo.  Ajudando a impulsionar as vendas da Boeing, representando um crescimento estimado de 10% no ano.

Há quem aponte de maneira positiva para uma futura evolução no projeto do "Super Hornet", o qual segundo analista, possui potencial para conquistar ainda inúmeros contratos em uma versão mais atual e capaz, principalmente voltada a atender as demandas da US Navy.

Os norte americanos enfrentam um momento nebuloso em sua capacidade operacional, onde grande parte de seu poderio militar se aproxima do fim de seu ciclo operacional, levantando dúvidas sobre o futuro das suas forças, em especial quando se trata de meios aéreos, tanto da USAF, como da US Navy, pois ao que parece, a aposta no programa F-35 como a solução das necessidades aéreas das forças norte americanas, se mostra um erro estratégico, o qual poderá custar muito em termos operacionais á curto e médio prazo, abrindo lacunas em suas capacidades.

Aliados aos envelhecimento de sua frota de "Super Hornet", a US Navy ainda enfrenta o arrocho no orçamento de defesa imposto pelo congresso, muito longe ainda da realidade de grande parte das nações, porém, temos que ter em mente a envergadura do poderio norte americano e sua doutrina operacional que busca cobrir os quatro cantos da terra. Olhando por essa óptica, temos que ressaltar que, embora contem com um orçamento multi bilionário, há uma enorme demanda por novos meios, e essa demanda tende a ter um custo astronômico, uma vez que os avanços tecnológicos cobram um alto preço.

No meio dessas incertezas e da crise que se agrava a cada dia na US Navy, a Boeing é uma das grandes beneficiadas pelos reveses que enfrenta o programa F-35, tendo recebido novas encomendas para fornecer suas aeronaves "Super Hornet" afim de repor a frota da US Navy, a qual já esgotou praticamente todo estoque de aeronaves que aguardavam um destino estocadas, voltando as linhas de voo afim de operar até o findar de seu ciclo de vida útil, ou como costumamos dizer:  "operar até o osso".

A US Navy tem realizado um grande esforço para realizar a aquisição de peças e serviços para manter suas aeronaves voando. A decisão soou inicialmente controversa, ao passo que se esperava a entrada em operação do F-35 como novo vetor que iria gradativamente substituir os F/A-18 "Super Hornet", o que ocorreria inicialmente em tempo de substituir os "Super Hornet" antes que os mesmos chegassem ao fim de seu ciclo de vida, algo que não ocorreu devido aos sucessivos atrasos no cronograma do F-35.

Para ter uma ideia da dimensão da gravidade, alguns relatórios apresentados ao congresso, davam conta de que um em cada três "Super Hornet" estavam fora de prontidão. O que levou a liberação de recursos para aquisição de novas centenas de "Super Hornet" e a modernização e extensão da vida útil das aeronaves que ainda apresentam condições.

Um exemplo do problema relatado pelo site Defense News, aponta que para o USS Carl Vinson, USS Nimitz e USS Theodore Roosevelt estivessem prontos para partir respectivamente em janeiro, junho e outubro deste ano, e contassem com seus grupos aéreos embarcados com número de aeronaves necessárias, 94 caças tiveram que ser transferidos dos depósitos de manutenção ou entre esquadrões de "Super Hornet" em todo país.

A US Navy se conscientizou da necessidade de estender a operação dos "Super Hornet" como aeronave de sua linha de frente ainda por mais algumas décadas, levando a novas aquisições de "Super Hornet", apontando para uma maior longevidade na linha de produção desta aeronave, o que pode garantir uma nova variante do caça naval afim de contrapor as novas ameaças no horizonte, impactando diretamente na cadencia de produção do F-35 em um primeiro momento, o que pode significar mais um problema para o programa JSF, isso se a Boeing não apresentar uma solução que se mostre mais acertada e viável no curto e médio prazo as necessidades da US Navy.


Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança

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GBN News - Homenagem ao Aviador Naval CC Igor Simões Bastos

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Na última quinta-feira, dia 26 de julho, completou dois anos do acidente envolvendo duas aeronaves AF-1 (A-4KU) Skyhawk da Marinha do Brasil, onde infelizmente perdemos nosso amigo, o Capitão de Corveta  Igor Simões Bastos, experiente aviador naval brasileiro, com a queda de sua aeronave no mar em consequência da colisão, ambos não foram localizados desde então. Nós do GBN News estivemos atentos a cada minuto que sucedeu o ocorrido, na esperança de trazer a confortante notícia que infelizmente não veio.

O GBN News acompanhou de perto toda operação que tentou desde o primeiro momento localizar e resgatar o aviador naval, porém, todas as tentativas não tiveram sucesso. Diversos meios foram empregados ao longo de 88 dias no esforço de se localizar o aviador naval, que provavelmente ficou preso ao cockpit da aeronave.

Há um ano, na manhã da quarta feira 26 de julho, a Marinha do Brasil divulgou uma nota oficial, na qual alterou o status do piloto de "desaparecido" para "morto em serviço".

Ainda desconhecemos o que teria ocasionado a colisão entre as duas aeronaves. Assim como ainda não fora identificado o paradeiro da aeronave e seu piloto. 

Mas neste segunda ano, nós do GBN News não vamos deixar que a data passe sem que seja lembrada, não a morte, mas a vida de conquistas e alegrias que viveu nosso bravo "Falcão", queremos render uma justa homenagem ao Capitão de Corveta Igor Simões Bastos, e prestar mais uma vez nossa solidariedade aos amigos e familiares, e dizer que tenhamos sempre em nossas memórias as lembranças de um grande amigo.

Quero aproveitar para agradecer a todos os homens e mulheres que diariamente arriscam suas vidas em prol de nossa segurança, sem ao menos receber o merecido reconhecimento de nossa sociedade. Estamos gratos a todos vocês, nossos Heróis, pelo grande sacrifício que fazem por nossas famílias, que Deus receba em seus ternos braços todos que partiram, e que abençoe e guarde todos que aqui permanecem diariamente cumprindo com sua missão.


"Saudosas memórias sempre sobrevivem ao mais trágico evento, a perda de um ente ou amigo, jamais pode ser esquecida, pois a saudade nos toma o peito e nos trás as boas memórias de momentos vividos, porém, honramos nossos mortos não apenas com a dor de nossas lágrimas, mas com as pegadas que ficam ao longo de nossa caminhada, honramos através de cada conquista que sucede a perda, pois um dia a gente vai se encontrar, e quando isso acontecer, que tenhamos em mãos vitórias e boas memórias para partilhar..." 
                                                                                                    Angelo Nicolaci



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sexta-feira, 27 de julho de 2018

A transição afegã do Mi-17 para o UH-60A, emergem os problemas

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Conforme publicado aqui no GBN News no último mês de junho, Washington resolveu substituir a frota de aeronaves Mi-17 de fabricação russa, adquiridos através da Rosoboronexport entre 2011 e 2013 afim de equipar as forças do Afeganistão, por aeronaves UH-60A Black Hawk, iniciando uma controversa medida, "UH-60A para o Afeganistão? Uma escolha acertada para substituir os Mi-17?".

Como é de conhecimento público, o Congresso norte americano influenciou de todas as formas a decisão de substituir os Mi-17 no Afeganistão pelo UH-60A, contrariando claramente a lógica e doutrina de emprego do meio naquele teatro de operações, sendo uma clara decisão política e comercial em detrimento das capacidades operacionais, ignorando as questões técnicas e estratégicas.

Conforme relatamos há pouco mais de um mês, a transição do Mi-17 para o UH-60A, apresentava prováveis problemas técnicos e operacionais que surgiriam com essa mudança. Diversos analistas militares alertaram com relação aos diversos problemas que envolvem o emprego do UH-60A naquele cenário específico, os quais apresentaram uma série de relatórios detalhando as limitações de emprego do UH-60A.

Agora na fase de execução dessa transição de aeronaves, já são registrados inúmeros problemas no progresso desse programa, voar e manter o UH-60A no lugar do Mi-17 tem representado um grande problema aos afegãos, pois como sabemos, o UH-60A é uma aeronave muito mais complexa, o que requer mais investimento na formação das equipes de manutenção e operação desta aeronave, sem contar na infraestrutura necessária para sua operação se comparados ao que era necessário até então para voar o Mi-17.

Os senadores americanos há muito tempo defendem a substituição dos helicópteros russos por análogos norte americanos no Afeganistão, o que de fato gera um grande problema do ponto de vista doutrinário e logístico. 

A Força Aérea Afegã recebeu os helicópteros Mi-17 comprados pelos EUA junto a russa Rosoboronexport, como parte do esforço de capacitação e fortalecimento daquela nação e suas instituições militares. Além dos requisitos técnicos, à época das aquisições, representantes do US Army apontaram a aquisição do Mi-17 como uma solução viável e adequada do ponto de vista técnico, econômico e principalmente operacional, principalmente porque os afegãos já sabiam pilotar e manutenir a aeronave em questão.

As contestações de senadores sobre essa decisão levou a inúmeras audiências públicas, onde foram travados muitos debates. Até que o senador Richard Blumenthal, conseguiu aprovar o cancelamento dos contratos para aquisição e apoio aos Mi-17 afegãos existentes com a Rosoboronexport, aproveitando a situação envolvendo Moscou e o  governo sírio de Bashar Assad, que fornecia armas e equipamentos ao governo sírio contrariando a posição dos EUA e seus aliados com relação aquele conflito, impondo fortes limitações às negociações com a empresa russa.

Os contratos originalmente assinados entre o Departamento de Defesa dos EUA e a Rosoboronexport no período de 2011 a 2013, previam a aquisição de 73 aeronaves Mi-17 para o Afeganistão. Porém, a suspensão dos contratos se deu quando ainda restava a entrega de 15 aeronaves previstas. 

A decisão controversa de implementar cerca de 160 UH-60A Black Hawk no Afeganistão prosseguiu mesmo diante dos relatórios. Ainda segundo oficiais do US Army, o senado havia sido alertado sobre as dificuldades de tal transição, particularmente no que diz respeito a manutenção e treinamento, segundo relatório recente, esses problemas tem ganhando forma de forma cada vez mais preocupante.  Principalmente quando se analisa os dados que apontam uma grande dependência do apoio norte americano, pois em termos comparativos, os afegãos realizam 80% da manutenção dos Mi-17 e apenas 20% são feitos por empresas contratadas, já com os UH-60A a manutenção é quase que totalmente dependente dos norte americanos contratados para implementar a transição entre as aeronaves. 

De acordo com a 9ª AETF-A, encarregada de conduzir a transição em conjunto com os afegãos, o Mi-17 é muito mais fácil de ser assimilado de acordo com nível educacional que possui a população afegã em geral. do que o UH-60A em termos de manutenção. Por causa disso, dificilmente os afegão serão capazes de realizar assimilar a manutenção no curto e médio prazo.

Os Mi-17 estão sendo desativados progressivamente, havendo hoje 47 aeronaves do tipo em operação, mas esse número deve ser reduzido para 20 aeronaves até o final de 2019, sendo reduzido apenas 12 aeronaves em 2022. Mas uma pergunta que se faz é: Como se dará a formação dos pilotos e equipes de solo? Essa com certeza é uma questão preocupante, tendo em vista a necessidade de substituição das tripulações e equipes técnicas nos próximos anos, enquanto os UH-60A ainda estão sendo preparados para ser entregues, tendo sido entregues apenas oito aeronaves, com outras 45 ainda em fase de revisão e preparação, de uma estimativa de 160 totais anunciada pelo congresso.

Outro problema que já se vislumbra no horizonte próximo, diz respeito a perda de capacidade com a redução e futura retirada de serviço dos Mi-17. Com a transição do Mi-17 para o UH-60A, emergem lacunas que serão abertas com a saída do Mi-17. Por exemplo, o Black Hawk não possui capacidade de içamento comparável a apresentada pelo Mi-17, sendo incapaz de transportar o volume de carga que o Mi-17 carrega. Comparativamente, são necessários dois UH-60A para transportar a mesma carga de um Mi-17.

As tropas afegãs operando em áreas remotas de grande altitude estarão desprovidas do apoio que antes recebiam dos Mi-17, pois os Black Hawks não podem voar nas mesmas altitudes e condições que um Mi-17, ou seja, não podem operar em áreas remotas do país.

Sinceramente, é preocupante e lamentável a decisão tomada pelo congresso, sobrepondo as doutrinas de emprego e necessidades técnicas para cumprir as missões previstas pelas forças afegãs, o que poderá resultar não apenas na perda de vidas, mas abrir um lacuna que pode ter um impacto muito maior sobre as capacidades logísticas e de atuação do exército afegão, abrindo espaço aos grupos insurgentes que operam em regiões remotas do país.


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Turquia e Ucrânia avança em parceria sobre Antonov An-188

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A Turquia e a Ucrânia fizeram progressos nas negociações para a co-produção da nova aeronave militar de carga, o Antonov An-188, uma versão avançada da aeronave An-178, disseram autoridades turcas.

"Este é um programa complexo no qual ambos estão interessados", disse um representante turco. “Estamos discutindo positivamente vários aspectos relativos a co-produção”.

As partes envolvidas nas negociações incluem o escritório de aquisição de defesa da Turquia, a SSB em sua nova sigla, a Turkish Aerospace Industries (TAI), a ucraniana Antonov e a Ukroboronprom, estatal responsável pela indústria de defesa na Ucrânia.

Autoridades turcas e ucranianas concordaram que o próximo passo das conversações envolverá uma visita da delegação turca a Kiev, para inspecionar as linhas de produção da Antonov.

A Antonov, fabricante da aeronave An-188 e parte da estatal Ukroboronprom, apresentou pela primeira vez o An-188 entre os dias 25 e 28 de abril na EurAsia Show 2018 em Antalya, na Turquia.

Para que qualquer acordo de co-produção aconteça, a aeronave deve cumprir todos requisitos para atender aos padrões da Otan, segundo as autoridades turcas.

Um funcionário da TAI disse que as discussões se concentraram no que as indústrias de cada país assumiriam, na respectiva divisão de trabalho, transferência de tecnologia e know-how, além do licenciamento e as exportações para outros países.

O An-188-100 deverá  contar com quatro turbofans D-436-148FM, desenvolvidos pela empresa ucraniana Ivchenko-Progress. A variante com quatro motores de nova geração AI-28, também desenvolvidos pela Ivchenko-Progress, será chamada de An-188-110. Já a variante An-188-120 será equipada com quatro turbinas LEAP fabricados pela CFM International (CFMI).

Todas as novas aeronaves que compõe a família An-188, possuem capacidade de operar em diversos teatros de operações, sendo possível operar em pistas de pouso improvisadas, capaz de realizar pousos e decolagens em pistas curtas de apenas 600 a 800 m de comprimento.

A aeronave contará com um avançado glass-cockpit, dispondo dos mais modernos equipamentos de navegação e comunicação. O An-188 apresenta um alcance de até 7.700 km, com altitude de cruzeiro de 12.100 m, e velocidade máxima de 800 km/h, dependendo da variante e a motorização adotada.


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com agências
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quinta-feira, 26 de julho de 2018

Índia está finalizando negociações para aquisição de helicópteros Mi-17-V5

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O Ministério da Defesa da Índia está concluindo negociações com a Rússia para adquisição de 48 helicópteros de transporte/utilitário Mi-17-V5 adicionais por 1,1 bilhões de dólares, que deverão ser incorporados pela Força Aérea Indiana (IAF) e o Ministério do Interior (MHA).

Fontes oficiais indianas disseram em 23 de julho que o acordo para aquisição dos helicópteros, sendo 38 deles destinados à IAF, deve ser assinado durante a visita do presidente russo Vladimir Putin à Índia no início de outubro para a cúpula bilateral anual entre os líderes dos dois países.

O acordo proposto também inclui uma obrigação de compensação que exige que todos os fornecedores invistam 30% do valor contratual nos setores de defesa, segurança interna e aviação da Índia.

Fonte: Jane's

Tradução e adaptação pelo nosso colaborador: Amarílio
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F-35A chegará ao custo de 80 milhões por aeronave?

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Há muito que se falar com relação ao programa norte americano de quinta geração F-35 Lightning II JSF, sem sombra de dúvidas o mais problemático e caro programa que o governo dos EUA teve até hoje. Como todos sabemos, o Lockheed Martin F-35 em suas três variantes desenvolvidas visando atender uma ampla gama de missões e operadores, superou e muito todas as estimativas de custos, sofrendo severas críticas, as quais ganharam ainda mais vulto tendo em vista sucessivos problemas técnicos e atrasos no desenvolvimento da aeronave. Onde mesmo tendo entregue dezenas de exemplares, as mesmas ainda estão muito longe do esperado em termos de capacidades e custos.

Há poucos dias fora publicado na Aviation Week, renomada mídia norte americana, uma reportagem tratando das perspectivas de custo relativos ao F-35A para os próximos lotes, e as informações divulgadas não são uma grande surpresa para que possui algum embasamento técnico e econômico com relação ao cumprimento das metas estimadas para que a aeronave chegasse ao custo unitário de 80 milhões de dólares até 2020. Meta essa que pelo que foi apurado, esta muito longe de ser alcançado, jogando por terra diversos argumentos levantados em defesa desta aeronave no mercado internacional, onde a mesma disputa várias licitações na Europa. 

Segundo dois relatórios emitidos por grupos de estudo distintos do próprio Pentágono, ambos apresentam valores ainda distantes do que se esperava obter, ainda sendo de grande relevância citar a discrepância enorme que foi registrada entre ambos relatórios, com relatório emitido pelo Joint Program Office (JPO) dando conta de uma redução nos custos do programa de cerca de 1,2 bilhões de dólares, enquanto o relatório emitido pelo "Cost Assessment and Program Evaluation" (CAPE) office, apresenta uma redução de apenas 595 milhões de dólares, uma diferença muito díspar, que levanta enormes dúvidas sobre o real custo e previsões acerca do programa JSF.

Os relatórios, acompanhados da posição do congresso norte americano, que impôs como condição para que sejam realizadas novas encomendas da aeronave após a conclusão do lote 10, as quais exigem que sejam concluídos os testes operacionais e que se cumpram os requisitos propostos pelo programa, para só então proceder em novas aquisições. O que pode significar uma redução na produção da aeronave, o que significa um revés na esperada redução nos custos de produção.

Devemos observar que o próprio congresso dos EUA esta acompanhando com certo ceticismo, principalmente após os relatórios apresentares dados tão discrepantes. Se nos atermos aos dados mais modestos, emitido pelo CAPE, a redução prevista no custo unitário do F-35 esta muito distante dos propalados 6%, tendo registrado apenas 1,5% de redução nos custos,o que significa 1,3 milhões por aeronave.

A Lockheed Martin e seus parceiros investiram aproximadamente 165 milhões de dólares na otimização de processos de fabricação, o que inclui ferramental e processo de montagem,mas ao que apontam os relatórios essas medidas apesar de terem obtido uma economia que pode chegar aos 4 bilhões no montante total do programa, ainda esta distante da meta prevista para o período compreendido entre 2018-2020, onde esta prevista a aquisição de 442 aeronaves, com custo unitário estimado de 90,5 milhões de dólares se confirmadas as estimativas iniciais apresentadas.

O F-35 ainda pode sofrer algum revés, tendo em vista algumas alterações em suas encomendas, principalmente levando em consideração o anuncio recente do governo italiano de abandonar o programa, cancelando suas intenções de futuras compras e inclusive estudando um possível cancelamento da aquisição em andamento. Outro ponto relevante que pode impactar negativamente o volume de produção, é o atrito entre Ancara e Washington, onde o congresso dos EUA já apresentou a negativa de proceder na entrega das aeronaves á Turquia, caso essa insista na aquisição do sistema de defesa aérea russo S-400. O Reino Unido ao que tudo indica, também aponta para uma menor participação no programa, não devendo ampliar sua encomenda, ou mesmo ocasionalmente reduzir sua intenção de compra, principalmente após o anúncio durante a última edição do  Farnborough International Airshow, onde apresentou seu programa "Tempest", o qual deve ganhar mais espaço se realmente alcançar o proposto com relação á custos e capacidade operacional.

Mas há também outros pontos que podem atuar em favor do F-35, com a aeronave sendo objeto de avaliação em vários países europeus, como Bélgica, Alemanha, Finlândia e recentemente a Suíça, que manifestaram interesse na aeronave norte americana, apesar que, o volume previsto não cobriria o déficit deixado pela saída da Itália e Turquia do programa.


Estamos claramente diante de uma série de possibilidades, porém, temos que ser realistas quando falamos em custos de produção e operação, pois não é nada fácil alcançar as metas de custos dentro de um programa como o JSF, tendo em vista a complexidade que se impôs a esta aeronave, o que podemos comparar com o contra-ponto russo, onde o Su-57 recentemente teve anunciado a postergação de sua produção em série, sendo inicialmente limitado á 12 exemplares de pré-série, o que se justifica pela visão estratégica de conter os altos custos envolvidos no desenvolvimento da nova aeronave, a qual na experiência russa, ainda apresenta uma série de acertos necessários aos seus sistemas, em especial quanto a motorização, o que ainda levará alguns anos para ser sanado. Assim, diferente dos EUA e seus parceiros, os russos preferiram adiar a sua produção em série, ao invés de iniciar a produção em série de uma aeronave com uma série de "problemas" a serem solucionados, diferente do que foi optado pelo F-35, resultando em algumas centenas de aeronaves que logo deverão passar por uma série de refits e modernizações afim de atender aos requisitos esperados e principalmente sanar algumas deficiências crônicas no seu projeto inicial, o que pode representar um custo adicional ao programa que ainda não entrou na conta, neste ponto os russos foram bastante conservadores e limitaram em 12 unidades para concluir o desenvolvimento e sanar as deficiências identificadas antes de iniciar a produção em série, mas cabe ressaltar que são duas economias e orçamentos diferentes, onde os EUA possuem um orçamento de centenas de bilhões, muito acima do que os russos destinam.

Quando tratamos de programas militares, é preciso ter a consciência do seguinte fato, no papel tudo é possível, os custos são "X", porém, quando passamos a execução do mesmo, podemos nos deparar com ingratas surpresas que podem elevar demasiadamente os custos previstos e atrasar a entrada em operação do meio objetivado, muitas das vezes resultando em meios que estão aquém do esperado inicialmente.



Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança

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Com informações da Aviation Week





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