segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O plano de Xi Jinping para transformar a China em superpotência global

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O 19º Congresso do Partido Comunista da China encerrou-se com Xi Jinping sendo alçado a um status semelhante ao de líderes históricos do país, como Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping, e se consagrando como o presidente chinês de maior poder nas últimas décadas.
O partido, que governa a China desde 1949, aprovou no Congresso a inclusão das "doutrinas" de Xi na Constituição da agremiação, como um novo referente teórico que, a partir de agora, será estudado nas escolas: o "Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era".
Por trás da retórica, isso se traduz em uma grande concentração de poder para o presidente e seu partido sobre a economia e a sociedade chinesas.
Em suas três horas e meia de discurso no Congresso, Xi explicou sua visão não apenas para os próximos cinco anos do país, mas para as próximas três décadas, detalhando um modelo socialista que, segundo ele, seria "uma nova opção para outros países e nações que queiram acelerar seu desenvolvimento enquanto preservam sua independência".
O presidente afirmou que a China entrou em uma "nova era" em que deveria "ocupar os holofotes do mundo". Descreveu seus planos para uma "modernização socialista" da China até 2050 e a busca por uma nação "mais próspera e bonita", por intermédio de reformas ambientais e econômicas.
Xi criticou o separatismo e, ao mesmo tempo, afirmou que seu país "não fecharia as portas para o mundo", prometendo menos barreiras a investidores internacionais.
Também tiveram menções no discurso as medidas para reforçar a disciplina dentro do partido e para combater a corrupção ─ bandeira da administração de Xi, cuja ofensiva anticorrupção já puniu mais de 1 milhão de chineses.
Os princípios citados por Xi enfatizam o papel do Partido Comunista em governar todos os aspectos da vida chinesa. Entre eles, estão:
  • Um chamado para uma reforma "completa e profunda", com "novas ideias em desenvolvimento"
  • Uma promessa de "convivência harmoniosa entre homem e natureza", em referência à preocupação com o meio ambiente e o suprimento das necessidades energéticas chinesas
  • Uma ênfase na "autoridade absoluta do partido sobre o Exército"
  • A importância do modelo "um país, dois sistemas", sob o qual se governa Hong Kong, e a "reunificação nacional", em referência a Taiwan, considerada - por Pequim - uma ilha rebelde .

Autoridade reconhecida

Como não são divulgados grandes detalhes e não há coletivas de imprensa do partido, muito do entendimento sobre o Congresso depende da análise de especialistas.
"O que isso quer dizer é que basicamente Mao Tsé-tung (que governou entre 1949 e 1976) tornou a China independente e permitiu que o país se erguesse, Deng Xiaoping (1978-92, que implementou reformas que trouxeram instituições de mercado ao socialismo chinês) tornou o país rico e Xi o tornará forte", explica Christopher K. Johnson, assessor-sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), em entrevista à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC.
Em sua avaliação, Xi quer projetar força nos planos econômico, político e militar.
Mas o que significa, para um líder, ser eternizado na Constituição partidária?
A China tem uma Carta Magna, que governa o país, mas o Partido Comunista tem uma Constituição própria para seus 89 milhões de membros.
"Significa que sua autoridade foi reconhecida por todo o partido", diz à Reuters o acadêmico chinês Hu Xingdou.
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Os 14 princípios políticos do "pensamento de Xi"


  1. Garantir a liderança do partido sobre todo o trabalho
  2. Comprometer-se com um enfoque centrado na sociedade
  3. Continuar com uma reforma integral e profunda
  4. Adotar uma nova visão de desenvolvimento
  5. Ver que a sociedade é que governa o país
  6. Garantir que qualquer área de governo esteja baseada no direito
  7. Defesa dos valores socialistas
  8. Garantir e melhorar as condições de vida da sociedade por meio do desenvolvimento
  9. Garantir a harmonia entre o homem e a natureza
  10. Buscar um enfoque global para a segurança nacional
  11. Defender a absoluta autoridade do Partido Comunista sobre o Exército popular
  12. Defender o princípio de "um país, dois sistemas" e promover a reunificação nacional
  13. Promover a construção de uma sociedade de futuro compartilhado com toda a humanidade
  14. Exercer um controle total e rigoroso do partido


Desde sua chegada ao poder, em 2012, Xi tem impulsionado um culto à personalidade e uma concentração de poder que supera inclusive o da era Deng, artífice da abertura econômica chinesa. Sua consagração no Congresso na última semana deverá reforçar essa tendência.
E, eternizado na Constituição partidária, Xi agora terá "ainda mais autoridade para levar o país na direção que deseja", diz à BBC Mundo Joseph Fewsmith, professor de relações internacionais da Universidade de Boston e especialista em elite política chinesa.
Observadores estão atentos também ao novo Comitê Permanente do Partido Comunista, ou seja, na nova geração de mandatários do país.
No entanto, não há no momento nenhum líder que desponte claramente como sucessor de Xi, o que pode significar que ele permaneça no poder além dos tradicionais dez anos de mandato.
Analistas destacam que é cedo para equiparar Xi a Mao, mas não se descarta que ele possa alcançar tal status.
Vale destacar, também, que se anteveem mais atritos entre a China de Xi e os Estados Unidos de Donald Trump.
"A China levará a cabo uma política externa mais agressiva para desafiar a supremacia americana, sobretudo na região da Ásia-Pacífico", afirma Willy Lam, veterano analista de política chinesa e professor da Universidade Chinesa de Hong Kong.

Fonte: BBC Brasil
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Turca Nurol fecha acordo para co-produzir mil blindados no Uzbequistão

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Uma fabricante de veículos blindados turca na última sexta-feira (27), assinou um acordo para produção conjunta de 1.000 veículos blindados com de tração 4x4 com uma empresa do Uzbequistão.

A turca Nurol assinou o memorando de entendimento com a UzAuto, segundo um comunicado divulgado pela empresa, acrescentando que o acordo foi assinado diante da visita histórica do presidente Uzbeque Shavkat Mirziyoyev a Turquia.

O acordo prevê a produção de 1.000 veículos blindados táticos Ejder Yalcin 4x4  "Dragon", que serão coproduzidos no Uzbequistão. O acordo também inclui a venda destes veículos para outros países.

O Ejder Yalcin 4x4 tem um design único, com o mais alto nível de proteção em sua classe, permitindo que o veículo opere em todos tipos de terreno, incluindo off-road, segundo apresentação da Nurol.

De acordo com as informações fornecidas pela Nurol, o "Dragon" tem uma capacidade de transportar ate 11 pessoas e pode atingir velocidades máximas de 120 Km/h, sendo equipado com motor de 375 cv.

O "Dragon" é um "veículo de combate dinâmico, ágil, modular, versátil, de fácil manutenção e que exige pouca manutenção", acrescentou.

Vários sistemas de armas podem ser integrados ao veículo, o qual possui uma grande capacidade de carga útil.

Os sistemas de armas opcionais inclui uma metralhadora 7,62 mm, uma metralhadora 12,7 mm, uma arma antiaérea de 25 mm ou um lançador de granadas automático de 40 mm, que podem ser adicionados ao veículo.

Ejder Yalcin 4x4 "Dragon" também possui várias configurações, como blindado de reconhecimento, controle e comando, ambulância, transporte de pessoal, vigilância de fronteira e segurança, defesa aérea e veículos de detecção e destruição de minas.

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domingo, 29 de outubro de 2017

Quem são as reais vitimas das sanções dos EUA contra o Irã e Hezbollah?

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O presidente dos EUA, Donald Trump, não surpreendeu ninguém quando anunciou que ele se absteria de certificar o acordo nuclear do Irã. A recusa de certificar o acordo surge como um golpe adicional ao legado de Obama, o qual Trump acredita firmemente que colocou os Estados Unidos e seus verdadeiros aliados em uma posição desvantajosa, capacitando seus inimigos tradicionais, principalmente a Coréia do Norte e o Irã.
Enquanto a decisão de Trump deixou o acordo do Irã no limbo, ele ainda não restabeleceu ou impôs novas sanções ao Irã, uma tarefa que agora é deixada ao Congresso com 60 dias em suas mãos para estudar sobre o assunto.
Em última análise, o cerne da questão, como afirmou Trump, está muito longe da violação do Irã de qualquer cláusula do acordo nuclear, mas sim depende do fator desestabilizador da região, seja por meio do desenvolvimento de um programa de mísseis balísticos ou por meio de intrusão agressiva e ativa nos assuntos domésticos dos países vizinhos, como Iêmen, Bahrein, Síria e do Líbano.
Conseqüentemente, para abordar essas duas transgressões, Trump apresentou itens de ação que incluem medidas mais firmes sobre o braço militar do Irã, o Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC), que mantém uma variedade de grupos paramilitares espalhados pela região e talvez além.
Essas medidas, que vão do militar ao financeiro, teoricamente visam limitar e finalmente, impactar nas capacidades do IRGC e seus afiliados em desempenhar suas funções militares.
Por conseguinte, embora o Irã possa escapar dos efeitos adversos das sanções dos EUA, o Líbano e a sua economia mancante não serão tão sortudos, uma vez que o Congresso dos EUA está a poucas semanas de atualizar suas sanções pré-existentes contra o Hezbollah, que só podem exercer mais pressão sobre Líbano e suas instituições políticas e financeiras.
As alterações à Lei de Prevenção de Financiamento Internacional do Hezbollah existentes, aprovadas durante a administração permissiva de Obama, ocorrem após o Hezbollah ter contornado com sucesso essas medidas financeiras.
A cooptação do Hezbollah, no entanto, não foi simples, pois incluiu um aviso implícito no início, seguido de uma explosão não reclamada no caixa eletrônico de um banco, o que deixou claro aos bancos libaneses que o cumprimento dessas sanções dos Estados Unidos também os colocaria na lista negra do Hezbollah .
Logo depois disso, e apesar da plena cooperação do Banco Central do Líbano com a diretoria do Tesouro dos EUA, o Hezbollah recuperou sua capacidade de canalizar dinheiro dentro e fora do país, embaraçando ainda mais o estado libanês, que abrigava ironicamente dois membros portadores de cartas do Hezbollah no seu gabinete.
Alguns raramente veem a mídia libanesa local sem serem bombardeados por previsões e especulações que alertam o público de uma crise econômica iminente, que parece mais ameaçadora quando a administração do Trump se prepara para um confronto.
Conforme previsto, o novo projeto de lei no Congresso, e os que provavelmente seguirão, servirá apenas para colocar restrições e regulamentos adicionais sobre o movimento do dinheiro, o que, por sua vez, inibirá ainda mais o sistema bancário libanês, que no século passado usou as leis de sigilo bancário à disposição para atrair investidores.
O HSBC, que já estava no processo de reduzir suas operações a nível mundial, não viu nenhum motivo para permanecer operacional no Líbano e consequentemente, vendeu suas carteiras ao banco BLOM; um movimento que impediu o HSBC, que foi anteriormente multado por lavagem de dinheiro, de se envolver com quaisquer operações financeiras obscenas que podem ser atribuídas ao Irã e suas afiliadas.
Por enquanto, os libaneses em geral são reféns de uma série de ameaças graves, principalmente entre eles o imprudente Hezbollah na região, em segundo lugar um sistema dominante corrupto e irresponsável que só foi bem sucedido na imposição de novos impostos, ainda que não conseguiu criar um orçamento público sustentável capaz de promover o desenvolvimento econômico a longo prazo, e por último, um problema de refugiados sírios que só pode piorar com a falta de medidas governamentais locais e a crise síria com um futuro imprevisível.
Em uma audiência no Congresso, na semana passada, membros da audiência do Subcomitê sobre milícias apoiadas pelo Irã pediram aos especialistas que testemunharam, se acreditassem que "o Irã vê alguns de seus representantes como colônias, especialmente o Iraque?". Os três especialistas confirmaram que o Irã na verdade não aborda suas ações como tal, cada uma oferecendo um conjunto de razões para justificar sua resposta.
Ironicamente, o Irã escolhe conscientemente não implementar uma política colonialista pelo simples fato de que tal abordagem exige que o Irã investa no país em questão, seja aumentando sua economia ou protegendo-a de qualquer dano econômico e militar.
A maneira como o Hezbollah e seus manipuladores, o IRGC, lidaram com o Líbano até agora, atesta o fato de que raramente se importam com sua posição internacional ou seu futuro econômico, desde que este local lhes permita seguir seu papel como braços executivos do Irã no Mediterrâneo.
Seja como for, o Congresso dos EUA não deve procurar mais nada, nem consultar os muitos especialistas à disposição para perceber que as sanções financeiras contra o Líbano podem certamente prejudicar o Hezbollah, mas a principal vítima dessas medidas certamente será o libanês enfraquecido, que ao longo dos anos foram domesticados em falaciosamente acreditando que o Hezbollah e o pacote que acompanha o problema é um problema regional que eles não têm poder para resolver.

Fonte: Anadolu
tradução: Angelo Nicolaci - GBN News
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Exército iraquiano pede que EI se renda

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O exército iraquiano pediu que os militantes do EI se rendam em meio a uma operação militar em curso para desalojar o grupo terrorista de sua última fortaleza na província ocidental de Anbar.
Aeronaves iraquianas lançaram milhares de folhetos sobre as áreas ocupadas pelo EI, pedindo aos militantes que baixem suas armas e se rendam às forças iraquianas, disse o Ministério da Defesa em um comunicado neste domingo (29).
Na quinta-feira (26), o exército iraquiano iniciou uma campanha militar de grande escala para libertar as cidades de Rawa e Al-Qaim na província de Anbar, os últimos enclaves do EI no Iraque.
O brigadeiro-geral Yahya Rasul, porta-voz do Comando de Operações Conjuntas do exército iraquiano (JOC), disse anteriormente que as forças iraquianas mataram 75 militantes do EI durante as operações em Anbar nas últimas 72 horas.
Enquanto isso, Abu Ali al-Kufi, um comandante da milícia Hashd al-Shaabi, pró-governo, disse que o EI plantou armadilhas e dispositivos explosivos em estradas e cruzamentos para al-Qaim.
Ele disse que as equipes de sapadores efetuaram uma missão de eliminação de bombas, onde conseguiram desarmar os explosivos e abrir rotas seguras para as forças que avançam.
"Nossas forças estão esperando a hora zero para atacar os terroristas em seus últimos esconderijos", disse ele.
No mês passado, a segurança iraquiana e as forças tribais capturaram a cidade de Anah em Anbar, enquanto o grupo terrorista controla Rawa e al-Qaim desde meados de 2014.

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"Construímos, estamos construindo e construiremos mísseis", diz o presidente iraniano diante da tensão com EUA

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O Irã não vai parar de produzir mísseis, estocar ou "usar" qualquer arma para se defender, já que isso não viola nenhum acordo internacional, disse o presidente Hassan Rouhani.

Falando neste domingo (29), o presidente iraniano disse que "construíram, estão construindo e continuarão construindo mísseis", o que de acordo com Rouhani, não viola os acordos internacionais. "Nós produziremos quaisquer armas, de qualquer tipo que precisarmos, armazenaremos e usaremos a qualquer momento para nos defender", acrescentou Rouhani. A afirmação surge quando as tensões entre Teerã e Washington tem aumentado diante da posição do presidente Trump com relação ao acordo nuclear estabelecido com o Irã.

Na quinta-feira (26), os EUA realizaram uma votação, na qual quase que unanimemente foram aprovadas novas sanções contra o programa de mísseis balísticos de Teerã. 

"Uma estratégia iraniana chave é melhorar suas capacidades de mísseis balísticos para promover suas ambições hegemônicas regionais", disse Scott Taylor. Segundo ele, o projeto de lei visa prejudicar as tentativas do Irã progredir em seu intento, "identificando e sancionando as empresas, bancos e indivíduos que ajudam os programas de mísseis do Irã".

Rouhani também criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que disse no início de outubro que não reconheceria o cumprimento pelo Irã do acordo nuclear. Em vez disso, ele adiou o assunto no Congresso para estabelecer novas condições.

"Você está desconsiderando negociações passadas e acordos aprovados pelo Conselho de Segurança da ONU e espera que outros negociem com você" , disse Rouhani, aparentemente ao líder dos EUA. A decisão de Trump provocou uma reação internacional na época, com a Federação de Política Externa da UE, ressaltando que o acordo nuclear do Irã não era um acordo bilateral, mas sim multinacional. Por isso, não era "para nenhum país" deixá-lo cair.

O acordo nuclear iraniano (Plano Integral Conjunto de Ação) foi ratificado em Viena em julho de 2015. O acordo foi alcançado entre Teerã e P5 + 1, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, França, Rússia, Reino Unido e EUA) mais a Alemanha.

No início de outubro, o vice-ministro iraniano de Relações Exteriores, Abbas Araghchi, disse que Teerã não acredita que sejam necessárias inspeções adicionais em instalações nucleares iranianas. Não há necessidade de alterar ou adicionar capítulos ao Plano de Ação Conjunta, afirmou.

Também este mês, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse que cancelar o acordo prejudicaria a segurança global. "Restaurar as sanções do Conselho de Segurança da ONU ao Irã está fora de questão", acrescentou Lavrov. O observador da ONU e da IAEA, declarou repetidamente que o Irã está cumprindo o acordo.

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Bernardini - Uma história de expertise e inovação brasileira

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MB-3 Tamoyo
O GBN News retoma nossa série de matérias sobre a indústria de defesa brasileira dos idos anos 70-80, tida por muitos como a "Era de Ouro" do setor no Brasil. Dentre os nomes que ganharam grande espaço e reconhecimento por seus desenvolvimentos e capacidades, podemos citar a Bernardini, indústria que foi fundada no inicio do século XX, para ser mais preciso, no ano de 1912, tendo se instalado na cidade de São Paulo. Como o próprio nome sugere, a mesma foi fundada por imigrantes italianos.

Mas a Bernardini não surgiu com fins específicos de atender o mercado de defesa, sua história sendo marcada ao logo de décadas como fabricante de cofres, portas blindadas e móveis em aço, tendo ingressado no segmento militar apenas nos idos anos 60, quando a empresa resolve investir no setor automotivo e de defesa. Um dos primeiros produtos destinados á esse novo nicho de mercado foram as carrocerias fabricadas para equipar os caminhões dos Fuzileiros Navais e do Exército Brasileiro.

A Bernardini S.A se manteve como uma indústria que mantinha sua produção e foco dividido entre o mercado civil e o de defesa, mantendo sua produção de cofres e portas blindadas, produção a qual fora somada também a produção de carrocerias blindadas que visavam o mercado de transporte de valores, o qual vinha representando um promissor mercado.

Mas o ponto divisor de águas para empresa como indústria de defesa é marcado pelo contrato assinado em 1972, quando passou a participar junto ao Exército Brasileiro do programa de modernização das viaturas blindadas M3-A1 Stuart, processo a cargo da Biselli, outra importante indústria que será tema de futura matéria, vindo a partir deste momento a se dedicar importantes recursos ao segmento de defesa.

X1-A2
Neste programa do Exército Brasileiro, a Bernardini foi incumbida do desenvolvimento e produção da suspensão e torre blindada para o novo projeto. As especificações requeridas levaram a um processo tão complexo e profundo que resultou na criação de um novo tanque de guerra, denominado X1-A1, que após seu desenvolvimento deu origem ao X1-A2 Carcará, o primeiro carro de combate sobre lagartas construído no Brasil.

As décadas de 70 e 80 foram muito prósperas para indústria de defesa brasileira, caracterizando-se como um momento que proporcionou ás indústrias nacionais o aporte financeiro e suporte do governo e forças armadas, os quais, somados, garantiram a capacidade nacional de desenvolver inúmeros programas de defesa, embora muitos tenham se limitado apenas à fase de desenvolvimento.

XLF-40 preservado no Museu Conde de Linhares, RJ
Entre os anos de 1978 e 1980 o Exército Brasileiro, dando prosseguimento em seus programas de desenvolvimento, criou ainda dois projetos tendo como base o chassi sobre lagartas do X1-A1, dando origem a uma nova família de viaturas: o XLF-40, ou Carro Lançador Múltiplo de Foguetes, e o XLP-10, uma viatura Lançadora de Ponte.

O XLF-40 possuía uma rampa quatro sapatas hidráulicas de estabilização que era capaz de lançar três foguetes X-40 desenvolvidos pela Avibrás, os quais possuíam um alcance aproximado de 65 km, mas esta viatura veio a ter apenas um exemplar construído. O XLP-10 era dotado de uma ponte construída em alumínio estrutural com 10 metros de comprimento e capacidade para 20 toneladas, capaz de ser lançada em três minutos, contando com sistema hidráulico totalmente automático. Esta viatura chegou a ter, além do protótipo, mais quatro unidades construídas.

Em 1984 a Bernardini participaria do desenvolvimento de mais um tanque especializado, a versão anti-minas do Sherman M4, que também não superou a de protótipo. Tal projeto envolveu a substituição do motor original MWM por um motor Scania de 400 cv, a torre e seu canhão foram removidos, sendo equipado com dois roletes detonadores de minas de origem israelense.

Devido a bem sucedida modernização dos "Stuart", o Exército Brasileiro resolveu adotar as mesmas soluções à seus 250 carros de combate M-41 Walker Bulldog, os quais foram adquiridos de segunda mão no principio dos anos 60 nos EUA. Os M-41 apresentavam um consumo de combustível demasiadamente alto, chegando a percorrer apenas 3km/l, demandando a necessidade do Exército Brasileiro em substituir a motorização original, que contava com motor Continental refrigerado a ar com 500 cv e movido a gasolina. Outro fator considerado fora o alto custo dos componentes de reposição e a dificuldade em encontrá-los no mercado, dada a escassez de importantes sobressalentes.

Em 1980 os M-41 brasileiros começaram a passar pelo programa de modernização, tendo seu motor Continental a gasolina de 500cv, substituído por um Scania V8 turbinado com 400 cv movido a diesel, tal modificação teve um expressivo resultado na autonomia dos M-41, os quais a ampliaram dos originais 280 km para cerca de 600 km!

M-41C "Caxias"
O programa de modernização dos M-41 foi bem extenso, resultando na substituição de sua caixa de marchas, transmissão, lagartas, componentes da suspensão, rádio e sistemas de pontaria. Tendo recebido muitos componentes de fabricação nacional. O M-41 ainda recebeu reforço na blindagem frontal e na torre, tendo alguns recebido saias de aço para proteção do conjunto motriz. O armamento do M-41 também recebeu especial atenção, o qual foi padronizado com calibre 90 mm empregado nos Engesa EE-9 "Cascavel", abandonando o canhão original de 76 mm.

O programa de modernização resultou em um "novo" blindado, o qual recebeu a denominação de M41-C Caxias. Tal versão chegou a resultar na exportação de 150 (se possível, citar os países para onde foram exportados) destes veículos pela Bernardini, além de vários kits de conversão exportados para vários países.

Toda experiência e capacidades adquiridas pela Bernardini ao longo dos programas de modernizações em que participou, permitiram a empresa brasileira dar o passo mais ambicioso de sua história: projetar o primeiro carro de combate sobre lagarta de concepção nacional.
Essa iniciativa teve inicio a partir das necessidades do Exército Brasileiro de desenvolver o futuro substituto dos M-41C “Caxias”, o qual deveria possuir um conjunto de características que atendesse aos requerimentos do EB. A idéia básica era obter um novo carro de combate que aliasse tecnologia no “estado da arte”, desempenho, confiabilidade e padronização com a mínima dependência de componentes importados, tudo isso dentro de um cenário de recursos orçamentários limitados.

Tendo sido lançado em 1979, o novo programa do Exército Brasileiro com a Bernardini, levou cinco anos até que finalmente fosse apresentado o X-30, um blindado médio de 30 toneladas, o qual alcançou a cota de 98% de nacionalização, sendo uma conquista para indústria de defesa brasileira naquele período. O X-30 seria a base de um dos mais famosos programas de blindados brasileiros, resultando na criação do MB-3 Tamoyo, blindado que já foi objeto de uma matéria especial aqui no GBN News, inspirado no Leopard II da KMW, há época um dos mais avançados blindados no mundo.

O Tamoyo podia incorporar toda a tecnologia de ponta que estava disponível em seu tempo, tal como computador de tiro, pontaria a laser, proteção QBR (Quimica, Biológica e Radioativa), além de visores infravermelhos. O projeto do Tamoyo foi um grande marco na indústria de defesa brasileira, apresentando equilíbrio entre a tecnologia avançada, simplicidade construtiva e de operação.

Sua configuração “simples” e espartana era vista como seu “calcanhar de Aquiles” no mercado de exportação, o qual era cada vez mais exigente e o “Tamoyo” tinha limitações em atender a determinados requerimentos de potências operadores externos. Como forma de tentar atender ao mercado de exportação, a Bernardini lançou versões mais sofisticadas do “Tamoyo”, conhecidos como “Tamoyo II” e “Tamoyo III”. O leitor poderá conhecer clicando aqui no link da matéria MB-3 "Tamoyo" - Uma oportunidade desperdiçada.

Apenas cinco unidades do Tamoyo foram produzidas, sendo apontado como o melhor produto da Bernardini, o qual representou seu clímax no desenvolvimento de produtos de defesa. Porém, apesar de desenvolver um veículo que atendia ás necessidades do Exército Brasileiro, os tempos eram outros. Agora o setor de defesa amargava consecutivos cortes orçamentários, além de uma verdadeira enxurrada de ofertas de equipamentos estrangeiros de segunda mão excedentes á baixo custo no início da década de 90, sendo resultante da queda da União Soviética e o fim da “Guerra Fria”.
           
Os anos 90 representaram um grande revés para a indústria nacional de defesa e os programas militares Brasileiros, tendo recebido como golpe de misericórdia a retirada dos incentivos do governo federal para o desenvolvimento da indústria nacional de defesa na administração Collor.

Os dois últimos projetos militares desenvolvidos pela Bernardini foram viaturas leves de apoio, sendo lançado em 1985 uma versão militarizada do Toyota Bandeirante, denominada “Xingu”, além do AM-IV 4x4, um pequeno veículo blindado anti-distúrbio, montado sobre o chassi curto do Toyota Bandeirante, o qual teve cerca de 50 veículos fabricados, sendo sua grande maioria exportada.

Apesar da produção dessas viaturas terem garantido á Bernardini se manter “viva”, não foi o suficiente para manter as capacidades produtivas e seu parque industrial. Com a suspensão dos recursos destinados ao programa “MB-3 Tamoyo” pelo Exército Brasileiro, a Bernardini teve que interromper o desenvolvimento do “Tamoyo”, e com a falta de investimento ou um novo programa, a promissora indústria de defesa se viu diante do eminente fim de sua história.


Os anos 90 representaram um momento obscuro para indústria nacional, década que foi marcada pelo fim de importantes complexos industriais de defesa, como a ENGESA que em 1993 encerrava suas atividades. Uma mudança drástica na política nacional de defesa foi o golpe final na outrora próspera indústria do setor de defesa, onde a partir de 1996 o Brasil retomou a política de compras de oportunidade e voltava a realizar aquisição de sistemas e meios de defesa excedentes de outros países para equipar as Forças Armadas. A Bernardini como tantas outras grandes indústrias do conglomerado nacional de defesa, veio a se juntar ás estatísticas em 2001, quando a tradicional e quase centenária empresa encerrou definitivamente suas atividades, passando a fazer parte de uma triste página da história brasileira marcada pelo descaso e miopia do governo federal.


Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança.


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sábado, 28 de outubro de 2017

Militares brasileiros e paraguaios treinam ataque conjunto com viaturas blindadas

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Os exércitos do Brasil e do Paraguai têm uma longa história de cooperação mútua, mas a Operação Paraná, que treinou cerca de 500 militares das duas nações durante os dias 18 e 22 de setembro, foi uma experiência inédita. “A ideia da Operação Paraná nasceu em um encontro entre o Estado-Maior do Exército Brasileiro (EB) e o Estado-Maior do Exército do Paraguai, em junho do ano passado [2016]”, contou o General-de-Brigada do EB Marcos de Sá Affonso da Costa, comandante da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada (15ª Bda Inf Mec), unidade que executou a Operação Paraná. “A relação entre essas duas forças armadas é antiga, mas a gente nunca tinha realizado uma missão com tropas no terreno. Então, nossa intenção foi proporcionar essa experiência, visando a aproximação entre os dois exércitos”, disse.
Desde 2014, a 15ª Bda Inf Mec, sediada em Cascavel, no oeste do estado do Paraná, é responsável por capitanear o projeto de implantação da Brigada de Infantaria Mecanizada e desenvolver sua doutrina. Até então, o EB só possuía brigadas de infantaria leve e motorizada, em que o combatente marcha a pé dentro do campo de batalha. Com a mecanização, os combatentes passam a se deslocar por meio de uma viatura blindada.
“A doutrina de infantaria mecanizada está se consolidando no mundo inteiro, mas o Paraguai ainda não possui uma unidade desse tipo”, explicou o Gen Bda Affonso da Costa. Assim, a Operação Paraná acabou sendo também a primeira vez em que o Exército paraguaio colocou seus fuzileiros dentro de uma viatura blindada em uma operação de combate.
Já para o Brasil, foi uma oportunidade de explorar exercícios que ainda não tinham sido feitos com as novas Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal - Média de Rodas (VBTP-MR) Guarani. Esse é o modelo de blindados que está sendo adotado pelo EB dentro do seu projeto de transformação das infantarias motorizadas em mecanizadas. A 15ª Bda Inf Mec possui 77 unidades desses couraçados VBTP-MR.
De acordo com o Gen Bda Affonso da Costa, o emprego de veículos blindados em operações de combate tem as vantagens de reduzir o número de baixas, já que os militares estão mais protegidos dos tiros, e também de aumentar a mobilidade das tropas, permitindo deslocamentos estratégicos por todo o país. “Além do mais, os blindados não são apenas um meio de transporte, mas um sistema de armas. Dessa forma, com o emprego de uma infantaria mecanizada, aumentamos o nosso poder de fogo. Esses três grandes vetores – segurança, mobilidade e poder de fogo – ampliam a capacidade operacional do Exército”, ressaltou o Gen Bda Affonso da Costa.
Ataques
Os oficiais do estado-maior e o pelotão de fuzileiros do Paraguai chegaram ao Brasil em 17 de setembro. Em continuidade às atividades de preparação, esses militares, ao lado dos brasileiros, receberam instruções de nivelamento, como manejo de armamento, comunicações e embarque e desembarque das viaturas.

Uma demonstração de ataque com tiro real foi realizada no dia 22 de setembro, como atividade de encerramento da missão conjunta do Brasil e do Paraguai. (Foto: Exército Brasileiro)
No dia 19, teve início as atividades de simulação de combate. Os planejamentos foram realizados pelo estado-maior de um batalhão de infantaria mecanizado, chamado de Força Combinada Paraná e integrado por oficiais dos dois exércitos, enquanto a execução das ofensivas determinadas por esse grupo ficou a cargo de uma companhia de fuzileiros mecanizada, composta por dois pelotões brasileiros e um pelotão paraguaio. A companhia contava com um total de 19 viaturas Guarani.
A primeira missão consistiu em uma marcha para o combate, a fim de estabelecer o contato com o inimigo. “Ao se depararem com a força oponente, as tropas fizeram o ataque para conquistar a localidade de Diamante do Sul”, contou o Major Rodrigo César de Oliveira Ribeiro, oficial de Comunicação Social da 15ª Bda Inf Mec. “Essa força oponente foi representada por um pelotão do Esquadrão de Infantaria Mecanizada, que estava equipado com viaturas mais antigas, dos modelos Urutu e Cascavel”, completou o Maj Rodrigo Ribeiro.
Depois, foram realizados novos deslocamentos das tropas, que tinham que lidar com situações inesperadas ao longo do caminho. O fechamento da operação ocorreu no dia 22, com a demonstração de um ataque da companhia, em que foi empregado tiro real a partir das viaturas Guarani.
“Todos os nossos objetivos foram atingidos, tanto aquele de caráter mais diplomático, de estreitamento de laços com o Exército do Paraguai, quanto os objetivos táticos, porque pudemos perceber que é totalmente viável o emprego conjunto de tropas num contexto de combate”, avaliou o Gen Bda Affonso da Costa. “As bases doutrinárias dos paraguaios são parecidas com as nossas e a proximidade cultural também facilita esse trabalho.”
Viaturas Guarani
A aquisição dos blindados Guarani faz parte do programa estratégico homônimo do EB. Com tecnologia desenvolvida pelo Centro Tecnológico do Exército, esses veículos são destinados tanto a operações militares de ataque quanto missões de defesa, patrulhamento e paz.
O primeiro lote dessas viaturas foi entregue em 2014 e o contrato deve se estender até por volta de 2040. Até 2016, foram produzidas cerca de 100 unidades experimentais, testadas pelo EB com o intuito de identificar a necessidade de mudanças e adaptações. A partir de 2017, iniciou-se a fabricação industrial das viaturas. Atualmente, o EB emprega, em diferentes unidades militares, cerca de 230 viaturas Guarani.
Fonte: dialogo-americas.com via EPEX
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Ser jornalista - esta metamorfose ambulante...

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Não se sabe ao certo qual foi o primeiro jornal do mundo. Mas devido seu impacto social, expressão e importância histórica, especialistas apontam o Acta Diurna, jornal oficial do Império Romano, criado em 59 a.C, como o primeiro. Foi fundado pelo pioneiro empreendedor global de um veículo de comunicação – nada mais, nada menos que o temível imperador Júlio César.
Para esse intento, surgiram os primeiros jornalistas do mundo, na época, chamados de correspondentes imperiais. Esses profissionais foram distribuídos por todas as províncias romanas para cobrir e escrever notícias. Seu objetivo era falar sobre as conquistas militares, científicas e políticas do governo imperial e por incrível que pareça sua publicação era diária.
O mais interessante não para por aí. Hoje é praticamente impossível imaginar um jornal sem a tecnologia da informação e comunicação atuais. Mas lá na época de Júlio César não existia tecnologia nem para impressão e mesmo que tivesse não haveria papel em quantidade suficiente. Por isso, o Acta Diurna era publicado em grandes placas brancas de papel e madeira, igual os outdoors atuais, e exposto em praça pública nas grandes cidades do império para as pessoas lerem de graça.
Hoje a distribuição on-line é instantânea e a impressa por toda infraestrutura de transportes e comunicação existentes é muito rápida, observando, claro, a lógica de tempo e espaço. Imaginem a dificuldade e vagareza para disseminar uma notícia no Império Romano. Embora publicadas todos os dias, os textos eram transportados a pé ou a cavalo e as notícias tinham uma defasagem de dias, até semanas. Em termos modernos elas sofriam um grande “delay”.
Logicamente, como se tratava de um jornal oficial do império, não era e não tinha pretensão nenhuma de ser imparcial. Jamais publicava notícias negativas e nem escândalos envolvendo pessoas públicas ou aliadas do Imperador. Um sonho de consumo para políticos e megaempresários atuais.
Imaginem as condições precárias dos nossos ancestrais jornalistas?
Vamos fazer uma viagem no tempo, para o presente, percorrendo mais de dois mil anos de jornalismo. Quanta coisa mudou para os profissionais de comunicação e de todas as áreas, não é mesmo? A ideia da aldeia global de McLuhan se tornou uma realidade devido ao avanço da ciência e tecnologia. Uma informação é transmitida em tempo real a qualquer lugar do globo. César ficaria eufórico com a facilidade de disseminar uma notícia atualmente. Imagine transmitir ao vivo o incêndio de Roma, cujo suspeito número um é o imperador Nero, e a cobertura completa da crucificação de Jesus Cristo?
“Prefiro ser essa metamorfose ambulante”.
Mas hoje? A quantas andam os jornalistas? Nunca foi tão atual e necessária essa vontade do mestre Raul Seixas principalmente para os jornalistas de plantão. Com todo aparato tecnológico disponível essa profissão tem passado por uma crise de identidade. A tendência é tudo, absolutamente tudo convergir para internet, e um único aparelho, o que indica portátil, móvel, de uso pessoal. Isso faz com que o mundo todo, setores como mídia, comércio, indústria, serviços, pessoas, profissionais também estejam aí, fazendo com que o jornalista, antes apenas pesquisador, apurador, questionador, bom escritor, obstinado, observador aprendesse também a navegar, fotografar, filmar, editar, configurar, programar, e tantos “ars” que possam surgir.
Alguns especialistas dizem que a profissão irá acabar. Mas considero isso um velho clichê que vem a tona todas as vezes que uma nova tecnologia surge. Inúmeras profissões foram extintas muito antes de terem a chance de se adaptar por conta disso. Na prática não é isso que se observa. Elas evoluem, ou, mudam de nome, ou se misturam com outras, sofrem mutações, ou “metamorfoses ambulantes”. Assim é o jornalista. Hoje a profissão exige uma multidisciplinaridade, um conhecer moderno, quebrar paradigmas, não enxergar a tecnologia como inimiga. O mundo muda, mudamos juntos.
Acredito que quando as novas gerações, nativas desta era da informação, chegarem ao mercado de trabalho com essa aptidão profissional, esse carisma, resistências de gerações passadas do jornalismo vão se render as mudanças. Não vejo como negativo. É uma evolução natural. O jornalista literário, as grandes reportagens podem não estar presentes com tanta frequência em jornais, sites, ou jornalismo televiso ou radiofônico, mas encontramos em algumas revistas, livros-reportagem, programas de TV, canais de notícias. Eles estão mudando de ares, formas, linguagens. É ideia da evolução e seleção natural. Ou evolui, agrega ou é expelido, já dizia Darwin.
O desemprego é parte da crise econômica que atravessa nosso país, onde anunciantes deixam de investir em publicidade, ainda a principal fonte de faturamento dos grandes e pequenos veículos. Mas grande parte desse cenário é a dificuldade de encontrar profissionais com vários “ars” exigidos atualmente.
Nós profissionais da comunicação precisamos ser inquietos no aprender e estarmos conectados com as tendências que surgem numa velocidade alucinante. Não adianta permanecermos no saudosismo, caso contrário, seremos "expelidos".
Um campo ilimitado
Outra questão importante é que hoje o jornalismo permite aos seus operadores o pleno exercício da profissão em qualquer lugar, de várias formas, com diversos tipos de abordagens e formatos jurídicos. Podem crescer em um veículo de comunicação tradicional, na web, fazer seu próprio blog, assessoria de imprensa, produzir conteúdo, trabalhar em casa, no shopping, no carro, numa biblioteca, co-working, etc, etc, etc......
Carlos Castilho, pesquisador de mídias discerniu a respeito: “Quando as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) deram às pessoas a capacidade de produzir, publicar e difundir notícias foi quebrada uma das bases fundamentais da indústria dos jornais, revistas, radiojornalismo e do telejornalismo. Além disso, as crenças e valores que sustentam a retórica das empresas de comunicação jornalística perderam validade na medida em que a imprensa deixou de ter a exclusividade no fornecimento de notícias para a população”.
A essência não mudou: apuração, pesquisa, estudar, estudar, estudar, ler, ler, ler, analisar criticamente, relacionar-se com as fontes, conectar-se, networking... mas as qualificações aumentaram.
Uma pesquisa da Universidade do Sul da Califórnia mostrou que esta transformações e incertezas sobre a profissão são a base para o desenvolvimento de um novo modelo de negócios e de um novo sistema de gestão para projetos jornalísticos.
“A crise do modelo tradicional, baseado na publicidade paga, a sobrevivência de novos empreendimentos jornalísticos dependerá mais do que agora do envolvimento do público seja como fornecedor de conteúdos (crowdsourcing), seja com participação financeira por meio de doações ou acesso pago”, ressalta Castilho.
O céu é o limite. Precisamos nos reinventar todos os dias, nos esvaziar para nos enchermos do novo e assim ir se adequando a cada necessidade.
Infelizmente, as faculdades de jornalismo não evoluíram a esse respeito. Formam profissionais para atuarem da maneira antiga. Ultrapassada. O profissional atual precisa ser um autodidata.
É isso ou ficar fora do jogo, irmos para o chuveiro mais cedo. Ou você prefere “(...) ter aquela velha opinião formada sobre tudo”?
Por: Jorn Mendes Netto Jornalista, Assessor de imprensa, web marketing, relações públicas
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