sábado, 22 de novembro de 2025

OS 60 ANOS DO DESTACAMENTO BRASILEIRO DA FORÇA ARMADA INTERAMERICANA - FAIBRÁS

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No mês de abril de 1965, a grave crise político-social na República Dominicana, assolada por uma série de golpes, assassinatos e tentativas de revolução, resultou na deposição do presidente, na formação de uma junta militar e no estabelecimento de um governo paralelo, principiando uma guerra civil generalizada. Era o contexto da Guerra Fria e todo conflito local gerava profunda rivalidade ideológica e extremismos, atraindo, em todas as partes do globo, a atenção das potências dominantes, que, por sua vez, intervinham segundo os seus interesses econômicos e geopolíticos, em variados graus de intensidade e repercussões.

Tendo o chefe da junta militar da República Dominicana solicitado auxílio aos Estados Unidos da América para garantir a vida e a propriedade da população de seu país, ameaçada pela ação de guerrilhas comunistas patrocinadas por soviéticos, chineses e cubanos, a Organização dos Estados Americanos (OEA), criada há menos de duas décadas e destinada à defesa, integração e cooperação entre os países do continente, resolveu atuar de maneira direta e decisiva. Assim, com amparo no Tratado de Assistência Recíproca, firmado pelos países americanos na convenção do Rio de Janeiro, em 1947, foi criada, no dia 23 de maio de 1965, a Força Interamericana de Paz da OEA (FIP/OEA). Composta por tropas de diversos países do continente e sob um comando único, tinha por finalidade de atuar na República Dominicana e restaurar sua normalidade democrática, proporcionando um ambiente seguro e estável de paz e plena defesa dos direitos humanos.

Para alcançar este estado final desejado, a FIP foi organizada com um Estado-Maior, uma Força Norte-Americana e uma Brigada Latino-Americana, esta última composta majoritariamente por tropas brasileiras, contando, além disso, com pequenos efetivos de Honduras, do Paraguai, da Nicarágua e da Costa Rica. Tanto o comando geral da FIP, quanto o comando das forças latino-americanas, ficaram a cargo de dois generais e de um coronel brasileiros, todos veteranos da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Com larga experiência profissional, estes oficiais do Exército haviam sido testados exitosamente nos combates em solo italiano, liderando os pracinhas brasileiros em diferentes situações, ombro a ombro com os Aliados na Segunda Guerra Mundial, lutando e vencendo o inimigo nazifascista no Teatro de Operações do Mediterrâneo, em prol da liberdade e da democracia.

Nesse contexto, se sucederam no comando da FIP os Generais de Exército Hugo Panasco Alvim e Álvaro Alves da Silva Braga. No ano em que se comemoram oito décadas das vitórias brasileiras no Velho Continente, é relevante destacar que, dentro da estrutura da FEB, estes dois generais atuaram, respectivamente, como o Comandante do I Grupo do 1º Regimento de Artilharia Pesada Curta, atual 11º Grupo de Artilharia de Campanha (Grupo Montese), e como o Chefe da 3ª Seção (Operações) do Estado-Maior da Infantaria Divisionária. Antes da FIP, o General Panasco Alvim já havia comandado a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), estabelecimentos de ensino bastante tradicionais, de importância estratégica para a Instituição e com projeção a nível nacional e internacional. Após a FIP, ressalta-se, igualmente, que o General Braga foi Ministro do Superior Tribunal Militar.

O núcleo da tropa brasileira, batizado formalmente de Destacamento Brasileiro da Força Armada Interamericana (Decreto nº 56.308, de 21 de maio de 1965), ficou imortalizado pela sigla FAIBRÁS e teve como unidade base o I Batalhão do Regimento Escola de Infantaria (REI), atual 57° Batalhão de Infantaria Motorizado Escola. Seu efetivo, integrado também por um grupamento de fuzileiros navais, representou um total de 1.200 militares, substituídos a cada seis meses de operações, em três rotações de tropa.

O grande nome da FAIBRÁS foi, certamente, o então Coronel Carlos de Meira Mattos, Comandante desse Destacamento e, cumulativamente, da Brigada Latino-Americana. Na FEB, vale lembrar que o então Capitão Meira Mattos foi oficial de Estado-Maior da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária e, depois, Comandante da 2ª Companhia do 1º Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, tomando parte do quarto ataque ao Monte Castelo, cuja conquista talvez reflita a mais emblemática vitória dos brasileiros na Itália. Após a FAIBRÁS, o General de Divisão Meira Mattos deu continuidade à sua já notável carreira, comandando a AMAN e exercendo os cargos de Vice-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e de Vice-Diretor do Colégio Interamericano de Defesa. Consagrado historiador militar e geopolítico, publicou diversos e importantes livros e artigos, que se tornaram leitura obrigatória para os estudiosos do tema e interessados no assunto. Atuou de forma marcante como membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra, inspirando gerações de renomados alunos civis e militares, brasileiros e estrangeiros. Atualmente, empresta seu prestigiado nome à estrutura acadêmica de excelência existente na ECEME, o Instituto Meira Mattos (IMM).

Em setembro de 1965, passados somente quatro meses do emprego da FIP em território dominicano, foi empossado um novo governo de transição e aceito um armistício entre os grupos em conflito. Em junho de 1966, foram realizadas as eleições gerais no país e, após um total de dezesseis meses de atuação, a FIP deixou a República Dominicana, em setembro de 1966. A FAIBRÁS foi formalmente extinta logo na sequência, no Rio de Janeiro, dia 30 do mesmo mês, em uma marcante e simbólica cerimônia no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial. Cabe salientar que a FIP foi a única missão de paz com tropas operada pela OEA até os dias de hoje. Entre 1965 e 1966, divididos em três contingentes, o Brasil enviou quase quatro mil soldados das três Forças Armadas ao país amigo, o que incluiu dezenas de militares especialistas em logística e em diversas áreas da administração.

O efetivo brasileiro, portanto, representou uma considerável parte do total da tropa empregada na República Dominicana. Como marca de sacrifício, a FAIBRÁS deixou um saldo de quatro mortos, oito feridos com gravidade, além de vários veteranos com marcas irreversíveis físicas e emocionais, testemunhas presentes de uma guerra jamais esquecida. Faz-se oportuno lembrar que, congregando esses homens na manutenção da memória e na solidariedade mútua, existe atualmente a Associação dos Veteranos da FAIBRÁS, cujo presidente é o Sr. Jorge Alves da Conceição.

Hoje, 60 anos depois, é com um misto de justiça, honra, orgulho e satisfação que cada cidadão brasileiro, de pele verde-oliva ou não, deve render elevado preito de respeito e gratidão aos soldados brasileiros que combateram na República Dominicana, com comprometimento, efetividade e abnegação, superando dificuldades, derrotando o oponente em terras caribenhas e enaltecendo o nome do Exército, das Forças Armadas e do Brasil.


AUTORES:

GENERAL DE BRIGADA ANDRÉ LUIZ DE SOUZA DIAS - Formado em 1996, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), é oriundo da Arma Infantaria. Atualmente, comanda a 6° Brigada de Infantaria Blindada, com sede em Santa Maria-RS. Nessa mesma Brigada, foi o Comandante da Companhia de Comando, em 2010-11, e do 29º Batalhão de Infantaria Blindado, no biênio 2019-20. Além do Curso de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro, realizou o Curso de Estado-Maior das Forças Armadas da Espanha e o de Altos Estudos Nacionais da Bolívia. Possui os Mestrados Acadêmicos em Operações Militares e em Ciências Militares, ambos no Brasil, em Política de Defesa e Segurança Internacional, na Espanha, e em Segurança, Defesa e Desenvolvimento, na Bolívia. É membro da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB) e do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB).

DANIEL MATA ROQUE - Cineasta e Historiador. Doutor em Ciências, em estágio pós-doutoral na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra do Ministério da Defesa e professor do Centro de Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caxias do Exército Brasileiro. Diretor da Pátria Filmes e do Festival Militum. Associado Titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - Seção Rio de Janeiro, exercendo cargos de diretoria nas duas instituições. Desde o ano de 2018 ocupa a 2ª Vice-Presidência da Direção Central da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira. É membro do Corpo de Pesquisadores Associados do Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar do Exército.


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13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi - Uma Reflexão Sobre Guerra, Poder e Consequências

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Algumas histórias não pedem apenas para ser contadas, elas exigem ser compreendidas, e o filme "13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi" é uma dessas narrativas. Não por causa do espetáculo visual, nem pela ação, mas porque ele revela algo que muitas vezes passa despercebido, o momento exato em que a política externa encontra a realidade crua do mundo e falha.

A obra do diretor Michael Bay, surpreendentemente contida, honesta e visceral, pega o espectador e o coloca no terreno onde decisões distantes se tornam tragédias imediatas. Ali no cenário de 11 de setembro de 2012, no coração de uma Líbia já tomada por disputas internas, milícias rivais e um Estado em colapso após a derrubada de Kadhafi, seis homens enfrentam o que nenhum plano estratégico conseguiu prever, a completa ausência de ordem.

O ataque não começa com explosões, começa antes, com algo muito mais comum em zonas cinzentas: movimento demais onde não deveria haver. Grupos armados surgindo e desaparecendo nas esquinas, veículos desacelerando perto do complexo diplomático, celulares filmando a entrada, olhares que duram um pouco mais do que o normal.

No filme, isso aparece de forma quase sutil, homens observando o posto, rondando, testando reações. É o tipo de comportamento que operadores experientes reconhecem de imediato: coleta de informações, sondagem, preparação. O tipo de alerta que raramente chega até quem toma decisões longe dali.

Pouco depois das 21h40 de 11 de setembro de 2012, no complexo diplomático dos EUA em Benghazi, um grupo armado começa a surgir entre vielas mal iluminadas e avança contra as instalações.

Em minutos, a situação deixa de ser tensão e vira colapso, enquanto o posto diplomático é rapidamente invadido por uma milícia hostil que ninguém em Washington queria admitir como ameaçadora, transformando o local um verdadeiro campo de batalha. Lá dentro, poucos homens tentam ganhar tempo, mas o caos avança mais rápido do que qualquer pedido de ajuda.

A pouco mais de um quilômetro dali, na Estação da CIA, o Anexo, um prédio sem placa e oficialmente inexistente, uma equipe da GRS (Global Response Staff) recebe as primeiras informações fragmentadas sobre o ataque. Eles não eram uma força de assalto e não estavam ali para combater uma insurgência. Eram apenas seis operadores encarregados de proteger os oficiais de inteligência que atuavam na Líbia a partir do Anexo. 

Eram eles: Tyrone “Rone” WoodsKris “Tanto” ParontoMark “Oz” GeistJohn “Tig” TiegenDave “Boon” Benton e Jack Silva. Mais tarde naquela noite, Glen “Bub” Doherty, vindo de Tripoli em um voo improvisado com uma pequena equipe se juntaria a eles.

Quando o rádio chia com pedido de apoio feito pelo complexo diplomático, eles não hesitaram, se equiparam e se apresentaram para responder a ameaça. A hesitação, porém, veio de outro lugar, da própria Estação, onde superiores tentam ganhar tempo, avaliar, esperar “autorização”.


A espera que custou vidas e ainda hoje provoca revolta em quem estudou o caso. Mas para homens como Rone, Tig, Tanto, Oz, Jack e Boon, não havia cálculo burocrático. A única lógica possível era a do instinto e da responsabilidade. Quando resolvem desobedecer as ordens e deixam o Anexo em direção ao complexo diplomático, fazem isso sabendo que já chegariam tarde demais, mas ainda assim seguiram em socorro.

Mais tarde, quando recuam para o Anexo e se preparam para defender um prédio que nunca foi projetado para resistir a um cerco, Benghazi parece pender sobre eles. E é nesse ponto, no topo do prédio, entre tiros vindos de um abatedouro de ovelhas e edifícios que eles nunca tiveram tempo de mapear, que Rone, ex-SEAL, veterano, alguém que já viu outras noites caóticas como aquela, verbaliza o que poucos conseguem dizer naquele tipo de escuridão, repetindo uma frase que não nasceu ali, uma frase que Boon havia lido para ele mais cedo, ainda durante o dia, num daqueles raros momentos de tranquilidade que existem antes de tudo desabar. E ali, diante do caos absoluto, Rone a transforma quase em constatação, quase em despedida: “Todos os deuses, todos os céus e todos os infernos estão dentro de você.”


Não é uma frase para enfeitar diálogo, era uma reflexão, a guerra não estava apenas nos portões do Anexo, ela estava dentro de cada um deles, enquanto seguravam suas posições, cobriam avanços, socorriam colegas feridos e tentavam organizar uma defesa improvisada contra um inimigo que não dava trégua, apenas direção de tiro.

Ali, diante da omissão política e da ausência de qualquer resposta institucional coerente, o que se impõe não é a estratégia, nem a doutrina, nem o discurso diplomático. O que sobra é o indivíduo e o preço que ele paga quando precisa fazer o que ninguém mais fará.

O Fim de Kadhafi e o Início do Vazio: Uma História que Começa Antes do Filme

Para compreender Benghazi, é preciso escapar da ilusão confortável de que aquele ataque foi um evento isolado. Ele não surgiu no vácuo, não foi surpresa e, definitivamente, não foi inevitável.

Se existe algo incontornável na análise de conflitos é que toda explosão tem um pavio, e o pavio de 11 de setembro de 2012 começou a ser aceso em 2011, quando Muammar Kadhafi caiu e com ele caiu o frágil equilíbrio de forças que mantinha a Líbia unida por coerção, conveniência e medo.

A intervenção da OTAN partiu de uma premissa que se repete ciclicamente em crises internacionais: a crença de que é possível desarticular um regime autoritário cirurgicamente, com precisão técnica, impacto político mínimo e benefícios imediatos.

A narrativa pública falava em proteger civis, a prática no terreno evoluiu para o que sempre foi: uma operação de mudança de regime sem planejamento para o pós-regime, como ocorreu no Iraque.

E esse é o ponto que separa análises superficiais de análises sérias, não basta remover um ditador, é preciso entender a função estrutural que ele exercia dentro daquele ecossistema político. A leitura ocidental do conflito foi construída sobre quatro ilusões estratégicas:

  • Que a queda de Kadhafi seria rápida.

  • Que a recomposição política seria espontânea.

  • Que atores tribais e milícias se submeteriam voluntariamente à ideia de “Estado moderno”.

  • Que o vácuo de poder permaneceria estável até a chegada de um governo legítimo.

Só que a Líbia não é um país homogêneo, é um mosaico de tribos, senhores da guerra, redes de lealdade pessoal e estruturas de poder paralelas, muitas vezes mais antigas e mais resilientes que qualquer instituição formal.

Kadhafi, com sua mistura de autoritarismo, pragmatismo brutal e alianças informais, era o único vértice capaz de manter esse sistema funcionando minimamente. Ao removê-lo sem construir substitutos legítimos ou mecanismos de contenção, o Ocidente desencadeou exatamente aquilo que especialistas em segurança conhecem como colapso do centro de gravidade político. Quando ele caiu, não caiu apenas um ditador, caiu o amortecedor entre milícias rivais, caiu a contenção sobre jihadistas libertados de prisões, caiu a autoridade sobre arsenais gigantescos que foram rapidamente saqueados, caiu a linha entre Estado e caos.

O resultado não foi democracia, foi anarquia funcionalizada. E o vácuo geoestratégico que se abre diante de um país com fronteiras porosas, armas em abundância e milícias com agendas próprias não é mero detalhe, é um convite aberto para a expansão de grupos extremistas, redes criminosas e facções paramilitares.

Esse é o terreno em que o ataque de Benghazi germina, esse é o cenário que o filme “13 Horas” só consegue sugerir nos diálogos rápidos, mas que precisa ser explicitado para que se entenda a real falha: não foi uma falha tática na noite do ataque, foi uma falha estratégica no ano anterior.

A narrativa honesta sobre Benghazi começa aqui, neste ponto ignorado por discursos políticos e por análises apressadas, a Líbia de 2012 não era mais um Estado. Era um campo de forças sem centro. e todo campo sem centro colapsa para o conflito. E foi nesse ambiente, nesse caos, que operadores do GRS tiveram que atuar, tentando manter um mínimo de ordem em um lugar onde ordem era apenas um conceito abstrato.

A Líbia Fragmentada: O Laboratório do Caos Moderno

Após 2011, a Líbia deixou de ser um Estado funcional e tornou-se um ecossistema de forças concorrentes, um laboratório vivo do que acontece quando o centro político de um país implode sem que nada seja colocado no lugar.

O colapso do regime abriu espaço para uma multiplicidade de atores armados que, em poucos meses, preencheram o vácuo com suas próprias regras, leis e fronteiras.

O país fragmentou-se em camadas:

  • milícias tribais ressurgidas, retomando antigas disputas e territórios;

  • grupos jihadistas que agora tinham acesso a arsenais inteiros deixados para trás pelo regime;

  • redes criminosas transnacionais, controlando rotas de tráfico, escravidão moderna e contrabando;

  • intervenção indireta de potências estrangeiras, cada uma patrocinando sua milícia preferida;

  • facções locais que antes viviam escondidas e agora governavam cidades inteiras, sem prestar contas a ninguém.

A ausência do Estado não gerou apenas desordem: gerou um Estado paralelo, com economia própria, polícia própria e regras determinadas pela força das armas.

Os arsenais de Kadhafi, que incluíam desde rifles e MANPADS até armamentos pesados, foram saqueados e pulverizados por toda a região. Essas armas alimentaram insurgências no Mali, grupos terroristas no Chade e no Níger, células no Sinai, e abasteceram o mercado clandestino do Mediterrâneo.


Em menos de dois anos, a Líbia transformou-se na maior zona de distribuição de armamento ilegal do Norte da África, um ponto de pressão geoestratégica que nenhuma potência conseguiu controlar.

É nesse ambiente que o embaixador Chris Stevens chega a Benghazi. Ele não desembarca como diplomata tradicional, negociando tratados e fazendo discursos. Ele chega como emissário dos EUA em um território onde não existe soberania reconhecida, não existe governo central funcional e onde cada rua responde a um grupo diferente.

Em Benghazi, sua presença não passa despercebida nem por um segundo, com cada deslocamento sendo observado por milícias, conversas repercutindo em redes informais de informação, onde cada gesto era interpretado sob a lógica do novo poder local, onde alianças e traições convivem lado a lado.

Stevens era um idealista, um diplomata que acreditava na força do diálogo e na reconstrução pela diplomacia, mas Benghazi em 2012 era exatamente o oposto: um ambiente moldado pela força, não por acordos, pela sobrevivência, não por intenções, pelo cálculo das milícias, não pelas promessas de transição democrática.

Ele entrou em um tabuleiro onde ninguém controlava todas as peças, e onde alguns jogadores nem sequer admitiam que um tabuleiro existia.

O Cerco: Quando a Política se Descola da Realidade

A crise retratada em "13 Horas" não é apenas um episódio tático intenso, é o retrato íntimo de um sistema que falhou antes mesmo do primeiro disparo. A história em Benghazi é essencialmente a prova de que nenhuma muralha aguenta quando a estratégia é concebida sobre ilusões.

A luta dos operadores do GRS, confinados entre o caos externo e a negligência interna, revela uma contradição profunda: enquanto eles agiam movidos por experiência, instinto e fraternidade, a estrutura que os enviou para lá agia movida por teoria, pressa e uma fé ingênua na própria narrativa. Essa disparidade é o núcleo da tragédia.

O que aconteceu naquela noite não foi o colapso de protocolos militares, foi o colapso de decisões diplomáticas e políticas desconectadas do terreno.

Em Benghazi, a pequena equipe de contratados do GRS, Rone, Woods, Tanto, Boon, Tig, Jack e Oz, tornou-se, inesperadamente, a última linha entre o embaixador Christopher Stevens e o caos tribal que se erguiu após a queda do regime. Não havia reforços, não havia redundância, não havia autoridade disposta a assumir o risco de agir.

Havia apenas:

  • uma burocracia temerosa de repercussões,

  • um labirinto de ordens contraditórias,

  • um silêncio incapacitante nos momentos decisivos,

  • e operadores que, ao contrário de seus superiores, não podiam se permitir hesitar.

Essa tensão entre o que é decidido na mesa e o que é executado no campo é o verdadeiro conflito do filme, e o mais perigoso de todos.

O Fracasso Invisível

A batalha no complexo e no anexo da CIA foi a expressão final de um fracasso que já estava em curso muito antes do ataque. Foi a evidência prática de uma filosofia política adotada durante a Primavera Árabe: a ideia de que desestabilizar regimes autoritários resultaria automaticamente em democracias saudáveis. Acreditou-se que:

  • remover o ditador era vencer;

  • que o vácuo seria preenchido por moderados;

  • que a presença mínima dos EUA seria suficiente para “garantir estabilidade”;

  • que inteligência local fragmentada poderia substituir planejamento estratégico.

O resultado foi exatamente o oposto. O que tomou forma em Benghazi não foi a esperança democrática, mas o vácuo, um espaço onde milícias, tribos, ex-combatentes e oportunistas disputavam poder de forma imprevisível. E foi dentro desse vazio que Stevens, um diplomata experiente e idealista, foi engolido.

Quando Ideias Matam Mais que Balas

Michael Bay mostra na tela as balas, o fogo, a adrenalina. Mas a geopolítica revela o que realmente matou Stevens e seus protetores: um projeto intelectual que não entendia o terreno real, que ignorou sinais, que tratou alertas como ruído, que confundiu desejo com realidade.

A morte deles não é apenas uma tragédia, é um marco histórico que demonstra o preço da dissonância entre teoria e prática. Foi a noite em que uma cidade inteira se incendiou, não porque combatentes inimigos fossem especialmente fortes, mas porque o sistema que deveria prever, prevenir e proteger estava paralisado por sua própria convicção.

O verdadeiro cerco não foi o dos insurgentes cercando o complexo, o verdadeiro cerco foi o das ideias equivocadas que cercaram os decisores em Washington. Enquanto operadores como Rone e Woods enfrentavam a realidade crua: fogo, escombros, comunicação precária, inimigos invisíveis e aliados ambíguos, seus superiores travavam uma batalha muito mais confortável: a de preservar uma narrativa política. Essa desconexão gerou um ambiente onde:

  • o risco era subestimado,

  • a ameaça era mal compreendida,

  • a presença militar era vista como “provocação”,

  • e a segurança dependia mais de sorte do que de planejamento.

No fim, a equipe GRS não batalhou apenas contra insurgentes, eles batalharam contra o tempo, contra a desinformação, contra ordens divergentes e, acima de tudo, contra o vazio estratégico que os colocou ali sem apoio adequado.

O Ainda Não Dito

O que 13 Horas mostra, e o que muitos preferem ignorar, é que guerras modernas não são perdidas em cidades remotas. Elas são perdidas nas mesas onde a realidade é filtrada, suavizada e adaptada aos discursos.

A noite de Benghazi é um alerta: não basta derrubar um ditador, erguer bandeiras e formular discursos, é preciso compreender o terreno, ouvir quem está na ponta, conhecer a lógica tribal, antecipar o vácuo, mapear o caos e respeitar a imprevisibilidade. Quem ignora isso constrói sua própria derrota, e quem paga por ela não são os estrategistas, são os operadores, os diplomatas, e às vezes até os inocentes que acreditaram na promessa de estabilidade.

Em Benghazi, Quem Sucumbiu Primeiro Não Foi o Complexo, Foi a Ilusão

Antes que o primeiro projétil fosse disparado, a queda já havia começado. A ilusão de que decisões políticas poderiam moldar o terreno sem compreendê-lo foi a verdadeira faísca. O incêndio literal e o moral foi apenas consequência.

No fim, o pavilhão queimou, Stevens morreu, homens como Rone e Woods deram suas vidas. E a crença de que “planejar a queda basta” provou-se mortal.

Aquela noite não deveria ter sido uma batalha, deveria ter sido apenas mais um dia. Mas a realidade não perdoa equívocos, especialmente os equívocos que começam no topo.

E Benghazi se tornou o lembrete eterno de que, quando a política se descola da realidade, o preço é pago no escuro, sob fogo inimigo, por homens que nunca tiveram o direito de recuar.

Intervenção sem Reconstrução: O Erro que o Ocidente Insiste em Repetir

Há um padrão, quase um ciclo histórico, que o Ocidente ainda não conseguiu quebrar. Um padrão em que a intervenção é meticulosamente planejada, mas a reconstrução é tratada como um detalhe secundário, opcional, negociável. O caso líbio é apenas mais um elo de uma corrente que já arrasta:

  • Iraque,

  • Afeganistão,

  • Somália,

  • Síria,

  • e tantos outros países onde a queda do regime foi celebrada como vitória, mas o “dia seguinte” nunca foi preparado.

É sempre o mesmo enredo: o Ocidente derruba com força e velocidade. Reconstruir, porém, exige paciência, compreensão local, continuidade, presença, investimento, e coragem política para sustentar compromissos longos. É justamente aí que as democracias ocidentais falham.

A tragédia de Benghazi expõe essa falha com clareza cirúrgica. Uma operação militar sem planejamento político é como remover um órgão vital acreditando que o corpo se ajustará sozinho. A cirurgia é rápida, o sangramento é lento, constante, e terminal.

E enquanto o paciente (a nação) agoniza, surgem os mesmos sintomas que já conhecemos à exaustão:

  • milícias ocupando o vazio de autoridade,

  • facções disputando legitimidade como quem disputa território,

  • armas substituindo instituições,

  • e cidadãos que veem a esperança ser consumida pela violência.

Cada intervenção sem pós-guerra gera seu próprio ciclo de fragmentação, e cada ciclo gera uma nova Benghazi.

O Papel do Homem Comum: Quem Realmente Paga o Preço

No meio desse tabuleiro global, há aqueles que nunca foram consultados, nunca foram informados, e ainda assim, são enviados para sustentar as falhas dos outros.

"13 Horas" mostra isso com uma honestidade devastadora. Entre sombras, tiros e incerteza, os operadores do GRS não defendem uma teoria diplomática, não defendem um projeto político, não defendem uma narrativa, eles defendem vidas de colegas, de diplomatas, de inocentes no entorno, porque percebem que ninguém mais o fará.

Ali, na escuridão de Benghazi, afloram as camadas mais profundas da condição humana:

  • responsabilidade sem ordem,

  • coragem sem respaldo,

  • sacrifício sem garantia de retorno.

É nesse contexto que a frase evocada por Rone, citando o que Boon lhe lera mais cedo, ganha densidade existencial:

“Todos os deuses, todos os demônios, todos os céus estão dentro de nós.”

A evocação não é apenas filosófica, é um reconhecimento brutal de que no limite, o que sustenta a linha de defesa não é um país, não é uma instituição, é o indivíduo, é o homem diante do caos.

Por que esta história importa ao leitor do GBN Defense

Porque segurança e defesa são mais do que blindagens, drones, aeronaves, navios, sensores e doutrinas. São, antes de tudo:

  • contexto,

  • estratégia,

  • prudência,

  • inteligência,

  • leitura fina do ambiente internacional,

  • e avaliação realista de consequências.

Benghazi é uma lição exemplar justamente porque escancara a fragilidade de intervenções mal calculadas, a ilusão da “transição espontânea”, os limites da projeção de poder sem sustentação, a importância de estruturas de inteligência profundamente conectadas ao terreno, e a gravidade dos vácuos deixados por decisões tomadas a milhares de quilômetros de quem enfrentará seus efeitos.

O leitor do GBN Defense merece análises que não se limitem ao campo de batalha, mas que compreendam o ecossistema completo da guerra e da política que a antecede.

O episódio de Benghazi não é um ponto isolado, é um marco de advertência. Um lembrete de que Estados não são portas: não basta empurrá-las para que se abram. Instituições são organismos complexos, e sua ruptura libera forças que antes estavam controladas, mesmo que por estruturas imperfeitas.

O filme 13 Horas mostra o embate, a Líbia mostra o colapso, o mundo mostra que esse erro se repete porque ainda não foi devidamente compreendido, assim permanece a reflexão mais incômoda e mais necessária: "Quando derrubamos um regime sem construir um Estado, libertamos demônios e deuses que nunca mais retornam às sombras. Eles permanecem e exigem ser enfrentados, em algum canto do mundo, por homens que nada tiveram a ver com a decisão original."

É dessa consciência madura, estratégica, fundamentada que nasce a verdadeira excelência no jornalismo de defesa. É isso que diferencia a sua leitura, é isso que diferencia a sua escrita, é isso que diferencia o GBN Defense.


por Angelo Nicolaci


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sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Invasão da Ucrânia: Plano de paz de 28 pontos levanta críticas e temor de capitulação ucraniana

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O suposto plano de paz de 28 pontos para encerrar a guerra na Ucrânia, discutido entre representantes dos Estados Unidos e da Rússia, provocou forte reação internacional e um profundo sentimento de alerta em Kiev. Para muitos analistas e autoridades europeias, o documento, ainda não oficialmente divulgado, representa um acordo que pune a vítima, premia o agressor e cria um precedente perigoso para a ordem global.

Segundo o que foi reportado pelo The Telegraph e outros veículos internacionais, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky recebeu uma versão preliminar do plano por parte dos Estados Unidos. Embora Kiev tenha mantido um tom diplomático, afirmando estar disposta a cooperar para alcançar a paz, os pontos atribuídos ao documento geraram preocupação imediata entre especialistas, parlamentares e governos aliados.

Entre as propostas mais polêmicas está a retirada completa da Ucrânia de Donbas, incluindo zonas atualmente sob controle ucraniano. A região se tornaria uma zona desmilitarizada, com a Rússia pagando um “aluguel” à Ucrânia, um mecanismo semelhante ao arrendamento do porto de Sebastopol antes da anexação da Crimeia em 2014. Para o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), esse ponto desmonta defesas essenciais da Ucrânia e permite que Moscou recomponha forças para futuros ataques.

Outros pontos complicados incluem a proibição de tropas estrangeiras na Ucrânia, a redução pela metade das Forças Armadas ucranianas, a limitação de mísseis de longo alcance e o adiamento da adesão à OTAN por tempo indeterminado. Parlamentares republicanos nos EUA criticaram duramente essas propostas, afirmando que equivalem a abrir caminho para uma nova invasão russa. Garantias vagas de segurança americanas não compensariam a vulnerabilidade criada por tais concessões.

O documento também menciona o reconhecimento, por parte dos Estados Unidos e outros países, da Crimeia e do Donbas como territórios russos, embora não exija formalmente que a própria Ucrânia o reconheça. Esse ponto, porém, seria suficiente para dissolver o arcabouço legal que sustenta as sanções e processos internacionais contra Moscou. Além disso, a proposta prevê a suspensão de julgamentos que investigam crimes de guerra cometidos pela Rússia.

A União Europeia se posicionou contra qualquer plano que não seja aprovado pelos próprios ucranianos e pelos europeus. A Alta Representante Kaia Kallas reiterou que a paz só pode ser considerada legítima se for justa e duradoura, e se reconhecer claramente quem é o agressor no conflito. Ela lembrou que, enquanto o plano circula, a Rússia continua bombardeando escolas, hospitais e prédios residenciais, demonstrando não ter qualquer interesse real em cessar-fogo imediato.

Entre os pontos mais controversos está ainda a imposição do idioma russo e o reconhecimento oficial da Igreja Ortodoxa Russa nos territórios ocupados, medidas que ecoam a política de russificação aplicada por Moscou em áreas anexadas.

ANÁLISE

O suposto plano de 28 pontos parece mais alinhado a um congelamento do conflito do que a uma resolução sustentável. Ele se assemelha a outros acordos historicamente prejudiciais, nos quais a vítima é forçada a ceder território e capacidade militar sob promessas frágeis de paz. O precedente mais citado é o de Munique, em 1938, quando concessões territoriais à Alemanha nazista foram justificadas como “garantias de paz”, mas apenas retardaram uma nova escalada.

Além de moralmente problemático, o plano criaria um modelo perigoso: grandes potências podem invadir vizinhos menores e, mesmo após violações de leis internacionais, negociar compensações simbólicas em troca de ganhos territoriais permanentes. Isso abalaria a arquitetura de segurança europeia e enfraqueceria a credibilidade das democracias ocidentais.

Para Washington, o plano também levanta dúvidas sobre coerência estratégica. Reduzir apoio militar, impedir a presença de tropas aliadas na Ucrânia e restringir armamentos não cria estabilidade, cria um vazio de segurança que favorece exclusivamente a Rússia. A promessa de Moscou de não atacar no futuro, ainda que gravada em lei, não possui validade prática, considerando o histórico recente de violações de acordos.

A proposta de transformar Donbas em uma zona desmilitarizada geraria, na prática, um buffer zone controlado indiretamente por Moscou, impedindo a Ucrânia de se aproximar da OTAN e deixando parte significativa de seu território vulnerável. Sem garantias robustas de defesa coletiva, essa estrutura serviria mais como preparação para um novo ciclo de agressão do que como garantia de paz.

Diante disso, o plano é visto não como um acordo, mas como uma capitulação disfarçada. Para que a paz seja realista, ela precisa incluir responsabilização por crimes de guerra, respeito à integridade territorial reconhecida internacionalmente e garantias de defesa que impeçam reincidência. Nada disso está claramente contemplado no projeto em discussão.

O que emerge desse suposto plano é um teste crucial para o Ocidente: até que ponto valores, tratados e compromissos serão mantidos diante do custo político e estratégico de uma guerra prolongada? A resposta a essa pergunta definirá não apenas o futuro da Ucrânia, mas o equilíbrio geopolítico europeu pelas próximas décadas.


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Coreia do Sul avança no Oriente Médio com possível acordo de US$ 15 bilhões em defesa com os Emirados Árabes Unidos

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A Coreia do Sul intensifica sua presença estratégica no Oriente Médio, consolidando uma aproximação que vai além da diplomacia tradicional e se transforma em cooperação de longo prazo baseada em interesses comuns. No centro desse movimento está a negociação de um pacote estimado em US$ 15 bilhões em exportações de armamentos para os Emirados Árabes Unidos (EAU), evidenciando a crescente relevância de Seul como fornecedor global de tecnologia militar.

O acordo, considerado por especialistas como um marco para a indústria sul-coreana de defesa, também reflete o esforço dos Emirados para diversificar suas fontes de equipamentos, reduzindo dependências históricas de fornecedores europeus, russos e norte-americanos. Embora os detalhes ainda não tenham sido divulgados, pacotes dessa magnitude costumam incluir sistemas avançados de mísseis, plataformas de defesa aérea, sensores e outras soluções tecnológicas de última geração.

Um ponto central dessa aproximação é o interesse dos Emirados Árabes Unidos no KF-21 Boramae, desenvolvido pela Korea Aerospace Industries (KAI). Em abril de 2025, uma delegação da Força Aérea dos EAU visitou as instalações da fabricante na Coreia do Sul, e um dos comandantes chegou a participar de um voo de teste da aeronave, sinalizando forte intenção de aprofundar a cooperação.

A parceria entre Seul e Abu Dhabi representa mais do que uma negociação comercial: trata-se de um realinhamento estratégico sustentado por transferência de tecnologia, colaboração industrial e fortalecimento das capacidades de defesa locais. Os Emirados buscam parceiros capazes de oferecer soluções avançadas e cooperação duradoura, enquanto a Coreia do Sul procura expandir sua projeção global como fornecedor de alta tecnologia confiável e competitivo.

A expansão sul-coreana na região não se limita aos Emirados Árabes Unidos. O Egito se tornou outro pilar importante na diplomacia de Seul, com cooperação em infraestrutura, energia renovável e produção de defesa. A afinidade entre os modelos de desenvolvimento tecnológico e econômico dos dois países tem fortalecido essa parceria de forma consistente.

Nos EAU, a presença da Coreia do Sul cresce também em áreas como energia nuclear, tecnologia, logística e exploração espacial, transformando o país em um dos principais parceiros estratégicos de Seul no Golfo. Essa multiplicidade de projetos reforça que o possível acordo de US$ 15 bilhões representa não apenas uma venda militar, mas uma aproximação geopolítica de longo alcance.

O movimento revela uma nova dinâmica no Oriente Médio, onde potências médias como a Coreia do Sul e os Emirados Árabes Unidos constroem alianças pragmáticas baseadas em inovação, tecnologia e desenvolvimento mútuo. Para Seul, a região é uma plataforma para ampliar sua influência global; para os Emirados, a Coreia oferece estabilidade, tecnologia avançada e colaboração industrial sem entraves políticos.

A parceria entre Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos simboliza a evolução das relações estratégicas no século XXI, marcadas por interesses compartilhados, modernização e busca por autonomia tecnológica.


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Caça Tejas indiano explode ao colidir com o solo durante apresentação no Dubai Airshow

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Um caça leve HAL Tejas da Força Aérea Indiana caiu e explodiu ao atingir o solo durante uma demonstração aérea no Dubai Airshow 2025, nesta sexta-feira (21). O acidente, presenciado por centenas de espectadores, resultou na morte do piloto e deixou uma coluna de fumaça negra visível a grande distância. A Força Aérea Indiana (IAF) anunciou a abertura de um inquérito para apurar as causas.

O vídeo do acidente, amplamente compartilhado nas redes sociais, mostra a aeronave realizando uma manobra de alta performance segundos antes de entrar em um mergulho acentuado. Embora o piloto tenha iniciado a recuperação, a aeronave continuou perdendo altitude até colidir com o solo e explodir em múltiplas bolas de fogo. Segundo especialistas, uma possibilidade técnica preliminar é que o piloto tenha sofrido perda de consciência induzida pela força G (G-LOC) durante a manobra derradeira, impedindo a reação adequada para recuperar totalmente o controle.

Testemunhas relataram que o Tejas estava em voo há cerca de oito ou nove minutos e já havia completado duas ou três passagens quando entrou no mergulho. “Eu vi três bolas de fogo diferentes quando colidiu com o solo”, disse à Reuters Jignesh Variya, que acompanhava o show com a família. Em cerca de 30 segundos, equipes de emergência alcançaram os destroços.

O acidente ocorreu no último dia do Dubai Airshow 2025, considerado o maior evento de aviação do Oriente Médio. Os voos no local chegaram a ser interrompidos, mas foram retomados posteriormente. O governo de Dubai divulgou imagens de equipes de combate a incêndio atuando nos destroços.

Este é o segundo acidente conhecido envolvendo o Tejas, um caça leve de 4.5G equipado com motores General Electric F404. O primeiro havia ocorrido durante um exercício na Índia em 2024. A GE afirmou que está pronta para apoiar a investigação conduzida pelas autoridades indianas e emiradenses.

O HAL Tejas, cujo nome significa “brilho” em sânscrito, é a principal aposta da Índia para modernizar sua força aérea, hoje dominada por aeronaves russas e de origem soviética. Projetado desde os anos 1980 e com primeiro protótipo voando em 2001, a aeronave se tornou o primeiro caça totalmente desenvolvido pela indústria indiana. A IAF planeja operar cerca de 220 exemplares do Tejas, incluindo a versão avançada Mk-1A, ao longo da próxima década.

Durante o Dubai Airshow 2025, o governo indiano buscava atrair potenciais compradores para o modelo, enquanto trabalha no desenvolvimento do Tejas Mk-II. Especialistas citados pela Reuters afirmam que, embora confiável e tecnologicamente sólido, a aeronave enfrenta desafios para conquistar espaço no mercado global de aeronaves de combate.

As autoridades dos Emirados Árabes Unidos ainda não confirmaram se liderarão a investigação local. A Embaixada da Índia informou que está em contato permanente com os órgãos do país anfitrião. Até o momento, nenhuma causa oficial foi divulgada.


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com Reuters



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Dinamarca amplia modernização do Exército e adquire 44 novos veículos de combate CV90MkIIIC da BAE Systems

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A Dinamarca deu mais um passo decisivo em seu processo de modernização militar ao fechar contrato com a BAE Systems para a aquisição de 44 veículos de combate de infantaria CV90MkIIIC adicionais. O acordo, avaliado em aproximadamente US$ 450 milhões, inclui peças sobressalentes, suporte, logística e treinamento, elevando para 159 o total de veículos CV90 destinados ao Exército Real Dinamarquês.

A nova encomenda complementa o pedido anterior de 115 unidades firmado em 2024 e substitui o programa de extensão de meia-vida planejado para a frota atual de CV9035DK. A decisão reflete a prioridade do governo em atualizar rapidamente suas capacidades de combate terrestre com plataformas de última geração.

O Major-General Peter Boysen, Comandante do Exército Dinamarquês, destacou a urgência do programa. “O veículo de combate de infantaria é uma parte essencial do poder de combate da brigada pesada. Portanto, é crucial que adquiramos uma frota consolidada de veículos o mais rápido possível”, afirmou. Segundo ele, a meta é que os 159 novos CV90 estejam plenamente integrados até o final de 2030, colocando o país em um novo patamar de prontidão operacional.

Os CV9035MkIIIC adquiridos pela Dinamarca seguem o padrão do mais recente programa de modernização holandês, incorporando a nova torre CV90, uma evolução significativa em termos de design, ergonomia, letalidade e integração de sensores. A BAE Systems ressalta que o modelo é resultado de anos de experiência em combate, atualizações contínuas e compartilhamento de dados entre as nações usuárias, assegurando alta interoperabilidade no ambiente europeu e dentro da OTAN.

“Esta encomenda demonstra a confiança que as Forças Armadas Dinamarquesas depositam nas capacidades do CV90 e o nosso compromisso em fornecer soluções de alta qualidade que atendam às suas necessidades em constante evolução”, afirmou Tommy Gustafsson-Rask, diretor-geral da BAE Systems Hägglunds. Ele reforçou que o novo pacote tecnológico colocará a Dinamarca “na vanguarda da defesa moderna”.

A família CV90 é reconhecida como uma das plataformas de combate mais eficazes da classe de 20 a 38 toneladas. Flexível, pode operar uma ampla gama de sistemas de armas e sensores, permitindo engajar diferentes tipos de alvos em cenários variados. Já são mais de 1.900 veículos encomendados em 17 variantes, selecionados por 10 países europeus, oito deles membros da OTAN, com histórico operacional no Afeganistão, na Ucrânia e em missões internacionais na Libéria.

Com a ampliação da frota, a Dinamarca consolida sua posição entre os exércitos europeus mais bem equipados em veículos de combate de infantaria, reforçando sua capacidade dissuasória e sua integração plena às operações multinacionais da Aliança Atlântica.


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Saab intensifica campanha global e oferece aeronaves de vigilância GlobalEye ao Catar e à Arábia Saudita

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A sueca Saab ampliou sua campanha comercial no setor de aeronaves de vigilância aérea, oferecendo oficialmente o sistema GlobalEye ao Catar e à Arábia Saudita. A informação foi confirmada pelo CEO da empresa, Micael Johansson, em entrevista à agência Reuters, destacando que ambos os países demonstraram interesse na plataforma já adquirida pelos Emirados Árabes Unidos.

Segundo Johansson, as propostas já foram apresentadas e integram uma estratégia mais ampla da Saab para expandir a presença de suas aeronaves militares no Oriente Médio, uma região onde a demanda por capacidades de alerta antecipado e vigilância de longo alcance cresce em meio a tensões regionais e modernização das forças armadas. “Estamos em campanha e já lhes fizemos propostas. Agora aguardamos os próximos passos no processo decisório desses países”, afirmou.

O GlobalEye, plataforma baseada em jatos Bombardier modificados, combina radares de longo alcance, sensores avançados e sistemas de comando e controle, permitindo detectar aeronaves, mísseis, navios e alvos terrestres com elevada precisão. A solução tem atraído interesse crescente de diversos países. França e Emirados Árabes Unidos já têm encomendas firmadas, e outras nações avaliam o modelo, segundo o CEO.

Na última semana, o Ministério da Defesa dos Países Baixos anunciou, junto com parceiros da OTAN, a desistência da compra de seis aeronaves concorrentes Boeing E-7 Wedgetail. Com essa decisão, os holandeses passaram a considerar alternativas, e o GlobalEye entrou imediatamente na avaliação. “Agora eles estão analisando se podem ter outra capacidade, que estamos propondo, o GlobalEye”, disse Johansson.

Durante visita oficial ao Canadá, acompanhando a agenda do rei Carl XVI Gustaf e da rainha Sílvia, Johansson discutiu oportunidades industriais com autoridades do país. A Saab sinalizou disponibilidade para realizar transferência de tecnologia, com a Bombardier desempenhando parte dos trabalhos de integração de sensores e militarização dos chamados jatos “verdes”, tradicionalmente feitos na Suécia. O governo canadense, no entanto, ainda não tomou uma decisão.

Sobre aeronaves de combate, Johansson afirmou que a Saab não está conduzindo uma campanha ativa para oferecer o Gripen ao Canadá, embora esteja fornecendo informações para auxiliar Ottawa em sua avaliação. O caça sueco já esteve anteriormente entre os candidatos para substituir parte dos F-35 canadenses, após disputas comerciais entre o país e os Estados Unidos. A oferta da Saab continha ainda a proposta de fabricar os Gripen sob licença pela Bombardier, criando uma linha de produção nacional.

Enquanto isso, as linhas de montagem do Gripen na Suécia e no Brasil seguem com produção garantida. Johansson confirmou que ambas serão responsáveis pela fabricação dos caças destinados à Colômbia, dentro do acordo recentemente firmado com Bogotá, avaliado em US$ 3,6 bilhões.

Com forte presença industrial, propostas agressivas de cooperação e produtos reconhecidos pela capacidade tecnológica, a Saab consolida sua posição no mercado global. A expansão do interesse pelo GlobalEye confirma a tendência de maior competição internacional em sistemas de vigilância estratégica, um dos segmentos mais valorizados pelas forças aéreas modernas.


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com Reuters
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MBDA fecha primeiro contrato de exportação do sistema antidrone SKY WARDEN com país do Oriente Médio

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A MBDA anunciou a assinatura de seu primeiro contrato de exportação do SKY WARDEN, sistema avançado de combate a drones (C-UAS), com um país do Oriente Médio. O acordo marca um passo importante para a consolidação da solução no mercado internacional, ampliando seu papel como uma das tecnologias mais completas e adaptáveis no enfrentamento de ameaças aéreas assimétricas.

Lorenzo Mariani, executivo de Vendas e Desenvolvimento de Negócios do Grupo MBDA, destacou a relevância estratégica da assinatura. Segundo ele, o SKY WARDEN representa uma resposta inovadora a um cenário no qual drones, de diferentes portes, têm assumido protagonismo em conflitos modernos. “Assinar este contrato de exportação marca um passo crucial em nosso compromisso de garantir a segurança e a soberania de nossos parceiros ao redor do mundo. O SKY WARDEN combina tecnologia de ponta, flexibilidade sem precedentes e uma capacidade em constante evolução. Com ele, oferecemos proteção robusta e adaptável contra todas as ameaças de UAV, hoje e no futuro”, afirmou.

O SKY WARDEN tem se destacado também na Europa. O sistema venceu o Frontex C-UAS Prize 2025 e foi reconhecido como a melhor solução para proteger as fronteiras da União Europeia. Projetado como um sistema multicamadas, o conjunto é capaz de defender áreas sensíveis contra drones que variam do tipo micro aos modelos táticos, com alcance de até oito quilômetros. Sua arquitetura evolui a partir de um sistema de comando e controle (C2) multisensor e multiefetor desenvolvido pela própria MBDA, que utiliza inteligência artificial para detecção, classificação e identificação precisa de ameaças.

Entre seus efetores, o SKY WARDEN reúne opções complementares para neutralização de drones inimigos, como o laser CILAS HELMA-P, bloqueadores omni e direcionais, interceptadores de drones MBDA HTK (Hit-to-Kill) e o míssil Mistral 3, cuja taxa de sucesso ultrapassa 96%. Cada combinação de sensores e efetores pode ser customizada conforme o cenário operacional, permitindo que o sistema seja escalável e adaptado a necessidades específicas.

Outro diferencial é a modularidade. O SKY WARDEN pode ser instalado em posições fixas, para proteção de infraestrutura crítica, ou montado em veículos para garantir mobilidade. Também é compatível com sistemas de defesa aérea de médio alcance, como VL MICA e CAMM-ER, além de poder ser integrado a arquiteturas superiores de comando e controle.

O desenvolvimento da solução segue em expansão. A recente aquisição, pela MBDA, do laser HELMA-P da CILAS reforça a estratégia de ampliar continuamente o portfólio de efetores disponíveis no sistema.

Com este contrato, a MBDA fortalece sua presença global e reafirma seu papel central na evolução das capacidades de defesa aérea contra drones, um desafio cada vez mais determinante nos cenários militares contemporâneos.


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com MBDA


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Hungria recebe o segundo C-390 Millennium e se torna o primeiro país a completar sua frota

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A Embraer entregou à Força Aérea Húngara, nesta quinta-feira, sua segunda aeronave multimissão C-390 Millennium. A cerimônia ocorreu na Base Aérea de Kecskemét, com a presença do ministro da Defesa da Hungria, Kristóf Szalay-Bobrovniczky, autoridades militares e executivos da Embraer, marcando mais um passo decisivo na modernização da aviação de transporte húngara.

A Hungria recebeu sua primeira aeronave no final de 2024. Desde então, o C-390 demonstrou desempenho consistente, executando uma ampla variedade de missões com taxa de conclusão superior a 99%. Com a chegada da segunda unidade, o país se torna o primeiro operador mundial do C-390 a completar todas as aeronaves previstas no contrato firmado com a Embraer.

Durante o evento, o ministro da Defesa destacou o impacto estratégico da aeronave para as capacidades nacionais. Segundo Kristóf Szalay-Bobrovniczky, o C-390 supre uma lacuna histórica da Força Aérea Húngara. Ele afirmou que o país “se torna mais forte e mais capaz” com a introdução plena da capacidade de transporte aéreo multimissão. “Muito obrigado a todos que contribuíram para este processo”, completou.

Bosco da Costa Júnior, presidente e CEO da Embraer Defense & Security, ressaltou a importância do marco para a empresa e para a parceria com a Hungria. Ele afirmou que o C-390 oferece desempenho superior, maior flexibilidade e custos reduzidos ao longo do ciclo de vida, qualificando a aeronave como uma solução estratégica para missões militares e civis. “Esperamos expandir nossa cooperação para apoiar a Força Aérea Húngara em todas as suas necessidades operacionais atuais e futuras”, disse.

Projetado como uma plataforma multimissão, o C-390 Millennium é capaz de executar tarefas de transporte e lançamento de cargas e tropas, operações de busca e salvamento, apoio humanitário, evacuação aeromédica e reabastecimento em voo. As aeronaves húngaras são as primeiras no mundo a operar com uma Unidade de Terapia Intensiva modular, no formato roll-on/roll-off, ampliando sua flexibilidade para missões críticas e humanitárias.

Com a frota completa, a Força Aérea Húngara passa a dispor de uma capacidade moderna, confiável e alinhada às demandas contemporâneas de resposta rápida e mobilidade estratégica, reforçando também a presença do C-390 no cenário europeu e dentro da OTAN.


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Fuzileiros Navais escolhem viatura GM Defense ISV 4×4 para integrar o "SMACE", com míssil MAX 1.2AC e drone QX-2

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O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil definiu o GM Defense ISV 4×4 como a plataforma terrestre do Sistema de Mísseis Anticarro Expedicionário (SMACE), consolidando um marco na modernização das capacidades expedicionárias da Força. A decisão foi anunciada durante o Dubai Airshow, após avaliações que confirmaram a aderência da viatura aos requisitos operacionais do programa.

O CFN receberá inicialmente dois veículos GM Defense ISV 4×4, que terão integrados o SMACE com o míssil guiado de precisão MAX 1.2AC, desenvolvido no pela brasileira SIATT, e o drone QX-2, fabricado pela EDGE Group dos Emirados Árabes Unidos. Ambos os sistemas serão integrados pela SIATT, em um projeto que une sensores, poder de fogo, comunicações e consciência situacional em uma arquitetura expedicionária totalmente conectada e inovadora.

O ISV 4×4, já validado em operações militares, foi projetado para mobilidade extrema. Com peso aproximado de 2,2 toneladas, tração nas quatro rodas e proteção balística leve, ele utiliza o motor 2.8L Duramax produzido em São Paulo. O conceito do veículo segue a filosofia adotada pelas forças dos Estados Unidos na substituição dos HMMWV para funções leves, priorizando simplicidade operacional, agilidade e facilidade de manutenção em ambientes desafiadores. Sua estrutura modular permite receber equipamentos de missão, armamentos e enlaces de dados táticos, tornando-o ideal para operações de rápida projeção de poder.

O SMACE foi desenvolvido para dotar o CFN de uma capacidade inédita no país: combater com alta precisão a partir de forças leves, distribuídas e altamente móveis. O míssil MAX 1.2AC fornece o poder anti-carro, enquanto o drone QX-2 amplia o alcance da vigilância, reconhecimento e ataque, permitindo engajamentos mais precisos e coordenação em tempo real. Em conjunto, o sistema oferece consciência situacional avançada, engajamento rápido e integração plena entre os vetores terrestre e aéreo.

Segundo o planejamento, o primeiro conjunto do SMACE, composto por dois ISV 4×4 e seus sistemas embarcados, será entregue ao CFN em 2026 para avaliação operacional. A partir dessa etapa, a Força deverá expandir o número de unidades nos anos seguintes, consolidando uma nova doutrina expedicionária baseada em mobilidade, conectividade e letalidade ampliada.

A escolha do ISV 4×4 e a integração nacional conduzida pela SIATT reforçam a busca da Marinha por soluções inovadoras e interoperáveis, ao mesmo tempo em que fortalecem a Base Industrial de Defesa brasileira. O SMACE surge como um dos mais avançados sistemas anti-carro já concebidos na América Latina, alinhado às exigências contemporâneas de operações anfíbias e litorâneas.


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