sábado, 8 de novembro de 2025

EXCLUSIVO: Movimentações indicam possível retomada de projetos da antiga Mectron

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Informações obtidas com exclusividade pelo GBN Defense junto a fontes do setor de defesa apontam que um movimento discreto poderá resultar na retomada de parte dos projetos desenvolvidos pela antiga Mectron, empresa que por décadas foi referência nacional no desenvolvimento de mísseis guiados e sistemas de alta tecnologia. As conversas ainda ocorrem de forma reservada, mas indicam um interesse real em dar continuidade a programas considerados estratégicos para a soberania militar brasileira.

Segundo apurado, uma empresa brasileira do segmento de defesa estaria avançando em tratativas para assumir o desenvolvimento de tecnologias anteriormente conduzidas pela Mectron. Embora os detalhes permaneçam sob confidencialidade, as informações convergem para a possibilidade de reativação de conhecimentos e capacidades que estavam paralisados desde o encerramento das atividades da companhia.

A importância do legado da Mectron

A Mectron se destacou como uma das poucas empresas da América Latina capazes de desenvolver mísseis de forma independente, acumulando expertise que levou o Brasil a um patamar diferenciado no setor. Entre seus projetos mais relevantes estão o Míssil Ar-Ar de curto alcance MAA-1B (Míssil Aéreo Ar 1-B) e o Míssil Antirradiação MAR-1, ambos considerados pilares para a consolidação de uma base tecnológica autônoma em armamentos inteligentes.

O MAA-1B representou um salto na capacidade de combate aproximado (dogfight) para a aviação de caça brasileira, integrando sensores e sistemas de guiagem infravermelha que aproximaram o país do padrão tecnológico de nações desenvolvidas. Já o MAR-1 elevou o Brasil ao seleto grupo de países com domínio no desenvolvimento de mísseis antirradiação, capazes de neutralizar radares e sistemas de defesa inimigos, um ativo estratégico no cenário moderno de combate.

Por que isso importa agora

Se essa movimentação se confirmar, ela poderá marcar uma inflexão no esforço de reconstrução da autonomia brasileira no setor de mísseis. Retomar projetos interrompidos significa não apenas recuperar conhecimento crítico, mas também evitar a perda de competências acumuladas ao longo de décadas de investimento público e privado.

A possível reativação desses programas também teria implicações diretas para a Força Aérea Brasileira (FAB), especialmente considerando a introdução do caça F-39E Gripen, que abre novas oportunidades de integração de armamentos nacionais. Manter a capacidade de produzir mísseis próprios reduz dependência externa e fortalece a soberania do país em um campo altamente sensível.

O que dizem especialistas

Profissionais ligados ao setor, ouvidos pelo GBN Defense sob condição de anonimato, avaliam que este movimento pode ser decisivo para impedir a dispersão total do know-how construído pela Mectron. Uma fonte com experiência em programas estratégicos descreveu a iniciativa como “uma oportunidade de reconstrução de capacidades críticas que o Brasil não pode perder novamente”.

Por ora, o cenário ainda exige prudência. Nenhum anúncio oficial foi feito, e o GBN Defense não divulgará o nome da empresa envolvida até que haja confirmação pública e transparente sobre o processo. A discrição tem como objetivo preservar fontes, evitar especulações prematuras e manter responsabilidade com a informação sensível.

Caso o movimento se consolide, será possível afirmar que o Brasil ensaia um retorno a um caminho de autonomia tecnológica em mísseis, um setor no qual já demonstrou competência, mas que exige continuidade, apoio institucional e visão estratégica de longo prazo.


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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Artilharia versus drones: a lição francesa inspirada na guerra da Ucrânia

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A guerra na Ucrânia vem reescrevendo os conceitos clássicos de combate nos últimos quatro anos, mostrando que, apesar da ascensão tecnológica dos drones, os equipamentos pesados continuam essenciais no campo de batalha moderno. Essa lição foi recentemente reafirmada pelo Exército Francês durante uma demonstração de força no Campo de Canjuers, no sudeste da França, marcada por chuva torrencial e desafios logísticos que expuseram os limites da guerra contemporânea.

O exercício, realizado na semana passada, tinha como objetivo demonstrar a integração entre sistemas de artilharia pesada e tecnologia aérea não tripulada. No entanto, as condições climáticas adversas impossibilitaram a decolagem de drones e helicópteros, enquanto a artilharia manteve sua eficácia. Segundo observadores, a experiência ilustra a realidade enfrentada na Ucrânia, onde ataques mecanizados russos aproveitam neblina e chuvas para neutralizar capacidades aéreas, conforme estudo do Instituto para o Estudo da Guerra.

“O futuro passa pelos drones, mas eles precisam ser integrados de forma inteligente à tecnologia clássica”, afirmou o tenente-coronel Renaud Durbecq, comandante do 35º Regimento de Artilharia Paraquedista (35e RAP). “Em condições de chuva intensa, os drones ficam no solo, enquanto nossos canhões continuam a disparar.”

A demonstração militar e os limites do drone

A apresentação contou com a presença do fabricante KNDS e de diversas delegações militares estrangeiras. Os paraquedistas não puderam ser lançados, o tráfego civil no aeroporto de Nice causou restrições logísticas e até alguns disparos de artilharia precisaram ser adiados. Apesar disso, a demonstração evidenciou o avanço do regimento francês em integrar drones à artilharia moderna.

O 35e RAP utiliza obuses Caesar de 155 mm, equipados com canhões de 20 mm montados em caminhões, redes de camuflagem, iscas e sistemas de interferência portáteis para proteção contra ataques aéreos. O regimento passou por um rápido processo de “droneização”: agora possui cinco vezes mais drones do que no ano passado, triplicou o número de pilotos e dobrou as horas de voo.

Entre os equipamentos estão o drone Delair DT46, com alcance de 80 km, drones de reconhecimento e drones FPV para ataques de precisão. Uma inovação significativa é a conexão direta dos DT46 aos sistemas de controle de tiro, permitindo que os obuses Caeser abram fogo imediatamente após a detecção do alvo. Além disso, seis novos sistemas antidrone Proteus foram integrados, capazes de neutralizar ameaças aéreas com fogo direto ou interferência eletrônica.

Lições da Ucrânia e adaptação tática

A experiência ucraniana inspirou diretamente as novas táticas francesas. O pré-posicionamento de munição em pontos de tiro, por exemplo, visa reduzir o risco de destruição em caso de ataques por drones kamikazes, como o Lancet russo, que tem sido responsável por 75% das perdas de peças de artilharia no conflito. Comparativamente, os obuseiros Caesar franceses apresentam uma taxa de perda de apenas 15%, enquanto sistemas sobre lagartas chegam a mais de 50%.

O ex-coronel Olivier Fort, representante do KNDS e especialista em artilharia, destaca que a proteção das peças é fundamental, mas que a mobilidade continua crucial para o reabastecimento rápido e a sobrevivência no campo de batalha. “Cada sistema tem vantagens e desvantagens. Apostar exclusivamente em drones não é a estratégia vencedora”, afirmou.

Segundo Durbecq, “a maior qualidade de uma arma é a confiabilidade. E os sistemas de artilharia Caesar provaram isso, mesmo em condições extremas.”

Integração e equilíbrio

A lição do exercício francês é clara: drones e artilharia não são rivais, mas complementares. A guerra moderna exige uma abordagem híbrida, na qual tecnologia emergente e poder de fogo tradicional se combinam para garantir eficácia e resiliência. A experiência mostra que mesmo com drones cada vez mais avançados, a artilharia e os sistemas pesados permanecem insubstituíveis em cenários complexos, onde o clima e a imprevisibilidade do campo de batalha continuam a definir a vitória.

A França, assim, não apenas investe em inovação tecnológica, mas reforça a máxima da guerra moderna: capacidade de fogo confiável, integração inteligente e adaptação constante são tão decisivas quanto a sofisticação dos sistemas não tripulados.


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Aprendizado na Ucrânia: como Skyranger 30 e DefendAir transformam a defesa aérea alemã

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A guerra na Ucrânia, que já dura quase quatro anos, está redefinindo a doutrina militar global, e a Alemanha parece determinada a aplicar rapidamente as lições aprendidas na linha de frente. Em 5 de novembro, o Bundestag aprovou o financiamento de um novo míssil de baixo custo, projetado especificamente para interceptar pequenos drones, sinalizando um reconhecimento pragmático de uma ameaça que já não pode mais ser ignorada.

Para a Bundeswehr, os drones de pequeno e micro porte representam "uma ameaça significativa para a população, os soldados, os sistemas de armas e a infraestrutura". A experiência ucraniana mostrou que esses dispositivos baratos e ágeis podem causar danos consideráveis, interromper operações e obrigar as forças armadas a reinventar sua defesa aérea.

O SADM (Small Anti-Drone Missile), desenvolvido pela MBDA e comercializado como DefendAir, surge como a peça-chave para transformar o Skyranger 30, sistema antiaéreo da Rheinmetall, em um caçador eficiente de drones. Até agora, o Skyranger dependia de seu canhão de 30 mm com munição programável AHEAD, capaz de disparar 1.200 tiros por minuto, mas limitado a um alcance de aproximadamente 3 km. Drones operando nos limites desse alcance frequentemente escapavam, tornando a defesa cara e ineficiente.

O SADM, derivado da família Enforcer da MBDA, amplia o alcance para cerca de 6 km e é projetado para neutralizar drones de Classe 1, com peso de até 150 kg. Segundo a Bundeswehr, a combinação entre canhão e míssil permitirá que um único veículo Skyranger derrube até trinta drones em uma única ação, proporcionando uma camada de defesa inédita e robusta. O projeto de desenvolvimento e aquisição está estimado em 490 milhões de euros, com produção em série prevista para 2029, alinhada à introdução gradual dos Skyranger.

Essa modernização integra-se a um contexto estratégico maior: o Programa Arminius, que visa fornecer diversas variantes do veículo de combate Boxer, com investimento total de cerca de 40 bilhões de euros. O objetivo é reconstruir a capacidade de defesa aérea de curto alcance (SHORAD), seriamente prejudicada após a Guerra Fria.

O CEO da Rheinmetall, Armin Papperger, afirma que a empresa espera vender mais de 1.000 sistemas Skyranger globalmente, enquanto a Bundeswehr poderá adquirir entre 600 e 650 unidades. O interesse é grande em toda a Europa, com Dinamarca, Áustria e Hungria já realizando encomendas de diferentes variantes. Todos esses esforços estão centralizados na Iniciativa Escudo Aéreo Europeu (ESSI), lançada para coordenar aquisições e fortalecer a defesa aérea coletiva do continente, uma lacuna estratégica brutalmente exposta pela invasão russa da Ucrânia.

A confiança na nova solução é reforçada pelo desempenho do Skynex, outro sistema da Rheinmetall já testado com sucesso na Ucrânia. Segundo Papperger, o Skynex provou ser eficaz não apenas contra drones, mas também na interceptação de mísseis. A aprovação do SADM não é apenas um avanço tecnológico; é uma validação de uma lição estratégica clara: na guerra moderna, enxames de drones baratos podem ser tão decisivos quanto mísseis de alto custo, e a defesa deve se adaptar rapidamente a esse novo cenário.

A Alemanha, com essa decisão, demonstra que a defesa aérea não é apenas sobre equipamentos caros ou arsenais tradicionais. Trata-se de adaptação e pragmatismo frente a ameaças modernas, reconhecendo que tecnologias relativamente simples, se bem integradas, podem redefinir o equilíbrio do poder militar.

O SADM e o Skyranger 30 são o retrato de uma nova era: mobilidade, precisão e custo-benefício se tornaram pilares centrais da defesa contra ameaças emergentes. Enquanto o mundo observa a evolução das batalhas na Ucrânia, a Alemanha mostra que, mesmo em tempos de paz relativa, a modernização da defesa aérea não é opcional, é uma necessidade estratégica e inevitável.


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Argentina Reativa Estratégia Naval: Submarinos Scorpène e OPVs Redefinem Presença no Atlântico Sul

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Javier Milei trouxe a questão naval de volta ao centro das atenções. Em entrevista televisionada no dia 6 de novembro, o presidente argentino confirmou que os planos de modernização da Armada de la República Argentina estão em andamento, com encomendas firmes de submarinos da classe Scorpène e navios de patrulha oceânica (OPVs) à França. Segundo fontes próximas ao governo de Buenos Aires, o objetivo é restabelecer o controle marítimo nacional e reforçar a fiscalização contra a pesca ilegal, um problema que vem crescendo na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) argentina.

O anúncio marca a retomada de negociações iniciadas no final de 2024, e abre um debate sobre configuração, cronograma de entrega e capacitação da Marinha argentina. No núcleo do programa estão os submarinos Scorpène Evolved, fornecidos pela Naval Group. Para a Argentina, trata-se do retorno a uma capacidade submarina que havia sido praticamente abandonada após a aposentadoria dos TR-1700 e a prolongada indisponibilidade das unidades restantes.

Projetado para exportação, o Scorpène combina modularidade, propulsão independente de ar (AIIP), autonomia superior a 50 dias e tripulação reduzida, de cerca de trinta marinheiros. Seu sistema de combate SUBTICS, equipado com sonares de proa e laterais, além de armamentos como mísseis F21 e Exocet SM39, permite atuação tanto em guerra antissuperfície quanto antissubmarino. Analistas destacam que, mesmo com um número limitado de unidades, a presença de um submarino furtivo no Atlântico Sul cria uma dissuasão estratégica real, elevando o custo de qualquer ação oportunista na região.

No plano de superfície, os OPVs da classe OPV-90, com 87 metros de comprimento e pequenas necessidades logísticas, complementam a presença naval argentina. Equipados com RHIBs, drones e capacidade para operar helicópteros leves, esses navios permitem fiscalização, busca e salvamento, coleta de informações e monitoramento da ZEE, liberando unidades maiores para missões de maior envergadura. A integração com os Scorpène garante uma dupla operacional de grande efeito: presença constante na superfície e ameaça submersa permanente, criando um ambiente de incerteza para atores hostis.

Além do aspecto técnico, a Argentina enfrenta desafios de financiamento, treinamento e sustentação logística. Estima-se que o investimento total supere US$ 2 bilhões, conforme carta de intenções assinada no final de 2024. Analistas defendem que a execução rigorosa das fases de implantação, aliada à formação antecipada de tripulações e suporte em serviço, será determinante para que a Marinha argentina transforme sua capacidade intermitente em presença permanente e crível.

A iniciativa argentina também reforça a importância da cooperação regional. Com interoperabilidade com Brasil e Chile, países que já operam o Scorpène, Buenos Aires poderá contribuir para um controle mais robusto da guerra antissubmarino (ASW) no Atlântico Sul. A troca de informações marítimas e a integração operacional ampliam a segurança coletiva da região, fortalecendo a governança e a proteção de ativos estratégicos, como campos de energia offshore e cabos de comunicação submarinos.

Oportunidade Perdida pelo Brasil

Enquanto a Argentina avança, o Brasil mantém um papel de espectador estratégico. Os submarinos construídos no Complexo Naval de Itaguaí pelo ICN, fruto do PROSUB, representam uma oportunidade que poderia ter sido explorada comercialmente. Exportar submarinos ou oferecer suporte técnico a países vizinhos não apenas geraria receita e empregos, mas também consolidaria o Brasil como referência em tecnologia naval estratégica e presença regional, projetando influência sem a necessidade de militarização explícita. Ao optar por não explorar essas possibilidades, o país deixa de transformar sua capacidade latente em protagonismo geopolítico, permitindo que concorrentes regionais preencham o vazio estratégico deixado pelo gigante sul-americano.


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Editorial: O Brasil não é refém da soberania nuclear; antes, molda-a estrategicamente

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Nós trouxemos à tona um artigo provocador sobre o papel do Brasil no cenário nuclear global (“Brasil: Gigante Nuclear Refém da Própria Covardia"). Agora, somando ideias e capitais intelectuais, acadêmicos e construtivos de opinião, o especialista Leonan Guimarães apresenta um editorial que complementa e enriquece nossa visão, defendendo a soberania estratégica do país dentro do contexto institucional, tecnológico e diplomático. Essa convergência de perspectivas reforça o compromisso do GBN Defense em oferecer ao público um debate plural, informativo e saudável, aliando nossa análise à de especialistas de diferentes setores. O objetivo é não apenas discutir tecnologia e estratégia, mas também explorar as escolhas políticas e éticas que moldam o futuro nuclear do Brasil, tornando a reflexão crítica mais rica e fundamentada.

Confira o Editorial:

O artigo “Brasil gigante nuclear refém da própria covardia” publicado aqui, apresenta uma visão que, embora provocadora, peca por uma análise superficial dos vetores institucionais, tecnológicos e jurídicos que moldam a política nuclear brasileira. É necessário retomar o debate com rigor: o Brasil não está acorrentado por compromissos internacionais ou cleptocracias tecnológicas, mas avança com soberania consciente, e a narrativa contrária empobrece a compreensão da realidade.

A estrutura normativa é um ativo, não uma limitação

O texto do artigo argumenta que o cumprimento pelo Brasil de regimes de salvaguarda e de não proliferação configura “refém” de outros países. Essa premissa ignora que o Brasil aderiu voluntariamente ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), ao Tratado de Tlatelolco e ao arranjo bilateral Agência Brasileiro‑Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC) + Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) precisamente como estratégia de inserção no sistema internacional, construção de credibilidade e acesso a tecnologia, financiamento e parcerias — em vez de bloqueio. Conforme apontado por fontes acadêmicas, um regime de não proliferação robusto pode atuar como “plataforma de confiança” para cooperação nuclear civil. Assim, longe de “refém”, o Brasil possui uma base normativa que o habilita, e não o paralisa.

O “ciclo completo de urânio” será realidade — mas não o é ainda

O artigo sustenta que o Brasil hoje teria o ciclo completo do combustível nuclear, mineração, conversão, enriquecimento e fabricação, e que, por isso, estaria pronto para um salto rápido na militarização. Esse raciocínio falha por ignorar avanços tecnológicos chave que ainda estão em implementação e que dificultam qualquer mudança abrupta de paradigma.

Por exemplo, a etapa de conversão de urânio em hexafluoreto de urânio (UF₆), crítica para o enriquecimento, ainda depende de infraestrutura em desenvolvimento no país. Sem essa fase completamente industrializada e testada, falar em “capacidade militar em 4–6 anos” é mera especulação.

Ademais, a institucionalidade brasileira prevê salvaguardas específicas para qualquer material ou instalação que possa ser dual-use, o que impõe controles automáticos que o artigo não considera.

Comparações com Irã, Coreia do Norte e Israel carecem de pertinência

O artigo original compara o Brasil a países que têm trajetórias nucleares muito distintas, e que não participam ou participaram de regimes de verificação tão robustos como o nosso. Esses paralelos promovem alarmismo e subestimam a singularidade brasileira: participação simultânea em TNP, Tratado de Tlatelolco, ABACC e AIEA. Tal configuração é rara no mundo e confere ao Brasil uma margem de manobra diplomática, tecnológica e financeira que o artigo não reconhece.

Soberania estratégica é mais do que independência tecnológica imediata

O autor do artigo caracteriza como “submissão” o fato de o Brasil adotar obrigações multilaterais de controle nuclear. No entanto, soberania estratégica não se esgota em “fazer tudo sozinho”, ela se realiza também em “fazer certo, com credibilidade internacional, assegurando acesso a tecnologia, financiamento e parcerias”. A história recente mostra que países que optaram por rupturas abruptas foram penalizados por sanções, isolamento tecnológico e encarecimento de capitais. No caso brasileiro, a adesão responsiva aos regimes de não proliferação permitiu avanços como o programa de reator multipropósito (RMB) ou o projeto de submarino nuclear — elementos que incentivam autonomia progressiva, não dependência.

Onde há gargalos tecnológicos e financeiros, e não “capacidade de militarização iminente”

Há, claro, desafios reais: o atraso prolongado de obras como a da usina Angra 3, questões de financiamento e governança, a escala de investimentos necessários para construir novas usinas ou edificar uma cadeia industrial madura. Mas esses são desafios de execução, e não de doutrina ou de “dependência estrangeira” irreversível. O artigo confunde restrições orçamentárias e institucionais com “refém de outrem”.

Conclusão

O Brasil não é um gigante nuclear refém, mas um gigante em construção que escolheu uma rota de soberania responsável: aderindo a regimes internacionais, desenvolvendo tecnologia, estruturando governança. A narrativa simplista de que “obedecer é fraqueza” desconsidera que nossos compromissos, constitucionais, bilaterais, multilaterais, são parte da própria arquitetura de poder nacional. É chegado o momento de deixarmos de ver a regulação como obstáculo e reconhecermos que, bem utilizada, ela se converte em trampolim para autonomia, não como adiada indefinidamente, mas como construída passo a passo, com técnica, estratégia e credibilidade.


por Leonam dos Santos Guimarães -  Diretor Técnico da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares


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Leia também: Brasil: soberania estratégica ou potência adormecida? Uma resposta ao editorial sobre política nuclear

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Brasil: soberania estratégica ou potência adormecida? Uma resposta ao editorial sobre política nuclear

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O editorial recente que refutou a ideia de que o Brasil seria um “gigante nuclear refém” apresenta argumentos técnicos sólidos e destaca corretamente o avanço institucional, normativo e tecnológico de nosso país. Não há como negar: aderir voluntariamente ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), ao Tratado de Tlatelolco e ao arranjo ABACC+AIEA é uma demonstração de credibilidade internacional e compromisso estratégico. Esses instrumentos funcionam como plataformas de confiança, permitindo acesso a tecnologia, parcerias e financiamento.

No entanto, reconhecer essa realidade técnica e institucional não invalida a análise de que o Brasil vive um paradoxo estratégico: possui tecnologia de ponta e capacidade latente, mas escolhe limitar sua autonomia plena por opção política e diplomática. A distinção é sutil, mas essencial: não se trata de “refém” no sentido de impotência absoluta, mas de um gigante consciente de seu poder, que opta por não explorar imediatamente todo o potencial de dissuasão que detém.

O editorial enfatiza corretamente que o ciclo completo de urânio ainda não está totalmente operacional, especialmente na conversão de urânio em UF₆. Essa observação é válida e demonstra que qualquer transição para capacidade militar direta exigiria tempo, recursos e planejamento. Porém, isso não elimina a questão central: o Brasil possui infraestrutura, conhecimento e projetos estratégicos, como o PROSUB e o desenvolvimento de submarinos nucleares, que conferem ao país uma capacidade latente de dissuasão que nenhuma outra nação sul-americana possui. O ciclo industrial completo é uma questão de continuidade e investimento, não de impossibilidade.

Quanto às comparações internacionais, é verdade que Irã, Coreia do Norte e Israel têm trajetórias distintas, com graus variados de ambiguidade e violação de regimes internacionais. Mas o ponto do artigo original não era equiparar trajetórias, e sim destacar escolhas estratégicas. O Brasil, por opção consciente, escolheu a obediência como ferramenta de credibilidade, mas isso também significa abrir mão de manobras de poder que outros atores nucleares exploram com eficácia. Em outras palavras, a soberania estratégica brasileira é construída dentro de um tabuleiro cuidadosamente regulado, mas ainda assim limitada no potencial de ação imediata.

A soberania estratégica, como bem lembra o editorial, não se reduz a “fazer tudo sozinho”. Concordamos plenamente: poder sem credibilidade pode ser perigoso, e rupturas abruptas podem trazer sanções, isolamento e custos elevados. No entanto, não há como ignorar que, no contexto global atual, a capacidade de decisão autônoma e de projeção de poder é uma dimensão que o Brasil deliberadamente mantém adormecida. A escolha de priorizar diplomacia e regras internacionais é estratégica, mas também é uma forma de auto-limitação.

Portanto, a discussão não é sobre a inexistência de capacidade, mas sobre a opção política de não militarizar. O Brasil não é refém de tratados, mas sim um país que decidiu colocar limites à própria soberania plena em nome de estabilidade e prestígio internacional. Essa é uma escolha consciente, ética e estratégica, mas que gera um paradoxo evidente: somos admirados por nossa disciplina e responsabilidade, mas não exercemos o poder que já temos.

O desafio do Brasil é, então, equilibrar credibilidade, ética e autonomia. Podemos continuar investindo em tecnologia nuclear, fortalecer o PROSUB e ampliar o conhecimento científico, mantendo a postura pacifista e responsável, mas ao mesmo tempo, refletir sobre como transformar capacidade latente em poder estratégico efetivo, mesmo dentro dos marcos legais e normativos.

A grande provocação que se mantém é clara: até quando o Brasil continuará a obedecer normas externas e limitar sua própria autonomia, mesmo possuindo todos os instrumentos para projetar soberania regional e global? O país construiu um arsenal de conhecimento, tecnologia e infraestrutura que o torna único no Hemisfério Sul. Reconhecer isso não é alarmismo; é analisar honestamente a diferença entre capacidade técnica e decisão política.

Em resumo, nosso país não é refém, mas tampouco é pleno protagonista. O Brasil escolheu uma rota de soberania consciente, com ganhos claros de credibilidade e parcerias estratégicas. Mas a pergunta que permanece, provocadora e necessária, é: até quando continuaremos a ser gigantes adormecidos, admirados pelo que temos, mas limitados pelo que escolhemos não usar?

O futuro estratégico do Brasil depende, acima de tudo, de uma reflexão sobre ética, poder e protagonismo. Cumprir tratados e fortalecer governança é essencial, mas saber quando e como jogar com todas as peças do tabuleiro global é o verdadeiro teste de soberania. O gigante brasileiro está acordando lentamente, resta decidir se terá coragem de realmente jogar.


por Angelo Nicolaci


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Artigo - “Brasil: Gigante Nuclear Refém da Própria Covardia”

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O Brasil, ao longo do século XX, construiu um programa nuclear de ponta, com capacidade tecnológica que, em muitos aspectos, rivaliza com países que possuem armas nucleares. No entanto, o país optou por um caminho de obediência internacional, priorizando tratados e diplomacia em detrimento da soberania estratégica. Esse paradoxo, entre potencial técnico e limitação política, define a narrativa nuclear brasileira, revelando a tensão entre capacidade e escolha, entre poder e prudência.

O interesse do Brasil pela energia nuclear começou na década de 1940, com estudos científicos e o envio de pesquisadores ao exterior. Durante o governo de Juscelino Kubitschek, o país assinou acordos com os Estados Unidos e a Alemanha Ocidental para desenvolver reatores nucleares civis e tecnologia de urânio, estabelecendo a base para a autonomia tecnológica que se consolidaria nas décadas seguintes. Esses passos iniciais foram fundamentais para criar uma infraestrutura científica e industrial que mais tarde permitiria ao país trilhar caminhos estratégicos mais ousados.

Nos anos 1970, sob o regime militar, o programa nuclear ganhou impulso estratégico e técnico. Entre 1975 e 1988, o Brasil:

  • Desenvolveu tecnologias próprias de enriquecimento de urânio por via ultracentrifugação;

  • Criou as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e investiu em mineração de urânio em Poços de Caldas e Lagoa Real;

  • Estabeleceu parcerias internacionais, incluindo com a Alemanha, visando à construção de usinas civis (Angra 1 e 2) e à capacitação industrial.

Embora nunca tenha declarado intenções militares, o programa brasileiro era tecnicamente e estrategicamente capaz de avançar em qualquer direção, criando o que especialistas chamam de capacidade latente de dissuasão. Como observa o físico e especialista em política nuclear José Goldemberg: “O Brasil tinha, nos anos 1980, tecnologia para produzir armas nucleares se decidisse. A opção foi política, não técnica.”

Atualmente, o Brasil possui:

  • Ciclo completo de urânio: mineração, conversão, enriquecimento e fabricação de combustível nuclear;

  • Reatores civis avançados, incluindo Angra 1 e 2, e pesquisa em reatores compactos de propulsão naval;

  • PROSUB, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos Nucleares, que integra engenharia nuclear e tecnologia de propulsão embarcada, uma capacidade rara no hemisfério sul;

  • Capacidade latente de armamento nuclear, estimada em 4 a 6 anos, caso haja decisão política de militarização.

Essa infraestrutura coloca o Brasil em posição singular: tecnicamente apto, mas politicamente limitado. Ao aderir a tratados como o Tratado de Não Proliferação Nuclear e cooperar com a Agência Internacional de Energia Atômica, o país optou por priorizar aceitação internacional sobre soberania plena, garantindo prestígio, mas limitando sua liberdade de ação estratégica.

O contraste com outros países é evidente. Israel mantém arsenal não declarado e aposta na ambiguidade estratégica e na dissuasão. A Coreia do Norte desenvolve armas nucleares como instrumento de barganha e sobrevivência. O Irã mantém um programa civil com capacidade latente de militarização, utilizando a ambiguidade como ferramenta política. Enquanto esses países usam o nuclear como instrumento direto de poder e influência, o Brasil limita sua autonomia estratégica em nome da diplomacia e da boa vontade externa. Surge, assim, um paradoxo inquietante: tecnologia de ponta e submissão política coexistindo no mesmo território. A pergunta que se impõe é inevitável: o Brasil será eternamente um espectador obediente no cenário nuclear global, ou está pronto para converter sua capacidade latente em soberania real?

Nos últimos vinte anos, a proliferação nuclear global consolidou-se como fator central de poder e dissuasão. Estados Unidos, Rússia, China, Índia, Paquistão, França, Reino Unido e Coreia do Norte fortaleceram seus arsenais, enquanto o Irã avançou sob supervisão internacional rigorosa. O Brasil, apesar de possuir tecnologia, recursos estratégicos e know-how industrial, permaneceu relativamente estático, refém de escolhas políticas que priorizam conforto diplomático sobre autonomia estratégica.

Especialistas brasileiros em defesa e geopolítica destacam que o atraso nuclear do país não é apenas técnico, mas sobretudo político e institucional. Um professor de Relações Internacionais aponta que o Brasil poderia ter se tornado uma potência nuclear regional, mas decisões históricas, limitações externas e temor interno o mantiveram na posição de observador. O país detém tecnologia avançada, incluindo ciclo completo de urânio e domínio sobre o PROSUB e submarinos nucleares, mas permanece limitado por barreiras políticas e pela percepção de risco internacional, um verdadeiro tubarão sem dentes, admirado, mas sem impacto estratégico concreto.

O dilema central é provocativo: o Brasil abriu mão de sua autonomia estratégica para evitar conflitos diplomáticos ou sanções econômicas? E mais: o que ganhamos, em um mundo onde países que desafiaram potências consolidadas conseguiram afirmar influência regional e global?

Comparativo internacional: poder, dissuasão e escolha

Coreia do Norte: Pyongyang ilustra como o nuclear pode ser usado como ferramenta de sobrevivência e barganha. Desde os anos 1990, desenvolve armas nucleares e mísseis balísticos intercontinentais, cada teste calculado para enviar sinais à comunidade internacional e, principalmente, aos Estados Unidos. O SIPRI observa: “A Coreia do Norte desenvolveu sistematicamente armas nucleares para dissuadir ameaças percebidas.” Cada demonstração é política, estratégica e psicológica, mesmo sendo pequena e isolada, a Coreia do Norte projeta poder real de negociação.


Irã: Mantém programa civil com capacidade latente de militarização. A ambiguidade estratégica permite negociar sanções, consolidar influência regional e manter atenção global. A Agência Internacional de Energia Atômica confirma: “O Irã desenvolveu tecnologia nuclear que, embora civil, poderia ser adaptada para fins militares, se desejado.” Comparado ao Brasil, o Irã explora o silêncio estratégico como arma, enquanto o país opta pela visibilidade normativa.

Israel: Não assina o Tratado de Não Proliferação Nuclear e mantém arsenal não declarado. A lógica é clara: a incerteza estratégica é sua maior arma. O Instituto Nacional de Segurança de Israel afirma: “O país construiu poder regional confiável por meio da ambiguidade estratégica e da superioridade tecnológica.” Segredo e tecnologia garantem dissuasão, influência regional e liberdade de ação, uma lição sobre como não falar pode ser mais estratégico do que obedecer.

Brasil: o gigante que escolheu não jogar. Possuímos tecnologia de ponta, ciclo completo de urânio, capacidade de produção de combustível e o PROSUB, mas seguimos optando pela obediência normativa. Como disse Celso Amorim: “O Brasil defende um mundo sem armas nucleares, e seu papel internacional é promover a paz.” Nossa escolha nos posiciona como gigante técnico, politicamente subordinado, capaz de se afirmar, mas preferindo obedecer.

O dilema brasileiro: ética, poder e soberania

O Brasil possui todas as peças para atuar estrategicamente no cenário nuclear global, mas escolhe não jogar. A limitação não é tecnológica: é política. Entre os fatores que restringem nossa ação estão: o Tratado de Não Proliferação Nuclear e outros tratados internacionais, a fiscalização da Agência Internacional de Energia Atômica, pressão de potências globais, custos financeiros e sociais da militarização e debates internos sobre ética, imagem internacional e responsabilidade estratégica. Cada escolha de obediência fortalece nossa reputação pacifista, mas reduz poder de influência real. O país poderia ser protagonista regional, mas prefere seguir regras alheias. O dilema é claro: dissuasão regional versus aceitação internacional. Militarizar implicaria assumir autonomia e barganha estratégica, mas com riscos políticos e econômicos elevados. Permanecer obediente mantém prestígio, mas limita nossa capacidade de decisão.

O Brasil caminha, assim, entre ética, poder e soberania. Cada decisão sobre o programa nuclear define se continuaremos espectadores do jogo global ou se acordaremos e assumiremos protagonismo estratégico, projetando todo o poder que já possuímos.

Cenários futuros: protagonismo ou obediência

O futuro do Brasil no tabuleiro nuclear é uma história de escolhas. Submarinos nucleares, ciclo completo de urânio, centros de pesquisa e indústria estratégica — tudo pronto. Mas seguimos obedientes, pacifistas e normativos.

O caminho atual garante prestígio, credibilidade internacional, investimentos e parcerias, mas limita influência e dissuasão. Dissuasão latente e ambiguidade estratégica aumentariam autonomia regional e capacidade de influência silenciosa, exigindo habilidade diplomática para equilibrar poder e percepção externa. A militarização total transformaria o Brasil em protagonista global, capaz de influenciar decisões estratégicas internacionais, mas com custo político e econômico elevado, incluindo risco de sanções e isolamento. Em todos os cenários, o dilema é ético e estratégico. O Brasil tem as peças do xadrez nuclear, mas escolhe não jogá-las. Cada decisão molda não apenas a dissuasão, mas também papel e legado internacional.

O Brasil vive um paradoxo que poucas nações conhecem: tecnologia, conhecimento e capacidade industrial para se afirmar como potência nuclear, mas escolha deliberada de pacifismo e obediência. É um gigante admirado, mas adormecido, refém da própria ética normativa, enquanto outros atores usam o nuclear como moeda de poder e barganha. A grande provocação permanece: até quando continuaremos a obedecer ao jogo global, limitando nosso próprio potencial? Até quando aceitaremos ser espectadores da geopolítica? O gigante brasileiro poderia acordar, exercer todo o poder que já possui e se tornar referência em autonomia estratégica, ou permanecer admirado por sua disciplina, mas impotente para afirmar soberania plena quando o cenário exigir. O mundo observa, e o tempo não espera.


por Angelo Nicolaci


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quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Marinha realiza exercício em Iperó (SP) para aprimorar Defesa NBQR e segurança física nuclear

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A Marinha do Brasil realizou, entre 3 e 7 de novembro, a 6ª edição do exercício voltado ao fortalecimento da capacidade de resposta do Sistema de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR) e ao aperfeiçoamento dos procedimentos de segurança física nuclear. A atividade ocorreu no Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), em Iperó (SP), sob organização do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), reunindo militares e servidores civis de diversas organizações militares e instituições parceiras do setor nuclear brasileiro.

O exercício teve como foco avaliar e aprimorar protocolos de prevenção, detecção e resposta a incidentes NBQR, além de testar a eficácia das medidas de proteção física de materiais e instalações nucleares. Para as atividades, foi constituído um Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, coordenado pelo Comando de Proteção e Defesa NBQR da Marinha, com participação de meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, do Rio de Janeiro, e do 3º Batalhão de Proteção e Defesa NBQR de Brasília.

Ao longo da semana, foram conduzidas simulações de emergências radiológicas e químicas, exercícios de contenção de vazamentos, atendimento médico em áreas contaminadas, procedimentos de descontaminação e neutralização de ameaças cibernéticas. Os treinamentos também contemplaram ações de segurança física nuclear, com reforço de barreiras, controle de acesso a áreas sensíveis, desativação de artefatos explosivos, resposta a intrusão e sabotagem, controle de distúrbios e atividades de Operações de Informação.

Mais de 500 militares e civis participaram do adestramento, que contou, de forma inédita, com a presença de observadores da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) e do Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE), órgão vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

O Diretor do CTMSP, Vice-Almirante (EN) Celso Mizutani Koga, destacou a evolução do exercício nesta edição. “O exercício de 2025 evidencia a contínua evolução da Marinha na integração das áreas de defesa NBQR e segurança física nuclear, por meio da validação de protocolos de resposta a emergências radiológicas, químicas e cibernéticas, da aplicação rigorosa de medidas de proteção física e do aprimoramento da interoperabilidade entre diversos setores da Marinha. Esta atividade reforça o compromisso institucional com a proteção de pessoas, instalações estratégicas e meio ambiente, fortalecendo a prontidão operacional e a excelência tecnológica da Marinha do Brasil.”

O Comandante de Proteção e Defesa NBQR da Marinha, Contra-Almirante (FN) Roberto Lemos, ressaltou o emprego integrado das capacidades dos batalhões especializados. “O Adestramento de Proteção e Defesa NBQR, sob coordenação do Centro Tecnológico, alcançou o propósito de aprimorar a capacidade de apoiar a Resposta Integrada a Emergências (‘Safety and Security’) na área nuclear. Em sua sexta edição foram utilizadas também as estruturas da Secretaria Naval de Segurança Nuclear, por meio do Sistema do Centro de Acompanhamento de Respostas a Emergências Nucleares e Radiológicas Navais (SisCARE). Digno de mencionar o inédito emprego dos 1°, 2° e 3° Batalhões de Proteção e Defesa NBQR de forma integrada, que reforçou ou incrementou as atuais capacidades para a segurança das instalações nucleares.”

O exercício reforça a continuidade dos esforços da Marinha para assegurar a proteção física, operacional e tecnológica das instalações nucleares, consolidando a prontidão das equipes e a interoperabilidade entre as instituições que integram o Sistema de Defesa NBQR, alinhado às diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa.

O Sistema de Defesa NBQR da Marinha

O Sistema de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica da Marinha é responsável por prevenir, detectar e responder a incidentes envolvendo agentes NBQR, protegendo pessoal, instalações estratégicas e o meio ambiente. Composto por unidades especializadas, equipes de pronto emprego, laboratórios e equipamentos de monitoramento, atua de forma integrada com órgãos civis e militares, incluindo o Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON), e combina ações de prevenção, resposta e desenvolvimento científico e tecnológico.

Programa Nuclear da Marinha e PROSUB

O Programa Nuclear da Marinha (PNM) tem como objetivo o domínio completo do ciclo do combustível nuclear, desde a produção e enriquecimento de urânio até a operação segura de reatores para propulsão naval. O Programa de Submarinos (PROSUB), desenvolvido em parceria com a França, integra esse esforço ao prever a construção de submarinos convencionais e do futuro Submarino com Propulsão Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA), que utilizará o reator desenvolvido pelo CTMSP. O PROSUB fortalece a soberania marítima e impulsiona o desenvolvimento científico, tecnológico e industrial do país.


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com Marinha do Brasil


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Condor fortalece as capacidades operacionais da Marinha do Brasil com entrega de novos equipamentos não letais no âmbito do PANL

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A Condor Tecnologias Não Letais, empresa brasileira que integra o conglomerado de defesa dos EAU, EDGE Group, alcançou mais um marco importante no fortalecimento das capacidades operacionais das Forças Armadas. No dia 28 de outubro, a companhia realizou a entrega de um conjunto de equipamentos e munições não letais ao Centro de Avaliação da Ilha da Marambaia (CADIM), organização militar da Marinha do Brasil.

A iniciativa faz parte do Programa de Armas Não Letais (PANL) e é resultado da parceria institucional entre o Comando do Material de Fuzileiros Navais (CMatFN) e a Condor. O Batalhão de Polícia de Fuzileiros Navais (BtlPolFuzNav) apoiou a ação, sendo responsável pela transferência dos materiais e pela condução do treinamento técnico junto aos militares do CADIM. A capacitação reforça a doutrina de emprego responsável e proporcional da força, princípio central no uso de tecnologias não letais em operações militares e de segurança.

Durante a entrega, o Chief Operating Officer (COO) da Condor, Luiz Monteiro, destacou o papel estratégico da iniciativa para a ampliação das capacidades nacionais e o fortalecimento institucional das Forças Armadas. “O fortalecimento contínuo das instituições brasileiras por meio de tecnologias nacionais, aliadas a treinamento e doutrina, é parte da nossa missão de preservar vidas e apoiar o emprego seguro da força. É uma honra contribuir para o preparo operacional dos Fuzileiros Navais neste importante Programa”, afirmou.

O Programa de Armas Não Letais (PANL) tem caráter estruturante e visa consolidar o uso de tecnologias não letais no âmbito das Forças Armadas, alinhando o Brasil às melhores práticas internacionais e reforçando o compromisso do país com o uso progressivo e proporcional da força.

Com mais de quatro décadas de atuação e presença consolidada em mais de 80 países, a Condor é referência global em soluções não letais e um exemplo da capacidade da indústria nacional de defesa. A empresa segue comprometida com o desenvolvimento tecnológico, a soberania do Brasil e a preservação da vida, contribuindo diretamente para a modernização e o preparo das instituições brasileiras.


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KC-390 da FAB realiza lançamento inédito de paraquedistas a 33 mil pés e consolida salto tecnológico e operacional brasileiro

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A Força Aérea Brasileira (FAB) alcançou um marco inédito ao realizar, com a aeronave multimissão KC-390 Millennium, o primeiro lançamento de paraquedistas a 33 mil pés de altitude, cerca de 10 quilômetros. A operação foi conduzida pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) entre os dias 20 e 30 de outubro, na Base Aérea de Anápolis (BAAN), e representa um avanço significativo na consolidação da capacidade do Brasil em executar missões de infiltração aérea em grandes altitudes.

Integrada ao contexto da Operação Zeus 2025 – Fase ASSAET, a missão teve foco no emprego do sistema High Altitude Low Opening (HALO), técnica utilizada em ações especiais que exigem discrição, precisão e elevada resistência física. O objetivo principal foi validar o sistema de fornecimento de oxigênio do KC-390 para pilotos e tripulantes durante voos despressurizados em altitudes elevadas, etapa essencial para o emprego do Salto Livre Operacional (SLOP) e para lançamentos de cargas em níveis próximos ao teto operacional da aeronave.

Os ensaios confirmaram a plena capacidade do KC-390 para operações de assalto aeroterrestre em condições extremas, reforçando seu papel como plataforma estratégica de transporte e sustentação da FAB. O feito também evidencia o amadurecimento tecnológico do vetor e consolida o protagonismo da indústria nacional, por meio da Embraer.

A avaliação foi coordenada pela Gerência Técnica do Projeto KC-390 do DCTA, com planejamento e execução conduzidos pelo Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV). A missão contou com a participação de tripulações do 1º Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT – Esquadrão Zeus) e do 1º Esquadrão do 1º Grupo de Transporte (1º/1º GT – Esquadrão Gordo), além de paraquedistas do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (PARA-SAR) e especialistas da Embraer.

Por se tratar de uma operação de alto risco, médicos acompanharam o voo para monitorar as condições fisiológicas dos militares em ambiente extremo, com temperaturas abaixo de –40°C e aeronave despressurizada. O suporte sanitário assegurou total segurança aos participantes.

Segundo o Major Aviador Bruno Cândido de Paula, Engenheiro de Provas do IPEV, o ensaio reforça o grau de maturidade técnica do instituto. Ele destacou que o trabalho conjunto entre pilotos, engenheiros, tripulações operacionais e paraquedistas conferiu singularidade à avaliação.

O Major de Infantaria José Ivan Pedroza Bezerra Ribeiro, do PARA-SAR, destacou que o salto livre operacional em condições extremas amplia a capacidade da FAB e do próprio esquadrão em missões de infiltração aérea de alta complexidade, aumentando a prontidão da Força para cenários reais.

Para o Capitão Aviador Bruno Campanaro da Silva, do 1º GTT, o resultado simboliza um grande avanço operacional. Em suas palavras, o lançamento a 33 mil pés representa mais do que um recorde: consolida uma capacidade há muito almejada, demonstrando o elevado preparo das equipes e o desempenho do KC-390 operando próximo ao limite de sua capacidade.

O feito reforça a evolução tecnológica e operacional da Força Aérea Brasileira na condução de missões especiais, ao mesmo tempo em que consolida o KC-390 Millennium como um vetor de classe mundial, capaz de atuar em operações de transporte tático, infiltração aeroterrestre e apoio humanitário sob condições extremas. 


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com FAB

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EsIE forma novos especialistas em DQBRN, com destaque para primeira Oficial DQBRN da linha bélica da AMAN e presença internacional

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A Escola de Instrução Especializada (EsIE) realizou, nos dias 5 e 6 de novembro, as cerimônias de diplomação e formatura de mais uma turma do Curso de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear para Oficiais (DQBRN), consolidando seu papel como centro de excelência na capacitação de militares para atuação em cenários de alta complexidade e sensibilidade estratégica.

A qualificação prepara oficiais para comandar frações especializadas, planejar e coordenar ações preventivas e de resposta diante de incidentes envolvendo agentes químicos, biológicos, radiológicos ou nucleares. Além de formar especialistas operacionais, o curso tem caráter multiplicador, capacitando instrutores aptos a difundir conhecimento técnico e científico no âmbito da Força Terrestre.


Na edição de 2024, 19 oficiais concluíram o treinamento: 18 brasileiros e um militar do Exército do Senegal, reforçando o intercâmbio internacional e o reconhecimento da expertise brasileira na área. Entre os formandos, um marco histórico: a primeira oficial da Linha de Ensino Militar Bélico, formada pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), a obter o título de Oficial DQBRN, avanço simbólico e concreto na representatividade feminina em uma das áreas mais especializadas da Força.

A solenidade de diplomação, realizada no primeiro dia, incluiu o tradicional descerramento da placa da turma, ato que registra para a memória institucional a conclusão do curso e o legado deixado pelos novos especialistas.

No dia seguinte, ocorreu a formatura, presidida pelo General de Divisão Giovani Moretto, Comandante da 1ª Região Militar e oficial general detentor do Curso DQBRN. O retorno à EsIE teve significado especial: há 30 anos, o general também se formava naquele mesmo curso. Em sua fala, Moretto resgatou momentos marcantes da evolução da defesa DQBRN no Brasil, citando o acidente radiológico com o Césio-137, em 1987, e as lições da pandemia de COVID-19 como capítulos que demonstram a relevância e a necessidade de constante aperfeiçoamento na área.

O general destacou que as futuras demandas da especialidade exigirão preparo contínuo e atualização permanente. “Sorte é quando a oportunidade encontra o preparado”, afirmou, incentivando os novos oficiais a buscarem evolução profissional e acadêmica dentro e fora do país.

Moretto parabenizou ainda o Comandante da EsIE, Coronel Fedozzi, pela condução do curso e pelo trabalho da Escola na formação de especialistas altamente capacitados. Reconheceu o empenho dos formandos e agradeceu às famílias pelo apoio essencial durante a jornada de estudos e desafios.

A conclusão da turma reforça a posição da EsIE como referência nacional em ensino militar especializado. Com rigor técnico, embasamento científico e sólidos valores militares, a instituição segue preparada para formar profissionais capazes de proteger o Exército e a sociedade frente a ameaças DQBRN, cujo impacto e importância se tornam cada vez mais presentes no cenário global.


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com Exército Brasileiro

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Exército realiza novo ensaio de qualificação do míssil anticarro brasileiro MAX 1.2 AC no CAEX

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O Exército Brasileiro avançou mais uma etapa no processo de qualificação do míssil nacional MAX 1.2 AC, durante uma atividade de tiro realizada entre os dias 21 e 24 de outubro, no Centro de Avaliações do Exército (CAEX). O exercício contou com a participação do Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e da SIATT, empresa responsável pelo desenvolvimento e fabricação do sistema.

O ensaio integrou a campanha de testes prevista para a entrega do lote inicial de munições adquirido pelo Comando Logístico (COLOG). Nesta fase, foi conduzido um lançamento telemétrico voltado à qualificação de fornecedores de componentes e subsistemas, buscando comprovar a manutenção do desempenho e da conformidade técnica mesmo com a integração de materiais de diferentes origens. Esse tipo de teste é essencial para assegurar a padronização e confiabilidade do sistema em produção seriada.

O MAX 1.2 AC é um míssil antitanque superfície–superfície de médio alcance, composto por um vetor encapsulado em seu tubo de lançamento e uma unidade portátil de tiro. Projetado para emprego por unidades de Infantaria e Forças de Operações Especiais, o sistema foi submetido a rigorosos testes no CAEX e homologado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), atendendo plenamente aos requisitos técnicos estabelecidos pelo Exército Brasileiro.


Adotado oficialmente pela Força em julho de 2025, o míssil consolidou-se como o principal sistema nacional para enfrentamento de alvos blindados. Seu desenvolvimento representa um marco estratégico para o país, por ser integralmente concebido e produzido no Brasil, um avanço direto para a autonomia tecnológica, o fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID) e o aumento da capacidade dissuasória do Exército.

A campanha no CAEX também marcou um momento histórico: em 24 de outubro, a 1º Tenente Beatriz Luberiaga Bezerra, engenheira militar da Seção de Mísseis e Foguetes do CTEx, realizou um lançamento real com o MAX 1.2 AC, tornando-se a primeira mulher no Exército Brasileiro a operar o sistema em um disparo real. O feito simboliza não apenas um avanço tecnológico, mas também o progresso contínuo na representatividade feminina em áreas de alta especialização no setor de defesa.

Com a fase de qualificação avançando, o míssil MAX 1.2 AC aproxima-se de entrar em operação em larga escala, reforçando o compromisso do Exército com a modernização de seus sistemas de armas e com a consolidação de soluções de defesa produzidas em território nacional.


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com Exército Brasileiro

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EUA buscam instalar base militar em Damasco até o fim do ano, mas governo sírio nega acordo

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Um possível acordo para que os Estados Unidos estabeleçam uma presença militar em Damasco, capital da Síria, até o final de 2025, veio à tona nesta quinta-feira após uma reportagem da Reuters citar fontes ligadas às negociações. A medida marcaria uma mudança significativa na atuação americana no país, onde Washington mantém atualmente apenas uma base no sudeste do território, instalação que opera sem autorização oficial do governo sírio e é alvo de críticas de Moscou, que alega que o local se tornou um “refúgio para grupos terroristas”.

De acordo com a agência, o plano estaria vinculado a um pacto de não agressão entre o novo governo sírio e Israel. O acordo, mediado pelos Estados Unidos, incluiria a criação de uma zona desmilitarizada no sul da Síria, com o objetivo de reduzir tensões na fronteira e limitar ações de facções armadas que desafiam o controle central.

Fontes militares citadas pela Reuters afirmam que a instalação americana em Damasco não teria perfil de base de combate direto, mas sim funções voltadas para logística, vigilância, reabastecimento e operações humanitárias. Segundo essas fontes, a Síria manteria “total soberania” sobre o local. Washington estaria pressionando pela formalização do acordo antes de uma possível visita do atual líder sírio, Ahmed al-Sharaa, aos Estados Unidos.

As informações surgem após a visita do comandante do Comando Central dos EUA (CENTCOM), almirante Brad Cooper, a Damasco em setembro. Embora as declarações oficiais divulgadas após o encontro tenham sido vagas, mencionando apenas “cooperação política e militar em prol da estabilidade regional”, fontes indicam que o tema da possível instalação americana e de garantias envolvendo Israel esteve entre os pontos discutidos.

O contexto interno sírio permanece volátil desde a queda do presidente Bashar al-Assad no ano passado. A ascensão ao poder de Ahmed al-Sharaa, ex-líder do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), onde era conhecido como Abu Mohammad al-Julani, mergulhou o país em um período de instabilidade e conflitos entre forças governistas e grupos minoritários. Facções islamistas têm realizado ataques frequentes contra comunidades alauítas, cristãs, curdas e drusas, intensificando tensões sociais e sectárias.

A situação dos drusos, em particular, motivou Israel a intervir militarmente na zona-tampão próxima às Colinas de Golã, alegando necessidade de proteger a minoria e impedir ações hostis ao longo da fronteira. O episódio aumentou ainda mais o peso geopolítico das negociações envolvendo Washington, Tel-Aviv e Damasco.

Poucas horas após a divulgação da matéria, o Ministério das Relações Exteriores da Síria negou as informações, classificando-as como “falsas” em nota à agência estatal SANA. O pronunciamento, porém, não esclareceu quais pontos do relatório seriam incorretos, afirmando apenas que “trabalhos estão em andamento para transferir para Damasco as parcerias e entendimentos firmados com entidades provisórias”.

Com versões divergentes, o possível acordo segue envolto em dúvidas, mas caso confirmado, significaria um realinhamento estratégico sem precedentes na Síria pós-Assad, aproximando o novo governo de Washington e mudando a dinâmica regional no Oriente Médio.


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com Reuters

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Suécia avalia financiar venda de até 150 caças Gripen E para a Ucrânia em acordo histórico

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A Suécia e a Ucrânia avançam nas negociações para um acordo considerado potencialmente o maior da história da indústria aeronáutica sueca, envolvendo a possível aquisição de até 150 aeronaves Gripen E pela Força Aérea Ucraniana. Segundo o ministro da Defesa da Suécia, Pal Jonson, parte do pacote poderá ser financiado por Estocolmo por meio de mecanismos de ajuda militar, exportação e fundos internacionais.

O plano surge após a assinatura, em outubro, de um acordo de cooperação de longo prazo entre os dois países, incluindo defesa aérea e a possibilidade de exportação de aeronaves de combate de quarta geração para Kiev. Caso confirmado, o contrato representará a maior encomenda de caças produzidos pela Saab.

Embora o valor estimado do acordo não tenha sido revelado, a negociação atrai atenção devido ao alto custo envolvido. Para referência, a venda de quatro aeronaves Gripen para a Tailândia no terceiro trimestre foi avaliada em 5,3 bilhões de coroas suecas (aproximadamente US$ 563 milhões), o que levanta questionamentos sobre a capacidade financeira de Kiev para uma compra em escala tão ampla.

Pal Jonson reconhece que a capacidade da Ucrânia de financiar os caças com seu orçamento pós-guerra será um dos pontos centrais da proposta. Contudo, reforça que o pacote poderá ser estruturado com diferentes fontes de financiamento, o que inclui:

• créditos à exportação
• utilização de ativos russos congelados na Europa
• recursos do plano sueco de apoio militar à Ucrânia, que prevê 40 bilhões de coroas suecas em 2026 e outros 40 bilhões em 2027

O ministro afirmou ainda que o plano foi apresentado à chamada “coalizão dos dispostos”, grupo de 16 países europeus que apoia financeiramente o esforço de guerra da Ucrânia contra a Rússia. Países envolvidos na cadeia industrial do Gripen também podem contribuir, dado o interesse direto na expansão do programa, já que o caça utiliza motores da norte-americana General Electric e vários componentes fabricados no Reino Unido.

A Suécia tem intensificado a pressão para que a União Europeia autorize o uso de aproximadamente 200 bilhões de euros em ativos russos congelados para financiar o apoio militar à Ucrânia, incluindo o projeto de aquisição dos Gripen.

O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, declarou recentemente que o acordo é “muito realista”, embora ainda exija avanços nas negociações. Caso seja firmado, as primeiras entregas poderiam ocorrer em cerca de três anos. A Saab, por sua vez, disse estar preparada para ampliar a produção do caça e avalia parcerias industriais com Ucrânia, Canadá e outros países, inclusive para complementar a linha de montagem existente no Brasil.

Reconhecido por analistas como uma alternativa de menor custo em relação aos caças de quinta geração, como o F-35, o Gripen E vem ganhando espaço como opção para países que buscam modernização com menores custos operacionais. A visita do primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, a Estocolmo nesta quinta-feira deverá dar continuidade às negociações e à construção de um modelo de financiamento multilateral para viabilizar o acordo.


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com Reuters

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