terça-feira, 8 de agosto de 2017

MB-3 "Tamoyo" - Uma oportunidade desperdiçada

A indústria de defesa brasileira sempre foi criativa e inovadora, apesar dos poucos ou inexistentes incentivos do governo, a nossa indústria já conseguiu criar projetos de qualidade e que muitas das vezes foram abandonados ou tratados com total descaso por parte de nosso governo "míope" e suas estratégias "mirabolantes" em relação a manutenção das capacidades de defesa do Brasil.

Dentre os projetos que ficaram apenas no desenvolvimento, podemos citar vários, como já fizemos aqui no GBN News em um especial sobre alguns dos mais bem sucedidos projetos da finada ENGESA e suas "víboras", além do MBT "Osório", agora chegou a hora de falarmos um pouco sobre o Bernardini MB-3 "Tamoyo".

M41C "Caxias" ponto de partida do "Tamoyo"
Nascido a partir do projeto da brasileira Bernardini, o MB-3 "Tamoyo" era um derivado direto do americano M41, incorporando novas tecnologias e armado com um canhão de 90mm ou 105 mm. O projeto mantinha as características do M41 que era então muito apreciado pelo Exército Brasileiro. O protótipo guardava algumas semelhanças, como a suspensão e trem de rolamento, que apesar de sofrer algumas modificações, era o mesmo presente nos vetustos M41, além de vários outros componentes utilizados no novo blindado médio brasileiro.

X-30 protótipo que se tornou o "Tamoyo"
O "Tamoyo" teve seu projeto iniciado nos meados de 1982, primeiramente denominado X-30, o qual visava atender aos requisitos do Exército Brasileiro, os quais haviam muitas limitações devido as características das rodovias e estradas de ferro brasileiras, as quais representavam um fator limitante nas dimensões e peso para um blindado de emprego pelas forças brasileiras.

Os primeiros protótipos do "Tamoyo" ganharam forma em 1984, quando foi apresentado o "Tamoyo I", como foi designado o primeiro protótipo. O mesmo apresentava suspensão por barras de torção, equipado com motor Scania DSI14 com 550hp, transmissão Alisson CD-500-3 a mesma que equipava os M41C, atendendo á um requisito do Exército Brasileiro, sua torre estava armada com um canhão M32 de 90mm oriundo do M41 e o mecanismo de giro da torre nacional, possuía blindagem leve e baixa silhueta.

"Tamoyo I"
Após algumas avaliações no "Tamoyo I", foi desenvolvido e apresentado um segundo protótipo, o qual havia recebido alguns melhoramentos e modificações em relação ao primeiro protótipo com fins de atender ao mercado de exportação, o qual na época era ávido pelos produtos de defesa brasileiros. Conhecido como "Tamoyo II", essa versão havia sido adaptada ao mercado internacional, tendo incorporado ao projeto uma nova transmissão GE HMPT-500-3, mesma que equipavam os M-2 Bradley norte americanos, porém o motor permaneceu sendo o Scania DSI14 de 550hp. o armamento previsto para tal versão seria um canhão de 105mm, porém, o mesmo acabou recebendo M32 de 90mm, oriundo do M41C "Caxias".

O último protótipo apresentado, foi com certeza o que melhor representou o avanço do programa brasileiro, com o projeto tendo amadurecido muito e abandonando muito dos conceitos anteriores e adotando um designer moderno, assim como novos sistemas que tornariam o MB-3 "Tamoyo" um blindado de "respeito". Essa variante ficou conhecida como "Tamoyo III", recebeu inúmeros aperfeiçoamentos, sendo facilmente diferenciado dos protótipos anteriores. O novo protótipo do "Tamoyo" passava a incorporar modernas tecnologias que estava ausentes nas primeiras variantes, como blindagem composta de aço e cerâmica, telêmetro laser, sistema de visão noturna e térmica, direção de tiro computadorizada, torre estabilizada para tiro em movimento. O armamento que a torre da nova versão tinha recebido, abandonou o velho M32 de 90mm, que deu lugar ao moderno canhão de 105mm L7 Royal Ordnance, a motorização do mesmo também abandonou o motor Scania DSI14 de 550hp, para receber um Detroit Diesel 8V92TA com com 750hp, embora a preferência fosse pelos DSI14, uma vez que os mesmos eram fabricados no Brasil pela Scania. A transmissão também teve de ser revista, uma que a GE HMPT-500-3 não aguentava mais de 600hp, e a solução encontrada foi a adoção da Alisson CD-850-6A, modelo que equipa os M60 Patton. O chassi e a torre sofreram modificações, assim como a blindagem foi aumentada na seção frontal do "Tamoyo", o que elevou o peso inicial de 30 para 31 toneladas em sua última versão.

A Bernardini ofereceu o "Tamoyo" como a solução ideal ao Exército Brasileiro, onde poderia ser adotado em duas variantes, sendo a primeira armada com canhão M32 de 90mm para cumprir o papel de Veiculo Blindado Médio de Reconhecimento (VBMR), e a versão que estaria armada com canhão de 105mm L7 Royal Ordnance, o qual poderia compor a força de carros de combate principal, contando com uma maior blindagem e maior poder de fogo, esta versão poderia contrapor qualquer ameaça no cenário regional sul-americano da época.

O "Tamoyo" era sem dúvida uma grande oportunidade para o Exército Brasileiro adotar um blindado médio com grande participação da indústria nacional, uma vez que muito dos componentes, incorporados no projeto eram fabricados no Brasil. Dentre os itens nacionalizados no programa de desenvolvimento do MB-3 "Tamoyos" podemos listar toda sua blindagem, sistemas hidráulicos, lagartas, a torre, o canhão M32 de 90mm e o motor Scania DSI14 eram fabricados no Brasil. Além do fato da possibilidade de se nacionalizar outros equipamentos importados dependendo do número de viaturas que fossem produzidas.

Com certeza o cancelamento do projeto de desenvolvimento do MB-3 "Tamoyo" em prol de compras de viaturas de segunda mão no exterior, assim como a recusa do Exército Brasileiro com relação a compra do ENGESA EE-T1 "Osório", representarão grande perda ao Brasil, não só com relação á capacidade do Exército Brasileiro, mas principalmente a industria de defesa que nos anos 90 viu desmoronar o grande parque industrial de defesa brasileiro e presenciou a perda de muitas capacidades e conhecimentos de grande valia estratégica.


Fabricante:
Bernardini
Quantidade
3 prototipos e um mock-up
VariantesTamoyo I
Tamoyo II
Tamoyo III
Especificações
Peso31 Toneladas
Comprimento8,8 m
Largura3,2 m
Altura2,5 m
Tripulação4 (comandante, motorista, artilheiro e municiador)
Blindagem do veículochapas de aço, 70mm / 10mm
Armamento
primário
canhão M32 de 90mm (Tamoyo I e II) ; canhão Royal Ordance L7 de 105mm (Tamoyo III)
Armamento
secundário
Uma Metralhadora Browning M2 .50, coaxial, metralhadora FN MAG 7,62mm, antiaérea e oito lançadores de granadas fumígenas.
MotorMotor Diesel, Scania DSI 14  V-8 com 550hp refrigerado a água (Tamoyo I e II)

Motor Diesel, Detroit Diesel 8V92TA, V-8 com 750hp refrigerado a água (Tamoyo III)
Peso/potência24,5 hp/ton
TransmissãoAlisson CD-500-3 (Tamoyo I), GE HMPT-500-3 (Tamoyo II), Alisson CD-850-6A (Tamoyo III)
Suspensãobarra de torção
Autonomia550 km
Velocidade


Sistemas
68 km/h (estrada) e 30km/h (off-road)

Sistema de proteção QBR
Sistema aquecedor
Sistema de combate a incêndio
Sistema de bombeamento de porão
Sistema de Comunicação
Escotilha de escape inferior
Periscópio com amplificação de visão residual,
telémetro laser
Computador de tiro
Execução de tiro de canhão e metralhadora coaxial pelo comandante ou atirador
Na versão III: Equipamentos de direção de tiro com computador
Visão noturna e térmica
Estabilização primária por sistema totalmente elétrico.


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