terça-feira, 25 de julho de 2017

VANT - Suspensão na Polícia Federal representa retrocesso e negligência

Após um grande investimento na aquisição e treinamento para operação de VANTs pela Polícia Federal, o programa simplesmente foi abandonado. Um imenso desperdício de recursos públicos, uma vez que se trata da suspensão de um dos programas estratégicos de maior importância á segurança nacional e combate ao crime transnacional e contrabando de armas e drogas no Brasil.

O programa originalmente previa a aquisição de 14 VANTs, os quais iriam ser responsável pelo monitoramento de estradas e áreas de fronteira, sendo um dos principais ativos de inteligência para identificar e acompanhar veículos suspeitos e atividades ilícitas nas divisas e estradas brasileiras. Os mesmos teriam capacidade de operar 24 hrs por dia, porém, apenas dois VANTs foram adquiridos junto á israelense IAI, representando um investimento inicial de 27 milhões de dólares, e que não alcançaram o nível operacional previsto por falta de "interesse" da instituição brasileira, uma vez que haviam os recursos necessários para se implementar o sistema e torná-lo operacional, embora muitos dos responsáveis neguem que o programa esta sendo abandonado por falta de interesse real no funcionamento do sistema.

O VANT é um meio de grande valor estratégico, sendo capaz de monitorar sem ser percebido e permanecer por horas em atividade contínua, garantindo uma real capacidade de cobertura e coleta de dados em tempo real, podendo operar sob diversas condições climáticas e prover fotos e imagens nítidas de grande valia para identificação de criminosos.

O programa possui um custo elevado, porém, os resultados que o mesmo é capaz de obter justificam o investimento. Segundo dados revelados seriam necessários 500 milhões de reais anuais para Polícia Federal manter o programa operacional em acordo com o previsto inicialmente em seu plano de operação. Os únicos dois VANTs adquiridos para o programa de monitoramento da Polícia Federal não decolam desde fevereiro de 2016. Estando "abandonados", empoeirados e parcialmente desmontados em São Miguel do Iguaçu (PR), um verdadeiro crime de negligência.

Desde 2009 foram gastos cerca de 145 milhões de reais no programa. Os quais não condizem com o montante total disponibilizado ao programa, o que demonstra a verdadeira face do problema, uma vez que haviam recursos para se levar adiante o programa, faltou vontade "política" e interesse público em se usar este importante ativo afim de realmente tornar possível o combate eficaz ao crime organizado no Brasil que se vale do deficiente controle de nossas estradas e fronteiras.

Corroborando para veracidade desta denúncia, no ano passado foi disponibilizado cerca de 28 milhões ao programa, dos quais apenas 3,4 milhões foram empregados no programa de vigilância e monitoramento por VANTs da Polícia Federal, o que demonstra que cerca de 88% dos recursos ainda estão no caixa do programa.

Há uma série de "justificativas" sobre a suspensão do programa, desde a falta de meios necessários á operação das aeronaves, como contrato de manutenção e sistemas de comunicação dos VANTs, á uma "necessidade" de modernizar os sistemas de câmeras das aeronaves e o treinamento de novos pilotos, tendo sido informado que dos agentes treinados para realizar essa tarefa, dois se aposentaram e os outros estão encarregados de outras funções. Há ainda um "planejamento" para deslocar as duas aeronaves para operar no monitoramento da Amazônia, o que demonstra uma visão míope e pouco realista com relação as reais necessidades brasileiras, além de haver a necessidade de aquisição de sistemas de meteorologia para operação das mesmas naquela região do país.

A miopia é tremenda que leva a crer que não trata-se de entraves técnicos ou orçamentários, mas sim de conivência do estado com organizações criminosas, as quais seriam prejudicadas com a atuação dos VANTs na vigilância e monitoramento, representando uma real ameaça aos criminosos e suas redes sórdidas de contrabandos e roubos, o que traria uma real capacidade as instituições de segurança brasileira de cumprir com seu papel.

Os VANTs nunca chegaram próximo do que foi inicialmente proposto, onde era previsto o apoio e a integração com as Forças Armadas, Receita Federal, Polícia Rodoviária Federal, o Ibama e até a Funai. Informações sobre o crime transnacional poderiam ser compartilhadas com outros países e organismos multilaterais. 

O descaso ainda representa um grande prejuízo tecnológico ao Brasil, uma vez que era previsto no contrato com a IAI a transferência de tecnologia para fabricação e desenvolvimento nacional de VANTs tendo como base o sistema adquirido.

Outro desperdício do dinheiro público se mostra através da baixa operação dos VANTs, os quais possuíam contrato de manutenção que previa a operação de mil horas anuais, o que jamais foi alcançado, uma vez que os dois VANTs jamais voaram mais que 468 horas durante o ano. E não para por ai, no ano de 2011 a Polícia Federal investiu 365 mil reais para que fosse projetada a base de operações destas aeronaves, que ficou orçada em 37 milhões de reais, investimento que visava atender aos requisitos técnicos do fabricante para operação das mesmas, uma vez que a base onde estavam sendo operados não atendia aos requisitos técnicos, sendo uma pista adaptada para o uso dos VANTs e o hangar era emprestado pelo município, apesar de haver recursos a Polícia Federal não executou a construção da base.

O programa teria sido capaz de atender as necessidades de combate ao crime de diversos estados, incluindo patrulhamento marítimo se houvesse sido levado adiante e com real interesse em obter resultados, algo que só causa mais revolta em relação á falta de visão e políticas de estado no sentido a ter uma atuação séria e responsável no combate a criminalidade e principalmente o respeito ao contribuinte que paga altos impostos e no fim final dá de cara com absurdos como esse. 

Me pergunto até quando vamos assistir a tudo de braços cruzados, ou melhor, como diz aquela música do rapper Gabriel Pensador: " ...Até quando você vai ficar usando rédea? Rindo da própria tragédia. Até quando você vai ficar usando rédea? Pobre, rico ou classe média. Até quando você vai levar cascudo mudo? Muda, muda essa postura. Até quando você vai ficando mudo? Muda que o medo é um modo de fazer censura. Até quando você vai levando? Porrada! Porrada! Até quando vai ficar sem fazer nada? Até quando você vai levando? Porrada! Porrada! Até quando vai ser saco de pancada?..."

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