segunda-feira, 10 de julho de 2017

GBN News - Para que serve o Exército Brasileiro?

A revista britânica The Economist, publicou alguns artigos tratando sobre o Exército Brasileiro, o que resultou em uma análise publicada pela "EXAME" sobre a abordagem da publicação britânica, nós do GBN News resolvemos analisar os artigos originais e apresentar uma leitura do exposto naquela publicação e a nossa visão acerca do mesmo.
Segundo os artigos publicados pela revista britânica, o Exército Brasileiro tem se tornado cada vez mais uma "força policial" do que um exército clássico e profissional de fato. Citando a baixa profissionalização do combatente brasileiro, o que de fato em parte é verdade, mas vale ressaltar que há tropas especializadas e operadores capacitados no cumprimento dos mais variados tipos de missões, sendo os "Comandos" a elite de nossas forças armadas.
O artigo aponta as constantes aplicações das tropas do Exército Brasileiro para garantir a lei e a ordem em diversos pontos do Brasil diante de situações diversas em que as forças policiais dos estados não são capazes de cumprir seu dever ou estão em greve reivindicando seus direitos e salários.
A publicação britânica ainda descreve que o Brasil não possui forças militares adequadas para combater as ameaças dos teatros de operação modernos, porém, esquecem de salientar que apesar de possuir poucos meios no "estado da arte", as tropas brasileiras ainda constituem uma das forças mais bem preparadas para guerra na selva no mundo. Embora haja um grande GAP tecnológico, o qual há de ser suprimido, mesmo que não vejamos a médio prazo meios para execução de importantes programas de defesa, as nossas tropas tem conseguido, mesmo que a conta-gotas, obter meios para atualizar suas capacidades de combate e importantes programas como o PROSUB, FX, SISFRON e outros de importância estratégica, tem sido levados avante mesmo sob forte pressão para sua suspensão ou atrasos em seu andamento.

Mesmo o Brasil não possuindo ameaças no horizonte próximo, como salienta o artigo, informando no mesmo que apesar de não "haver inimigos", algo que não é uma completa verdade, uma vez que no cenário moderno de operações, temos tido um grande desafio ao enfrentar atores elencados em uma nova categoria de ameaça ao Estado Brasileiro, os quais estão representados pelo narcotráfico, contrabando de armas, contrabando de fauna e flora e o contrabando de recursos minerais, o qual a partir do momento que envolve organização criminosas que operam através de nossas fronteiras, são tidas como ameaças as quais devem ser enfrentadas por todos os meios disponíveis a defesa do território nacional, seguindo uma escala de atribuições que passam desde as forças policiais dos estados, á Polícia Federal e em determinadas ocasiões ao Exército Brasileiro e mesmo a Força Aérea Brasileira.
De fato o orçamento de defesa brasileiro é maior que o de Israel, mas cabe aqui alguns fatos que devem ser expostos para a compreensão desse orçamento "superior" ao israelense, uma vez que trata-se de uma nação bem menor em termos territoriais que o Brasil e que há longa data se encontra em estado de alerta, uma vez que em sua história registra diversos conflitos e situações onde o uso e a projeção de força se fez necessárias para conter ou prevenir ameaças a sua integridade territorial e mesmo existencial.
Israel diferente do Brasil, encontra-se cercado por "inimigos" históricos, o que o força a manter forças modernas e capazes, além de manter um estado de prontidão constante, muito diferente do Brasil. Tal fato, leva erroneamente a se considerar "absurdo" o gasto do Brasil em defesa em comparação á um estado que vive sob constante ameaça e envolvido em conflitos de diversas escalas. Porém, temos de considerar dois fatores de grande importância afim de estabelecer um critério comparativo que reflita o real orçamento de defesa de ambos estados. O primeiro, devemos considerar a extensão territorial, a qual não há como se comparar as dimensões continentais do Brasil ao "pequeno" territorial que se denomina o Estado de Israel. Segundo ponto, o Brasil ao contrário da grande maioria das nações, possui um gasto absurdo com a folha de pagamento de seus militares, sendo a maior parte deste gasto destinado as pensões e aposentadorias, algo que reflete um sistema previdenciário oneroso e que não corresponde as necessidades reais da nação e de seus militares, o que impacta negativamente na capacidade orçamentária de se manter uma força moderna e capacitada. 
O Exército Brasileiro é responsável por garantir a soberania nacional, defender os poderes constitucionais, garantir a lei e a ordem, salvaguardar os interesses nacionais e cooperar com o desenvolvimento nacional e o bem-estar da sociedade brasileira. O Exército Brasileiro serve muito mais do que para exercer o "papel policial", como sugere o artigo britânico. Embora as operações de manutenção da lei e da ordem orquestradas pelo Exército Brasileiro tenham ocorrido com uma frequência muito maior do que a média histórica nacional, o mesmo só cumpriu com seu dever de manutenir a lei e a ordem, mesmo que do ponto de vista geopolítico, tais aplicações das forças do Exército Brasileiro realizando missões de "policiamento", não seja algo que deva acontecer corriqueiramente, como tem ocorrido, afinal é dever dos estados manter suas forças policiais adestradas e capazes de garantir o cumprimento da lei e da ordem frente a criminalidade e distúrbios sociais, como os que temos assistido no Brasil. O que leva a uma preocupante banalização do uso das forças militares em missões as quais não são seu dever, desgastando sua imagem frente a sociedade, embora a mesma seja vista como um bastião de integridade e honra pelos brasileiros, obtendo o maior índice de confiança dentre as organizações brasileiras.
O Exército Brasileiro, bem como a Força Aérea Brasileira e a Marinha do Brasil, tem exercido de maneira exemplar seu papel em salvaguardar a soberania brasileira, embora não haja ameaça real e imediata a integridade territorial brasileira, mas cabe lembrar o grande trabalho realizado por essas forças na integração nacional, na manutenção das nossas fronteiras, no combate ao narcotráfico, contrabandos em suas diversas categorias, no atendimento ás localidades isoladas e principalmente no papel relevante de bússola moral e ética ao qual tem desempenhado frente a grave crise moral que se abate sobre as instituições brasileiras, as quais em sua grande maioria se encontram com a reputação manchada por escândalos envolvendo casos de corrupção e outros crimes, além da crescente queda de confiança do brasileiro em suas instituições políticas, onde a credibilidade em nossos representantes vem decrescendo a cada dia diante do grave momento ao qual se vive no Brasil, onde importantes instituições, políticos e grandes empresas estão envolvidos em um enorme lamaçal de corrupção e crimes diversos contra o povo brasileiro e sua economia.
O Exército Brasileiro tem cumprido bem suas atribuições, embora careça de recursos e meios que sejam imprescindíveis ao sucesso de suas missões, mas mesmo assim cumpre bem com seu papel, seja aqui no Brasil ou no exterior, onde bem nos representa em missões de paz da ONU, sendo um referencial aos demais estados integrantes daquela instituição, promovendo a paz e ajudando na reconstrução de outras nações e povos "amigos".
Diferente do que sugere o artigo britânico, não vejo como antidemocrático o uso das forças militares na manutenção da lei e da ordem. Vejo como antidemocrática a atuação do congresso e do senado frente as denúncias de corrupção e como antidemocrática a resposta do judiciário na punição dos envolvidos nos escândalos e crimes que tem atingido diretamente nossa economia e o cidadão brasileiro que luta todos os dias para sustentar suas famílias.
As tropas são treinadas para atuar diante de situações de emergências, não para manter a ordem no dia a dia, como diz o artigo. Concordo que não se deve transformar a presença de tropas nas ruas das cidades como uma imagem, e não é essa a intenção de nossos militares, mas deve-se cobrar responsabilidade de nossos governantes.
Pois a principal atribuição de nossas tropas é a proteção das nossas vastas riquezas naturais, embora não haja ameaça no horizonte próximo, o futuro nos reserva sangrentos conflitos pelo controle de recursos naturais imprescindíveis, como é o caso de nossos aquíferos e outras riquezas que despertam os olhares de vizinhos distantes. Para tal precisamos de investimentos pesados, não só no Exército Brasileiro, mas também em nossa Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira, sem as quais será impossível garantir nossa soberania e segurança.
Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança.

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5 comentários:

  1. A reportagem daquele país europeu deve ter como objetivo provocar a compra de material de emprego militar de suas indústrias

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  2. Excelente artigo ...esclarece algo que muitas autoridades brasileiras não sabem

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Vamos lembrar que as forças despreparadas do Brasil foram as que interceptaram o bombardeiro Vulcan que se dirigia as Ilhas Malvinas para efetuar um bombardeio durante a Guerra das Malvinas. Que a Força Aérea despreparada obrigou o bombardeiro a pousar em uma base no Brasil, o desarmou e fez este retornar para o Reino Unido vazio, armamento este que foi enviado em separado pela FAB de volta ao Pais de origem.

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  5. Só falou pouco, das que as mídias daqui publicam, merda .....

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