sábado, 28 de maio de 2016

O Brasil tem capacidade de desenvolver um ICBM ou IRBM?

Hoje assisti á um vídeo que aborda o tema no Youtube, alvo de diversos comentários em um dos grupos de discussão ao qual participo. Diante desta temática resolvi pesquisar e compartilhar com nossos amigos leitores o resultado desta importante temática.

Bom vamos dividir este artigo em tópicos afim de analisarmos cada um dos pontos importantes para que possamos dispor de tal meio estratégico e de dissuasão. Pois não basta termos a capacidade de produção de um ICBM (Intercontinental  Balistic Missile) ou IRBM (Intermediate-Range Balistic Missile), é preciso possuir toda a infraestrutura necessária a sua operação, que envolve uma série de sistemas de apoio e direcionamento, Ogivas, este um ponto crucial e ao qual o Brasil tem um entrave, pós é signatário do tratado de não proliferação de armas nucleares (TNP), que foi assinado em 1998 pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.

Misseis 

O primeiro ponto a se conquistar é a capacidade de produção de IRBMs ou ICBMs, lembrando que seguindo uma linha de desenvolvimento é factível partir a principio para a conquista do domínio tecnológico a partir do desenvolvimento de plataformas simples como os IRBMs para então concluir o salto rumo aos ICBMs, porém, o Brasil já possui grande capacidade técnica e de pesquisa no desenvolvimento de plataformas como o VSB-30, que possui características que podem após adaptações e modificações no projetos derivar um IRBM, dada as capacidades e alcance desta plataforma.

Após alguma pesquisa, pude encontrar informações sobre o desenvolvimento de projetos pela AEB ( Agência Espacial Brasileira) que podem fornecer as tecnologias necessárias para obtermos um IRBM ou ICBM nacional.

Conheça esses projetos e realizações do IAE/DCTA, chancelados pela AEB.

Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM) – Será a carga útil dos veículos de sondagem VS-30 e VSB-30. Além de abrigar os experimentos, a PSM deve ter subsistemas capazes de prover energia, controle de velocidade angular, telemetria para envio de sinais ao centro de controle e sistema de recuperação para resgate, incluindo paraquedas, boias e localizadores. O IAE já recebeu da empresa Orbital Engenharia o Modelo de Engenharia da PSM. Assim, o Brasil avança para assumir plena autonomia tecnológica na prestação de serviços em ensaios de microgravidade usando foguetes de sondagem.

Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA) – Pequeno, esse satélite opera em órbita baixa, com capacidade de transportar experimentos científicos e tecnológicos de pequeno porte, com curta permanência orbital, sendo depois reconduzido à Terra, recuperado e reutilizado. O IAE já recebeu o Modelo de Voo Mecânico do SARA Suborbital produzido pela empresa CENIC. Submetido com sucesso a ensaios dinâmicos no Laboratório do IAE, o modelo teve aprovação final na Flight Readiness Review (FRR).

Veículo de Sondagem VS-30/Orion – Foguete de sondagem derivado do Veículo de Sondagem VS-30, tem o primeiro estágio movido pelo motor S-30 e o segundo, pelo motor norte-americano Improved Orion. Em 2012, a Agência Espacial Alemã (DLR, sigla em alemão) preferiu os veículos VS-30/ORION, para lançar com êxito as cargas úteis HIFIRE 3 e HIFIRE 5, a partir do Centro ARR, na Noruega.

Veículo de Sondagem VSB-30 – Também derivado do VS-30, o VSB-30 é movido no primeiro estágio pelo motor S31 e, no segundo, pelo motor S30. Isso aumentou sua capacidade de apogeu e de carga útil em relação ao VS-30. Em fevereiro de 2012, o VSB-30 alcançou pleno êxito em seu 13º voo. O perfeito desempenho do VSB-30 V16 proporcionou trajetória nominal para o ensaio da carga útil MASER 12, com cinco experimentos da Agência Espacial Europeia (ESA), durante mais de 6 minutos em microgravidade. Ideal para ensaios em microgravidade, o VSB-30 é caso exemplar do Programa Espacial Brasileiro.

Veículo de Sondagem VS-40M – Baseado no VS-40, foi adaptado para ensaios em voo do SARA e do projeto Sharp Edge Flight Experiment (SHEFEX 2), da Agência Espacial Alemã (DLR). Em junho de 2012, o VS-40M foi lançado com êxito, do Centro de Lançamento de Andoya, na Noruega, transportando pela primeira vez o experimento alemão SHEFEX 2. Os motores S40 e S44 e todos os subsistemas funcionaram com perfeição, garantindo a trajetória nominal para o experimento. A operação reafirmou a alta reputação da tecnologia brasileira de veículos suborbitais junto à ESA.

Veículo Lançador de Satélite (VLS) – Concluídos os Ensaios de Separação dos quatro propulsores do primeiro estágio do VLS, com o terceiro teste realizado em maio de 2012, no Laboratório de Integração de Propulsores do IAE. Foram instalados mais de 180 sensores no protótipo para as medições de parâmetros físicos, como choque mecânico, vibração quase estática, deformação e simultaneidade de separação. Os dados coletados permitiram conhecer fenômenos e cargas mecânicas geradas no VLS pela separação dos propulsores. Realizou-se também, com sucesso, a primeira integração do VLS à nova Torre Móvel de Integração (TMI), no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), na Operação Salina (de 14 de junho a 20 de julho de 2012), Efetuaram-se as operações de transporte, preparação e integração mecânica de um mock-up estrutural inerte do VLS, bem como ensaios e simulações para verificar a integração física, elétrica e lógica da TMI e dos meios de solo do CLA, associados à preparação para o voo do VLS. Em setembro de 2012, conclui-se a Revisão Crítica de Projeto (CDR) das Redes Elétricas do próximo protótipo tecnológico do VLS, o VSISNAV. As redes elétricas incluem toda a eletrônica embarcada do veículo e seus sistemas de telemedidas e telecomando. O VLS, além de transportar como carga útil o Sistema de Navegação (SISNAV), será usado para ensaios dos eventos de ignição do primeiro e segundo estágios e separação do primeiro estágio, bem como a aquisição de dados durante o voo.

Veículo Lançador de Microssatélites (VLM) – Com a experiência adquirida nos projetos de Veículo de Sondagem e do Veículo Lançador de Satélite (VLS), o IAE, em parceria com o DLR, desenvolve o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), com três estágios – os dois primeiros movidos pelo motor S50 -, destinado ao mercado mundial. Em 2012, ficou pronto o Modelo de Engenharia do Motor S50, desenvolvido junto com a empresa CENIC.

Motor a Propelente Líquido L75 – O projeto visa desenvolver o modelo de engenharia de um motor foguete a propelente líquido, usando o par propelente oxigênio líquido e querosene, pressurizados por turbo bomba, capaz de gerar 75 KN de empuxo no vácuo. O motor será usado em veículos lançadores de satélites, pois o controle do empuxo e do tempo de queima permite a colocação em órbita de satélites com precisão. Em 2012, avançaram vários projetos ligados ao L75: plano mecânico detalhado, fabricação, plano mecânico dos modelos de engenharia e elaboração dos procedimentos de montagem, inspeção e teste. As próximas etapas são o desenvolvimento da câmara de combustão, do turbo bomba e das válvulas reguladoras, e a construção de novo banco de testes para ensaios das bombas.

Seguindo uma linha de analise dos programas de pesquisa e desenvolvimento de veículos lançadores de satélites, podemos concluir que ainda não dominamos plenamente as capacidades para produzir um míssil balístico, porém, estamos muito próximos de dominar a tecnologia necessária com relação a desenvolvimento da propulsão e mesmo do veículo lançador (IRBM/ICBM). Lembrando que ainda estamos muito distantes de possuir a capacidade de possuir um ICBM, mas próximos a um IRBM, dadas as características técnicas e a tecnologia necessária para propulsão de um ICBM ser muito complexa.


Sistema de Orientação  

Dentre os aspectos mais importantes para que possamos operar um míssil balístico de médio alcance ou intercontinental, esbarramos em uma limitação técnica a qual devemos ainda levar ao menos mais uma década ou mais, tendo em vista que não possuímos ainda uma rede de satélites militares capazes de orientar o voo de um míssil balístico.  

O Brasil ainda engatinha no campo de geoposicionamento, dependendo diretamente da rede GPS dos EUA, fator que limitaria nossa capacidade de lançar um IRBM ou ICBM. 

SGDC-1 (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas 1) é um satélite de comunicação geoestacionário brasileiro que deverá entrar em órbita ainda em 2016, é o primeiro passo para o Brasil dominar suas comunicações militares, conferindo segurança nas comunicações, porém isso é só o primeiro passo para se alcançar um capacidade mínima afim de operar meios estratégicos como um IRBM ou ICBM.

Ogiva 

O desenvolvimento de ogivas nucleares não é um obstáculo para o Brasil, mas sim o acordo TNP que foi assinado em 1998 como citado acima neste artigo. Esta na verdade é a parte mais fácil do desenvolvimento de um IRBM ou ICBM, pois quem domina a tecnologia de enriquecimento de urânio pode facilmente desenvolver um artefato nuclear, seja ela uma bomba como as B-61 dos EUA ou ogivas nucleares. Alias, é mais fácil fazer uma bomba nuclear do que uma usina de distribuição de energia atômica. Lembrando que o Brasil já desenvolveu seu próprio sistema de enriquecimento de urânio, uma capacidade que poucas nações dominam e que tem sido há décadas alvo de tentativa de espionagem de outras nações, dado a simplicidade e o baixo custo que o sistema brasileiro tem no processo de enriquecimento de urânio. Outro importante avanço no campo esta em Aramar, onde a Marinha do Brasil desenvolve um reator para dotar o futuro submarino nuclear brasileiro.

O Brasil inclusive já possui buracos para teste de armas nucleares conhecidos como o buraco de Cachimbo. Algo que leva a uma pergunta: Porque o Brasil dispõe de tal infraestrutura? 

Há várias vertentes sobre o assunto, dos quais alguns dão informações de que o Brasil já possui artefatos nucleares desde a década de 60, tendo inclusive os mesmo sido oriundos de pesquisas conjuntas com os EUA no auge da Guerra Fria. Se é verídica ou não esta informação, é um ponto delicado ao qual não possuímos acesso a informações oficiais necessárias para confirmar ou negar tal possibilidade.

Mas é certo que possuímos os meios necessários a construção da ogiva para armar os IRBMs ou ICBMs, estamos próximos do domínio datecnologia para construção de IRBMs e ICBMs, porém como já foi bem frisado, o Brasil não tem intenção de desenvolver oficialmente este tipo de armamento, até pelo fato de sermos signatários do TNP, algo que ao meu ver é um imenso erro estratégico, pois outras grandes nações que possuem arsenais nucleares não abrem mão de seu inventário e outras nações medianos e mesmo menores mantém seus programas nucleares com fins militares. sendo a arma nuclear não uma arma de ataque, mas um importante meio de dissuasão e importante fiel na balança que pode fazer com que futuros inimigos pensem duas vezes antes de cobiçar adentrar nossas fronteiras ou nos arrastar para um conflito.

Curiosidade:


Qual a diferença entre um IRBM e um ICBM? seu alcance, abaixo segue a classificação de mísseis balísticos:

Míssil balístico de curto alcance (SRBM): alcance inferior a 1000 km. (Podem citar-se com exemplo os famosos mísseis Scud)
Míssil balístico de médio alcance (MRBM): alcance entre 1000 e 2500 km
Míssil balístico de alcance intermediário (IRBM): alcance entre 2500 e 3500 km.
Míssil balístico intercontinental (ICBM): alcance superior a 3500 km

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por Angelo Nicolaci
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9 comentários:

  1. O Brasil é muito burro com relação a estratégia nacional de defesa. Na década de 70 ou 80 se não me engano, a França ofereceu tecnologia para desenvolver um veículo lançador de satélites sob licença e o Brasil não a quiz. A China queria utilizar a base de Alcântara para lançar satélites e desenvolveria um veículo lançador de satélites junto com o Brasil e os presidentes canalhas do Brasil não quiseram. São um bando de puxa saco dos Estados Unidos e quem perde com isso é o Brasil visto que cada lançamento de satélite tem um custo de 20 milhões de dólares. Agora fiquei sabendo que o bando de puxa saco querem ceder a base de Alcântara para os Estados Unidos sem ganhar nenhuma tecnologia em troca. Os EUA vão somente alugar a base. Esse país é uma vergonha. Bando de ladrões que só querem roubar o dinheiro do povo e ceder tecnologia para nações ricas. ""Bando de puxa saco de americano"""

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  2. Boa tarde.É do conhecimento de todos,que o VLS,(veiculo lançado de satélite),com pouca modificações seria usado como um míssil balístico.Porém os EUA,explodiram toda a base de Alcântara.

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  3. O Brasil já possui tecnologia pra IRBM's, o vs-40 teve um alcance de 2.600 km's transportando uma carga útil de 500 kg's no seu primeiro lançamento, o que configura um IRBM, temos ainda o sonda IV com maior alcance sendo o apogeu (altitude) dele de 1000 km's e com guiamento, acho que o vs-50 e o VLM vão ter propriedades de ICBM's mas tudo depende dos nossos governos se querem ou não investir nesse tipo de arma, o Brasil sendo a quinta maior nação do mundo, e detendo 14% de toda a água doce do mundo, tendo as maiores reservas do mundo e a Amazônia não tem capacidade de defender isso tudo com as atuais FFAA, precisamos sim de armas nucleares urgentemente, qualquer país do nosso tamanho já detêm essa capacidade.

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  4. Se o Brasil ñ possuir em um prazo de 3 anos armas nucleares e missil de longo alcance,infelizmente seremos dominados sem ter como reagir

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    1. De preferência pelos americanos, é só aprender o hino e trocar a bandeira a americana é mais bonita.

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  5. Quem tem visão de mundo sabe do que falo

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  6. Verdade Unknown mas acredito que o Brasil esteja sim preparado e já com esse ICBM já pronto e até porque a china ano passado de 2019 já lançou um foguete a orbita que é do Brasil mas falta e restruturar a base de Alcântara do Maranhão para o lançamento do mesmo.

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  7. O Brasil precisa quebrar o acordo de 1998, e investir em estudo, para produzir míssil de longa distancia, para garantir melhor soberania.

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  8. Tomara que invadam logo este país.

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