segunda-feira, 30 de maio de 2016

Tropas iraquianas entram em Fallujah, reduto do Estado Islâmico

Tropas iraquianas entraram nesta segunda-feira (30) em Fallujah para tentar reconquistar um dos principais redutos do grupo extremista Estado Islâmico (EI), onde dezenas de milhares de civis se encontram retidos.
O avanço para este importante centro urbano, que fica apenas 50 km ao oeste de Bagdá, acontece por três frentes, após uma semana de cerco e da tomada de controle por parte das forças de segurança dos vilarejos e zonas rurais próximos.
"As forças iraquianas entraram em Fallujah com a cobertura aérea da coalizão internacional, da força aérea iraquiana e da aviação do exército, além do apoio da artilharia e de tanques", disse o comandante Abdelwahab al-Saadi, que está à frente da operação.
"As forças do Serviço Antiterrorismo (CTS), da polícia (da província) de Al-Anbar e do exército iraquiano começaram a entrar em Fallujah às 4h (22h de Brasília, domingo), a partir de três posições", completou.
"O avanço encontra resistência por parte do Daesh", disse o militar, em referência ao acrônimo árabe do EI.
"Esta manhã iniciamos as operações de entrada em Fallujah", afirmou à AFP o porta-voz das tropas de elite antiterroristas, Sabah al-Norman.
Dezenas de milhares de integrantes das Forças Armadas iraquianas e de unidades da organização paramilitar Hashed al-Shaabi, formada principalmente por milícias xiitas pró-Irã, participam na ofensiva contra Fallujah há uma semana.
Estas forças, que assumiram o controle de várias localidades ao redor de Fallujah, reconquistaram nesta segunda-feira Saqlawiya, ao norte da cidade, de acordo com fontes oficiais.
O envolvimento das forças de elite antiterroristas marca o início da perigosa fase urbana da ofensiva.
O EI, que em junho de 2014 proclamou um "califado" entre o Iraque e a Síria, controla três grandes cidades: Fallujah e Mossul no Iraque e Raqa na Síria, proclamada "capital".
Algumas fontes calculam que Fallujah, um dos principais centros urbanos do Iraque que ainda está sob controle do EI, abriga atualmente quase 1.000 combatentes jihadistas, mas as autoridades não têm conhecimento de quais dispositivos dispõem para impedir o avanço das tropas nesta cidade, que tem grande peso simbólico.
Fallujah, que já foi conhecida como "a cidade das mesquitas", foi um importante centro do islã sunita e foco da rebelião de 1920 contra o domínio colonial britânico.
Em 2004, as tropas americanas que haviam derrubado o ditador Saddam Hussein sofreram nesta cidade alguns de seus piores reveses desde a Guerra do Vietnã.
Temor de escudos humanos
Apenas alguns civis conseguiram fugir e a ONU teme que as quase 50.000 pessoas que permanecem na cidade, sem acesso a alimentos, água potável e medicamentos, possam ser utilizadas como escudos humanos.

Uma fonte da polícia afirmou que as forças de segurança ajudaram nesta segunda-feira quase 800 civis que fugiam da zona de combate.
As famílias que conseguiram escapar foram levadas para campos em áreas periféricas.
"Nossos recursos nos campos são extremamente precários e com a provável chegada de muitos mais poderíamos passar por uma escassez de água potável", afirmou Nasr Muflahi, diretor do Conselho Norueguês de Refugiados (NRC) no Iraque.
"As ondas de deslocados devem aumentar com a intensificação dos combates", disse.
Alguns civis conseguiram chegar aos campos, exaustos após uma noite de caminhada, a Amriyat al-Fallujah, uma localidade ao sul de Fallujah controlada pelo governo.
"Decidi arriscar tudo. Era tentar salvar meus filhos ou morrer com eles", afirmou Ahmad Sabih, um homem de 40 anos, que chegou ao campo do NRC nas primeiras horas de domingo.
Ao mesmo tempo, na Síria, os combates se intensificavam nos arredores do reduto rebelde de Marea, ao norte da província de Aleppo, onde dezenas de milhares de deslocados são ameaçados por uma ofensiva do EI.
"Ao menos 165 mil civis sírios estão bloqueados pelo EI no leste e no sul, as forças curdas no oeste e a fronteira turca fechada ao norte. O que mais precisam Estados Unidos, UE e ONU para pedir à Turquia que receba estas pessoas?", questionou Gerry Simpson, da ONG Human Rights Watch.

Fonte: AFP
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