quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O dia que os sérvios fizeram o que diziam impossível - Abateram um F-117

Tudo começou em 1999. A República Federal da Iugoslávia foi fragmentada por vários grupos étnicos que tentaram a criação de estados separados por si mesmos. Entre estes estavam os sérvios que não queriam os albaneses em sua fatia do território. Esta briga étnica resultou na expulsão e assassinato de milhares de albaneses, como resultado uma guerra se iniciou entre os dois grupos étnicos.

Diante do massacre de albaneses, a OTAN ordenou que o conflito no território iugoslavo cessasse, porém seu pedido foi ignorado. Seguindo o protocolo, os membros da OTAN foram á ONU solicitar permissão para intervir, mas a resolução foi vetada pela China e a Rússia.

A perseguição e o massacre continuaram sob os olhos do mundo, onde a imprensa internacional teve um papel importante ao revelar a barbárie que ocorria nos balcãs, imagens da violência e crimes de guerra foram levadas aos quatro cantos do mundo, o que impulsionou a opinião pública norte americana a cobrar uma resposta do seu governo. Bill Clinton reagiu e autorizou que as forças da OTAN mesmo sem o aval da ONU intervissem no conflito através de uma campanha de bombardeios. As operações começaram em 24 de março e se estenderam até 10 de julho de 1999, e em curto período resultou no colapso final da Iugoslávia, o que abriu caminho para o surgimento do estado sérvio.

Mas o fato que nos trouxe a esta matéria ocorreu no dia 27 de março, quando os sérvios conseguiram fazer o que muitos diziam ser impossível.

O Lockheed F-117 Nighthawk era um dos caças stealth mais avançados da época, tendo sido um dos mais importantes meios que resultaram no sucesso da Operação Tempestade do Deserto, e foi mantido em segredo por muitos anos desde sua criação. Sendo o ponto mais importante que tornou esta aeronave em uma mortal ameaça aos seus inimigos, não suas capacidades de manobra, mas sua capacidade de ser invisível aos radares e sistemas de defesa aérea da sua época.

Os sérvios ignoraram esse fato, e com sua perícia conseguiram abater uma destas aeronaves místicas em 1999, supostamente a única vez que uma dessas aeronaves foi abatida em combate.

Um dos protagonistas do evento foi o tenente-coronel Dale Zelko, piloto de F-117 veterano da Operação Tempestade no Deserto, com muitos ataques bem sucedidos contra o Iraque, já havia realizado três missões sobre a Iugoslávia, quando seu nome entrou para a história durante sua quarta missão.

Tudo aconteceu na noite de 27 de março de 1999. Zelko iria atacar alvos dentro e ao redor da cidade de Belgrado. Em missões anteriores as equipes haviam abortado o ataque porque os alvos estavam bem protegidos por sofisticados sistemas de defesa aérea de origem russa.

Dale Zelko iria fazer um ataque a grande altitude com seu F-117, assim reduzindo ainda mais as probabilidades de ter sua aeronave interceptada pelo sistema antiaéreo, mas devido ao mau tempo, os planos de ataque foram modificados para uma surtida a baixa altitude. Isso o deixava inquieto, porém, o fato de estar voando uma das aeronaves mais modernas do mundo e "invisível" aos sistemas de radar, o tranquilizavam e tornavam a missão algo "simples".

Nunca um F-117 havia sido derrubado desde o sua primeira missão em 1983, no Iraque haviam "passeado" livremente pelo bem protegido espaço aéreo de Saddam, depois de todos estes fatos, por que se preocupar? Outro fato que dava tranquilidade á Zelko é que segundo as informações disponíveis á OTAN, o governo iugoslavos não possuia nenhum sistema de defesa aérea que representasse uma real ameaça á uma aeronave Stealth, eles ainda estavam usando radares ultrapassados das décadas de 50 e 60.

Os F-117 eram invisíveis. Sua tecnologia avançada tornava-os extremamente difícil de detectar nas telas desses sistemas de radar "obsoletos".

Como tudo na vida, o F-117 também possui seus pontos fracos, eles não são totalmente "invisíveis". Toda vez que se abre as portas do compartimento do trem de pouso ou as portas do porão de armas, o seu perfil de baixa detectabilidade diminui e aumenta o seu reflexo aos sistemas de radar.

Outro ponto que ajudou os sérvios a conseguir realizar sua façanha histórica, esta no fato de seus radares primitivos trabalharem com ondas longas, muito diferente das ondas curtas dos sistemas mais modernos, o que torna ainda mais fácil a tarefa de detectar um F-117. O sérvios sabiam como fazer uso das vantagens do seu sistema dito "obsoleto".

Como um bônus adicional, os sérvios foram capazes de interceptar e decifrar a comunicações da OTAN, então eles tinham uma boa ideia de onde e quando esperar seu convidado indesejado. O piloto do F-117, Tenente-Coronel Zelko não poderia imaginar o que estaria por vir em sua quarta missão nesta campanha.

Mas o coronel Zoltán Dani. Comandante do 3 º Batalhão de 250th Brigada de mísseis de defesa aérea do Exército da Iugoslávia, o estava esperando.

Para evitar ter suas posições detectadas pela OTAN, a brigada apenas ligava seus sistemas no máximo por 17 segundos. Apesar disso, foram capazes de obter a interceptação das comunicações de Zelko em torno de 20:15 daquela noite do dia 27, enquanto ele estava a cerca de 37 milhas de distância.

O momento da verdade veio quando Zelko abriu seu porão de bombas. Assim com o aumento da sua assinatura radar, foi possível que a brigada travasse o alvo em seus sistemas e disparar dois mísseis contra o F-117.

De acordo com Zelko, o primeiro veio tão perto que fustigou sua aeronave. Para sua surpresa, o míssil não explodiu, mas ele não teve tanta sorte com o segundo. No mar, as forças da OTAN viram o impacto.

O F-117 despencou, sujeitando Zelko a tantos Gs que ele viu-se surpreendido por ainda ter desmaiado. Embora ele tenha sido capaz de ejectar, mais tarde ele alegou não ter tido nenhuma memória de fazê-lo, apenas que sentiu uma calma quando encontrou-se no ar.

Mas ainda não tinha acabado para o americano após ter seu caça "invisível" abatido, ele estava caindo em território inimigo. Contra o protocolo, ele usou o rádio para transmitir a sua localização, na esperança de que devido a todo ocorrido seria difícil para os sérvios identificar a sua transmissão.

Pousando em um campo ao sul da cidade de Ruma, ele enterrou o pára-quedas e procurou um lugar para se esconder. Mascarando seus passos, ele descobriu uma vala de drenagem coberta com vegetação densa. Antes de entrar, ele se camuflou com lama para esconder a sua pele exposta e seu cheiro, afim de evitar cães farejadores.

O F-117 caiu há cerca de uma milha de onde ele caiu, mas os moradores locais viram o paraquedas descendo na localidade. Apesar da intensa caçada humana envolvendo soldados, a polícia, moradores e cães farejadores, ninguém foi capaz de localizá-lo. A OTAN lançou um outro ataque tão perto, que ele podia sentir as detonações de seu esconderijo. Oito horas depois, ele foi resgatado por um helicóptero.

Em 2011, findados os conflitos na sérvia o piloto do caça F-117 abatido, Zelko voou para a Sérvia e pode encontrar com Dani, o sérvio que foi responsável pelo pesadelo que viveu em 27 de março de 1999, quando teve seu caça dito "invísivel" ser localizado e abatido pelo militar sérvio, mais de 12 anos se passaram, Dani havia desistido de "abater" aeronaves e se tornou padeiro. Os homens desde então se tornaram amigos, assim como suas famílias, algo documentado pelo filho de Dani, Mirkovic.

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