quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Independência do Brasil - Ampliando a discussão


Ontem comemoramos 194 anos da independência do Brasil, sendo o maior país da América Latina e o quinto maior do mundo, sendo uma nação que tem crescido em ritmo acelerado nos últimos anos, sendo uma potência que outrora experimentou um breve voo, porém, hoje enfrenta uma grave crise econômica e acaba de passar por um processo de impeachment da presidente Dilma, governo que ficou marcado por diversos escanda-los de corrupção e falta de governança. Mesmo assim o Brasil continua a um importante jogador no cenário geopolítico internacional.

O GBN Notícias hoje publica uma série especial sobre a nossa “Independência”, buscando detalhar um pouco mais o processo de reconhecimento e tratando de nossa raiz cultural que influi de forma ainda muito forte em nossa política e sociedade.

Nosso país era a única monarquia no continente americano e sua economia baseava-se no trabalho escravo, exportando ouro, diamantes, madeiras, açúcar, tabaco, algodão, café e couros, mantendo sua matriz econômica colonial, postura que foi mantida por muito tempo, deixando o Brasil atrasado em relação aos demais países que mantinham uma taxa de desenvolvimento tecnológico alta, como os americanos que mergulharam no desenvolvimento tecnológico e se mantendo entre os players da primeira revolução industrial. Em 25 de março de 1824, era promulgada a primeira Carta Magna do Brasil, que durou quase inalterada, até 1891. A Constituição de 1824 situou um governo monárquico, hereditário e constitucional representativo. O imperador, não estava sujeito a responsabilidade legal alguma; exercia o Poder Executivo com os ministros, que eram pessoas escolhidas por ele e também o moderador com seus conselheiros.

Os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil em 1824. Depois o México e a Argentina, em 1825. A França foi o primeiro país da Europa a reconhecer a independência do Brasil. Portugal não queria aceitar a independência do Brasil. No entanto, com a ajuda da Inglaterra, os dois países chegaram a um pacto: Portugal reconheceria a independência, e em troca o governo britânico exigiu que o Brasil pagasse um débito de 2 milhões de libras que Portugal devia a Inglaterra. Para pagar a indenização para Portugal o Brasil pediu um crédito à Inglaterra. O Brasil aumentou a sua dívida externa, e a Inglaterra conseguiu lucros com o acordo.

Depois do reconhecimento da independência pelos portugueses, veio o reconhecimento oficial da Inglaterra e dos demais países Europeus. A Independência do Brasil foi resultado de um acordo político, armado por um grupo de representantes das classes dominantes da época, que manteve a monarquia, a escravidão e o latifúndio. No dia 12 de outubro, D. Pedro foi proclamado “Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil”. Foi José Bonifácio de Andrada e Silva (ministro dos Negócios do Interior, da Justiça e dos Estrangeiros), que com suas artimanhas políticas conseguiu a Independência do Brasil, proclamada em sete de setembro, e nada mais foi que uma atitude de cima para baixo, sem nenhuma modificação social.

A população brasileira foi mantida fora das decisões a respeito do futuro do país, muito diferente de nossos hermanos das Américas que partiram da posição de colônia para república, onde houve espaço para participação ativa no processo de diversas camadas da sociedade, tendo sido este mais um dos motivos que levaram a participação nula no processo pelas classes de base de nossa sociedade, imprimindo desde então uma postura passiva e omissa da grande parcela de nosso povo, algo que perdura até os dias de hoje na república, onde ainda muitos preferem futebol e carnaval á se importar e debater as questões de interesse público e social. Contribuindo assim para que tenhamos ainda hoje a frente de nosso governo muitos corruptos e políticos sem preparo ou um projeto real de interesse nacional, buscando em sua grande maioria defender interesses de elites minoritárias e até próprios.

Nossa cultura desde então foi a de buscar lá fora as tendências, ignorando desde o inicio a cultura nacional, um mal que ainda é bem presente nos dias de hoje, embora nos últimos anos tenha surgido movimentos em prol da valorização do nacional e que de certa forma tem surtido algum efeito.

Nossa economia que experimentou um período de bonança na última década, mas após o agravamento da crise gerada pelos escândalos políticos e a fuga de investidores devido a perda de governança por parte do governo federal que teve de mais uma vez experimentar a ferramenta constitucional do impeachment, retornou ao caos e alarmante endividamento do estado, refletindo mais uma vez o cenário que perdurou por muitos anos,  seja no período do Império ou até mesmo após a entrada da república,  sempre mantivemos uma postura atrasada em relação ás grandes potencias econômicas, e muito se deve à falta de Política de Estado e a predominância do "coronelismo", que usou de sua influência e força para manutenir o poder nas mãos da elite, com isso hoje ainda é comum ver a “politicagem” presente em nosso meio, um mal que só será dissipado com o engajamento do povo e principalmente com uma verdadeira educação política.

Até o fim da Segunda Guerra o Brasil praticamente importava todos os artigos industrializados, sendo basicamente uma economia agrícola, o que só começou a mudar com o acordo feito por Getúlio Vargas que trouxe investimento para a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, Conselho Nacional de Petróleo, Companhia Vale do Rio Doce, Hidroelétricas e promulgou as leis trabalhistas, tendo marcado uma virada em nossa história com tamanho investimento nas industrias de base e energia. Apesar disso as nossas exportações continuaram a se manter acarretando um acúmulo de divisas. A matéria-prima nacional substituiu a importada.

Ao final da Segunda Guerra já existiam indústrias com capital e tecnologia nacionais, como a indústria de autopeças.

No segundo governo Vargas (1951-1954), os projetos de desenvolvimento baseados no capitalismo de Estado, através de investimentos públicos no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC, em 1951), BNDES, dentre outros, forneceram importantes subsídios para Juscelino Kubitschek lançar seu Plano de Metas, ainda que a um elevado custo de internacionalização da economia brasileira. Algo que será abordado futuramente em uma nova série do GeoPolítica Brasil sobre a indústria nacional.

Durante os anos que se seguiram o Brasil migrou de uma política colonial atrasada para uma nova postura industrial que dava largos passos, embora se mantivesse dependente ainda de muito da tecnologia externa, o que em determinados momentos nos travou em projetos importantes e nos limitou no desenvolvimento de muito de nossa industria e cultura.

Outra marca que ainda carregamos em nossa sociedade é a característica “síndrome do viralatismo”, onde ainda há a postura de se torcer o nariz para as conquistas e desenvolvimentos nacionais e valorização do que vem de fora.

Hoje devido a importantes avanços e conquistas em diversos setores científicos e econômicos, o povo brasileiro tem mudado um pouco essa postura, passando a reconhecer o valor da “prata da casa” e investido embora ainda timidamente na modernização de nossa industria e economia, com base na educação e formação de núcleos de estudo e pesquisa, bem como uma postura mais madura da sociedade em relação ao governo, o que tem criado mecanismos para que se dê continuidade aos projetos de desenvolvimento do país, em uma clara postura de amadurecimento político e estratégico. Como sinal claro deste amadurecimento presenciamos durante a última década investimento pesado na revitalização da industria pesada, que experimentou um lampejo de prosperidade e ascensão antes da eclosão de escândalos envolvendo as principais empreiteiras do país e membros do governo, onde a "Operação Lava Jato" expôs uma sordida rede de corrupção e superfaturamento dos contratos públicos nas suas mais variadas esferas, com isso atingindo severamente a no Petrobras, que outrora foi destaque e grande participante do mercado mundial e hoje passa por um período difícil de reconstrução de sua imagem junto aos investidores.


Também podemos ressaltar o investimento em DEFESA com a implantação da Estratégia Nacional de Defesa (END), que visa reequipar nossas forças armadas de acordo com a necessidade que se faz diante da posição do Brasil no mundo e a recuperar o núcleo da industria de defesa nacional, que nos anos 80 participou fortemente dos programas de defesa nacional e também participou do mercado internacional, mesmo que com apenas 2% do mercado, mas movimentando de forma considerável nossa economia e desenvolvendo novas tecnologias e capacitações, trazendo o país a um novo patamar de capital industrial, científico e intelectual. Hoje a Embraer possui uma importante participação no mercado internacional de aeronaves militares e civis, e tem alcançado um novo patamar com o novo programa, o KC-390, que até o momento tem apresentando um grande salto não só qualitativo e tecnológico, mas vem a se tornar um importante produto com grande potencial de exportação.

O Brasil se tornou “Independente” em 7 de setembro de 1822, mas ainda temos uma longa caminhada para a conquista real de nossa independência.

Como todo brasileiro que se orgulha de sua nação saúdo a todos nós brasileiros por nossas conquistas e lutas, e neste 7 de setembro faço votos de que possamos no próximo ano comemorar novas conquistas, superar a grave crise econômica e contar com uma postura madura e engajada de nossa sociedade nas decisões do rumo de nosso país.

Viva ao Brasil, Viva ao povo brasileiro, Viva a nossa “Independência”!!!!



Por: Angelo Nicolaci - Editor do GBN, Jornalista, graduando em relações internacionais pela UCAM.


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