quarta-feira, 6 de julho de 2016

'Eu me arrependi de derrubar a estátua de Saddam Hussein em Bagdá'

“Hoje, quando passo por aquela praça, sinto vergonha”, diz o iraquiano Khadim al-Jabbouri.
O mecânico foi um dos iraquianos que ajudaram a derrubar a estátua do ex-presidente Saddam Hussein, na praça do Paraíso, após a entrada das forças americanas em Bagdá no ano de 2003.
Fotos suas marretando o monumento correram o mundo e o transformaram no rosto da esperança dos iraquianos por um futuro livre do sangrento e autoritário regime de Saddam.
Mas hoje, Al-Jabbouri, que teve mais de uma dúzia de parentes executados pelo regime de Saddam, diz que se arrepende.
“Por que derrubei aquela estátua? Queria colocá-la de volta, reconstruí-la. Mas tenho medo de ser morto.”
Treze anos após a invasão americana do Iraque, o mecânico é um dos muitos iraquianos frustrados com o rumo que o país tomou desde a guerra.
Imerso em conflitos sectários, com um poder central fragmentado e territorialmente ameaçado pelo grupo autodenominado ‘Estado Islâmico’, o Iraque nunca emergiu da violência extrema em que mergulhou desde a guerra.
No último domingo, um caminhão carregado de explosivos foi detonado em uma área de Bagdá lotada de pessoas saindo às compras após o fim do período sagrado do Ramadã.
A contagem dos mortos já chegou a 250 – fazendo daquele o dia mais sangrento na capital desde a invasão americana e britânica. O ataque foi atribuído ao EI.
“O regime de Saddam foi implacável e assassino. Saddam levou o país a uma série de guerras desastrosas e sanções internacionais. Mas olhando para os últimos 13 anos, o mundo que existia antes de 9 de abril de 2003 era mais calmo e seguro”, escreveu o editor de Oriente Médio da BBC, Jeremy Bowen.
“Eles (os iraquianos) não tiveram um só dia de paz desde a queda do regime.”
A história da invasão do Iraque vem à tona no dia em que uma investigação sobre a participação britânica na guerra, elaborada pelo político britânico John Chilcot a pedido do governo, é publicada.
Chilcot passou sete anos avaliando os acontecimentos pré-guerra, quando o então premiê trabalhista Tony Blair procurou convencer o público doméstico de que o Iraque de Saddam possuía armas de destruição em massa – armas que nunca foram encontradas.
O relatório também trata das ações militares e suas consequências, para estabelecer que decisões foram tomadas, o que aconteceu e que lições podem ser tiradas.
Mas para Al-Jabbouri, que hoje vive refugiado no Líbano, as conclusões já são claras. “Bush (o ex-presidente americano George W. Bush, que ordenou a invasão) e Blair são mentirosos, definitivamente.”
“Eles destruíram o Iraque, voltamos à estaca zero”, diz.
“Se eu fosse criminoso, mataria-os com as minhas próprias mãos.”

Fonte: BBC Brasil
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