terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O que acontece se o Fed elevar a taxa de juros?

Ralph Solveen, chefe do departamento de análises do Commerzbank, diz estar seguro: "Nesta quarta-feira, enfim chegou a hora: o banco central americano vai elevar a taxa básica de juros, finalizando assim a longa fase de juro zero."
"Três, dois, um, decolar!", é como os economistas apelidaram o que o Federal Reserve (Fed) provavelmente vai aprovar esta semana. E que terá consequências, não só para a economia americana, mas também para a Europa, Ásia e países emergentes.
Ao contrário dos EUA, o Banco Central Europeu (BCE) ainda vai manter por muito tempo sua política de juros quase zero. Primeiro, porque o presidente do BCE, Mario Draghi, continua lutando com afã contra eventuais ameaças de deflação na Europa; e em segundo lugar, porque a recuperação econômica europeia ainda é tímida demais para se arriscar uma elevação da taxa de juros na zona do euro, justamente agora.
Paridade euro-dólar?
Se o Fed elevar a taxa de juros, porém, a tendência será o euro se desvalorizar, caminhando em direção à paridade com o dólar. Atualmente, um euro vale por volta de 1,10 dólar.
Todos os exportadores europeus que vendem para a zona do dólar se beneficiam com o euro fraco, já que seus produtos se tornam mais baratos – não somente nos EUA, mas também na Ásia, onde o comércio transnacional igualmente é realizado na moeda americana.
Por outro lado, a tendência descendente dos preços de matérias-primas e energia vai chegar ao fim, pois a queda dos preços das commodities e a subida do dólar se anulam mutuamente.
Caso o preço das commodities venha a subir e o euro resvale para a paridade com o dólar, isso será motivo de alegria para o presidente do BCE, Mario Draghi. Pois, com cada fatura, a Europa estaria importando a inflação que o BCE tanto deseja para a zona do euro.
Quão forte vai ser o efeito?
Quanto o euro se desvalorizará, depende de quanto o Fed vai apertar as rédeas de sua política monetária. "Muitos esperam que o Fed aja muito lentamente, também por temerem que será difícil para a economia americana lidar com juros altos e um dólar forte", explica Ralph Solveen.
"De acordo com nossas análises, uma taxa de juros mais elevada deverá ter pouco efeito sobre o consumo privado. E, no próximo trimestre, um dólar mais forte não deve frear a economia mais do que agora." Por esse motivo, os especialistas do Commerzbank acreditam que "o Federal Reserve deverá elevar a taxa de juros um pouco mais rápido do que esperado pelo mercado."
Enquanto para a Europa e os EUA os efeitos do aumento da taxa de juros pelo Fed serão certamente suportáveis, a situação é bem diferente para os já abalados países emergentes, cujos governos devem se preparar para um escoamento mais acentuado de dinheiro de seus países.
Até agora, os emergentes foram os beneficiados com a política de juro zero do Fed, atraindo investidores estrangeiros com juros altos e crescimento econômico forte. Agora os investidores deverão retirar novamente seu dinheiro, investindo-o em títulos públicos americanos, que agora prometem rendimentos mais elevados e são considerados de menor risco.
Pausa no meio do ano
Para exportadores de commodities, como o Brasil ou a Rússia, cujas economias já estão em recessão devido à queda de preços de petróleo, cobre, etc., a elevação da taxa básica de juros vai ser duplamente difícil: pois um dólar mais alto faz com que as matérias-primas, em sua maioria comercializadas em moeda americana, se tornem pouco atraentes para os investidores fora dos EUA. Isso pressiona ainda mais para baixo os preços – e, assim, também as tão necessárias entradas de divisas.
"Até agora, o Fed tem se esforçado para rebater a impressão de uma orientação muito mecanicista da política monetária", analisam os economistas do Commerzbank. "A elevação das taxas de juros não deverá seguir, de forma alguma, um caminho inteiramente previsível. O Fed se reserva o direito de responder a mudanças de dados ou a reações violentas dos mercados com uma pausa na subida da taxa de juros." Uma situação que muitos responsáveis pela política econômica nos países emergentes gostariam de ter já.

Fonte: Deutsche Welle
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