terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Armamento de alta precisão cria cenário de guerra moderno

Há muito tempo a guerra deixou de ser o confronto de tanques, armadas e divisões de infantaria. O papel decisivo que antes cabia ao fogo da artilharia, à investida dos tanques ou à resistência dos soldados pertence hoje às capacidades das novas armas, incluindo armamentos de alta precisão.
A operação das forças aeroespaciais militares russas na Síria, iniciada em 30 de setembro de 2015, já é conhecida por ser a operação que fez uso mais abrangente de armas de precisão na história das Forças Armadas da Rússia. A unidade da Força Aérea russa estacionada no Oriente Médio, formada por 50 aeronaves de combate, recorre ativamente ao uso de mísseis teleguiados e de mísseis com detecção automática do alvo, além de bombas aéreas de trajetória corrigível, armamentos antes só reconhecidamente utilizados pelo exército norte-americano.
Os mísseis teleguiados X-25 e X-29 não dão qualquer chance às formações móveis dos islamistas e atingem com eficácia suas áreas fortificadas. O raio de ação desses mísseis é superior a 10 km e a sua ogiva, que pesa várias centenas de quilos, permite o carregamento de uma carga explosiva considerável. O ataque ao alvo ocorre na velocidade do voo do míssil, que chega a alcançar os 400 metros por segundo. Dessa forma, o míssil consegue perfurar até mesmo a blindagem de estruturas de concreto com espessura de até 2 metros, ao mesmo tempo que sua zona de destruição não ultrapassa os 15 metros.
O aspecto mais interessante dessa arma é seu sistema de detecção do alvo. No caso dos mísseis russos, utiliza-se o laser e o sistema de determinação teleguiada do alvo. Em ambos os casos ocorre o registro do alvo com a ajuda de um laser ou uma câmera montada no próprio foguete. A imagem da câmera é comparada com as coordenadas do mapa da região previamente inseridas na memória do computador de bordo.
A detecção por laser tem suas limitações: sua execução requer a participação de um segundo aparelho voador, ou o raio do laser terá que ser lançado da própria aeronave, o que limita significativamente sua mobilidade. No entanto, em ambos os casos se obtém a mais alta precisão de ataque: alvos de tamanho pequeno, cujas dimensões não ultrapassem os 2 metros, são destruídos em 85% dos casos. Isto permite o uso de mísseis mesmo em espaços de grande densidade habitacional, como é o caso das cidades sírias.
Bombas de trajetória corrigível
Além dos mísseis, está sendo utilizando na Síria outro armamento do complexo militar-industrial russo. As bombas da série KAB-500 combinam em si o efeito devastador com a alta precisão do ataque. Isso se obtém graças ao fato de elas terem incorporado um sistema de autodeterminação da trajetória até o alvo. Enquanto as bombas comuns, como aquelas utilizadas na Segunda Guerra Mundial, eram armas de destruição em massa lançadas de uma grande altitude e que transformavam em paisagem lunar vastos territórios, as bombas com trajetória corrigível funcionam de um modo radicalmente diferente.
Avião russo Su-34 armado com bombas KAB-500 realiza uma ataque na província de Raqqa, controlada pelo EI. Foto: TASS Avião russo Su-34 armado com bombas KAB-500 realiza uma ataque na província de Raqqa, controlada pelo EI. Foto: TASS
Uma bomba dessas, mesmo depois de lançada da aeronave, consegue se desviar consideravelmente da sua trajetória vertical até 8 km de distância. Isso permite às aeronaves lançarem a bomba longe do território ocupado pelo inimigo, evitando assim o risco de um contato direto com ele. Foi precisamente com bombas KAB-500 que foi destruída na Síria uma fábrica de bombas artesanais mantida por terroristas.
Mas, à disposição da aviação russa, existe ainda um outro tipo de bomba aérea, a KAB-250, que voa para o alvo com a ajuda de um sistema russo de localização por satélite semelhante ao GPS. Ela pode ser lançada de um aparelho em uma velocidade supersônica, o que abre um grande leque de possibilidades de aplicações não só para a aviação de ataque, mas também para os caças modernos.
Produção de mísseis
O governo russo anunciou desde o início do conflito na Síria que apostaria no uso de armamentos de alta precisão. Isso exigiu um grande esforço da indústria de defesa nacional, que só recentemente começou a se afastar das armas convencionais de ampla difusão, e as fábricas de mísseis táticos passaram a operar em regime ininterrupto.
Essas fábricas surgiram em 2002 como resultado da fusão de duas dezenas de empresas fabricantes de componentes para mísseis de alta precisão e bombas. A sua produção é bastante variada e vai desde os mísseis teleguiados do tipo ar-terra acima descritos até mísseis manobráveis para ataques a curta distância, bombas aéreas com trajetória corrigível e mísseis antinavios. Particular atenção é dispensada às armas antissubmarino.
O sistema Paket-E Foto: Press PhotoO sistema Paket-E Foto: Press Photo
Para combater submarinos inimigos, esse conjunto de fábricas criou projetos únicos. O sistema Paket-E, por exemplo, está armado com mísseis de alta velocidade, que conseguem ao mesmo tempo atingir o alvo inimigo e interceptar um torpedo já lançado. Além disso, especialistas russos em armamento desenvolveram mísseis aéreos anti-submarinos e bombas teleguiadas anti-submarinas. O volume de negócios anual da corporação de mísseis é superior a US$ 1 bilhão e sua produção é amplamente exportada para outros países.

Fonte: Gazeta Russa
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