segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Quero ser brasileira, ó pá!


O Brasil já é o maior mercado da portuguesa TAP. Agora, a estatal, que está sendo privatizada, pretende aumentar seus voos ligando o País ao mundo e sonha com um comprador verde-amarelo


Quem vive na região Norte do Brasil e quer passar as férias na Europa, além de toda a preparação para a viagem, como a reserva do hotel, a definição do roteiro e a compra das passagens, ainda tem de levar em conta o tempo de voo. Em média, um turista de Manaus, por exemplo, gasta 19 horas para chegar ao seu destino. O grande vilão da viagem é o tempo despendido na conexão no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Pensando em encurtar essa distância e levar mais turistas para o Velho Continente, a TAP, a estatal portuguesa de aviação, vai incluir em seu plano de voo duas rotas a partir de Manaus e Belém no ano que vem. "Somos a companhia de bandeira do Brasil", diz o vice-presidente da TAP, Luiz Mór.
 
"Estamos de Norte a Sul do País." O trajeto Manaus-Lisboa deve durar cerca de oito horas. Gaúcho de nascimento e português por opção, o executivo diz que essa expansão é apenas uma pequena parte da estratégia da companhia para o Brasil. Hoje, as aeronaves da TAP realizam 77 voos por semana. O objetivo é chegar a 80 já em 2014. A TAP aterrissa em dez cidades no País, o que faz dela a principal companhia aérea em localidades atendidas por voos internacionais. O mercado brasileiro já é o maior faturamento da TAP – no ano passado representou 26% do faturamento de € 2,4 bilhões.
 
De janeiro a setembro, a receita gerada com as vendas de passagens por aqui rendeu à companhia portuguesa € 327,1 milhões, de um faturamento total de € 1,6 bilhão. Em 2012, o lucro da TAP chegou a € 15,8 milhões. Não é nenhum fenômeno, mas é um feito e tanto quando se compara com a avalanche de prejuízos que tingiu de vermelho o balanço das principais aéreas brasileiras, como a Tam e a Gol. No caso da portuguesa, depois de um período de turbulências, foi o quarto ano consecutivo com a última linha do balanço em azul. A companhia já está negociando com a Agência Nacional de aviação Civil (Anac) para a abertura de novas frequências.
 
Mór acredita que os mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre ainda possuem potencial para até dez novos voos. "A demanda no Rio Grande do Sul está tão grande quanto a paulista", diz. "Porto Alegre tem um turismo de negócios forte."
 
A definição da Anac, segundo Mór, sairá ainda neste mês. "A operação brasileira nos dá condições para melhorar rotas em outros destinos", afirma Mór. "Sem o Brasil, não conseguiríamos abrir novos voos." Isso porque as viagens procedentes do Brasil saem com 90% dos assentos tomados, a maior taxa de ocupação obtida pela empresa no mundo.
 
A estratégia de fortalecimento da operação brasileira faz parte de um plano mais amplo do governo português: a privatização da TAP. Em 2012, o controle da companhia estatal foi colocado à venda (o governo português continuaria com uma participação acionária na empresa). Como em dezembro o processo arremeteu – o Grupo Synergy, dono da Avianca, único interessado no negócio, teve sua proposta recusada –, a TAP, agora, tem de se mostrar mais atraente do que nunca. "A noiva precisa continuar bonita", afirma Mór. O motivo da privatização é que, pela legislação europeia, países que buscaram ajuda financeira da União Europeia devem diminuir sua dívida pública.
 
No caso de Portugal, um dos grandes entraves para obter esse respiro é justamente o controle estatal da companhia aérea. "O ideal seria a TAP se associar a uma empresa brasileira", diz o consultor e professor da PUC do Rio Grande do Sul, Ênio Dexheimer. "Tem muita gente querendo voar para o Exterior. O potencial do País é enorme." Mór também acredita em uma sinergia maior caso o novo controlador seja uma companhia brasileira.
 
Segundo ele, além de possibilitar à parceira local um aumento no número de destinos internacionais, daria à TAP acesso ao mercado doméstico, que nos últimos anos tem apresentado crescimento expressivo no volume de passageiros transportados. "Teremos uma complementaridade natural com uma companhia do Brasil", afirma o executivo. "É importante para nós." Enquanto a privatização não acontece, a TAP tenta seguir no azul e sonhando com os bons ventos brasileiros.
 
Fonte: Isto é Dinheiro
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