sábado, 19 de outubro de 2013

Exército testa míssil com alcance de 300 km


O Exército testou, em setem­bro, o MTC 300, seu primeiro míssil tático de cruzeiro, com alcance na faixa de 300 quilô­metros. Foi um ensaio virtual durante a Operação Laçador, um jogo de guerra que mobili­zou 8,2 mil militares das três Forças, no sul do País, em trei­namento de combate. A simu­lação foi bem-sucedida.
"Teríamos destruído o alvo", garante um oficial. O teste seguiu o procedimento de comba­te real. Os veículos lançadores blindados tomaram posição de fogo. O objetivo foi definido, en­gajado e, hipoteticamente, des­truído. "Serviu para alinhamen­to da doutrina, que define os padrões de como usar e como apli­car o sistema", disse o oficial.

MTC 300 é capaz de fazer na­vegação inteligente. Leva, na ogiva, a carga explosiva de 200 quilos. O programa de constru­ção do míssil integra o sistema de artilharia Astros 2020, uma das sete prioridades estratégi­cas no processo de moderniza­ção da Força Terrestre.

Está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de 2014 com recursos es­timados em R$ 300 milhões, dos quais R$ 92 milhões garantidos. Cada míssil custará € 670 mil.

As encomendas iniciais devem envolver um lote de 100 unidades. A empresa que executa o projeto, é a Avibrás Aeroespa­cial, de São José dos Campos. O total dos investimentos no As­tros 2020 é avaliado em R$ 1,246 bilhão. O custo, só da fase de desenvolvimento do míssil, vai bater em R$ 195 milhões. Se­gundo Sami Hassuani, presiden­te da Avibrás, todas as etapas do empreendimento estarão integralmente cumpridas até 2018, "mas, o primeiro lote, será en­tregue já em 2016".

Em nota, o Comando do Exér­cito informou que no período de 2011 e 2012 aplicou, diretamente no plano, R$ 220 milhões.

Mercado - Há boas possibilida­des para o produto no mercado internacional. Uma prospecção feita com clientes tradicionais do modelo atual, o Astros II, co­mo a Arábia Saudita, a Malásia e a Indonésia, indicou um poten­cial de negócios de US$ 2,5 bi­lhões, valor que "se somará ao representado por novos usuá­rios, que é um pacote de US$ 3,5 bilhões até 2022", diz Hassuani.

A atual versão do MTC 300 é o resultado de 10 anos de aper­feiçoamento. O desenho é mo­derno, compacto, e dispensa as asas retráteis da primeira confi­guração. O míssil mede 5,5 me­tros e utiliza materiais compos­tos. O motor de aceleração usa combustível sólido e só é ativa­do no lançamento.

Durante o voo de cruzeiro, sub-sônico, o míssil tem o comporta­mento de uma pequena aerona­ve - a propulsão é feita por uma turbina, de tecnologia nacional, construída também pela Avibrás.

A arma está no limite do Regi­me de Controle de Tecnologia de Mísseis, o MTCR, do qual o Bra­sil é signatário. O acordo restrin­ge o raio de ação máximo a 300 quilômetros e as ogivas a 500 qui­los. "O MTC-300 está dentro da distância fixada e atua com folga no peso", explica Sami Hassuani.
 
O Comando do Exército des­taca que o Astros 2020 é a plata­forma para que a Força tenha "apoio de fogo de longo alcance com elevados índices de preci­são e letalidade". A navegação do AV-TM é feita por uma com­binação de caixa inercial e um GPS. O míssil faz acompanhamento do terreno com um sensor eletrônico, corrigindo o cur­so em conformidade com as coordenadas armazenadas a bordo. Seu objetivo ideal é uma instalação estratégica - refina­rias, usinas geradoras de ener­gia, centrais de telecomunica­ções, concentrações de tropa, depósitos, portos, bases milita­res, complexos industriais.
 
Ainda não tem o radar necessá­rio para buscar alvos móveis, O recurso permitiria multiplicar a capacidade realizando, por exemplo, um disparo múltiplo contra uma frota naval, liderada por um porta-aviões, navegando a até 300 quilômetros do litoral - no caso do Brasil, eventualmente ameaçando províncias petrolífe­ras em alto-mar. Uma bateria do sistema Astros é composta por seis carretas lançadoras, com su­porte de apoio de outras seis remuniciadoras, um blindado de comando, um carro-radar de ti­ro, um veículo-estação meteoro­lógica e um de manutenção.
 
O míssil MTC 300 é dispara­do por rampas duplas - cada car­reta levará quatro unidades. O SS-30 atua em salvas de 32 fogue­tes e o SS-40, de 16; os SS-60 e SS-80 de três em três. O grupo se desloca a 100 km/hora em es­trada preparada e precisa de ape­nas 15 minutos de preparação an­tes do lançamento. Cumprida a missão, deixa o local deslocan­do-se para outro ponto da ação, antes que possa ser detectado.
 
Fonte: Estadão
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