quarta-feira, 1 de abril de 2015

Franceses reinterpretam com humor o fim de Stálin

Nunca na história contemporânea um farto bigode coube tão bem em um caixão como à época da morte de Josef Stálin, em 1953. O ditador rivalizara em terríveis pelos com outro trapaceiro, Adolf Hitler, a quem ele vencera durante a Segunda Guerra Mundial. Naqueles anos 1950 de seu passamento, aproximar-se do líder soviético implicava riscos inimagináveis. Um Stálin persecutório mandara ao Gulag algumas dezenas de humoristas responsáveis por charges nas quais ele fora o alvo de críticas veladas. Se não aguentava uma piada, talvez fosse incapaz de lidar com os próprios pesadelos.
Todos os sonhos maus do líder se convertem agora, pela ficção baseada em fatos reais, em assunto para boas risadas. Este A Morte de Stálin, com roteiro de Fabien Nury e desenhos de Thierry Robin, faz picadinho cômico do sanguinário bolchevique. O humor dos autores, contudo, tem mais sombras, cor e claro-escuro do que seu objeto de sátira talvez merecesse. De todo modo, sob formato clássico, eles descrevem as horas anteriores e posteriores à ocorrência de um derrame cerebral que imobilizou Stálin de modo a iluminar seu obscuro castelo de cartas políticas.
Na HQ, Stálin demora a morrer, o que começa a se dar após seu telefonema à rádio estatal no qual exige a cópia em vinil de um concerto ao vivo. Os músicos têm de repetir o que tocaram, embora a brilhante pianista ouse discordar de lhe fazer tal favor, por deplorar seus métodos assassinos. Em meio à tensão, ocorrido o derrame, os candidatos à sucessão Nikita Kruchev e Lavrenti Béria começam a conspirar.
Os fatos ocorridos são alterados ficcionalmente para favorecer uma narrativa livre, que interprete o tempo histórico. Numa sequência impressionante, em lugar de pisoteados, os pobres que reclamavam assistir ao funeral de Stálin são fuzilados por Kruchev, um recurso engenhoso para que os quadrinistas espelhem o domingo sangrento de 1905 no qual o czar (assim igualado em poder e crueldade a Stálin) ordenou disparos contra aqueles que o honravam.
Fonte: Carta Capital
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