sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A Arte da Guerra - Parte I

Como dito na introdução sobre este artigo, onde conhecemos um pouco sobre Sun Tzu, esta obra foi escrita em 13 capítulos, onde vamos conhecer os principais fatores que devemos atentar para ter uma estratégia bem sucedida. Nesta primeira parte vamos estudar o primeiro capítulo que tem como título Estimativas. 
  
Capítulo I - ESTIMATIVAS: Segundo os ensinamentos do General Sun Tzu, a guerra é um dos assuntos mais importantes do Estado. É o campo onde a vida e a morte são determinadas. É o caminho da sobrevivência ou da desgraça de um Estado. Assim, o Estado deve examinar com muita atenção este assunto antes de buscar a guerra. 

Para prever o resultado de uma guerra, devemos analisar e comparar primeiro as nossas próprias condições e as de nosso inimigo, baseados em cinco fatores básicos: caminho, clima, terreno, comando e doutrina. 
 
Vamos conhecer um pouco mais sobre estes fatores: 

CAMINHO => O caminho é o que faz com que as ideias do povo estejam de acordo com a de seus governantes. Assim, as pessoas irão compartilhar do medo e da aflição da guerra, porém, estarão ao lado dos interesses do estado, qualquer que seja o caminho escolhido. Em outras palavras, trata-se de conquistar o apoio incondicional do povo, fazendo-o crer na causa, fazer com que confiem nas escolhas feitas pelo Estado e na sua liderança em uma guerra. Temos na história da humanidade diversos exemplos de como isso pode mover nações inteiras a apoiar seus governos, até mesmo cegando o povo a ponto de aceitar coisas absurdas, como um exemplo marcante e recente, podemos citar a Alemanha de Hitler, onde o povo aderiu ao Nazismo. 
 
 CLIMA => O clima significa dia e noite, frio e calor e a sucessão das estações. Pois como todos podemos notar, o clima pode influênciar drasticamente no resultado de uma campanha militar. É muito diferente a condução de tropas no verão da condução no inverno, a logística é totalmente diferente, e se não for feito a previsão quanto a este fator, o exército que conduz a campanha sem estar atento a este fator, pode estar fadado a derrota mesmo antes do combate. 

TERRENO => O terreno indica as condições da natureza: se o campo de batalha está perto ou longe, se é estrategicamente fácil ou difícil, se amplo ou estreito, e se as condições são favoráveis ou desfavoráveis à chance de sobrevivência. É saber onde vai se dar o combate e como conduzir suas tropas em determinado território, pois sem este conhecimento é muito improvável a vitória, pois leva vantagem no combate que conhece bem o terreno onde pisa. 

Um exemplo que podemos citar: Um combate na selva é diferente de um combate no deserto ou em campo montanhoso, pois os meios a serem empregados são completamente diferentes, e o posicionamento das tropas é crucial, só vai saber posicionar vantajosamente as suas tropas o general que conhece o teatro de operações ao qual esta conduzindo a campanha, pois um exercito pequeno leva grande vantagem sobre outro de maior tamanho se este der combate é terreno estreito ou de difícil acesso. 

Há exemplos disso na história recente: Afeganistão (invasão soviética e atual combate ao talibã), Vietnã, dentre outros exemplos. 

COMANDO => O comando refere-se às virtudes do comandante: inteligência, probidade, benevolência, coragem e severidade. 

O general á conduzir as tropas deve exibir estas qualidades para que possa ser bem sucedido, por isso muitas vezes vê-se necessário ter o comando dividido entre dois ou mais generais que tomem decisões em conjunto, pois um complementa o outro nestas características. 

Mas deve-se estar atento em como se dá o comando compartilhado para que não haja atrito dentro do comando e isso atrase as decisões, ou pior faça com deixem de ser tomadas ou mesmo tomadas decisões erradas. 
  
DOUTRINA => A doutrina diz respeito à organização eficiente, à existência de uma cadeia de comando rígida e a uma estrutura de apoio logístico. Resumindo, a doutrina diz respeito a capacidade de emprego da tropa propriamente dito, é o conjunto de comunicação e normas que determinam o tempo em que as ordens são acatadas e como são cumpridas. É saber administrar o contigente e os recursos de maneira eficiente, para que cumpra corretamente as ordens do Comando e seu General. 

Nas palavras de Sun Tzu, quem conduz os soldados para a batalha deve estar familiarizado com estes cinco fatores. Quem os compreende pode alcançar a vitória. Quem não os compreende será derrotado. 

PODER RELATIVO ENTRE AS FORÇAS: Para comparar as forças e avaliar o poder relativo entre elas, deve-se realizar as seguintes perguntas: Qual povo escolheu apoiar se Estado ? Qual comandante tem mais habilidade? Qual dos lados tem a vantagem do clima e do terreno ? Qual dos exércitos manifesta uma disciplina mais efetiva? Qual dos lados possui superioridade militar? Qual dos lados tem os soldados melhor treinados ? Qual dos lados possui um sistema de recompensas e de castigos mais justo e claro? Se ponderarmos com sabedoria estes fatores, poderemos prever o resultado de uma batalha. Pois são perguntas que dão uma rápida situação a ser encontrada no campo de batalha, pois estão diretamente ligadas a análise dos cinco fatores que acabamos de conhecer. 

O comandante que leva em consideração estas afirmações ou estratagemas ganhará as batalhas e permanecerá à frente de suas tropas. Se ele não seguir estes conselhos sofrerá derrotas e consequentemente seu Estado terá sua longevidade em risco. 
  
DISSIMULAÇÃO Qualquer operação militar tem na dissimulação sua qualidade básica. É a capacidade de induzir o inimigo ao erro, seja por suas próprias características, ou seja pela contra-informação. Um General que é capaz deve fingir ser incapaz, quando está pronto, deve fingir-se despreparado, quando estiver preparado, se estiver perto do inimigo deve parecer estar longe e se estiver longe deve parecer perto. 

Isso é a arte da dissimulação Um bom comandante deve: oferecer uma isca para fascinar o inimigo que procura alguma vantagem; capturar o inimigo quando ele está em desordem; preparar-se contra um inimigo, se este for poderoso. Se o inimigo for orgulhoso, provoque-o; se for humilde, encoraje sua arrogância; se estiver descansado, desgaste-o; se estiver unido, estimule a discórdia entre suas tropas. Um comandante militar deve atacar onde o inimigo está desprevenido e deve utilizar caminhos que, para o inimigo, são inesperados. Deve ser ágil e imprevisível. 

Para os estrategistas, estas afirmações são a chave para a vitória. Contudo, estes fatores não podem ser determinados por antecipação, com base em informções antigas, ou em histórico de outros conflitos. 

O general deve ser capaz de ponderar todos estes cálculos previamente e considerar principalmente que o inimigo pode também estar lançando mão da dissimulação. 

O lado que contar mais pontos, provavelmente irá vencer, o que contar menos, tem pouca chance de vitória e ainda o que não contar ponto nenhum esta fadado a derrota. 

Neste primeiro capítulo pudemos apreciar alguns dos princípios básicos que devemos considerar antes de conduzir a guerra propriamente dita, é aqui que podemos decidir por partir para a guerra ou buscar as vias diplomáticas. Aqui esta um dos principais fatores que diferenciam o sucesso do fracasso. 

Espero que a leitura tenha sido bem objetiva e rica para que possamos enriquecer nosso conhecimento. 

Em breve publicarei o segundo capítulo desta série especial do GeoPolítica Brasil sobre "A Arte da Guerra". 

Por Angelo Nicolaci


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6 comentários:

  1. Angelo,

    continuo acopmpánhando.

    Uma dica: depois que terminar, junta todos os link em um só e deixa disponível para quem quiser consultar. Mas com todas as partes juntas.

    o que acha?

    abração

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  2. ops! corrigindo: acompanhando.

    Escrevi na primeira vez em búlgaro...hehehe

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  3. Ótimo discorrer Angelo, Concordo com o Hornet sobre os Links, mas o trabalho é realmente árduo e duro.

    Sabe que as vezes paro e penso no trabalho deste general... não é somente batalha...é realmente ARTE!!!

    Tudo é atual até hoje, depois de milênios, tudo bate até agora, e vai continuar assim até quando teremos que enfrentar guerras no espaço para a conquista de outros planetas em mãos de inimigos alienígenas... Certo que existem ou você se acha a unica espécie pensante do inteiro Universo???

    Com as dimensões do universo conhecido, se existíssemos somente nós, seria realmente a coisa pior que poderia nos acontecer como "Homo Sapiens", e isso em toda a nossa existência!!! Seria deprimente, e esta depressão solitária duraria em eterno... não quero nem pensar nisso mais!!
    Eu acredito, talvez seja um Iludido!!!

    Quando penso nesta coisa lembro da historia das carroças dita da Sun Tzu... já pensou capturar nave espacial extraterrestre e usar ela contra eles!!!

    Mas voltando ao teu trabalho Angelo, o exemplo que fizeste no tema "Caminho" foi preciso, a propaganda é realmente a alma do negócio.

    A parte da dissimulaçào que eu mais gostei è a que realmente vem sempre usada até mesmo em briga de vizinhos de apartamento:

    "Se o inimigo for orgulhoso, provoque-o; se for humilde, encoraje sua arrogância; se estiver descansado, desgaste-o; se estiver unido, estimule a discórdia entre suas tropas."

    Adorei!!

    Parabéns Angelo, continue assim.

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  4. Francoorp,

    é, em certo sentido, Arte. Mas apenas no sentido do que significava arte na antiguidade.

    Em primeiro lugar, na antiguidade, arte significava técnica (arte vem do grego teckné=técnica, e que passou para o Latim como "ars", de significado semelhante). E em segundo lugar, Arte e vida eram as mesmas coisas. Então, Arte da Guerra, seria algo como: o sentido da vida quando colocada no limite de sua fragilidade, que é a Guerra (o perigo da morte, a consciência da morte).

    Portanto, nesse sentido, a Arte da Guerra, nada mais era que A Arte da Vida...como manter a vida em momentos de extrema fragilidade da mesma. E o interessante é a conduta ética e moral que o Sun Tzu coloca no livro. Este aspecto é até mais importante que qualquer outro. (especialmente quando pensamos nas guerras modernas, sem ética e sem moral alguma.)

    Apenas na modernidade que Arte e vida se tornaram coisas diferentes. A vida é o concreto vivido e a Arte é para a contemplação apenas. Ao menos, esse é o sentido burguês-ocidental de Arte. Arte no mundo oriental ainda guarda muito do sentido antigo que lhe disse acima: integração da vida, completude da vida.

    enfim...

    um assunto que dá pano pra manga e é legal de pensar.

    abração

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  5. Obrigado amigos, vou ver como coloco os links, caso eu não consiga pôr os links eu vou frisar o fato de que ao clicar no marcador abaixo da postagem a pessoa tem acesso aos textos anteriores.

    Abraços Hornet e Francoorp

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  6. Parabéns as matérias estão excepcionais. Sun Tzu com certeza é o mestre da guerra.
    O apoio da população e arte da dissimulação são os fatores primordiais para se vencer uma guerra, em minha opinião. Com o apoio da maioria da população uma invasão não poderá se manter por um longo período e arte da dissimulação surpreendendo e enganando o inimigo também é um fator chave para a vitoria.
    Concordo com a junção das matérias ao final, ficara show.

    Um grande abraço amigão...

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