segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Um novo teste para a relação Brasil-EUA


A necessidade de responder à catástrofe no Haiti é vista pelo governo Barack Obama como um um enorme desafio de liderança e uma grande oportunidade para os EUA e o Brasil cooperarem na estabilização e reconstrução de um país no qual ambos têm importantes presença e responsabilidade. Fazer com que isso aconteça exigirá, no entanto, um tipo de relacionamento mais intenso e consequente do que existiu até agora e colocará o diálogo bilateral à prova.

Mapear as ações e as responsabilidades bilaterais e multilaterais foi um dos objetivos da conversa por videoconferência, ontem, entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a secretária de Estado, Hillary Clinton, e chanceleres de outros países, depois do começo atabalhoado provocado pela falta de consulta e coordenação adequadas entre eles nos primeiros dias depois da tragédia.

No sábado, altos funcionários americanos apressaram-se em explicar que a decisão dos EUA de assumir o controle das operações do aeroporto de Porto Príncipe não foi unilateral, mas uma resposta a um pedido urgente de ajuda do governo haitiano para organizar o recebimento do socorro enviado por vários países. Brasil, França, organizações não-governamentais, incluindo dos EUA, e a própria ONU reclamaram depois que os operadores americanos negaram pouso a aviões que transportavam pessoal e ajuda.

Como o país com mais recursos e capacidade logística nas proximidades do Haiti, com uma população significativa de imigrantes haitianos e um presidente negro, é de se esperar que os EUA tenham a maior presença e responsabilidade no país na fase emergencial. Politicamente, o sucesso da operação é também essencial para que os EUA evitem uma repetição, em escala internacional, do fiasco que foi a resposta ao furacão Katrina, em 2005.

É um equívoco, no entanto, supor que Obama chamará a si a liderança exclusiva da cooperação internacional no Haiti pós-terrremoto ou terá interesse em diminuir o papel do Brasil e de outros países. A dramática situação fiscal dos EUA, os sinais de ressurgimento político dos conservadores e a baixa eficácia do modelo de assistência internacional usado até agora limitarão a capacidade de ação efetiva de Washington.

Esses fatores tornam também uma maior participação do Brasil, que lidera o componente militar da missão da ONU (Minustah), e de outros países essencial para viabilizar a dificílima tarefa de reconstrução. Foi, por isso, bem recebida em Washington a declaração do ministro da Defesa, Nelson Jobim, indicando a disposição do Brasil de estender por mais cinco anos sua presença e papel na Minustah, cujo mandato expira em outubro.

Fonte: Estadão
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