sexta-feira, 6 de julho de 2018

STM e sua proposta no Programa "Corveta Classe Tamandaré"

Durante a primeira edição da Ridex conhecemos alguns dos concorrentes do Programa Corvetas Classe Tamandaré (CCT), apesar de algumas ausências, encontramos o proponente turco e seus parceiros que nos receberam em seu stand.

Conforme já foi veiculado através de release da empresa em diversas mídias, a proposta da STM (Savunma Teknolojileri Mühendislik) tem como base o projeto MILGEM, desenvolvido pela indústria de defesa da Turquia que resultou nas corvetas da "Classe ADA",  onde a STM foi responsável pelo projeto dos navios, testes, sistema de propulsão principal, todos os outros sistemas, classificação e toda parte relativa a construção do navio, o qual vamos apresentar ao longo desta matéria.

Voltando a nossa visita ao stand da STM e sua parceria DefenSea, tivemos uma breve conversa com os representantes de ambas empresas presentes, durante este encontro nos foram relatados pontos interessantes envolvendo as empresas que participam desta proposta. Conforme já foi divulgado anteriormente, a STM se aliou ao estaleiro nacional Brasfels, localizado em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde eram as instalações do antigo Estaleiro Verolme. Tendo iniciado suas operações no ano 2000, a Brasfels é parte do asiático Keppel Fels de Singapura, o qual já construiu diversos navios para atender a Petrobras desde adquiriu as instalações no Brasil. Apesar do estaleiro, assim como diversos outros no Brasil, enfrentar momentos difíceis e incertos em face da grave crise no setor de construção naval brasileiro que sucedeu os escândalos da "Lava Jato", o que ocasionou o cancelamento de muitas encomendas da petrolífera brasileira, a Brasfels apresenta instalações modernas e com plena capacidade de atender a demanda necessária para construir as quatro corvetas previstas pelo Programa CCT.

Outros parceiros de peso na proposta da STM/Brasfels, são a brasileira Omnisys que apresenta enorme capacidade de fornecer soluções de alta tecnologia, desenvolvimento, fabricação, qualificação e instalação de equipamentos para aplicações em diversos segmentos e mercados, no campo de defesa possui expertise em defesa aérea, guerra eletrônica e sistemas de monitoramento de espectro eletromagnético dentre outros. Também participa desta proposta a francesa Thales com sistemas e sensores, devendo ser a fornecedora do sistema radar de vigilância aérea e de superfície, o sistema de gerenciamento de combate e outros sensores e componentes, e a Fundação EZUTE do Brasil.

Um dos primeiros pontos que foi abordado pelos representantes da STM e DefenSea, tratou do custo envolvido na proposta, a qual segundo veiculou outro site especializado, seria 100 milhões de dólares superior ao pago pelo Paquistão por navio similar as nossas CCT's, o que foi desmentido pelos representantes da empresa turca, deixando claro que os valores, embora não possam ser revelados, não seriam tão discrepantes conforme "revelou" a outra mídia. Ainda sobre a questão, cabe ressaltar que a proposta feita no âmbito do Programa CCT, difere muito do ocorrido com o Paquistão, primeiro por se tratar de construção local com parceiros e fornecedores locais, segundo por se tratar de acordo envolvendo transferência de tecnologias e por seguinte por tratar-se de um projeto "novo" que tem por base o projeto MILGEM que resultou na Classe "ADA". Como nós do GBN News e nosso parceiro Robinson Farinazzo do Canal Arte da Guerra sempre buscamos deixar claro aos nossos leitores, em tratando-se de Defesa, os custos são sempre muito relativos, não é como comprar uma televisão ou outro item similar, pois as características mudam de cliente para cliente, e isso altera completamente os custos finais de determinados meios empregados em defesa, pois cada operador requer determinados sistemas e meios integrados e isso altera o custo, defesa não é tão simples como muitos especulam.

Só para se ter uma ideia, a proposta feita ao Brasil compreende a integração do sistema VLS Sea-Ceptor, enquanto na versão paquistanesa este sistema não esta integrado, contando em seu lugar com o RIM-116, sistema muito menos capaz que o Sea-Ceptor, além de apresentar um custo de aquisição também menor, isso é apenas um dos dezenas de exemplos que poderíamos aqui elencar afim de compor um panorama comparativo de custos entre ambos navios. 

Tratando do projeto em si, os proponentes frisaram que a proposta apresentada á Marinha do Brasil, trás um navio extremamente moderno e com características de projeto avançado, sendo um conceito já comprovadamente eficaz e o qual já opera há sete anos com a Marinha da Turquia, sendo navios considerados extremamente eficientes, econômicos e confiáveis, os quais apresentam reduzido RCS, o que garante características stealth ao projeto.

Quanto as características do navio proposto, vamos traçar algumas comparações entre a "Classe Ada" e a "Classe Tamandaré" proposta pelos turcos. Ambos os navios possuem muito em comum, porém, há várias modificações que serão necessárias para atender aos requisitos brasileiros, o que de fato dará origem á um novo navio. Apesar dessas alterações que apresentaremos a seguir, é importante dizer que essas alterações são de certa forma limitadas, sendo relativamente econômica em comparação com original Classe Ada, o que significa que não trarão alterações significativas a parte estrutural e ao centro de gravidade do navio, o que em outras palavras, significa menor custo no desenvolvimento do projeto e a necessidade de tantos testes e certificações estruturais e de projeto para determinar o centro de gravidade, flutuação, etc...

Continuando nossa comparação entre a "Classe Ada" e a proposta "Classe Tamandaré" da STM, a versão brasileira terá incorporado um sistema de lançamento vertical (VLS) na proa, seguindo a exigência da Marinha do Brasil, o qual deverá ser o sistema Sea-Ceptor da MBDA, capaz de interceptar ameaças aérea á curto e médio alcance, prevista a instalação de oito células do sistema, o que significa a capacidade de portar 32 mísseis, uma vez que cada célula compreende 4 mísseis. Já na "Classe Ada", o principal sistema antiaéreo, está concentrado no sistema de mísseis RIM-116 de defesa de ponto, possuindo alcance de interceptação de ameaças aéreas na faixa de 9 km, sendo localizados na popa do navio, o qual será substituido na "Tamandaré" por um sistema CIWS de defesa de ponto.
A proposta "Classe Tamandaré" feita pela STM, possui menor capacidade antinavio que a "Classe Ada", onde originalmente a "Classe Ada" conta com duas células quadruplas para misseis antinavio, na "Classe Tamandaré" essa capacidade seria de apenas dois lançadores duplos de misseis antinavio, cumprindo as exigências da Marinha do Brasil em seu RFP.
A STM viu a necessidade de realizar algumas alterações no arranjo da superestrutura do "MILGEM", dentre essas mudanças, estão o recuo da superestrutura afim de obter espaço para integração do VLS na proa da "Tamandaré", assim como uma seção intermediária encurtada. Para entendermos um pouco melhor as intervenções que deverão ocorrer, a Marinha do Brasil em sua RFP requer o VLS na proa, o que aumentará o peso naquela seção do navio, o que deslocaria o CG do navio, além da redução de oito para apenas quatro misseis antinavio á meia-nau, o que resulta em redução do peso naquela seção, logo, ara que não houvesse a necessidade de testes para estabelecer o CG e outras classificações, a STM optou pelo deslocamento da superestrutura e algumas modificações sensíveis em seu design original como solução para manter as características náuticas do navio. A previsão é que a "Classe Tamandaré" proposta pela STM, tenha um deslocamento com cerca de 600 ton a mais que a apresentada pela "Classe Ada",  sendo estimada em 2.970 toneladas contra as. 2.300 toneladas da "Ada", o comprimento do casco também teria acréscimo de quatro metros, passando de 99,5 m para 103,4 m na versão brasileira da MILGEM.
A proposta apresenta no geral um navio atraente, quer seja por suas capacidades operacionais, quer seja pela tecnologia oferecida, e com certeza este programa trás grandes projetos e fica difícil apontar um vencedor, apesar de haver players de grande peso, a definição ainda é bastante incerta e não arriscaria apontar um provável vencedor neste programa da Marinha do Brasil.
Agradecemos aos representantes da STM e DefenSea que nos receberam em seu stand, nos fornecendo importantes informações sobre a sua proposta e desejamos sorte aos envolvidos nos esforços para fornecer a Marinha do Brasil um navio de grande complexidade e tecnologicamente avançado.

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