segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Indonésia moderniza força naval e Brasil precisa repensar estratégia com VANTs embarcados

A Indonésia aprovou recentemente um ambicioso pacote de defesa, destinando US$ 450 milhões para a aquisição do porta-aviões italiano Giuseppe Garibaldi, além de US$ 250 milhões para helicópteros de transporte e US$ 300 milhões para helicópteros utilitários. O país também planeja incorporar Veículos Aéreos Não Tripulados Bayraktar TB3, da Türkiye, sinalizando a crescente importância de aeronaves não tripuladas em operações navais.

A Fincantieri, construtora do Giuseppe Garibaldi, ofereceu a conversão do navio para operações com VANTs, aproveitando experiências da Türkiye com o TCG Anadolu, que já realizou mais de 100 surtidas com o Bayraktar TB3, inclusive com emprego de munições em cenários operacionais reais. Essa iniciativa evidencia que a integração de drones de combate em plataformas navais não é apenas viável, mas se torna um fator estratégico de dissuasão e projeção de poder.

Para o Brasil, o exemplo indonésio levanta questionamentos fundamentais sobre a modernização da Marinha e a autonomia tecnológica nacional. A adaptação do NAM Atlântico para operar VANTs como o Bayraktar TB3 poderia ampliar significativamente a capacidade de vigilância, ataque e dissuasão em áreas marítimas extensas, incluindo a região amazônica e o litoral nacional. Estudos de viabilidade já indicam que algumas intervenções no convoo do navio seriam suficientes para permitir decolagens e pousos seguros de drones de médio porte, abrindo caminho para operações conjuntas com aeronaves tripuladas e não tripuladas.

Além da questão tecnológica, há uma dimensão estratégica: a dependência de soluções estrangeiras limita a autonomia do país em cenários de crise. Investir em integração de VANTs embarcados permitiria ao Brasil desenvolver know-how crítico, testar sistemas próprios de armas, sensores e logística embarcada, fortalecendo a Base Industrial de Defesa. Em longo prazo, isso reduziria a vulnerabilidade a restrições externas e ampliaria a capacidade de resposta rápida da Marinha em operações de larga escala.

O caso da Indonésia também demonstra que navios anfíbios e de assalto não precisam se limitar a transporte de tropas e veículos. Com sistemas de drones embarcados, tornam-se plataformas multifuncionais, capazes de executar missões de reconhecimento, ataque, apoio logístico e dissuasão em ambientes complexos e de difícil acesso. Para o Brasil, ignorar essa tendência seria perder uma oportunidade de ouro de modernização e projeção estratégica, enquanto países ao redor do globo avançam rapidamente na integração de VANTs em suas frotas.

A discussão vai além da simples aquisição de plataformas: trata-se de repensar a estratégia naval, a autonomia tecnológica e a prontidão operacional do País, alinhando investimentos à realidade geopolítica e às necessidades de defesa contemporâneas. A pergunta que fica é clara: até quando o Brasil ficará à margem dessa transformação tecnológica no cenário naval?


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