A Europa vem registrando um aumento sem precedentes em ataques eletrônicos ao tráfego aéreo, com impactos que vão do transporte civil à segurança estratégica da OTAN. No dia 31 de agosto, a aeronave da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, perdeu totalmente a navegação por GPS ao se aproximar do Aeroporto de Plovdiv, na Bulgária. Os pilotos precisaram recorrer a sistemas de solo para completar a aterrissagem, enquanto autoridades búlgaras suspeitavam de interferência russa deliberada, destacando que a política europeia mais vocal em apoio à Ucrânia foi diretamente visada.
Dados recentes revelam a escala do problema: entre janeiro e abril de 2025, cerca de 123 mil voos no Báltico sofreram interferência, sendo 85% deles na Estônia. Só na Polônia, 2.732 casos foram registrados em janeiro, um aumento de 43% em relação ao final de 2024; na Lituânia, os 1.185 incidentes de janeiro equivalem a 22 vezes os números do ano anterior. Em 2024, a Europa contabilizou 3.115 incidentes relacionados a GNSS, incluindo 550 casos de falsificação de sinal (spoofing).
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R-330Zh Zhitel |
O fenômeno é sustentado por uma variedade de sistemas russos, como os jammers móveis R-330Zh Zhitel, capazes de operar entre 100 MHz e 2 GHz, e os complexos Krasukha-4, com alcance de até 300 km. O 841º centro de guerra eletrônica, instalado em Kaliningrado, atua em conjunto com 12 pontos de spoofing detectados na Crimeia desde 2023, além de interferidores marítimos no Báltico. A campanha combina mobilidade terrestre, marítima e aérea, ampliando seu efeito sobre voos comerciais, cadeias logísticas e operações militares.
O impacto é crescente. Em 2024, 44 incidentes foram registrados na Europa, com 3.115 interrupções de GPS na aviação, ameaçando sistemas críticos como GPWS e ELT. A OTAN alertou, em setembro de 2025, para efeitos “desastrosos” dessa interferência. Até agosto, 11 novos episódios haviam sido documentados.
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Krasukha-4 |
Especialistas afirmam que a interrupção no voo de von der Leyen evidencia a transição do GPS jamming de zonas táticas para o centro político europeu. O Báltico e o Mar Negro registram interferência em cerca de um quarto dos voos, expondo uma campanha russa projetada para testar os limites da OTAN, esgotar a resiliência da aviação civil e corroer a confiança pública nos sistemas ocidentais, sem provocar uma escalada direta.
A escalada de ataques híbridos demonstra que a Rússia conduz uma guerra nas sombras nos céus da Europa. Para a aviação civil, o risco de acidentes cresce e a logística de defesa sofre interrupções constantes. Governos enfrentam pressão para reforçar protocolos de segurança e monitoramento, enquanto militares precisam lidar com mobilidade e comando comprometidos em zonas contestadas. Para empresas de aviação e cadeias de suprimentos de defesa, o custo operacional aumenta, junto à incerteza regulatória.
O recado é claro: a pressão russa está se intensificando, se expandindo e se normalizando, exigindo respostas coordenadas de governos, da OTAN e do setor privado para evitar que o risco se converta em crises operacionais e estratégicas.
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