Copenhague está avaliando a aquisição dos aviões de patrulha marítima Boeing P-8A Poseidon, em um movimento estratégico para reforçar a vigilância do Ártico e do Mar Báltico diante da crescente atividade naval da Rússia e da relevância geopolítica da chamada “Rota da Seda Polar”.
O Ministro da Defesa dinamarquês, Troels Lund Poulsen, afirmou à emissora TV2 que o governo está considerando investir “dezenas de bilhões de coroas suecas” na plataforma americana, embora ainda não tenha especificado a quantidade de aeronaves que serão adquiridas. O P-8A é utilizado atualmente por países como Canadá, Alemanha, Noruega e Reino Unido, e a adesão da Dinamarca reforçaria a rede de vigilância marítima e antissubmarino de alta latitude da OTAN.
A decisão reflete preocupações com a crescente presença da marinha russa no Mar Báltico e com os impactos estratégicos da Rota da Seda Polar, rota de navegação no Ártico que, com o derretimento do gelo marinho, promete facilitar o acesso comercial entre Europa e Ásia. Os territórios dinamarqueses da Groenlândia e das Ilhas Faroé situam-se sobre essas importantes vias marítimas, tornando crucial a capacidade de patrulhar áreas de difícil acesso, inclusive sob o gelo.
Segundo Poulsen, “a atual situação de segurança exige que fortaleçamos significativamente a presença das Forças Armadas Dinamarquesas no Ártico e no Atlântico Norte”. O Poseidon possui capacidade para conduzir operações de guerra antissubmarino, guerra antissuperfície e inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR), podendo operar por longos períodos em grandes áreas marítimas e rastrear submarinos em movimento entre o Ártico e o Báltico.
A iniciativa vem na esteira de outras decisões recentes da Dinamarca no setor de defesa, como a escolha do sistema de defesa aérea SAMP/T, de fabricação franco-italiana, em detrimento do Patriot americano. Além disso, ainda estão em andamento negociações para a compra de mais caças F-35A.
Caso o comitê militar dinamarquês aprove a aquisição do Poseidon nas próximas semanas, o país dará um passo significativo para fortalecer a dissuasão marítima da OTAN no norte da Europa e proteger as rotas de navegação emergentes no Ártico, uma região que ganha cada vez mais importância estratégica com o aquecimento global.
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