sexta-feira, 13 de março de 2015

Brasil abocanha fatia dos EUA e da UE no mercado russo

Em 2014, a Rússia e o Brasil conseguiram superar o declínio do comércio bilateral que vinha sendo registrado havia dois anos. No ano passado, o volume de negócios cresceu 15,7%, segundo dados do Serviço Aduaneiro Federal (SAF) da Rússia.
Paralelamente, os países aumentaram a participação na economia um do outro. Em termos de exportação, a Rússia subiu do 20º para 13º lugar entre os parceiros do Brasil e, quanto a importações, do 21º para o 18º lugar.
O volume comercial e seu ritmo de crescimento diferem significativamente nas estimativas apresentadas pelos dois países. Enquanto o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil avalia o crescimento do volume de negócios bilateral em 19,8% para US$ 67 bilhões, o SAF da Rússia oferece uma avaliação mais conservadora, em torno de US$ 63 bilhões.
No entanto, ambos os órgãos governamentais concordam que foi registrado crescimento tanto nas importações, como nas exportações. Ainda segundo o SAF da Rússia, as exportações russas aumentaram 19,2% (para US$ 2,4 bilhões), enquanto as importações cresceram 13,6% (US$ 3,97 bilhões). O Brasil estima que suas exportações para a Rússia chegaram a US$ 3,8 bilhões, e as importações, a US$ 2,9 bilhões.
“O crescimento das exportações brasileiras se deve em grande parte à introdução de sanções na importação de produtos alimentares da Europa e dos Estados Unidos”, disse à Gazeta Russa o diretor-geral da FOC, Vitáli Drebedenev. De certo modo, as próprias estatísticas confirmam essa teoria.
Em 2014, o fornecimento de carne de porco aumentou quase 83% em relação ao ano anterior, e a carne de aves, 85%. Os russos também começaram a consumir mais café brasileiro, registrando um aumento de 35% das importações do produto.
Logo depois dos fornecedores de produtos alimentares vieram os fabricantes de equipamentos: as exportações brasileiras de tratores aumentaram 72 vezes, embora, em termos absolutos, os indicadores desse tipo de produto sejam ainda muito modestos.
Alimentos e fertilizantes
Entre as exportações brasileiras para a Rússia, 90,5% se refere a produtos alimentares e matérias-primas agrícolas, como carne, soja, tabaco, açúcar, café e concentrados e sucos.
A carne é responsável por quase 60% da oferta total de produtos brasileiros na Rússia. A carne bovina brasileira ocupa 54% do total das importações desse produto por parte da Rússia, a carne de porco, 20,5%, e as aves, 17,4%. Além disso, é também alta a presença do açúcar (61,4%) e do café brasileiro (15,2%) no mercado russo.
Quanto às exportações russas ao Brasil, também observa-se prevalência em alguns setores da economia. As exportações de metais laminados a frio aumentaram 2,7 vezes, e a quente, 2,3 vezes. Também cresceu significativamente o fornecimento de fertilizantes de potássio (45,2%) e de enxofre (47,7%), e borracha (38,3%).
A esmagadora parcela de quase 81% das exportações russas para o Brasil é constituída por produtos da indústria química. Os principais produtos exportados (mais de 91%) são fertilizantes minerais, derivados do petróleo, laminados metálicos, enxofre e borracha.
Do total das exportações russas, 78% se refere a fertilizantes minerais. O Brasil consome cerca de 23% das exportações russas de fertilizantes nitrogenados e 15% de fertilizantes de potássio.
Aposta nos Brics
O Ministério do Desenvolvimento Econômico da Rússia avalia as condições de acesso aos produtos brasileiros como “favoráveis”. Contudo, ainda existem limitações, sobretudo no que diz respeito a tubos de aço anticorrosão com diâmetro de até 426 milímetros e fornecimento de produtos de origem animal.
Derbedenev está certo de que o crescimento do comércio bilateral deve continuar caso o projeto de transição para uso de rublo e real em trocas comerciais seja bem-sucedido, assim como o Banco do Brics, cuja criação foi ratificada pelo presidente russo Vladímir Pútin no último dia 9.
O documento para criação do novo banco aguarda agora ratificação por todos os países-membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O Ministério das Finanças russo espera que a instituição comece a funcionar até o final de 2015 e atinja a sua capacidade plena em, no máximo, 5 anos.
Até lá, há outras áreas onde a parceria Brasil-Rússia pode ser mais fomentada, como, por exemplo, a medicina nuclear. No início de março, a corporação estatal Rosatom e a CNEN assinaram um dos maiores contratos da história para fornecimento de Mo-99 russo no mercado internacional. O isótopo em questão, que é um dos resultantes da fissão do U-235, é utilizado na medicina nuclear.

Fonte: Gazeta Russa
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