quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pressão dos EUA por extradição de "mercador da morte" são ilegais, diz Rússia


A Chancelaria russa qualificou nesta quinta-feira de ilegais a pressão que os Estados Unidos estão exercendo sobre a Tailândia para conseguir a extradição do traficante de armas russo Viktor Bout, conhecido como o "mercador da morte".

"Consideramos que tal classe de ações, que saem do âmbito legal, são inaceitáveis e não permitem uma audiência justa e objetiva do caso nos tribunais", afirmou em entrevista a jornalistas Andrei Nesterenko, porta-voz da Chancelaria.

Bout, ex-piloto e agente da KGB, foi detido em março de 2008 no luxuoso hotel Sofitel de Bancoc, na Tailândia, por membros da agência antidroga dos EUA que se faziam passar por compradores de armas.

As autoridades tailandesas se disponibilizaram em princípio a processá-lo por um delito de apoio ao terrorismo, mas desistiram perante a falta de provas. Bout sairá livre se a Tailândia mantiver a rejeição às apelações dos EUA e da Colômbia pela deportação do traficante.

Nesterenko ressaltou que as autoridades russas respeitam "o princípio de não interferência nos processos judiciais". "Partimos do princípio que a decisão final sobre o caso Bout se tomará em estrita consonância com a legislação do Reino da Tailândia e as normas do direito internacional".

Ele lembrou ainda que as autoridades russas estão fazendo todo o possível para que Bout 'retorne em breve à sua pátria', já que está detido na Tailândia desde 6 de março de 2008.

Em meados de outubro, o procurador-geral adjunto dos EUA, David Ogden, viajou para Tailândia para abordar com funcionários do Ministério da Justiça local a extradição de Bout, que foi negada em agosto por um tribunal tailandês.

No final de setembro, um tribunal penal de Bancoc também desprezou a alegação apresentada pela Colômbia a favor da extradição do traficante de armas, por entender que se apresentou fora de prazo.

Se o Supremo tailandês rejeita o recurso apresentado pelos EUA, este não poderá apelar de novo e o "mercador da morte" será posto em liberdade no prazo de trinta dias.

Washington quer que Bout seja julgado perante um tribunal americano por vender armas à guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), conspirar para assassinar a funcionários norte-americanos e comprar lança-foguetes antiaéreos --acusações que, nos EUA, poderiam render-lhe a prisão perpétua.

Há um ano e meio ele é mantido em uma prisão de segurança máxima da capital tailandesa, na qual assegura ter sido tratado "pior que em Guantánamo" --uma referência à prisão para suspeitos de terrorismo mantida pelos EUA em Cuba.

Perfil

O ex-piloto e agente da KGB, o serviço secreto soviético, afirma ser um honrado empresário, fala seis idiomas e é conhecido por oito nomes diferentes. O personagem interpretado por Nicolas Cage no filme "O Senhor das Armas" (2005) foi vagamente inspirado em Bout, que nasceu no Tadjiquistão.

Ele nega envolvimento no tráfico ilegal de armas e alega que estava envolvido apenas no transporte das cargas. Segundo os serviços de inteligência ocidentais, o suposto traficante aproveitou o fim da União Soviética para comprar de generais corruptos e a baixo preços, arsenais inteiros na Bulgária, Moldova ou Ucrânia, para vendê-los a regiões de conflito, principalmente à África.

O "mercador da morte" se transformou no principal provedor de armas para as guerras em Serra Leoa, Angola e Congo.

Segundo o FBI americano e o MI6 britânico, Bout liderou durante anos uma das maiores redes privadas de contrabando de armas de todo o mundo, que despachava desde fuzis e bazucas até carros de combate e helicópteros a adversários em conflitos em vários pontos do planeta.

A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional afirma que ele chegou a operar uma frota de mais de 50 aviões que transportavam armas por todo o continente africano, onde conseguiu até mesmo evitar um embargo internacional para fazer negócios com Charles Taylor, ex-presidente da Libéria e notório "senhor da guerra", que atualmente está sendo julgado em Haia por crimes de guerra.

Fonte: EFE
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