segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Como a queda do avião russo pode mudar as regras de segurança aérea

Especialistas e autoridades de alguns países vem defendendo que, se for comprovado que a recente queda de um avião russo no Egito foi provocada por uma bomba, os esquemas de segurança de muitos aeroportos precisarão de ser revistos - principalmente em áreas onde o autodenominado Estado Islâmico (EI) é ativo.
O Airbus 321 de uma companhia aérea russa caiu no dia 31 de outubro, logo após decolar do balneário egípcio de Sharm El-Sheik em direção a São Petersburgo, na Rússia, matando as 224 pessoas que estavam a bordo.
Militantes do EI assumiram a responsabilidade pelo que dizem ter sido um atentado. E autoridades dos Estados Unidos e Reino Unido admitem ser grande a possibilidade de o avião ter sido derrubado por uma bomba.
Questionado sobre as implicações do caso para os esquemas de segurança de aeroportos do Oriente Médio, Norte da África e Turquia, o ministro de Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, disse à BBC que novos procedimentos podem ter de ser adotados, significando custos e atrasos adicionais para quem vai voar.
"Se a queda tiver sido mesmo causada por um dispositivo explosivo colocado no avião por membros do EI ou algum simpatizante do grupo, claramente precisaremos revisar o nível de segurança que esperamos ver nos aeroportos de áreas em que o EI está ativo”, disse.
"Temos de assegurar que os esquemas de segurança dos aeroportos de qualquer parte são eficientes e refletem as condições locais. Para isso, é crucial o treinamento, gestão e motivação dos funcionários (dos aeroportos). E isso pode significar custos extras e atrasos adicionais nos aeroportos durante os procedimentos de check-in."

Revista de funcionários

Em entrevista ao jornal britânico The Observer, o editor da revista Aviation Security International e especialista em segurança aérea, Philip Baum, defendeu que será preciso tornar os esquemas de segurança menos previsíveis e mais amplos.
“Teríamos mais segurança se niguém soubesse que esquema iria encontrar (no aeroporto)”, disse Baum.
“Uma pessoa poderia passar por um aparelho com tecnologia de captura de imagem avançada, outra teria suas mãos examinadas por outro aparelho (que detecta traços de explosivo), e outra seria revistada – do ponto de vista dos terroristas seria um pesadelo. E por que não fazemos o mesmo com funcionários dos aeroportos?”
Segundo o Observer, autoridades egípcias iniciaram uma investigação sobre trabalhadores do aeroporto de Sharm el-Sheikh, aumentando as suspeitas de que a bomba possa ter sido colocada no avião com a ajuda de algum funcionário do local.
O jornal também cita outro especialista em segurança aérea, Matthew Finn, que defende um maior controle sobre os responsáveis pelo transporte de bagagens dentro dos aeroportos.
Caos
Em função da queda do avião russo, turistas têm relatado cenas de caos no aeroporto de Sharm el-Sheikh, onde muitos voos foram cancelados ou estão saindo com atraso.
A Rússia cancelou todos os voos para o Egito. Só está permitindo alguns voos especiais para levar de volta para casa os russos que ainda estão em Sharm el-Sheikh. No total, 11 mil turistas já voltaram para o país desde o dia 31.
Os voos para a Grã-Bretanha também chegaram a ser cancelados e, embora já tenham sido retomados, os britânicos que estão no balneáreo estão demorando de dois a três dias para voltar para casa.
Além disso, os que conseguem um lugar em um voo só podem viajar com uma bagagem de mão – as malas serão despachadas na semana que vem.
“Em teoria, os esquemas de segurança dos aeroportos do mundo todo têm de seguir as regras e padrões estabelecidos pela Organização da Aviação Civil Internacional. Mas, na prática, é difícil garantir o cumprimento dessas regras em muitos lugares”, diz Andy Moore, repórter da BBC que está cobrindo a explosão do Airbus 321.
Moore lembra que, em função disso, a companhia aérea israelense El Al, por exemplo, sempre adotou seus próprios procedimentos de segurança em aeroportos internacionais – independentemente do que já é feito localmente.
Seus passageiros precisam fazer o check-in pelo menos três horas antes do voo e seus aviões possuem sistemas de defesa antimísseis.
“O Reino Unido parece estar indo na direção de um sistema similar ao enviar seus próprios especialistas de segurança para o aeroporto de Sharm el-Sheik”, avalia Moore.

Fonte: BBC Brasil
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