segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Assessor de Lula diz que Brasil pode mudar de posição sobre Honduras


O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia disse nesta segunda-feira que alguns "gestos" do presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, e a taxa real de participação na eleição de domingo poderão levar a "mudanças" na posição do Brasil, que disse não reconhecer a legitimidade das eleições deste fim de semana.

"Se o Brasil considerar que tem que mudar de posição, mudará de posição", disse Garcia a jornalistas em Estoril, Portugal, onde participa da cúpula de países ibero-americanos. "Por um lado, consideramos a eleição ilegítima, mas se tiver havido uma participação popular muito forte, tampouco poderíamos ser indiferentes ao fato político."

Contrariando a alegação dos zelayistas de que houve um grande boicote de 70% dos eleitores, o TSE afirmou que a participação chega a 61,3% (quase 10% a mais que em 2005).

Garcia disse que o Brasil não pretende ser "o juiz da situação em Honduras" e defendeu que a o assunto deve ser discutido internacionalmente e que o Brasil gostaria que a questão seja tratada pela OEA (Organização dos Estados Americanos).

"De consenso, há a condenação do golpe de Estado que apeou o presidente Manuel Zelaya do poder. Para o governo brasileiro, as eleições foram realizadas em grande medida para legitimar o golpe", disse.

Ele também reagiu à acusação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, de que o Brasil apoiou as eleições iranianas, consideradas suspeitas e contestadas, mas resiste em reconhecer a decisão das urnas em Honduras.

"Essa comparação, além de indelicada, é improcedente. As eleições no Irã foram convocadas pelo governo do Irã sobre o qual não havia nenhuma contestação. As eleições em Honduras foram convocadas por um governo golpista. Se quiser fazer uma comparação, o presidente Arias deve procurar um exemplo mais consistente", respondeu Garcia.

Os Estados Unidos, que reconheceram a votação, argumentaram que as eleições estavam convocadas antes da deposição do presidente Manuel Zelaya e que os candidatos já haviam sido definidos.

As posições de Arias e de Garcia evidenciam o racha entre os países que participam da Cúpula Ibero-Americana em Estoril, cidade próxima a Lisboa. Chefes de Estado e representantes dos 22 países tentam costurar uma declaração final sobre o resultado das eleições hondurenhas.

Fonte: Folha
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