quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Conflito entre Israel e Irã é chance de Brasil assumir liderança


A visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, nesta segunda-feira (23) ao Brasil não foi um fato isolado. O país também recebeu recentemente o presidente israelense, Shimon Peres, e o líder palestino, Mahmoud Abbas. Para o cientista político Oliver Stuenkel, do Global Public Policy Institute de Berlim, trata-se de uma constelação que poucos países podem oferecer.

Deutsche Welle: Como o senhor avalia que justamente o presidente Lula esteja se colocando do lado do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad?

Não creio que Lula esteja se colocando do lado de Ahmadinejad. A estratégia de Lula é antes melhorar a posição internacional do Brasil e apresentá-lo como mediador. Nesse sentido, o conflito entre Israel e Irã se apresenta como uma oportunidade de o Brasil assumir um papel de liderança. O Brasil tem interesse em reforçar sua posição e se vê como uma potência emergente o mesmo motivo que o leva a buscar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU. Uma mediação bem-sucedida entre Israel e Irã poderia de fato melhorar o perfil do Brasil.

O Brasil já é levado suficientemente a sério no cenário internacional para isso ou trata-se de fantasias exageradas?

A oposição considera a estratégia de Lula megalômana e diz que o Brasil ainda não tem essa força. Por outro lado, há argumentos que comprovam que isso, em teoria, poderia funcionar. O Brasil é um dos poucos países que têm boas relações com Irã e Israel. Nos últimos 14 dias, o país recebeu [o presidente israelense] Shimon Peres, [o líder palestino] Mahmoud Abbas e agora Mahmoud Ahmadinejad. Esta é uma constelação que poucos países podem oferecer.

Além disso, o Brasil não tem um passado negativo no Oriente Médio, sendo visto por todos como um país sério. Lula tem uma imagem muito positiva na região. No momento, trata-se apenas de estabelecer uma conversação entre Israel e Irã e, quanto a isso, não se pode ignorar as chances de sucesso do Brasil.

Além do aspecto diplomático, o que o Brasil espera obter com esse encontro? Poderia haver uma cooperação nuclear, levando em conta que o Brasil está construindo Angra 3?

É muito improvável. O Brasil quer se estabelecer [como uma potência emergente] e uma das estratégias é respeitar e obedecer os acordos multilaterais. O Irã está hoje isolado e uma cooperação nesse sentido é improvável, pois assim o Brasil estaria nadando em águas nas quais não está interessado. O presidente Lula ressaltou com frequência que o Irã tem o direito de usar energia nuclear para fins pacíficos, mas não posso imaginar que venha a haver uma cooperação de fato.

Ahmadinejad viaja em seguida para Bolívia e Venezuela. Pode-se contar com novas provocações contra os Estados Unidos quando Chávez e Ahmadinejad se juntarem?
Sim, a relação entre a Venezuela e o Irã é baseada puramente no desejo mútuo de combater os EUA, que ambos veem como ameaça. Isso pode ser visto como uma mera aliança anti-imperialista. As relações econômicas entre a Venezuela e o Irã são pequenas demais para justificar essa amizade. Trata-se de uma política da Venezuela voltada principalmente contra os Estados Unidos. Isso também podemos ver no fato de a Venezuela não manter atualmente relações diplomáticas com Israel e de a Venezuela se comportar de uma forma muito mais agressiva do que o Brasil.


Fonte: Deutsche Welle

Nota do Blog: A entrevista de Oliver Stuenkel é muito interessante e confirma tudo do que o GeoPolítica Brasil vem afirmando ao comentar as matérias sobre a postura do Brasil com a visita de Ahmadinejad e os caminhos diplomáticos que temos adotado.
O Brasil esta se consolidando, e a mediação que se propõe a fazer no Oriente Médio tem tudo para ser um sucesso devido ao histórico que temos nesta região.
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