quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Tensões no Caribe: Trump admite ter autorizado operações secretas da CIA contra a Venezuela

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) ter autorizado operações secretas da CIA contra a Venezuela, além de considerar ações militares em território venezuelano, em meio a uma escalada de tensões diplomáticas e militares entre Washington e Caracas.

A declaração, dada em entrevista e repercutida por diversas agências internacionais, provocou forte reação do governo de Nicolás Maduro, que denunciou o que classificou como “golpes orquestrados pela CIA” e uma grave violação do direito internacional.

Trump evitou entrar em detalhes sobre o conteúdo da reportagem do The New York Times, que revelou a autorização de operações clandestinas da CIA voltadas para desestabilizar o regime de Maduro, mas confirmou a decisão.

Eu autorizei por dois motivos, na verdade”, afirmou, alegando que o governo venezuelano estaria envolvido em narcoterrorismo e teria libertado prisioneiros para enviá-los aos Estados Unidos.

Questionado diretamente se havia autorizado a agência a “neutralizar” o presidente Maduro, Trump respondeu:

Essa é uma pergunta ridícula. Bem, não é exatamente uma pergunta ridícula, mas não seria ridículo da minha parte respondê-la?”, declarou, mantendo o tom de ambiguidade sobre as reais dimensões das operações.

Escalada militar e ataques em águas internacionais

Segundo a imprensa americana, o governo Trump intensificou recentemente suas ações no Caribe e no Atlântico, atacando pelo menos cinco embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico, resultando em 27 mortos. As operações foram realizadas após o envio de oito navios de guerra e um submarino nuclear para as proximidades da costa venezuelana, sob o pretexto de uma “operação antidrogas”.

Em nova declaração, Trump sugeriu que as operações poderiam avançar para o território venezuelano:

Não quero lhe contar mais, mas agora estamos olhando para o lado terrestre, porque temos um controle muito bom do mar”, disse o presidente, ao ser questionado sobre possíveis ataques por terra.

Washington acusa o governo de Nicolás Maduro de liderar uma rede internacional de narcotráfico, responsável por enviar cocaína para os Estados Unidos, uma acusação que Caracas nega categoricamente, classificando-a como justificativa política para uma agressão militar.

Reação contundente de Caracas

Em pronunciamento transmitido em rede nacional, o presidente Nicolás Maduro condenou veementemente as declarações de Trump e alertou para os riscos de uma nova guerra na região.

Não à guerra no Caribe. Não à mudança de regime que tanto nos lembra as eternas guerras fracassadas no Afeganistão, Irã e Iraque. Não aos golpes de Estado orquestrados pela CIA”, afirmou Maduro diante do Conselho Nacional para a Soberania e a Paz, órgão criado em setembro para responder à crise de segurança.

O presidente venezuelano também fez referências históricas às intervenções dos Estados Unidos na América Latina, lembrando “as 30 mil pessoas desaparecidas durante os golpes na Argentina e os 5 mil mortos sob a ditadura de Pinochet, no Chile”.

Até quando os golpes da CIA continuarão? A América Latina não os quer, não precisa deles e os rejeita”, disse Maduro.

O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela divulgou nota oficial classificando as declarações de Trump como “uma confissão pública de ações destinadas a desestabilizar a paz e a soberania nacional”, destacando que o caso constitui “grave violação do direito internacional”.

Mobilização militar e tensão nas fronteiras

Em resposta à ameaça percebida, Maduro ordenou novas manobras militares em todo o país, com ênfase nos bairros operários de Petare e Catia, em Caracas, e na fronteira com a Colômbia, abrangendo os estados de Táchira, Apure e Amazonas.

Essa região fronteiriça é considerada uma das principais rotas de tráfico de cocaína oriunda da Colômbia, principal produtora mundial. Segundo fontes citadas pela AFP, setores próximos à Casa Branca teriam avaliado justamente essa área como um possível alvo de operações terrestres americanas.

Cenário regional em alerta

As declarações de Trump reacendem o debate sobre a intervenção dos Estados Unidos na América Latina, especialmente em um momento de fragilidade econômica e social na Venezuela. Analistas alertam que qualquer ação militar direta poderia desencadear uma crise humanitária ainda maior e desestabilizar o equilíbrio geopolítico do Caribe e da Amazônia.

Enquanto Washington justifica suas ações sob o argumento de “combater o narcotráfico”, Caracas vê nelas uma tentativa de mudança de regime disfarçada de operação de segurança. A comunidade internacional observa com apreensão, temendo que novos confrontos militares possam se somar às crises já em curso na Ucrânia e no Oriente Médio, ampliando as tensões globais.

Histórico das operações da CIA na América Latina

A atuação da CIA na América Latina remonta à Guerra Fria, quando os Estados Unidos buscaram conter governos considerados hostis à política americana na região. Entre os episódios mais conhecidos estão o apoio a golpes militares, como no Chile em 1973 contra Salvador Allende, e na Argentina durante a década de 1970, assim como ações clandestinas em países como Guatemala, Nicarágua e Cuba.

Essas operações frequentemente incluíram treinamento de grupos paramilitares, vigilância e desestabilização econômica e política, visando alterar regimes ou fortalecer governos alinhados aos interesses dos EUA. A Venezuela de Hugo Chávez e, posteriormente, de Nicolás Maduro, entrou na mira americana por sua oposição política e relações com países considerados rivais, como Rússia, China e Irã.

No contexto atual, a admissão de Trump de operações secretas e a ameaça de ações militares terrestres refletem um padrão histórico de interferência, mas em um cenário mais complexo, marcado por vigilância internacional, redes sociais e atenção global às repercussões humanitárias. Especialistas alertam que qualquer intervenção direta poderia agravar crises regionais já existentes e reacender tensões diplomáticas em todo o continente.


Por Angelo Nicolaci 


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com informações da AFP e Agerpres




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