As águas internacionais do Mar da China Meridional e do Estreito de Taiwan se tornaram palco de um novo capítulo da tensão geopolítica global com a China. Recentes manobras envolvendo as fragatas britânicas HMS Richmond e o porta-aviões HMS Prince of Wales, juntamente com o destroyer americano USS Higgins, indicam que Pequim está testando os limites de sua intimidação militar com ações que especialistas chamam de “táticas de zona cinzenta”.
O episódio, descrito por oficiais britânicos como “mortes construtivas”, consistiu em simulações de ataque realizadas por aeronaves do Exército de Libertação Popular (ELP). Segundo reportagens do The Independent de 30 de setembro de 2025, os caças chineses seguiram trajetórias típicas de lançamento de mísseis antinavio antes de se retirarem, enviando uma mensagem clara: “vocês estão na mira”.
O primeiro incidente ocorreu em 12 de setembro, no Estreito de Taiwan, durante a passagem do HMS Richmond acompanhado pelo USS Higgins. Posteriormente, o HMS Prince of Wales e seu GT foram rastreados e perseguidos por caças e navios chineses nas Ilhas Spratly, no Mar da China Meridional, em um teste da resistência e coordenação das tripulações aliadas.
Guerra de informação e risco de escalada
Segundo um oficial do porta-aviões britânico, as manobras chinesas têm caráter de guerra de informação, mostrando capacidade de ataque sem disparar nenhum míssil. Entre os sistemas exibidos, destacam-se aeronaves multifuncionais aptas a carregar mísseis de longo alcance, incluindo o hipersônico YJ-21, apelidado de “assassino de porta-aviões”.
Embora a postura chinesa tenha sido descrita como “profissional” pelas forças britânicas, especialistas alertam que simulações desse tipo aumentam o risco de erro de cálculo. Uma interpretação equivocada de uma manobra ou posição de radar poderia desencadear contramedidas acidentais e agravar rapidamente a situação.
As ações da China fazem parte de um padrão mais amplo de afirmação de domínio, que inclui a construção de bases militares em ilhas disputadas e simulações de invasão em larga escala, como evidenciado pela maquete do governo taiwanês na base de Zhurihe, indicando preparativos organizados para possíveis confrontos.
O “tridente aliado” em ação
Em resposta, a "Operação Highmast" mobilizou um conjunto estratégico de forças aliadas. O HMS Prince of Wales de 65 mil toneladas, garante superioridade aérea com seus F-35B, enquanto o HMS Richmond, fragata Tipo 23 especializada em guerra antissubmarino, atua como escudo protetor. O USS Higgins, destroyer da classe Arleigh Burke, amplia a defesa aérea e capacidade de contramedidas.
O exercício demonstra que embora Pequim busque intimidação e coleta agressiva de inteligência, as forças aliadas mantêm coordenação e prontidão, sinalizando que qualquer escalada teria resistência organizada.
Conflito latente e paz precária
O Mar da China Meridional e o Estreito de Taiwan permanecem como áreas de atrito permanente, com interpretações divergentes do direito marítimo e reivindicações territoriais firmes. Cada encontro entre forças chinesas e aliadas funciona como um ciclo de aprendizado para ambos os lados, mas também como um lembrete constante da fragilidade da paz global.
Enquanto o mundo observa, as águas internacionais continuam a ser um tabuleiro de poder, estratégia e vigilância, onde cada manobra naval carrega implicações políticas e militares que vão muito além do oceano.
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