Em 29 de novembro de 1947, o Brasil escreveu uma das páginas mais importantes da diplomacia mundial. Naquele dia, sob a presidência do brasileiro Oswaldo Aranha na Assembleia Geral das Nações Unidas, foi aprovada a Resolução 181, que recomendava a partilha da Palestina em dois Estados, um judeu e outro árabe. Esse ato histórico abriu caminho para a criação do Estado de Israel, proclamado oficialmente em 14 de maio de 1948.
A liderança brasileira na ONU
Oswaldo Euclides de Sousa Aranha, diplomata e político gaúcho com destacada atuação internacional, foi eleito Presidente da II Sessão Ordinária da Assembleia Geral da ONU em 1947. À época, o mundo ainda se reerguia dos horrores da Segunda Guerra Mundial e buscava soluções para a questão judaica, intensificada pelo Holocausto. A proposta de partilha da Palestina, então sob mandato britânico, dividia as potências mundiais e gerava intensos debates.
Com reconhecida habilidade diplomática, Aranha demonstrou coragem e visão ao garantir que o tema fosse levado à votação, mesmo sob pressões para adiamento. De acordo com registros da própria ONU e relatos históricos, o diplomata brasileiro articulou com representantes latino-americanos para que o projeto obtivesse o apoio necessário. A votação, realizada em 29 de novembro de 1947, resultou em 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções, selando o destino político da região e consagrando o papel do Brasil como mediador equilibrado e comprometido com o princípio da autodeterminação dos povos.
O reconhecimento internacional a Oswaldo Aranha
A atuação firme e equilibrada do brasileiro foi amplamente reconhecida. O jornal The Times of Israel e a Agência Brasil destacam que Oswaldo Aranha não apenas presidiu a sessão decisiva, mas também adiou estrategicamente a votação, permitindo tempo adicional para garantir apoios, um gesto diplomático que foi determinante para o resultado final.
Em reconhecimento à sua contribuição, o governo israelense declarou 29 de novembro como o “Dia da Amizade entre Israel e o Brasil”, e diversas cidades em Israel homenageiam o brasileiro com ruas, praças e monumentos que levam seu nome. Em Jerusalém, há uma placa dedicada a ele junto à sede da ONU, marcando para sempre a lembrança de sua influência na criação do Estado judeu.
Um legado de diplomacia e princípios
Mais do que um episódio histórico, a atuação de Oswaldo Aranha simboliza o melhor da diplomacia brasileira, pautada no diálogo, na defesa da paz e no respeito ao direito internacional. Sua postura refletiu o compromisso do Brasil com valores universais e com a busca por soluções negociadas para conflitos internacionais.
O Ministério das Relações Exteriores reconhece Aranha como uma das figuras mais emblemáticas da história diplomática nacional, destacando sua “habilidade conciliadora e sua contribuição para o fortalecimento do multilateralismo e da cooperação internacional”.
Quase oito décadas após aquele voto histórico, o legado de Oswaldo Aranha continua vivo, lembrando que o Brasil, quando atua com princípios, pode exercer papel relevante e respeitado no cenário mundial. Sua coragem e visão diplomática ajudaram a mudar o curso da história e consolidaram o nome do Brasil entre as nações que contribuíram para o nascimento de Israel e para o fortalecimento da paz no pós-guerra.
por Angelo Nicolaci
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