A tensão no norte da Europa voltou a crescer após o Serviço de Inteligência de Defesa da Dinamarca denunciar, nesta sexta-feira (4), uma série de incidentes provocados por navios de guerra russos nos estreitos dinamarqueses, uma rota marítima estratégica que conecta o Mar Báltico ao Mar do Norte.
Segundo o diretor do serviço, Thomas Ahrenkiel, embarcações russas navegaram em rota de colisão com navios dinamarqueses, apontaram armas e radares de rastreamento para helicópteros e embarcações da marinha local, além de causarem interferências nos sistemas de GPS e de navegação. Esses comportamentos, classificados como “altamente provocativos”, levantam o risco de escalada não intencional entre Moscou e países da OTAN.
Ahrenkiel revelou ainda que um navio russo permanece ancorado há mais de uma semana em águas dinamarquesas, o que pode indicar uma tentativa de intimidação de Copenhague diante das medidas adotadas para restringir a frota paralela de petroleiros russos, uma rede usada para contornar as sanções ocidentais impostas à Rússia desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022.
O estreito dinamarquês, uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo, costuma receber o trânsito de embarcações militares russas, que são escoltadas por navios da Marinha Real Dinamarquesa. Entretanto, de acordo com a inteligência de defesa, alguns desses navios têm operado com sonares ativos e equipamentos de interferência, sendo “altamente provável” que tenham bloqueado sinais de GPS e causado distúrbios em sistemas de navegação civis e militares no país.
Ameaça híbrida e intensificação das ações russas
As autoridades dinamarquesas avaliam que a Rússia está conduzindo uma guerra híbrida contra a Dinamarca e o Ocidente, utilizando meios militares, cibernéticos e informacionais para pressionar e desestabilizar sem ultrapassar formalmente a linha de um conflito armado direto.
“A Rússia está usando meios militares de forma agressiva para nos pressionar sem cruzar a linha do conflito armado tradicional”, afirmou Ahrenkiel.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, classificou as recentes incursões de drones em aeroportos e instalações militares como “ataques híbridos”, reforçando que o país encara os episódios com seriedade. O ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, afirmou que as investigações continuam, mas ainda sem conclusões sobre a autoria das ações.
Em resposta, o governo dos Estados Unidos expressou preocupação. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Washington está “monitorando de perto a situação” e que o Conselho de Segurança Nacional mantém contato constante com os aliados da OTAN.
Escalada regional e reação da OTAN
Desde 2022, o Mar Báltico tornou-se palco de múltiplos incidentes envolvendo sabotagens em cabos submarinos, gasodutos, violações do espaço aéreo e avistamentos de drones, o que levou a OTAN e países nórdicos a reforçarem sua presença militar e vigilância marítima na região.
A Suécia, que ingressou recentemente na Aliança Atlântica, anunciou novas medidas para expandir a vigilância costeira, enquanto a Dinamarca está aumentando seu orçamento de defesa e adquirindo armas de precisão de longo alcance capazes de atingir alvos dentro do território russo.
Apesar da crescente tensão, o serviço de inteligência dinamarquês reforçou que não há uma ameaça militar direta ao país neste momento. Ainda assim, o comportamento russo é visto como parte de uma estratégia mais ampla de pressão geopolítica e teste dos limites da OTAN em uma das regiões mais sensíveis da Europa.
GBN Defense - A informação começa aqui
com Reuters
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