quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Novo governo sírio pede à Rússia extradição de Bashar al-Assad para julgamento por crimes de guerra

Durante uma visita oficial a Moscou nesta quarta-feira (15), o presidente da Síria, Ahmed al-Shaara, solicitou formalmente ao presidente russo Vladimir Putin a extradição do ex-ditador Bashar al-Assad, que se encontra refugiado na Rússia desde dezembro de 2024. O pedido, divulgado pela agência France Presse (AFP), marca um novo e sensível capítulo nas relações entre Damasco e Moscou, que durante mais de duas décadas foram fortemente alinhadas.

Segundo fontes do governo sírio citadas pela AFP, al-Shaara pretende levar Assad de volta à Síria para submetê-lo a julgamento por supostos crimes cometidos contra a população ao longo de seu regime, que se estendeu de 2000 até sua queda, no fim de 2024. O novo presidente, que liderou a ofensiva-relâmpago do grupo rebelde HTS responsável por derrubar Assad, afirmou que “todos os indivíduos que cometeram crimes de guerra e estão na Rússia devem ser entregues à Justiça síria”.

O encontro entre Putin e al-Shaara ocorreu no Kremlin, em Moscou, e teve início pouco após as 8h (horário de Brasília). Durante a reunião, o líder russo destacou os “laços especiais” entre os dois países e afirmou que a Rússia está pronta para fortalecer sua cooperação com o novo governo sírio. Al-Shaara, por sua vez, declarou que respeitará os acordos assinados durante o governo Assad, mas enfatizou o desejo de “redefinir” as relações bilaterais, estabelecendo uma nova base de parceria.

Além da questão da extradição, os líderes discutiram o futuro das bases militares russas na Síria, incluindo a base aérea de Hmeimim, em Latakia, e a instalação naval de Tartus, no litoral do país, ambas consideradas estratégicas para Moscou no Mediterrâneo Oriental. Fontes citadas pela AFP afirmam que também foram debatidos investimentos econômicos, a reconstrução das forças armadas sírias e o rearmamento do novo Exército nacional.

Desde a queda de Assad, a Síria vem passando por um processo de reconstrução política e institucional, com tentativas de reaproximação diplomática junto a potências regionais e globais. Em julho, Putin já havia recebido o novo chanceler sírio, Asaad al-Shibani, em Moscou, na primeira visita oficial desde a mudança de governo em Damasco.

Embora a Rússia tenha sido a principal aliada do antigo regime, o Kremlin sinaliza interesse em manter influência sobre o novo governo, preservando seus ativos estratégicos no país e evitando um vácuo de poder que possa favorecer o Ocidente ou grupos extremistas.

A extradição de Bashar al-Assad, contudo, deverá ser um tema delicado: Moscou ainda protege o ex-presidente, que mantém residência sob forte segurança em território russo desde sua fuga de Damasco em dezembro do ano passado. Analistas acreditam que Putin resistirá à entrega do antigo aliado, temendo repercussões políticas internas e diplomáticas.

O pedido de Ahmed al-Shaara, entretanto, sinaliza uma Síria disposta a romper definitivamente com o legado autoritário de Assad, buscando legitimar-se perante a comunidade internacional e estabelecer um novo ciclo político após mais de duas décadas de guerra e repressão.


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com agências de notícias

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