segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Fim de uma era: Fuzileiros Navais dos EUA aposentam o lendário AAV após 53 anos de serviço

Em uma cerimônia marcada pela tradição e emoção, o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) descomissionou oficialmente o Veículo Anfíbio de Assalto (AAV) em 26 de setembro, na Escola de Anfíbios de Assalto, em Camp Pendleton, Califórnia. O evento, intitulado "Cerimônia do Pôr do Sol do AAV", celebrou os 53 anos de serviço do veículo e prestou homenagem aos fuzileiros e marinheiros que o operaram em missões ao redor do mundo.

A cerimônia também simbolizou a transição para o Veículo de Combate Anfíbio (ACV), a nova plataforma de última geração destinada a substituir o AAV nas operações anfíbias dos EUA. O Coronel Lynn W. Berendsen, comandante da Escola de Anfíbios de Assalto, destacou o papel histórico e multifuncional do veículo, lembrando sua contribuição em diferentes teatros de operação.

“O AAV-P7 já foi muitas coisas: um conector entre navio e costa, um veículo blindado de combate, um transportador de tropas, uma plataforma logística e, às vezes, até mesmo um barco de resgate. O mais importante é que ele esteve onde os fuzileiros navais deixaram sua marca em combate, em serviço e em sacrifício”, afirmou o Coronel Berendsen.

Um ícone de mobilidade anfíbia

Introduzido originalmente em 1972 como o Veículo de Transporte de Pessoal Anfíbio sobre Lagartas, ou no inglês, Landing Vehicle Tracked Personnel-7 (LVTP-7), o AAV foi desenvolvido pela FMC Corporation (Food Machinery Corporation) empresa norte-americana com longa tradição na fabricação de veículos militares, posteriormente sucedida pela BAE Systemso AAV foi projetado com propulsão a jato d’água e uma rampa traseira, permitindo o desembarque rápido de tropas e equipamentos da embarcação para a costa. O projeto surgiu para substituir o antigo LVTP-5, utilizado desde a Segunda Guerra Mundial, oferecendo maior mobilidade, segurança e capacidade de transporte para as operações anfíbias do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA.

Ao longo de sua trajetória, o veículo passou por diversos programas de modernização, resultando em várias versões e variantes. Entre elas, destacam-se o AAVP-7A1 (versão principal de transporte de tropas), o AAVC-7A1 (versão de comando e controle) e o AAVR-7A1 (versão de recuperação). Essas variantes ampliaram a flexibilidade operacional do sistema, permitindo que o AAV atuasse não apenas como um meio de transporte blindado, mas também como plataforma de comando, suporte logístico e veículo de apoio em combate.

Atualizado nos anos 1980 e rebatizado como AAV-7A1, o veículo recebeu novos motores, sistemas de transmissão e melhorias nas estações de armas. Serviu em operações de combate e humanitárias em locais como Granada, Somália, Golfo Pérsico e Iraque, sendo amplamente reconhecido por sua versatilidade e robustez.

“O AAV proporcionou aos fuzileiros navais mobilidade e proteção blindada, permitindo-lhes aproximar-se do inimigo e capturar objetivos em alta velocidade. No deserto ou nas praias do Pacífico, mostrou ser mais do que um conector, era um veículo de combate no coração da Força-Tarefa Aérea Terrestre dos Fuzileiros Navais”, acrescentou Berendsen.

O futuro: do AAV ao ACV

O ACV (Amphibious Combat Vehicle) representa a próxima geração da mobilidade anfíbia. O novo veículo, com oito rodas e alta modularidade, foi concebido para operações expedicionárias em diversos ambientes, oferecendo maior proteção, alcance e interoperabilidade. Sua introdução faz parte do “Force Design 2030”, projeto que visa modernizar o Corpo de Fuzileiros Navais, tornando-o mais ágil, letal e adaptado às ameaças contemporâneas.

A cerimônia foi encerrada com a passagem simbólica de três AAVs pelo convés de desfile, marcando o encerramento de uma era e a continuidade da evolução das forças anfíbias norte-americanas.

CLAnf: o herdeiro brasileiro da tradição anfíbia

Enquanto os Estados Unidos se despedem de um ícone, no Brasil o AAV continua firme em serviço, conhecido como Carro Lagarta Anfíbio (CLAnf). Operado pelo Corpo de Fuzileiros Navais, o veículo permanece como a espinha dorsal da mobilidade anfíbia da Força, desempenhando papel essencial em desembarques, transporte de tropas e missões de apoio humanitário.

Recentemente, o Brasil incorporou a terceira geração do CLAnf, modernizada e equipada com novos sistemas de propulsão, comunicações e proteção. Essa atualização reforça o compromisso da Marinha do Brasil com a manutenção de uma força anfíbia moderna e eficiente, pronta para operar em qualquer ambiente, do litoral ao interior amazônico, preservando o legado de um dos veículos blindados mais emblemáticos da história militar.


por Angelo Nicolaci


GBN Defense - A informação começa aqui

com USMC

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