terça-feira, 19 de outubro de 2010

Reino Unido anuncia corte de 8% no orçamento para defesa


O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou nesta terça-feira a revisão da estratégia britânica de defesa, que inclui um corte de 8% no orçamento para o setor em quatro anos.

Em discurso no Parlamento, Cameron disse que, até 2015, serão eliminados 7 mil soldados do Exército, 5 mil da Força Aérea, 5 mil da Marinha e 25 mil empregados civis do Ministério da Defesa.

Os cortes são parte de uma série de reduções de custos prevista pelo governo Cameron para controlar o alto deficit público britânico.

O premiê ressaltou que busca a eficiência, mas que a estratégia não é apenas "um exercício de corte de custos" e que o Reino Unido continuará a ser "um dos poucos países capazes de empregar forças autossustentáveis, devidamente equipadas" em todo o mundo.

"Nossas forças em terra continuarão a ter um papel operacional vital", discursou Cameron. "Então, manteremos um Exército amplo e bem equipado, de 95 mil homens, 7 mil a menos do que hoje", até 2015.

No seu pronunciamento, Cameron ressaltou também que a participação do Reino Unido na Guerra do Afeganistão -- que é financiada separadamente, por meio de um fundo de reserva do Tesouro britânico -- não será afetada pelos cortes.

ECONOMIA

A revisão prevê também o retorno, até 2020, das tropas americanas alocadas na Alemanha, além de cortes de ativos considerados "desnecessários" e a renegociação de contratos com a indústria bélica.

Tanques e a artilharia pesada devem ser reduzidos a 40% do nível atual, mas a cibersegurança vai receber investimentos de 500 mil libras.

O sistema de mísseis nucleares britânico será substituído, mas também reduzido: o número de ogivas deve cair de 58 para 40.

A promessa do premiê é de que as mudanças resultarão em uma economia de 4,7 bilhões de libras (R$ 12,5 bilhões).

Cameron disse, no entanto, que os cortes não impedirão que o país cumpra a meta da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de gastar 2% do orçamento total em defesa nem de manter seu Exército como o quarto maior do mundo.

PREOCUPAÇÕES

A perspectiva de cortes na defesa vinha provocando temores nos Estados Unidos, que têm no Reino Unido seu principal aliado na Guerra do Afeganistão.

Na semana passada, a secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que Washington estava "preocupado" com a escala dos cortes de defesa.

Um porta-voz de Downing Street relatou que Cameron conversou com o presidente americano, Barack Obama, na segunda-feira e prometeu que o Reino Unido "seguirá sendo uma potência militar de primeira e uma robusta aliada dos Estados Unidos" e que continuará a trabalhar com o país "nas prioridades de segurança atuais".

A coalizão de conservadores e liberais democratas que governa a Grã-Bretanha está tendo que administrar um deficit público de 154,7 bilhões de libras (cerca de R$ 411 bilhões), o terceiro maior do mundo, o que está motivando reduções nos gastos estatais.

Neste mês, ele já havia anunciado outros cortes, como o fim de um auxílio dado para as famílias mais ricas para ajudar a criar seus filhos.

A revisão anterior no orçamento da defesa ocorrera há mais de uma década, então já era esperada. No entanto, o governo Cameron foi criticado pela oposição trabalhista por tê-la feito em muito pouco tempo, apenas cinco meses. A revisão de 1998 levou mais de um ano para ser completada.

O primeiro-ministro David Cameron apresentou nesta terça-feira ao Parlamento a nova doutrina militar britânica, justificada por uma "evolução das ameaças", mas caracterizada por cortes severos, em plena batalha contra um déficit público recorde.

O chefe da coalizão dos conservadores e liberais-democratas, que chegou ao poder em maio destacou, no entanto, que o orçamento da defesa havia sido relativamente poupado. Os cortes de cerca de 8% são inferiores aos da maior parte dos ministérios, como resultado do plano de austeridade que será revelado na quarta-feira e que visa reduzir o déficit histórico em cinco anos - dos atuais 10,1 a 1,1% do PIB.

David Cameron anunciou também a desativação imediata do porta-aviões HMS Ark Royal da Navy e a supressão de 42.000 empregos até 2015 no setor da defesa: 25.000 funcionários, 5.000 homens na RAF e na Navy, e 7.000 soldados; 40% dos tanques de combate e peças de artilharia pesada serão tornados inativos, assim como aviões de combate Harrier; 20.000 soldados mobilizados na Alemanha deverão voltar para a casa por volta de 2020.

Em troca, o primeiro-ministro confirmou a construção de dois porta-aviões encomendados pelo precedente governo trabalhista. Seu abandono teria custado mais caro, precisou. Também informou que o caro programa de modernização da força de dissuasão nuclear será adiado para 2016.

David Cameron insistiu em que não será feita nenhuma economia em relação ao esforço de guerra no Afeganistão, onde estão mobilizados cerca de 10.000 soldados britânicos, constituindo o segundo contingente estrangeiro em importância, atrás dos americanos.

Londres trabalha com quatro ameaças de "primeiro nível": o terrorismo da Al-Qaeda e de seus seguidores; o terrorismo norte-irlandês; os ciberataques de Estados ou indivíduos hostis; as catástrofes naturais e as crises internacionais de natureza a motivar uma intervenção da Grã-Bretanha e de seus aliados.

De todas as medidas, a desativação do HMS Ark Royal e a construção de dois outros porta-aviões foram as mais criticadas. Elas significam que o Reino Unido - que defende o recurso a uma força de deslocamento rápido - se tornará incapaz de fazer decolar caças a partir de porta-viões durante cerca de 10 anos.

David Cameron havia telefonado na noite de segunda-feira ao presidente americano Barack Obama para lhe assegurar que o melhor aliado dos Estados Unidos permanecerá uma "potência militar de primeiro plano", com o quarto orçamento militar do mundo.

Fonte: BBC Brasil / AFP
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