segunda-feira, 25 de outubro de 2010

UE abre via para iniciar uma nova política para Cuba


A União Europeia (UE) fez um acordo hoje para estabelecer contatos políticos com Cuba e começar a analisar vias para uma nova aproximação com a ilha que superaria - embora não revogue por enquanto - a chamada "posição comum".

Os ministros de Relações Exteriores do bloco encarregaram a alta representante, Catherine Ashton, de estabelecer contatos políticos com Cuba a fim de analisar possíveis formas de avançar em uma relação bilateral.

A decisão representa um compromisso da UE que pode pôr fim à chamada "posição comum", que limita as relações de ambas as partes e desagrada ao Governo de Havana.

O acordo foi apoiado por um grupo de países que, liderados pela Espanha, defendem um reconhecimento às mudanças ocorridas nos últimos meses em Cuba - como a libertação de 42 presos políticos e o anúncio de algumas reformas econômicas. No entanto, há alguns membros mais céticos, que acham as medidas de Havana insuficientes.

A ministra de Relações Exteriores espanhola, Trinidad Jiménez, considerou a decisão de hoje muito positiva, pois a partir dela a "posição comum" "fica superada" e abolida "de fato", já que o marco existente até agora "muda completamente".

"Demos um passo fundamental para avançar em direção a um marco bilateral de relações entre a UE e Cuba", ressaltou Trinidad após o Conselho de Ministros de Relações Exteriores da UE, o primeiro que integra desde que substituiu Miguel Ángel Moratinos na pasta.

Já a alta representante destacou que em dezembro planeja apresentar um relatório sobre os resultados de seus contatos ao Conselho da UE.

Catherine explicou que o bloco procura abrir um "período de reflexão" para, dentro do marco da "posição comum", "ver se é possível avançar". A alta representante não deve ir a Cuba para fazer os contatos, mas funcionários da UE podem representá-la na ilha e discussões devem ser mantidas por telefone.

A decisão foi tomada após meses de prolongadas discussões no bloco e um intenso debate hoje, no qual Trinidad defendeu a postura espanhola de forma "apaixonada", segundo destacaram fontes da União.

As fontes também destacaram que a grande maioria dos membros da UE concorda sobre a necessidade de "aproveitar o bom momento", possibilitado após a libertação de presos políticos em Cuba e a partir das ações lideradas por Moratinos nos últimos meses, que teve o trabalho reconhecido na reunião.

Moratinos vinha defendendo o fim da "posição comum", a política vigente desde 1996 que vincula as relações entre a UE e Havana aos progressos nos direitos humanos e na democratização da ilha, e que foi sempre rejeitada pelo Governo cubano.

Trinidad destacou que o bloco reconheceu hoje os gestos "inegáveis" de Cuba nos últimos meses e afirmou confiar que o Governo de Havana "vai apreciar este gesto" da UE.

Vários ministros insistiram que, apesar de acolherem de forma positiva as libertações de presos políticos, acreditam que ainda restam muitos deles, incluindo detidos que são apresentados como comuns por Cuba, mas que na realidade são de caráter político, acrescentou uma fonte diplomática que assistiu à discussão.

O ministro britânico William Hague usou um tom bastante duro ao se referir ao regime cubano, cuja política definiu como "comunismo puro", enquanto países como Suécia e República Tcheca foram os mais contrários ao fim da "posição comum".

A própria ministra espanhola não deixou de reconhecer que alguns países da UE querem "sinais mais claros" sobre futuras reformas políticas, além de esperarem detalhes sobre o "calendário" do Governo de Havana nesse sentido.

Fonte: EFE
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