quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quatro Estados são candidatos a instalação de usinas nucleares


Líder mundial na produção de energia renovável, o Brasil não quer ficar atrás na geração de energia nuclear. Além de Angra I e Angra II, que operam a pleno vapor, a terceira das usinas, Angra III, tem data marcada para o início dos testes: segundo semestre de 2015. A intenção é que no final do mesmo ano - a usina com 1.405 Megawatts (MW) - possa ser integrada ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Hoje, Angra I fornece 640 MW enquanto a Angra II produz 1.350 MW.

Estudos feitos pela Eletronuclear, empresa da Eletrobrás, responsável pelas usinas nucleares, detectaram a necessidade de construção de mais quatro usinas, totalizando 4 mil MW. Essas novas geradoras de energia serão instaladas nas regiões Nordeste e Sudeste e quatro Estados se candidataram a sediá-las: Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco. O governo não confirmou qual deles poderá receber a próxima usina. Dados da Eletronuclear, dão conta que duas das quatro usinas serão no Nordeste e custarão cerca de R$ 9 bilhões cada uma. A previsão é que a primeira entre em operação em 2019 e a segunda em 2021.

"A faixa litorânea entre Salvador e Recife é considerada de interesse para a construção de duas usinas. O Brasil está passando por um período de crescimento acelerado e só será viável se houver um crescimento correspondente na oferta de geração elétrica", diz Leonam dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletrobrás Eletronuclear. Segundo ele, o Plano Nacional de Energia de 2030 está em revisão e até o início do próximo ano será lançado o plano com a revisão 2035.

"Verificamos a necessidade, depois de Angra III, da entrada em operação entre 2016 e 2030 de mais 4 mil MW nucleares", diz. Esses estudos começaram no final de 2008 dentro de normas internacionais e dividido em quatro etapas. "As duas primeiras fases foram concluídas no ano passado e a região de maior interesse é o litoral de Salvador até Recife, e o Vale dos grandes rios que desembocam nesse litoral."

Outras pesquisas também estão em andamento. "Paralelo a esses estudos, iniciamos outras na região Sul. A programação prevê estender as pesquisas para o resto do Brasil", conta. O fato de ampliar os estudos não significa, necessariamente, que serão instaladas usinas no resto do país. "É importante que o planejador energético tenha conhecimento de quais seriam os locais que tecnicamente são viáveis para receber uma instalação de central nuclear em todo o território brasileiro", destaca. Esse levantamento está sendo feito em parceria com a Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), órgão ligado ao Ministério das Minas e Energia.

Para Santos Guimarães, o Brasil avançou na aquisição de tecnologia para a implantação de usinas nucleares. "Das duas usinas instaladas no Brasil, a segunda foi construída com amplo processo de transferência tecnológica." Na terceira, segundo ele, o índice de nacionalização de equipamentos deve chegar a 54% contra 50,4% Angra II. Para as futuras usinas, a meta é atingir 70%. Os investimentos em Angra III totalizarão de R$ 9 bilhões, com 30% de gastos no exterior e o restante no país.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA, na sigla em inglês), em abril de 2010 existiam 438 reatores de energia nuclear no mundo e outros 60 em construção. Dados da AEIA mostram que 14% da energia gerada no mundo em 2007 era nuclear. No Brasil, a participação da fonte nuclear atualmente é de 2% a 3% da matriz energética. Em 2030, o percentual será o mesmo, mas com o aumento de usinas hidrelétricas, a geração nuclear também subirá, segundo Maurício Tolmasquim, presidente da EPE. Ele entende que "a energia nuclear é uma alternativa para quando o potencial hidrelétrico acabar, o que deve acontecer em 2025 ou 2030. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a capacidade atual de geração de energia nuclear no Brasil é de 2.007 MW. O maior parque nuclear está nos Estados Unidos, com 104 usinas que respondem por cerca de 20% de toda a eletricidade gerada no país.

Fonte: Valor Econômico
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