terça-feira, 19 de outubro de 2010

Medvedev condecora espiões russos descobertos


Em um episódio digno da Guerra Fria, o presidente Dmitri Medvedev condecorou nesta segunda-feira, no Kremlin, os espiões russos expulsos em julho dos EUA, demonstrando com isto a ambição do país de manter o prestígio de outrora.

"Uma cerimônia foi realizada hoje no Kremlin para a entrega das mais altas medalhas do país aos membros do SVR [Serviço de Informação Exterior, remanescente da soviética KGB]", informou a porta-voz da Presidência russa, Natalia Timakova.

Embora não tenha precisado a identidade dos agentes, trata-se de alusão clara à rede de espiões russos desmantelada durante o verão nos EUA. A porta-voz também não deu mais detalhes da natureza da condecoração recebida.

Os dez agentes haviam sido expulsos para Moscou em troca da libertação de quatro prisioneiros russos acusados de espionagem a favor do Ocidente.

O cheiro de Guerra Fria havia sido reforçado pela escolha, para a troca de prisioneiros, da cidade de Viena, capital da informação nos tempos da rivalidade americano-soviética.

O dossiê diplomático espinhoso havia sido destaque na primeira página da imprensa mundial, em meio às preocupações sobre o futuro da retomada das relações russo-americanas promovida pelos presidentes Medvedev e Barack Obama.

A imprensa popular, por sua vez, concentrou-se nos encantos de uma das agentes do SVR, a bela Anna Chapman, uma russa que obteve a nacionalidade britânica por casamento. Fotos em que aparece nua foram amplamente divulgadas pelo ex-marido.

Dos dez agentes, só Chapman aparece regularmente em público. Ela se comunica muito através do Facebook e posou para fotos publicadas em sequência por uma revista russa.

A bela foi vista recentemente no cosmódromo de Baikonor, um local estratégico inacessível sem o aval dos serviços especiais, para assistir à decolagem de um foguete transportando dois russos e um americano à Estação Espacial Internacional (ISS).

DECLÍNIO RUSSO

Comentaristas na Rússia haviam visto no assunto o declínio dos serviços de inteligência do país, com os espiões não colhendo nenhuma informação de valor, segundo as investigações americanas e os especialistas em Moscou.

Os jornais russos haviam ironizado a falta de discrição dos espiões, com alguns se visitando com frequência. Outros falavam inglês com sotaque russo e utilizavam meios de comunicação arcaicos, como o código Morse e tinta invisível.

Apesar dos elementos embaraçosos lamentados na Rússia por veteranos do KGB, o premiê Vladimir Putin --que fez carreira na inteligência soviética-- havia ele próprio feito uma homenagem anterior aos dez agentes.

No final de julho, algumas semanas após "a troca de espiões", o homem forte do país havia anunciado ter recebido em particular os espiões e cantado com eles o hino nacional.

"Imaginem só, o fato de falar uma outra língua como se fosse a maternal. Pensar sempre e falar nesta língua, realizar missões de interesse da pátria durante vários anos, não contar nem mesmo com uma cobertura diplomática, colocando em perigo seus familiares e a si próprio", havia destacado Putin, que não viu em sua detenção um fracasso.

Fonte: France Presse
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