quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Veículos jornalísticos devem ser sustentados pela sociedade, diz estudioso



O professor de pós-graduação em jornalismo da ESPM Eugenio Bucci defendeu, durante seminário sobre ética nas mídias digitais promovido pela ANJ (Associação Nacional dos Jornais), que a sociedade, entendida como a comunidade de leitores, sustente a atividade jornalística.

Segundo Bucci, a independência econômica dos veículos de comunicação, seja nos meios impressos ou na versão digital, é fundamental para a democracia.

"Não é do interesse do cidadão que a notícia seja dada de graça, que o financiamento venha apenas da publicidade. É uma questão política, é gravíssimo para a sociedade democrática", diz Bucci. "A sociedade tem de sustentar autonomamente os jornais, por meio de assinaturas e de forma pulverizada, em nome de seus próprios interesses."

Para Bucci, os veículos tradicionais ganharam autoridade na era digital justamente por conta da credibilidade construída nos meios tradicionais. "O cidadão conhece a história de independência das redações", afirma. "Mas essa credibilidade só pode ser preservada se os interesses políticos, comerciais, religiosos, dos financiadores e dos acionistas, ficarem longe das redações."

Para ele, depender da publicidade "é menos pior" do que depender de financiamento do Estado. "Mas não podemos ter um modelo sustentado apenas pela publicidade [estatal ou privada]."

Para Pedro Dória, editor-executivo de "O Globo", o jornal americano "The New York Times" tem sido muito bem sucedido com a introdução de um novo modelo de cobrança na internet. "O 'NYT' desenvolveu um modelo complexo no qual consegue cobrar de quem mais valoriza o conteúdo, sem prejudicar uma percepção mais geral do público de que o jornalismo que se faz lá é diferente do resto do que se encontra na internet."

Na sua avaliação, as empresas jornalísticas não erraram ao liberar o conteúdo nos primórdios da internet, em meados dos anos 90. "No início tínhamos o Napster, que matou as grandes gravadoras. Se tivessem fechado o conteúdo, as empresas jornalísticas corriam o risco de ter o seu conteúdo reproduzido e distribuído, mas dissociado das marcas jornalísticas."

Fonte: Folha
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