sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Laércio Antonio Vinhas é o novo representante do Brasil na AIEA



Com mais de 20 anos de experiência na área nuclear e atuação junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e ao Itamaraty, o atual diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Laércio Antonio Vinhas, foi sabatinado pelo Senado Federal para ser o representante permanente do Brasil na AIEA, em Viena. O nome foi encaminhado pela presidente Dilma Rousseff. Laércio conversou com o “Atividades Nucleares” sobre a missão no órgão e suas previsões para o cenário nuclear no Brasil e no mundo após o acidente ocorrido em Fukushima.

Atividades Nucleares: O senhor atuou junto à AIEA desde 1993. Como isso contribuiu para sua indicação pela presidente Dilma Rousseff para o cargo de representante permanente do Brasil na AIEA, em Viena?

Laércio Antonio Vinhas: Minha participação em cerca de 40 Juntas de Governadores e 15 Conferências Gerais da AIEA, como membro da Delegação Brasileira a esses eventos, e minha participação em mais de 100 reuniões técnicas nas áreas de cooperação técnica, salvaguardas e segurança nuclear, permitiram-me adquirir um grande conhecimento da Agência. Por outro lado, desenvolvi toda minha carreira profissional na Cnen, o que me possibilitou conhecer toda área nuclear no Brasil.

AN: Quais são os seus objetivos neste cargo?
Vinhas: Manter e, se possível, ampliar a posição de destaque e o alto conceito de que o Brasil goza na AIEA e entre seus Estados Membros. Além de defender as posições do estado brasileiro quanto ao direito das nações à pesquisa no campo nuclear e ao uso pacífico da energia nuclear. Nesse sentido, vamos continuar os esforços para a entrada em vigor do Tratado de Banimento Completo dos Testes Nucleares, que contribuirá para o desarmamento nuclear.

AN: Como funciona os órgãos que você integra?

Vinhas: Um é a Comissão de Padrões de Segurança, que aprova tecnicamente os Padrões e Guias da AIEA na área de segurança nuclear antes destes serem submetidos ao Diretor Geral e à Junta de Governadores. O outro é o Grupo Internacional de Segurança Nuclear (Insag), formado por 19 peritos, tem como objetivo emitir recomendações e orientações abalizadas sobre estratégias, políticas e princípios em segurança nuclear. As recomendações e orientações do Insag são, em geral, acatadas pela AIEA, pela comunidade nuclear e pelo público.

AN: Como o Brasil atua na AIEA?
Vinhas: O Brasil é um dos países fundadores da AIEA e desde o início participa da Junta de Governadores, constituída por 35 países. A Junta é equivalente ao Conselho de Segurança na ONU, sendo que não há países com direito a veto. Há representantes do País em todos os comitês, comissões e grupos técnicos da Agência nas mais variadas áreas. O Brasil tem apoiado fortemente o programa de Cooperação Técnica da AIEA, cujo papel é facilitar o acesso dos países menos desenvolvidos a centros de excelência mundial nas diversas áreas de aplicações de técnicas nucleares.

AN: A energia nuclear é a segunda maior fonte de geração do Brasil. Angra 3 está sendo construída. Para o senhor, como ficará este cenário no país?

Vinhas: A matriz elétrica brasileira deve ser diversificada, sendo sempre necessária um componente térmico na geração elétrica.

Dentre as térmicas, a geração nucleoelétrica, por suas características, mostra-se promissora e deverá responder por cerca de 5% da geração de energia elétrica.

AN: Em 2007, o senhor passou a fazer parte da Comissão de Padrões de Segurança Nuclear da AIEA. Após o acidente em Fukushima, todos os países que operam centrais nucleares repensaram a questão da segurança. Como você analisa essas modificações no Brasil?

Vinhas: Embora as usinas brasileiras sejam seguras e operem de modo seguro, logo após o acidente de Fukushima, a Cnen determinou que a Eletronuclear realizasse estudo sobre as condições de segurança de Angra 1 e Angra 2, principalmente, quanto ao impacto de eventos naturais extremos como sismos, ventos fortes, tornados, inundação e desmoronamento das encostas nos sistemas de segurança das usinas. A Cnen determinou também que a Eletronuclear realizasse os chamados testes de estresse para verificar as margens de segurança. Esses estudos serviram de base para o programa de melhorias que está sendo elaborado pela Eletronuclear e deverá ser submetido à Comissão.

Fonte: Atividades Nucleares
Sugestão: Marcelo Toledo

Nota do Blog: Durante o Energy Summit 2011, nosso editor teve o prazer de conhecer o nosso representante na AIEA, onde houve a oportunidade de participar com alguns questionamentos e intervenções no Painel sobre a energi nuclear.
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