terça-feira, 18 de outubro de 2011

Shalit é solto em troca de 1.027 palestinos



O soldado Gilad Shalit que passou cinco anos em cativeiro na faixa de Gaza foi libertado na madrugada desta terça-feira, no Egito, após o acordo entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza, segundo confirmou uma fonte do Hamas à BBC.

Ele foi entregue em seguida a autoridades israelenses em Kerem Shalom, no lado israelense da fronteira, onde era aguardado por seus familiares, que não o viam desde 2006.

Israel confirmou que seu estado de saúde é bom.

Em troca, quase quinhentos prisioneiros palestinos vêm deixando prisões israelenses e se dirigindo para o Egito, de onde serão levados para uma grande festa de recepção preparada pelo Hamas na cidade de Gaza.

A movimentação chegou a sofrer atrasos depois que duas prisioneiras palestinas se recusaram a ser deportadas para Gaza, mas o problema já teria sido resolvido.

Ao todo, Shalit será trocado por mais de mil prisioneiros palestinos, dos quais 477 estão sendo soltos nesta terça-feira. Dentre esses, 280 haviam sido condenados à prisão perpétua pela morte de civis israelenses.
Israel terá agora de cumprir a segunda parte do acordo. Nos próximos dois meses, 550 outros prisioneiros devem ser libertados. Os nomes desses presos ainda não foram definidos.

CAPTURA

Shalit foi capturado em 25 de junho de 2006, quando tinha 19 anos, por militantes palestinos ligados ao Hamas. Ele servia em um posto do Exército israelense na fronteira com a Faixa de Gaza.

Meses depois, o Hamas assumiu a tutela de Shalit. Desde então, foram feitas várias negociações para a troca do soldado por prisioneiros palestinos. As conversas nunca progrediram.

Um ano após o sequestro, o Hamas divulgou um áudio no qual Shalit dava provas de que estava vivo. Em outubro de 2009, o soldado apareceu em um vídeo.

Os pais de Shalit, Noam e Aviva, passaram a liderar um movimento para a libertação do filho, que ganhou a adesão de israelenses, que se juntaram em grandes manifestações.

Nos últimos meses, ativistas montaram um acampamento em frente à residência do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, para pressionar o governo a assumir um acordo.

CONEXÕES BRASILEIRAS

Um dos liberados em troca de Shalit é Tawfic Abdallah, preso com a mulher, a brasileira Lamia Maruf, em 1986, dois anos após o assassinato do soldado israelense David Manos.

A pista que levou as forças de segurança israelenses a prenderem o casal foi o fato de que o carro utilizado para o sequestro do soldado foi alugado com o passaporte brasileiro de Lamia.

Embora tenha afirmado não ter envolvimento no assassinato, Lamia também foi condenada à prisão perpétua, da qual cumpriu 11 anos, até ser libertada em fevereiro de 1997, após um acordo similar ao atual.
Quem também foi incluído na primeira lista é Husan Badran, condenado por planejar o atentado à pizzaria Sbarro, em Jerusalém, que provocou a morte de 15 pessoas, em 2001.

Entre os mortos estava o brasileiro Giora Balazs, de 68 anos. A esposa de Balazs, Flora, e sua filha, Deborah, ficaram feridas pelos estilhaços da explosão.

FORTALECIMENTO DO HAMAS

O acordo firmado deverá fortalecer o grupo islâmico Hamas e enfraquecer seus rivais laicos do Fatah e a Autoridade Palestina, opinam analistas.

No dia posterior ao acordo, o analista militar do jornal Haaretz, Amos Harel, disse que haveria um "fortalecimento dramático" da posição do Hamas.

"Os pontos que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, ganhou com o pedido de reconhecimento (do Estado palestino) na ONU, enfrentando o governo americano, são insignificantes comparados com o lucro político que o Hamas obterá desse acordo", afirma o analista.

O assessor de Segurança Nacional de Netanyahu, Yaacov Amidror, também opina que o acordo dará força ao Hamas, considerado por Israel um grupo terrorista.

"O Hamas ganha pontos e se fortalece às custas do Fatah", disse Amidror à radio estatal israelense, Kol Israel.

No entanto, Amidror afirmou que o acordo firmado entre Israel e o Hamas para libertar Shalit é o "melhor possível nas circunstâncias atuais".

Ele mencionou as mudanças nos regimes do Oriente Médio, decorrentes da chamada Primavera Árabe, como um fator catalisador para o acordo, agregando que a instabilidade que vigora na região levou o governo israelense a se apressar em concluir o plano porque "ninguém sabe o que acontecerá no futuro".

Fonte: BBC Brasil
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