terça-feira, 23 de maio de 2017

5 ambiciosos projetos de infraestrutura com os quais a China quer 'sacudir' a ordem econômica mundial

A China quer ampliar sua influência mundial através de um colossal e dispendioso plano de infraestrutura.
"Esperamos desencadear novas forças econômicas para o crescimento global, construir novas plataformas para o desenvolvimento mundial e reequilibrar a globalização para que a humanidade chegue mais perto de uma comunidade de destino comum", disse o presidente chinês, Xi Jinping, ao abrir, na semana passada, um fórum internacional sobre o projeto, batizado de Nova Rota da Seda.
O fórum contou com a participação de cerca de 30 líderes mundiais, entre eles os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, da Argentina, Maurício Macri, e do Chile, Michelle Bachelet.
A ideia da Nova Rota da Seda - com nome inspirado na antiga rota comercial que ligou o Oriente e o Ocidente há dois mil anos - é melhorar conexões comerciais entre Ásia e Europa e Ásia e o leste da África, promovendo desenvolvimento, com a construção ou expansão de redes de ferrovia de alta velocidade, gasodutos, oleodutos, portos e centros logísticos.
"É um esforço ambicioso sem precedentes", disse, por sua vez, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, sobre o plano com o qual a China pretende "sacudir" a ordem econômica mundial. O investimento total chega a US$ 900 bilhões (R$ 2,9 trilhões).
Ainda que, em teoria, o objetivo do projeto é aumentar a integração econômica entre Europa, Ásia e África, críticos em países ocidentais acreditam que o governo chinês busca, na verdade, expandir sua influência para o campo geopolítico.
Segundo a analista para assuntos chineses da BBC Carrie Gracie, tanto os oleodutos e gasodutos que atravessam a Ásia Central, como os portos do Paquistão e Sri Lanka, no Oceano Índico, poderiam servir para fins militares no futuro.
Abaixo, apresentamos cinco grandes obras que fazem parte da Rota da Seda.


1. Transporte de mercadorias China-Europa

Xi JinpingDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO presidente da China, Xi Jinping, anunciou uma nova injeção de US$70 bilhões para o projeto
Atualmente, a China já opera cerca de 20 linhas de trem de carga que ligam o país a cidades europeias como Londres, Madri, Roterdã ou Varsóvia. A rota China-Madri funciona há mais de um ano e é o mais extenso serviço ferroviário do mundo.
Agora, o objetivo do governo de Xi Jinping é otimizar esta rede e torná-la uma alternativa mais rápida - embora mais dispendiosa - ao tradicional transporte marítimo de produtos chineses.
As obras do novo trem de alta velocidade, que unirá os sete mil quilômetros de Pequim a Moscou, devem terminar em 2025, segundo a companhia estatal russa OAO Russian Railways. Ela reduzirá o tempo de viagem, de cinco dias, para 30 horas.
Por trás desta grande iniciativa, está a intenção da China de se consolidar como uma potência comercial global, comenta Carrie Gracie.
Custo: US$ 242 bilhões

2. Rede de trens na Ásia

Modelos a escala de trenes chinos de alta velocidad.Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA China e o Japão competiram durante meses pelo projeto da primeira ferroiva de alta velocidade da Indonésia, que unirá a capital Jacarta com a cidade de Bandung, na ilha de Java
Nesta seção, há dois grandes projetos futuros:
  • A Rede Pan-asiática
A China planeja conectar a cidade de Kunming, situada no sul do país, com Vientiane, a capital do país vizinho Laos, e com a rede ferroviária de Mianmar.
Assim que esta e outras obras semelhantes previstas em Tailândia, Camboja e Vietnã estiverem concluídas, estará formada uma rede pan-asiática ligando a China ao Sudeste asiático.
Custo: US$ 7 bilhões (apenas o trem de alta velocidade entre Kunming e Vientiane)
  • Alta velocidade na Indonésia
A ferrovia Jacarta-Bandung será o primeiro trem de alta velocidade da Indonésia e ajudará a melhorar o transporte público entre a capital do arquipélago e um dos principais centros econômicos de Java.
Embora várias empresas japonesas também aspirassem ganhar o projeto, o governo indonésio acabou preferindo as empresas chinesas.
Custo: US$ 5,9 bilhões

3. Corredor China-Paquistão

Porto de GwadarDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionSituado a 700 km a oeste da capital do Paquistão, Karachi, o porto Gwadar conectará a cidade chinesa de Kasgar com o Mar Árabe
Aproveitando que o vizinho Paquistão é um de seus aliados históricos, a China investirá no país e ajudará no desenvolvimento do porto de Gwadar, no Mar Árabe.
A ideia de ambos os países é que se converta na versão paquistanesa do complexo portuário de Shenzhen.
A implementação deste projeto dará à China uma saída para o mar sem necessidade de que seus produtos passem pelo estreito de Malaca, onde operam piratas e o clima é desfavorável.
O projeto contempla a ampliação da rodovia de Kakarorum, umas das mais altas do mundo, que conecta a China ao Paquistão.
Custo total: US$55 bilhões

4. Porto de Colombo

Porto de Colombo-Sul, em Sri LankaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO governo do Sri Lanka outorgou o projeto do porto Colombo-Sul, previsto em US$ 1,4 bilhão, a uma companhia chinesa
Outro porto-chave nos planos da Nova Rota da Seda é o de Colombo, capital do Sri Lanka.
Embora tenha sido paralisado com a troca de governo no país - mais próximo, politicamente, da Índia -, negociações recentes permitiram a continuidade do projeto; as obras já foram retomadas.
Custo: US$1,4 bilhão

5. Projetos na África

Linha de tremDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionOperada por funcionários chineses, a frota de trem da nova construção da linha que une a capital da Etiópia, Adis Adeba, a Djibuti está ajudando a impulsar a economia de ambos os países
A China já está construindo a ferrovia que unirá as duas principais cidades do Quênia: a capital, Nairóbi, e Mombasa, na costa do país.
Este projeto faz parte da futura rede de transportes da África Oriental, que conectará as cidades do Quênia com as capitais de Uganda (Kampala), Sudão do Sul (Juba), Ruanda (Kigali) e Burundi (Bujumbura).
A China já inaugurou o trem que une Adis Abeba, capital da Etiópia, com Djibouti, capital do país do mesmo nome na costa do Mar Vermelho, onde companhias chinesas estão construindo um centro logístico marítimo.
"É um desenvolvimento estratégico enorme", disse ao jornal New York Times Peter Dutton, professor de estudos estratégicos da Escola Naval de Guerra de Rhode Island, nos Estados Unidos.
"Trata-se de uma expansão do poder naval para proteger o comércio e os interesses regionais da China no Chifre da África. Isto é o que as potências em expansão costumam fazer. E a China aprendeu as lições do império britânico de 200 anos atrás", concluiu.
Custo total: US$13,8 bilhões

Fonte: BBC Brasil
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