quarta-feira, 30 de junho de 2010

Rússia deve cumprir acordo de venda de mísseis apesar de sanções, diz Irã


O governo do Irã indicou nesta quarta-feira (30) que a Rússia deve honrar o acordo feito sobre a venda de mísseis S-300, apesar das sanções impostas à República Islâmica pela ONU, EUA, União Europeia e outras potências ocidentais.

"A venda dos equipamentos S-300 é um acordo de defesa que não tem nada a ver com as sanções do Conselho de Segurança da ONU e os russos devem cumprir com seus compromissos a este respeito", disse o ministro de Defesa do Irã, o general Ahmad Vahidi.

As declarações foram feitas após o término de ume reunião do Conselho de Ministros em Teerã, segundo a agência estatal Irna. Ahmadi disse ainda que o Irã pretende dar prosseguimento normal à venda dos armamentos e que a expectativa é de que Moscou se comporte da mesma maneira.

"As autoridades russas haviam prometido anunciar sua postura oficial sobre este respeito após a reunião do Conselho de Segurança da ONU mas ainda não afirmaram nada", disse o ministro de Defesa.

Há cerca de 20 dias, após a aprovação de novas sanções ao Irã na ONU, a Rússia chegou a dar declarações desencontradas sobre o tema, mas desde então Moscou não emitiu um parecer definitivo sobre o acordo de venda do sistema de defesa.

Os EUA indicaram que o Irã teria capacidade de atacar a Europa com mísseis e criticaram a relação da Rússia com o país. Teerã nega que possua armamentos de longo alcance que possam atingir o continente europeu.

Polêmica

Ainda no início de junho, um dia após a aprovação de sanções contra Teerã na ONU, o departamento de Estado dos EUA reafirmou em comunicado que os mísseis S-300 que a Rússia pretende entregar ao Irã não têm a venda proibida de acordo com a nova rodada de sanções impostas pelas Nações Unidas contra o país persa.

No entanto, o órgão americano afirmou que a resolução pede que os Estados "exercitem a vigilância e restrição na venda ou transferência de todas as outras armas e materiais relacionados" e afirmou que "agradecemos a restrição da Rússia na transferência do sistema de mísseis S-300 ao Irã".

Há 20 dias o governo russo sinalizou divergências quanto ao assunto, emitindo declarações desencontradas. Primeiramente, a agência de notícias russa Interfax citou uma fonte da indústria armamentícia, em anonimato, dizendo que Moscou iria congelar o contrato de venda dos mísseis por causa das sanções.

Na sequência, o porta-voz da Chancelaria russa, Andrei Nesterenko, negou a informação e disse que as únicas armas de defesa aérea proibidas de serem vendidas, de acordo com as novas sanções, são sistemas de mísseis portáteis, como lança-mísseis. "Armas de defesa aérea, com exceção de sistemas de mísseis portáteis, não estão incluídos no registro da ONU de armas convencionais que são mencionadas pela resolução sobre o Irã", disse.

Depois, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reafirmou que as novas sanções impostas pela ONU ao Irã não obrigam Moscou a cancelar o acordo de venda mísseis. Lavrov disse ainda que Moscou mantém negociações para construir mais usinas nucleares no Irã, uma medida que, se for posta em prática, deve enfurecer as potências ocidentais, para se somar à de Bushehr, prevista para entrar em operação em agosto após anos de atraso.

Resolução

A resolução do Conselho de Segurança proíbe a venda de sistemas de mísseis listados no Registro das Nações Unidas de Armas Convencionais. O registro não inclui os S-300, então o contrato não seria afetado tecnicamente.

Porém, diplomatas do Conselho de Segurança disseram que a resolução pede aos estados-membros que "exercitem a vigilância e restrição" em relação à venda de quaisquer armas ao Irã, significando que Moscou deve ter sido fortemente desencorajado a entregar os mísseis.

Se concretizada, a venda dá ao Irã a capacidade de proteger suas instalações nucleares.

Barganha

O apoio do Kremlin às novas sanções contra o Irã foram acompanhadas por reiteradas garantias de autoridades russas de que as medidas não afetariam o acordo para a venda de S-300.

Diplomatas em Moscou disseram que a Rússia queria manter o acordo de fora, como uma moeda de barganha com Teerã e as potências ocidentais tentando conter a atividade nuclear iraniana.

Em Washington, o senador republicano Jon Kyl criticou as sanções da ONU por excluir o acordo dos S-300 e a construção pela Rússia da primeira usina elétrica do Irã perto de Bushehr, prevista para entrar em operação em agosto.

A Rússia resistiu por muito tempo a apoiar uma nova rodada de sanções contra o Irã, alegando que tais punições raramente funcionam. Porém, Moscou acabou cedendo após forte pressão americana e após Teerã se recusar a cooperar.

Fonte: Folha
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