O Rio de Janeiro viveu nesta terça-feira (28) um dos capítulos mais intensos de sua luta histórica contra o narcotráfico. A megaoperação deflagrada pelas forças de segurança do Estado nos complexos da Penha e do Alemão representou um marco na política de enfrentamento direto ao crime organizado. Longe de ser apenas uma resposta pontual, a ação simboliza o esforço de um Estado que, há décadas, carrega o fardo de combater praticamente sozinho uma guerra silenciosa e cada vez mais aberta, contra o narcoterrorismo que se alastra por suas comunidades.
O governador Cláudio Castro definiu a operação como “um dia importante para o Rio de Janeiro”, ressaltando que se trata da maior operação da história da polícia fluminense e de “um duro golpe na criminalidade”. A declaração traduz o espírito de um governo que compreende a necessidade de retomar o controle territorial e moral sobre áreas que há muito tempo foram sequestradas por facções criminosas.
Mas a contundência da ação também expõe uma dura realidade: o abandono do Rio de Janeiro por parte do governo federal, que, diante de um cenário de crescente violência e avanço das organizações criminosas, tem se limitado a discursos genéricos e gestos simbólicos. Enquanto o Estado age com coragem e determinação, a União parece fechar os olhos para a gravidade de uma crise que já ultrapassa os limites da segurança pública e ameaça diretamente a soberania nacional.
O secretário de Segurança Pública do Estado, Victor Santos, foi claro ao afirmar: “Estamos falando de 9 milhões de metros quadrados de desordem urbana. É impossível enfrentar isso apenas com o efetivo do Estado.” A declaração é um grito de alerta e de socorro dirigido a Brasília. Segundo ele, “o Estado do Rio não tem condições de enfrentar sozinho o crime organizado”, enfatizando a necessidade urgente de apoio logístico, financeiro e operacional da União.
Essa negligência federal tem custos humanos. São vidas de policiais e cidadãos ceifadas pela falta de uma política nacional de combate ao narcotráfico articulada, moderna e permanente. O Rio de Janeiro, apesar de ser o epicentro da crise, não é uma ilha, é o espelho de um problema que se alastra por todo o país. Permitir que o narcotráfico e o armamento pesado continuem dominando territórios urbanos é aceitar a fragmentação do Estado brasileiro diante de um poder paralelo.
É preciso compreender que ações enérgicas como a desta terça-feira não são apenas operações policiais, são atos de soberania. São demonstrações de que ainda há forças dentro do Estado dispostas a não ceder um milímetro ao crime, a não negociar princípios em troca de uma falsa paz imposta pelo medo.
Críticos que insistem em reduzir tais operações a números e estatísticas ignoram o contexto real: o narcotráfico transformou-se em um exército armado, que desafia abertamente as leis e as instituições. Enfrentá-lo exige coragem, inteligência e, sobretudo, vontade política, algo que o governo fluminense vem demonstrando com firmeza, mesmo sem o suporte adequado da esfera federal.
Ao final deste dia histórico, o saldo mais valioso não se mede em prisões ou apreensões, mas na preservação do propósito de lutar pelo que ainda é justo e possível: a retomada da ordem. A operação desta terça-feira é uma mensagem clara: o Rio de Janeiro não se renderá.
E é com respeito e profunda admiração que rendemos homenagem aos bravos policiais que tombaram no cumprimento do dever, aos feridos que lutam pela recuperação e aos que continuam em campo, sob fogo, defendendo a vida, a lei e a esperança. São eles os verdadeiros heróis dessa guerra, homens e mulheres que, mesmo diante do risco, não recuam.
O povo fluminense, e todo o Brasil, lhes deve honra, reconhecimento e gratidão.
por Angelo Nicolaci
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