quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ministro da Defesa sul-coreano renuncia e Pyongyang volta a ameaçar


O ministro sul-coreano da Defesa apresentou nesta quinta-feira sua renúncia ao presidente Lee Myung-Bak, que a aceitou, depois de ser severamente criticado pela resposta militar de seu país ao bombardeio norte-coreano, que deixou quatro mortos, informou a agência Yonhap.

O ministro Kim Tae-Young se demitiu "para assumir a responsabilidade de uma série de recentes incidentes", indica o comunicado da Presidência.

Nesta quinta-feira, Lee Myung-Bak foi muito criticado pela imprensa e as autoridades políticas do país, que consideraram fraca a resposta militar ao bombardeio norte-coreano contra uma ilha sul-coreana na terça-feira.

"O Sul não poderá ser dissuasivo enquanto continuar falando muito e fazendo pouco em relação a este regime brutal e hostil", afirma um editorial do jornal The Korea Times.

O editorial destaca ainda "a incapacidade de Seul de punir Pyongyang por sua provocação".

O jornal conservador Korea Joongang pede a adoção de novas regras de resposta militar contra as "provocações" armadas da Coreia do Norte.

"Nosso problema é nossa resposta frágil", acrescenta o Korea Joongang, que lembra que o afundamento de um navio de guerra sul-coreano em março ficou impune no plano militar.

Seul anunciou, por sua vez, que reforçará o efetivo militar em cinco de suas ilhas do Mar Amarelo, próximas da Coreia do Norte.

"O governo sul-coreano decidiu aumentar suas forças, incluindo tropas em terra, em cinco ilhas do Mar Amarelo" ao noroeste da Coreia do Sul, declarou Hong Sang-Pyo, um alto funcionário da presidência.

Pela primeira vez desde a Guerra da Coreia (1950-1953), os norte-coreanos bombardearam uma zona habitada por civis na Coreia do Sul. Os disparos de artilharia mataram quatro pessoas - dois soldados e dois civis - e deixaram 18 feridos na ilha de Yeonpyeong, e provocaram uma dura resposta da artilharia sul-coreana.

Ao mesmo tempo, o governo da Coreia do Norte voltou a declarar que disparou em "legítima defensa" contra a ilha de Yeonpyeong e repetiu a disposição de voltar a atacar a Coreia do Sul, reiterando a acusação de que o vizinho iniciou as hostilidades.

O regime comunista da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), nome oficial da Coreia do Norte, afirmou que respondeu a um exercício militar organizado pela Coreia do Sul na área em disputa do Mar Amarelo.

"A RPDC, que se preocupa muito com a paz e a estabilidade na península coreana, está dando provas de um autocontrole sobrehumano, mas as peças de artilharia do Exército da RPDC, que defendem a Justiça, continuam prontas para disparar", afirma um comunicado de Pyongyang.

"O inimigo disparou projéteis a partir de uma ilha que fica tão próxima do território da RPDC que está no campo visual recíproco", completa a nota oficial.

Pyongyang também acusou o governo dos Estados Unidos de ter parte da responsabilidade pela troca de disparos de terça-feira, informou a agência oficial do governo comunista KCNA.

"O Mar Ocidental (Mar Amarelo) se transformou em um barril de pólvora onde o risco de confrontos e enfrentamentos entre o norte e o sul persistem apenas porque os Estados Unidos traçaram de forma unilateral a linha ilegal de demarcação entre os dois países", declarou um alto oficial norte-coreano, em referência ao fim da Guerra da Coreia.

"Em consequência, os Estados Unidos não podem evitar sua responsabilidade na recente troca de disparos", afirma a mensagem divulgada pela KCNA.

Os Estados Unidos manifestaram apoio total à Coreia do Sul e vão executar exercícios militares conjuntos com o aliado sul-coreano a partir do próximo domingo, com a presença do porta-aviões "George Washington".

A China rejeita "qualquer provocação militar", declarou nesta quinta-feira o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em uma visita a Moscou.

Wen Jiabao foi o primeiro alto funcionário chinês a comentar a crise.

Mais tarde, o ministério chinês das Relações Exteriores destacou que a China está preocupada com as manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e Coreia do Sul.

"A China se opõe a qualquer ação que mine a paz e a estabilidade na península coreana e expressa sua preocupação com estas manobras", declarou o porta-voz da chancelaria, Hong Lei.

A China não condenou o ataque do aliado norte-coreano que matou quatro pessoas e provocou muitos protestos internacionais, mas o porta-voz da chancelaria manifestou "pena e pesar" pelas vítimas.

Além disso, o ministro das Relações Exteriores da China adiou uma visita prevista à Coreia do Sul, anunciou Seul nesta quinta-feira.

Yang Jiechi tinha a chegada prevista para sexta-feira em Seul, em particular para reuniões sobre o bloqueio das negociações multilaterais sobre o programa nuclear norte-coreano.

A visita foi adiada por um problema de agenda da China, segundo um comunicado do ministério das Relações Exteriores sul-coreano.

Fonte: AFP
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