sábado, 20 de novembro de 2010

Líder palestino diz que ajuda americana a Israel é pretexto para fornecer armas


O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina) Mahmoud Abbas declarou nesta sexta-feira ao jornal árabe "Asharq Al Awsat" que a oferta americana de apoio a Israel em troca de um novo congelamento a obras em assentamentos na Cisjordânia é apenas "um pretexto para fornecer mais armas" ao país.

"Repudiamos que o oferecimento de aviões esteja vinculado de qualquer maneira com o fim da colonização: não temos nada a ver comisso. É nossa posição e não mudará", disse Abbas.

"Os Estados Unidos são aliados de Israel e não podemos impedi-lo. Mas que sua ajuda aconteça longe do processo palestino de negociações, e que não seja utilizada como pretexto para dar mais armas a Israel", acrescentou.

Ainda nesta quarta-feira (17) a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, se recusou nesta a comentar se Washington vai considerar o pedido de Israel de fornecer garantias por escrito em troca de moratória nos assentamentos israelenses na Cisjordânia.

Questionada se ela colocaria a ideia no papel, como as autoridades israelenses pediram, ela disse não poder revelar o conteúdo de suas discussões.

"Não posso entrar em detalhes. Só posso repetir o que já disse: que estamos em contato próximo tanto com israelenses quanto com palestinos. Estamos trabalhando intensamente para criar as condições para retomar as negociações que podem levar a uma solução de dois Estados e à paz duradoura", disse ela.

EXIGÊNCIAS

Ainda no início da semana o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, exigiu dos EUA uma proposta por escrito. Ele apresentou no domingo ao seu gabinete um plano americano que estenderia em 90 dias a paralisação na construção de assentamentos na Cisjordânia, em troca de incentivos diplomáticos e na área da segurança.

Uma das ofertas americanas seria 20 caças F-35, no valor de quase R$6 bilhões de reais cada um, citados durante um encontro de sete horas com a secretária de Estado, Hillary Clinton, em Nova York, na última semana.

Essa seria a primeira vez que os Estados Unidos dariam de graça aeronaves aos israelenses. Recentemente, foram adquiridos por Israel 20 aviões americanos de última geração.

As negociações incluiriam também a promessa de que os Estados Unidos vetariam qualquer resolução anti-Israel na ONU (Organização das Nações Unidas).

Em troca desses benefícios militares, Israel congelaria os assentamentos na Cisjordânia por 90 dias, para ter tempo hábil de acertar com os palestinos os limites das fronteiras.

POR ESCRITO

A condição de que as propostas sejam passadas por escrito foi declarada à imprensa pelo vice-ministro, Dan Meridor, e o ministro da Economia, Yuval Steinitz.

O projeto de moratória, traçado por Netanyahu com o conselho de ministros sob influência das negociações americanas, depende ainda da aprovação do partido ultraortodoxo Shas, que avisou que depende da decisão do seu líder espiritual, o rabino Ovadia Yosef.

A iniciativa deveria ser enviada à Secretaria de Política e Segurança na manhã desta terça-feira, mas o receio de que o governo americano não cumprisse a sua parte adiou sua apresentação.

"Ainda não temos uma proposta final de acordo escrito que possa ser debatida em profundidade", disse o ministro Steinitz à rádio militar israelense.

PLANO AMERICANO

Washington quer que Israel retome a paralisação na construção de assentamentos, para que as negociações de paz com os palestinos possam evoluir, depois que o outro lado abandonou as conversas em setembro, apenas algumas semanas após terem sido iniciadas pelo fato de Israel ter se recusado a estender uma paralisação prévia, que durou dez meses.

Segundo o plano dos EUA, Israel declararia mais três meses de interrupção nas construções na Cisjordânia, terra capturada na guerra ocorrida há mais de 40 anos e onde os palestinos buscam fundar um Estado. Qualquer construção iniciada desde o fim do acordo prévio, em setembro, seria paralisada.

Entre as promessas feitas por Washington a Israel, está a garantia em vetar qualquer resolução levada ao Conselho de Segurança da ONU que tente "impor uma determinação política a Israel', disse uma fonte, que não quis se identificar.

Fonte: Folha
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