terça-feira, 31 de agosto de 2010

Feridas invisíveis se espalham entre soldados que serviram no Iraque


O presidente americano, Barack Obama, deve anunciar na noite desta terça-feira o fim da missão de combate americana no Iraque. Mas enquanto uma página da história dos Estados Unidos é virada, para alguns antigos combatentes, a guerra continua, mesmo que psicologicamente.

À primeira vista, os ferimentos que estes soldados carregam são invisíveis, porque são psicológicos. É disto que sofre o tenente Mike McMichael.

Ele estava a bordo de um veículo blindado quando uma bomba que caiu ao lado da estrada derrubou o carro. O oficial perdeu a consciência imediatamente.

Depois deste episódio, sua memória foi prejudicada e, agora, ele sofre de uma forma aguda de ansiedade: um traumatismo craniano agravado pelo famoso estresse pós-traumático. Centenas de milhares de antigos soldados sofrem deste mal que impõe, além do aspecto estritamente clínico, um desafio em termos financeiros (taxas hospitalares, pensões...).

Em seu retorno a Raleigh (Carolina do Norte, sudeste) em janeiro de 2005, duas semanas após seu acidente, o tenente McMichael parecia ileso. Mas foi preciso pouquíssimo tempo para que sua mulher compreendesse que um mal silencioso rondava seu marido.

"Antes de ir para o Iraque, ele era um brincalhão, falava com todo mundo", explicou à AFP Jackie, a mulher do oficial. "E depois, quando voltou ... nem sei como dizer, ele havia mudado".

O tenente McMichael passou a ficar distante de seus filhos, sujeito a ataques de raiva e a alucinações. A isso se somaram sintomas muito mais incapacitantes: o antigo combatente começou a se perder nas estradas que ele conhecia de cor, a ter frequentes enxaquecas, dificuldades para ler e dirigir.

"É desconcertante", contou ele à AFP. "Frequentemente, eu esqueço onde estou".

Mike McMichael tirou o uniforme e procurou a ajuda de psiquiatras civis. Infelizmente, os médicos, em terras desconhecidas, lhe prescreveram medicamentos que, longe de o ajudar, fizeram com que ele se afastasse e se fechasse ainda mais.

Sua vida, então, tomou um rumo dramático. Em um acesso de raiva, ele saqueou a própria casa e foi para uma instituição. Ele foi demitido e deixou sua esposa.

"Foi deprimente, não conseguia encontrar o 'velho Mike'", contou o oficial.

O ex-soldado foi, em seguida, procurar a administração com esperanças de se beneficiar de uma pensão por invalidez. Mas rapidamente se perdeu no labirinto da burocracia. Teve que esperar até março de 2008 e contar com o depoimento de sua mulher ante a comissão do Senado para que o processo seguisse.

A audiência perante os representantes permitiu o avanço de seu caso e suas lesões foram finalmente reconhecidas pelo Ministério dos Ex-combatentes.

O Pentágono demorou a prestar atenção ao problema. Centenas de psicólogos foram enviados para os campos, nas zonas de guerra, e começaram a identificar descobertas neste domínio.

Os oficiais de alta patente também começaram publicamente a tentar fazer com que os soldados entendessem que pedi ajuda não prejudicaria suas carreiras.

Hoje, Mike McMichael se reergueu. Disse estar mais perto dos filhos, que os problemas estão menores e que se aventura com mais frequência fora de casa. Ele equipou seu carro com um GPS para o caso de se perder quando for fazer as compras ou visitar a mãe.

Fonte: AFP

Nota do Blog: O maior ferimento de guerra éjustamente o que não se vê, o psicológico é o calcanhar de Aquiles de toda tropa, mesmo que se saia vitorioso, você sempre irá carregar o peso dos combates no sua mente.
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1 comentários:

  1. Queira ou não, a maioria dos soldados são humanos. Chega uma hora que a consciência "pega pesado".

    abraço

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