segunda-feira, 24 de maio de 2010

Empenho internacional pela paz no Oriente Médio se fragmenta em tentativas isoladas de mediação


O esforço internacional em mediar o processo de paz no Oriente Médio prossegue, mesmo que falte no momento uma ação concertada. À parte da atual iniciativa de intermediação dos EUA, políticos europeus estão fazendo tentativas isoladas de influenciar o diálogo entre palestinos e israelenses.

Iniciativas de alcance maior em prol da pacificação não estão na ordem do dia. A União do Mediterrâneo adiou em meses um encontro de cúpula planejado para junho. Segundo comunicou o Ministério espanhol das Relações Exteriores na sexta-feira (21/05), a razão do adiamento foi o início das negociações indiretas entre israelenses e palestinos.

Os integrantes da União Mediterrânea, criada há dois anos para aproximar os países mediterrâneos da Europa, norte da África e Oriente Médio, pretendem esperar os resultados da recente tentativa de intermediação norte-americana. Só em novembro é que o bloco de países pretende se reunir novamente.

Segundo a mídia espanhola, no entanto, a cúpula foi suspensa porque os integrantes temem um fracasso. O diário El País noticiou que a Síria e o Egito ameaçaram com boicote, caso o encontro viesse a contar com a presença do ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman, um político linha-dura que rejeita qualquer concessão aos palestinos no processo de paz.

Mediadores se dispersam

O processo está praticamente estagnado, apesar do restabelecimento do contato mediado entre as partes conflitantes. Além de a política de assentamento israelense despertar a fúria dos países da região, as negociações indiretas entre Israel e palestinos não mostraram nenhum progresso. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, confirmou que não houve avanços no diálogo intermediado pelos Estados Unidos.

Nas últimas três semanas, o enviado especial norte-americano George Mitchell viajou duas vezes ao Oriente Médio para conversar sobre demarcação de fronteiras, problemas de segurança regional e determinadas questões jurídicas e técnicas. "Responderemos a essas perguntas após consultarmos nossos aliados árabes", declarou Abbas. Nessas duas rodadas, as duas partes aventaram a possibilidade de trocar territórios que tenham o mesmo valor, sem terem chegado – no entanto – a nenhuma conclusão concreta.

Além do partido laico Fatah, do presidente Abbas, o grupo radical islâmico Hamas também quer estabelecer contato direto com os mediadores norte-americanos. Enquanto o Hamas domina a Faixa de Gaza, bloqueada por Israel, o Fatah domina na Cisjordânia.

Neste domingo (23/05), o ministro francês do Exterior, Bernard Kouchner, em viagem pelo Oriente Médio, fez um apelo para que Israel e seus vizinhos árabes ponham fim nas tensões bilaterais. Seu homólogo alemão, Guido Westerwelle, acabou de encerrar com um apelo de paz sua mais longa viagem à região.

O político liberal alemão pediu que "todos os participantes com boa vontade" deixem de bloquear os esforços de negociações diretas entre israelenses e palestinos. Westerwelle reiterou que a meta do governo alemão é se empenhar pelo diálogo direto em prol da paz.

Apenas 25% da Faixa de Gaza foram reconstruídos

As Nações Unidas alertaram que o bloqueio da Faixa de Gaza por Israel está prejudicando a reconstrução da infraestrutura local, destruída durante uma ofensiva militar israelense. Um ano e meio após a investida militar, apenas 25% dos danos materiais foram sanados na Faixa de Gaza, aponta um comunicado do Programa de Desenvolvimento da ONU divulgado neste domingo. Entre os trabalhos finalizados estão a reconstrução de 10 dos 12 hospitais atingidos pelos bombardeios, bem como três quartos da canalização.

A ONU advertiu que a ajuda internacional na Faixa de Gaza continua ineficaz. Isso porque a missão não pode se servir dos materiais contrabandeados pela Faixa de Gaza através do túnel na fronteira com o Egito. Segundo o Banco Mundial, 80% das importações que abastecem a região chegam através desse túnel, utilizado para contornar o bloqueio israelense vigente desde a posse do Hamas, em 2007. Desde então, Israel está impedindo a entrada de material de construção na Faixa de Gaza, alegando suspeitar que o Hamas venha a desviar a ajuda para fins militares. Como a ONU não pode comprar produtos contrabandeados, não tem como ajudar na reconstrução da região.

De 27 de dezembro de 2008 a 18 de janeiro de 2009, o Exército israelense atacou a Faixa de Gaza, alegando pretender destruir as bases locais de onde eram lançados mísseis contra o sul de Israel. A ação matou 1.400 palestinos e destruiu mais de 6.200 casas.

Israelenses ensaiam eventual catástrofe

Em Israel, o serviço de proteção civil iniciou neste domingo a maior manobra nacional de defesa da história do país. Durante os próximos cinco dias, a população israelense passará por um treinamento a fim de se preparar para eventuais situações de catástrofe. Entre os cenários evocados está, por exemplo, um hipotético ataque de mísseis contra Israel, iniciado simultaneamente a partir do Líbano, da Síria e da Faixa de Gaza.

Para realizar o treinamento, os serviços de resgate nacional estão trabalhando em conjunto com as forças de segurança, os municípios, diversas instituições governamentais, além de escolas e unidades policiais.

Na quarta-feira, sirenes soarão em todo o país durante a execução de um exercício denominado "momento decisivo 4". As pessoas serão conclamadas a buscar refúgio durante dez minutos. Além disso, serão distribuídas máscaras de gás entre a população.

"O objetivo do exercício é melhorar a disposição nacional e as reações aos serviços de proteção civil em caso de emergência", comunicaram as Forças Armadas israelenses neste domingo.

Nas últimas semanas, aumentaram as especulações sobre uma possível guerra no Oriente Médio no próximo verão. Israel assegurou que não há nenhum plano hostil por trás do treinamento da população. Esta é quarta vez que o governo israelense convoca esse tipo de manobra de defesa; o treinamento corrente é, contudo, o mais longo dos já organizados.

Israel lançou neste domingo um amplo treinamento contra possíveis ataques de grupos militares apoiados pelo Irã, no momento em que aumenta a tensão internacional em relação ao programa nuclear de Teerã.

Israel tem pedido fortes sanções econômicas contra o Irã por causa de seus planos nucleares. Contudo, aumenta cada vez mais as especulações de que israel já prepara uma ação militar contra as usinas nucleares iranianas, o país disse que todas as opções estão sendo avaliadas caso o problema não possa ser resolvido diplomaticamente.

Autoridades israelenses disseram que o exercício, que inclui soar sirenes de ataque aéreo na próxima quarta-feira (26), seria concentrado nas respostas das prefeituras a um cenário em que mísseis são lançados da faixa de Gaza, controlada pelo grupo islâmico radical Hamas, e por guerrilheiros do grupo radical xiita Hizbollah, do Líbano. Ambos são aliados do Irã.

Em declarações na reunião semanal do gabinete, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu descreveu o mais importante exercício de defesa civil de Israel como uma atividade de proteção rotineira e disse que o governo quer apenas "calma, estabilidade e paz".

As sirenes de ataque aéreo vão soar no país todo na quarta-feira, indicando que os israelenses devem ir para abrigos antibomba ou áreas seguras por dez minutos. Espera-se que a maior parte da população participe do exercício.

Num teste do sistema de aviso de emergência, o Comando da Frente Doméstica das forças armadas também enviará mensagens de texto que dirão "Tenha um bom dia" a proprietários de celulares em certas partes do país. O exército disse que a medida será para testar as comunicações.

Serviços de resgate ficarão em alerta de emergência e haverá uma distribuição parcial de máscaras de gás, além de exercícios de resposta a um ataque aéreo em escolas e hospitais.

O exercício de cinco dias foi chamado de "Ponto crítico 4" e causou nervosismo na região à medida que aumentam os esforços diplomáticos para controlar as ambições nucleares do Irã, que o Ocidente e Israel acreditam ter o objetivo de criar armas atômicas.

O Irã nega que seu programa de enriquecimento de urânio tenha por objetivo a produção de armas e diz que ele concentra-se unicamente na geração de energia. Acredita-se que Israel, que mantém política de ambiguidade declarada, tem o único arsenal atômico do Oriente Médio.

Fonte: Deutsche Welle / Reuters
Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger