
O diretor da Agência Iraniana da Energia Atômica, Ali Akbar Salehi, acusou nesta quarta-feira as grandes potências ocidentais de "inventarem desculpas" para pressionar e forçar um enfrentamento com o Irã por meio de seu polêmico programa nuclear.
Em declarações à rede de notícias local, Salehi disse que a decisão dos membros permanente do Conselho de Segurança da ONU de prosseguir com o projeto de sanções, apesar do acordo nuclear entre Irã, Brasil e Turquia, "não faz mais do que desacreditá-los".
"Eles sempre estão buscando desculpas e pretextos para exercer pressão política sobre o Irã. Seu principal propósito é nos induzir ao enfrentamento com o Ocidente, apesar de nós insistirmos que não queremos esse conflito", afirmou ele.
"A desculpa anterior foi que o Irã não tinha aceitado a proposta de trocar 1.200 quilos de urânio a 3,5%. Eles insistem que era o Irã que evitava o acordo. Agora que aceitamos essa condição, inventam outra série de desculpas", acrescentou Salehi.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, conseguiram na segunda-feira (17) um compromisso escrito do Irã de que irá aceitar intercambiar combustível nuclear longe de seu território.
Acordo
O acordo mediado pelo Brasil e pela Turquia tinha como objetivo evitar uma nova rodada de sanções. Autoridades norte-americanas, no entanto, alegaram que o Irã buscava apenas ganhar tempo.
Após o anúncio do acordo com Brasil e Turquia, o Irã disse que pretendia continuar a enriquecer urânio, aumentando as suspeitas de que seu programa nuclear não tem fins pacíficos.
Os membros permanentes do Conselho de Segurança apresentaram ontem uma resolução na qual advertem Teerã que sofrerá novas sanções caso não interrompa essa atividade.
O Brasil e a Turquia defendem que o acordo alcançado na segunda-feira em Teerã supõe um início e deveria ser suficiente para evitar as medidas punitivas.
Já os Estados Unidos asseguram que embora o acordo seja um passo na direção certa, persistem as dúvidas sobre a verdadeira intenção do programa nuclear iraniano e sobre a possibilidade de que ele seja desviado para fins bélicos.
Mais críticas
Na mesma linha crítica se expressou hoje um dos principais assessores do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que chamou o possível castigo de "ilegal".
"A proposta que se discute no Conselho de Segurança da ONU carece de qualquer tipo de legitimidade", declarou Mujtaba Samareh Hashemi à agência de notícias local "Fars".
O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast, desvinculou nesta terça-feira o acordo de troca do programa de enriquecimento e não esclareceu se seu país interromperia essa atividade caso o pacto fosse cumprido e o Irã recebesse o combustível que diz necessitar.
A mesma razão utilizada foi pela embaixadora dos Estados Unidos perante a ONU, Susan Rice, para justificar as razões para seguir adiante com a proposta de sanções.
Seu colega brasileira, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse, por sua vez, que o Brasil, membro não-permanente do Conselho de Segurança, não participaria da discussão sobre as medidas punitivas já que na opinião do Governo existe uma nova realidade.
Carta
O Brasil fez um apelo ao Conselho de Segurança da ONU, em carta enviada nesta quarta-feira, para que seja dada uma chance à negociação com o Irã e que sejam evitadas "medidas prejudiciais a uma solução pacífica para a questão nuclear" iraniana.
"Nós temos total confiança de que o grupo 5+1 irá revisar a Declaração Conjunta com uma visão para abrir caminho (...) considerando questões relacionadas ao programa nuclear iraniano e questões mais amplas de preocupação mútua, por meio de um diálogo construtivo", disse a carta assinada por Brasil e Turquia, referindo-se aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança EUA, Reino Unido, França, Rússia e China,mais a Alemanha.
O Brasil ocupa atualmente um assento rotativo no Conselho de Segurança da ONU.
Fonte: EFE
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